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Quando estamos em silêncio, ainda temos medo, por isso é melhor falar”. A invisibilidade das produções acadêmicas sobre heteronormatividade, homossexualidade e contexto escolar- Uma revisão sistemática / “When we are silent, we are still afraid, so it i

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Academic year: 2020

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Quando estamos em silêncio, ainda temos medo, por isso é melhor falar”. A

invisibilidade das produções acadêmicas sobre heteronormatividade,

homossexualidade e contexto escolar- Uma revisão sistemática

“When we are silent, we are still afraid, so it is better to speak”. The

invisibility of academic productions on heteronormativity, homosexuality and

school context - A systematic review

DOI:10.34117/bjdv6n2-284

Recebimento dos originais: 30/12/2019 Aceitação para publicação: 27/02/2020

José Cláudio Alves Da Costa

Psicólogo pela Faculdade de Ciências Humanas - Esuda - Recife -PE. Pós Graduado em Neuropsicopedagogia pela Faculdade ALPHA Recife - PE.

Endereço: Rua Gervásio Pires, N° 826, Santo Amaro --Recife -PE. email: j.claudiocosta@outlook.com

Jaqueline Barbosa Da Silva De Campos

Turismóloga pela Faculdade Uninassau - Recife -PE.

Pós Graduada em Psicologia Organizacional de do Trabalho pela Faculdade Facottur - Olinda - PE. Pós Graduada em Psicopedagogia Institucional e Clínica pela Faculdade ALPHA Recife -PE.

Endereço: Rua Barão de Souza Leão, nº 1045 casa 2 A, Boa Viagem - Recife - PE. email: jaquelinebsribeiro@gmail.com

Geisa Floro De Santana Silva

Graduada em Letras/Inglês pela Faculdade-FUNESO

Pós graduada em práticas pedagógicas aplicadas á Língua portuguesa-pela Faculdade-FUNESO Email:geisafloche@yahoo.com.br

Diógenes José Gusmão Coutinho

Biólogo e Doutor em Biológia pela UFPE. Faculdade ALPHA. Endereço: Rua Gervásio Pires, N° 826, Santo Amaro --Recife -PE.

email: gusmao.diogenes@gmail.com

RESUMO

Objetivo: examinar as publicações brasileiras que tratam sobre heteronormatividade e homossexualidade no contexto escolar no período entre 2014 – 2019 na base de dado SCIELO, a partir dos descritores- escola, heteronormatividade e homossexualidade. Métodos: A revisão sistemática da literatura atendendo aos descritores deste artigo, ocorreu em janeiro de 2020. Foram eleitos os critérios inclusivos: artigos em português e publicados em que tratem sobre o tema em cito, publicados entre 2014 e 2019 em periódicos que tenham marcadores de qualidade entre A1, A2, B1 ou B2. Os critérios de exclusão: trabalhos fora do intervalo definido, artigos em idioma diferente do português, revistas que não atendam aos critérios de qualidade definidos no método deste trabalho e trabalhos incompletos sobre a temática. Resultados: Na base SCIELO. ORG foram coletados 17 artigos a partir dos descritores, porém, somente 7 artigos atendiam os critérios de exclusão e inclusão deste trabalho. Os achados dos conteúdos dos 7 (sete) artigos que contam nesta revisão sistemática permitiram alocá-los em quatro categorizações- discriminação homofóbica e gênero; fatores demográficos que competem para a discriminação homossexual; violência de ordem homofóbica e violência homofóbica na escola. Conclusões: O exame sistemático de literatura sobre

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homossexualidade, heteronormatividade e contexto escolar trouxe importantes observações sobre a conjugação destas temáticas em produções acadêmicas, porém, percebe-se, a carência de farta literatura citável sobre a problemática assinalada. Assim como de adoção de escalas e instrumentos específicos testados para a operacionalização das investigações sobre o universo homossexual como alternativa a fidedignidade dos dados colhidos no campo sobre a população homossexual no âmbito escolar.

Palavras-chave: Adolescência, Escola, Heteronormatividade, Homofobia, Homossexualidade.

ABSTRACT

Objective: to examine Brazilian publications dealing with heteronormativity and homosexuality in the school context in the period between 2014 and 2019 in the SCIELO database, based on school descriptors, heteronormativity and homosexuality. Methods: A systematic review of the literature according to the descriptors of this article, which took place in January 2020. The following items were published: articles in English and published in which they deal with the topic in question, published between 2014 and 2019 in journals that use markers of quality between A1, A2, B1 or B2. Exclusion criteria: works for a defined interval, articles in a language other than Portuguese, magazines that do not meet the quality requirements and work methods and incomplete works on a theme are not allowed. Results: In the SCIELO database. ORG 17 articles were collected from the descriptors, however, only 7 articles meet the requirements of exclusion and inclusion of this work. The findings of the contents of the 7 (seven) articles that contaminate this systematic review allowed to allocate them in four categories - homophobic discrimination and gender; demographic factors that compete for homosexual discrimination; homophobic violence and homophobic violence at school. Conclusions: The systematic examination of the literature on homosexuality, heteronormativity and school context brought important consequences on the combination of these themes in academic productions, however, it is noticed, a lack of citable literature on a classified problem. As well as the adoption of scales and instruments used to carry out investigations on the homosexual universe, as an alternative to the reliability of the data collected in the field about the homosexual population at school.

Keywords: Adolescence, School, Heteronormativity, Homophobia, Homosexuality.

1 INTRODUÇÃO

Tomando emprestado as palavras do poema, Ladainha pela sobrevivência de autoria de Audre Lorde1 para compor o título deste trabalho, não como adorno estilístico, mas como uma conjectura preliminar acerca das investigações acadêmicas sobre o tema que embasa essa pesquisa.

Adentrar a investigação sobre homossexualidade e educação é vislumbrar inúmeros caminhos metodológico para uma mesma temática, para este trabalho, o rol de análise se aterá sobre as contribuições acadêmicas em torno da educação formal e sexualidade. Cabe nesta pesquisa, enumerar o quantitativo de publicações a partir da base Scielo.com e roteirizar os trabalhos que passeiam pela díade anteriormente em cito.

Este trabalho se escreve no rol daqueles que anseiam de construir uma tessitura social mais equânime e humanizada, assim como, uma educação lastreada por um viés libertador, emancipatório,

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igualitário e apartado de qualquer aspecto discriminatório, que se ponha em oposição aos aspectos discriminatórios, e se propõe a identificação e enfrentamento das discriminações de ordem sexual a partir de uma (re)educação crítica, que acolha outras manifestações sexuais para além da heteronormatividade.

Para os profissionais que transitam no orbe escolar, as diversas realidades que ali se apresentam e a carência de compreensões conceituais bem fundamentadas alimentam o preconceito no que se refere à orientação de ordem homossexual. (DINIS, 2017). A normativa heterossexual adentra o espaço escolar e dita a dinâmica de funcionamento do ambiente escolar, apagando os demais sujeitos que não se identificam com o modelo heteronormativo.

Assim, na escola como reflexo da sociedade ao qual está inserida, os comportamentos de preconceito com sujeitos de diferentes orientações de ordem sexual se manifesta “[...] de forma bastante clara e evidente, justamente porque a norma social com relação à sexualidade que rege atualmente a sociedade em que vivemos é a da heteronormatividade” (SOUSA; FRANÇA, 2018).

Aproveitando as palavras de (JUNQUEIRA, 2019, p. 14), “[...] teríamos que nos perguntar como nós, que aclamamos por justiça, pelo fim de preconceitos e violência, estamos, mesmo sem saber, envolvidos com aquilo com que procuramos lutar.” Deste modo, o lócus escolar se configura como um espaço discriminatório e reprodutor de preconceitos, que por sua vez, acabam por criar estereótipos de modelos sexuais que atendem a uma lógica binária em oposição as demandas dos sujeitos. Este contexto, deve demandar uma preocupação de ordem pedagógica que mostre as alternativas possíveis de enfrentamento da homofobia no universo escolar, em atenção, à educação humanística e igualitária. (HABOWSKI; CONTE, 2017).

Com suporte de um paradigma histórico, há uma tendência à ridiculização dos indivíduos homossexuais, inclusive, com respaldo as atitudes homofóbicas a partir de discursos religiosos- cristão que permeia o universo escolar. Diante disto, é percebido que os processos educativos devem ser norteados para a compreensão dos conteúdos e desenvolver aspectos que possibilitem a problematização da realidade dos sujeitos, por intermédio “[...] do reconhecimento mútuo, sendo necessário restabelecer, na prática pedagógica, uma atitude hermenêutica de reconciliação com as questões vitais.” (HABOWSKI; CONTE, 2017, p. 98). (DINIS, 2017).

Com essa finalidade, é possível entender que o método histórico- crítico que deve ser utilizado na interpretação bíblica permite à reflexão sobre os problemas que orbitam no orbe social, com vistas, a problematização da questão em torno da influência religiosa e/ou biologista na construção e sedimentação do pensar homofóbico no contexto escolar. O uso de tal método, possibilitará uma modificação da perspectiva educacional e novas formatações de experiências educativas a partir da formação dos professores em direção ao pensar crítico que acolha à diversidade de sexualidades de

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acordo com suas manifestações, apartada da dogmática religiosa e biologista que engendrou as premissas iniciais sobre a homossexualidade enquanto manifestação desconforme com estes dois pilares. (SALZMAN, 2012); (HELMINIAK, 2018).

T a l a b o r d a g e m a p o n t a p a r a o c a r á t e r a b e r t o d o d i á l o g o e p a r a u m (re)conhecimento que é regulado pela intersubjetividade da prática e por interesses humanos. O diálogo é um processo avesso à alienação provocada po r um a l e i t u r a fu nd am e nt al i st a ( bí bl i c o - cr i st ã ), r e st a b el e c en do c on e xõ es com o out ro, com a soci edade que nos fa z i nt erpel açõ es. (HABOWSKI; CONTE, 2017, p. 99).

As produções acadêmicas que se debruçam sobre as ilações acerca dos modelos de sexualidades e a discriminação sofrida por estes sujeitos com base em retóricas de ordem religiosa, podem trazer à reflexão acerca da homofobia a partir de uma leitura crítica e dialógica com o intuito de “[...] repensar os sentidos contidos em textos bíblicos específicos, reatualizando as leituras frente aos desafios que o nosso tempo apresenta.” (HELMINIAK, 2018, p. 64).

Em complementação a esse posicionamento:

Trata-se de uma reflexão para sair do imobilismo p r e c o n c e i t u o s o , r e c o n h e c e n d o a s e n g a n a ç õ e s p a r a r e c o n h e c e r o s l i m i t e s das práticas pedagógicas no entrel açam ento ent re raci onalidade e realidade social, que expressam a riqueza das identidades pelo diálogo crítico com as di ferenças. Est a apori a nos im pulsi ona para al ém das form as i nst it uci onal i zadas d e a g i r e d o s o f r i m e n t o s o c i a l , s e n d o e n f r e n t a d a a q u e s t ã o d a hom ofobi a em sua rai z. (SALZMAN, 2012, p. 97)

Em menção a este estudo, o seu objetivo primal é examinar as publicações brasileiras que tratam sobre a tríade heteronormatividade, homossexualidade no contexto escolar no período entre 2014 – 2019 na base de dado SCIELO.ORG, a partir dos descritores- escola, heteronormatividade e homossexualidade. O exame em cito possibilitará ampliação de entendimento teórico e oferecer um compêndio investigativo sobre o estado da arte a respeito deste terno- homossexualismo, heteronormatividade e escola. Assim, como oferecer um suporte que permitirá delinear planos estratégicos em oposição a homofobia no âmbito escolar. (BORGES; MEYER, 2018).

2 MÉTODO

A investigação em cito, trata-se de uma revisão bibliográfica sistematizada a partir da base de dados da Scientific Eletronic Library Online- SCIELO.ORG realizada em 20 de janeiro de 2020, com o uso dos descritores- educação e homossexualidade. A revisão integrativa tem por objetivo aglutinar,

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sistematizar e sintetizar os resultados das investigações sobre um tema específico. (MENDES et al., 2008)

A seleção dos artigos teve como critério de inclusivos- Artigos em português e publicados em que tratem sobre o tema em cito, publicados entre 2014 e 2019 em periódicos que tenham marcadores de qualidade entre A1, A2, B1 ou B2. Os critérios de exclusão: trabalhos fora do intervalo definido, artigos em idioma diferente do português, revistas que não atendam aos critérios de qualidade definidos no método deste trabalho e pesquisas incompletas sobre a temática.

Com vistas a buscar e posteriormente localizar os trabalhos na base Scielo.org foi usado a sequência de operadores lógicos com entrada para os descritores “AND” com o objetivo de catalogar os termos – educação, heteronormatividade e homossexualidade, e “OR” usada para garantir o somatório dos termos no momento da busca. A primeira rodada de verificação trouxe o termo sexualidade em condição de sinônimo de homossexualidade, por esse motivo, nova busca foi realizada com aspeamento do termo homossexualidade para garantir a efetivação da terminologia que para este trabalho não tem similitude com sexualidade.

Assim, a pesquisa foi realizada a partir do conjunto de termos, descritores e os operadores “educação” AND “homossexualidade” AND “heteronormatividade”, AND la:("pt") AND year_cluster:("2015" OR "2017" OR "2018" OR "2016" OR "2019") AND subject_area:("Human Sciences") AND wok_subject_categories:* AND wok_citation_index:* AND is_citable:("is_true") AND type:("research-article").

3 RESULTADOS

Na base SCIELO. ORG foram coletados 17 artigos (Figura 1) a partir dos descritores, porém, somente 7 artigos atendiam os critérios de exclusão e inclusão deste trabalho.

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Figura 1- Fluxograma de busca base SCIELO.ORG

Fonte: autor com base em Maia et al., 2018

Os resultados elencados a seguir têm como base analítica os 7 ( sete) artigos selecionados na pesquisa. Para garantir melhor entendimento sobre esse exame, inicialmente será relatada o contexto metodológico da pesquisa, e posteriormente, os elementos pertinentes aos conteúdos dos artigos em análise.

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4 EXAME DOS MÉTODOS

4.1 AMOSTRA

Em atenção à amostra pesquisada foram identificados os sujeitos da pesquisa com faixa etária entre 10 a 25 anos, deste modo, a pesquisa considerou somente os adultos jovens que participaram desta pesquisa em cito. O Estatuto da Criança e do Adolescente- ECA fixa entre 12 e 18 anos o intervalo etático para definir aqueles considerados adolescentes. Para a Organização Mundial de Saúde (OMS), estabelece a faixa etária compreendida entre 12 e 19 anos como adolescentes, faixa de idade estratégica para o planejamento de ações preventivas em saúde. Assim, foi verificado que os trabalhos têm avançado para alguns anos à frente quando trata da população adolescente. (CÉNAT et al., 2015; RAMPULLO et al.,2016); (NGUYEN; BLUM, 2018), que para este estudo, são taxados de adultos jovens- sujeitos com idade superior a 19 anos.

A amostragem revelou que, a ampliação da idade para além dos 19 anos é um consenso entre todas as pesquisas selecionadas neste estudo, uma das justificativas para tal fato, é vislumbrada no estudo de (RAMPULLO et al., 2016), quando, o autor afirma que a presença de sujeitos com idade superior aos 19 anos na educação básica, automaticamente insere-os no rol amostral, já que, em tese vivenciam as problemáticas típicas dos adolescentes. Neste sentido, a ponderação sobre adolescência, “[...] refere-se a uma definição baseada apenas em parâmetros numéricos é frágil, pois o ser humano, independente da sua idade, está em constante processo de mudança.” (CERQUEIRA- SANTOS; NETO e KOLLER, 2019). Assim, tacitamente há uma flutuação entre o orbe adolescente e as demandas da vida adulta, deste modo, estes jovens adultos enquadrados no contexto escolar taxiam entre um momento e outro.

5 INSTRUMENTOS

O exame sobre as ferramentas metodológicas utilizadas para acessar as informações dos sujeitos pesquisados, foi verificada, 3 investigações empregaram a entrevista semiestruturada que dá formato qualitativo às pesquisas. As demais pesquisas em exame, usaram escalas e ferramentas específicas para mensurar os dados sobre homossexualidade, heteronormatividade e educação nas populações analisadas. Um estudo utilizou Escala de Experiências Traumáticas Escolares em

Estudantes com a finalidade de coletar dados sobre as manifestações homofóbicas na escola. O uso

de escalas oferece à pesquisa uma robustez e confiabilidade nos dados em oposição aos questionários próprios que não são validados, podendo trazer menor confiabilidade para os dados coletados em investigações empíricas.

Outro dado que merece destaque quando trata do uso de escalas como instrumentos usados nas pesquisas, refere-se à correlação entre preconceito contra a população homossexual na esfera

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educacional e a cultura de cada país. Especificamente no Brasil, a homofobia no orbe escolar tem peculiaridades:

A homofobia verificada na escola está relacionada com expressões de gênero que destoam do predominantemente esperado. Visto isso, são necessárias ferramentas com boas evidências de validade e confiabilidade e, principalmente, adaptados à cultura. No Brasil existem algumas escalas validadas como a Escala Multidimensional de Atitudes Face a Lésbicas e a Gays de GATO; FONTAINE; LEME, 2014, a Escala de Crenças sobre Comportamentos de Homossexuais CERQUEIRA-SANTOS et al., 2007 e a Escala de Preconceito contra Diversidade Sexual e de Gênero, COSTA; BANDEIRA; NARDI, 2015. (SOUZA; FRANCA, 2018, p. 11).

Deste modo, a predominância de instrumentos próprios na maioria das pesquisas analisadas por este trabalho, poderá trazer uma fragilidade acerca da fidedignidade de resultados em espelhamento com a realidade investigada. OS pesquisadores devem conhecer e reconhecer a importância quanto ao uso de ferramentas validadas para uso em amostragens populacionais no estudo da temática homossexual e a heteronormatividade no contexto escolar, com vistas a geração de informações mais próxima possível do universo em análise com a finalidade de maior entendimento científico e social acerca do fenômeno investigado.

6 ANÁLISE DO CONTEÚDO

O detido exame do conteúdo dos 7 (sete) artigos que contam nesta revisão sistemática permitiram alocá-los em quatro categorizações- discriminação homofóbica e gênero; fatores demográficos que competem para a discriminação homossexual; violência de ordem homofóbica e violência homofóbica na escola e suas consequências. A classificação foi realizada com base nos conteúdos listados pelos artigos verificados por esse estudo. Estes fatores foram relacionados pelos pesquisadores com a homossexualidade e escola.

7 DISCRIMINAÇÃO HOMOFÓBICA E GÊNERO

Dentre os artigos analisados, (57,1%, n= 4) fizeram alusão às diferenças de gêneros como premissa para a manifestação de preconceito homofóbico. OS dados colhidos nos artigos demostraram que indivíduos do sexo masculino exibem maior grau de homofobia em relação àquelas do sexo feminino. Em mesmo sentido, os dados mostraram que as mulheres se sentem mais confortáveis diante se casais homossexuais, além, de mostrarem-se mais cordatas em relação às políticas públicas voltadas para a população homossexual, tanto no orbe escolar, quanto nas demais esferas sociais.

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Um dado chama atenção na pesquisa de (CASTRO et al., 2015) e se confirma em (RAMPULLO et al., 2016). Trata da investigação nas escolas sobre o direcionamento da homofobia de acordo com o gênero. Para às duas pesquisas encontraram dados que afirmam que os homens são mais preconceituosos com sujeitos homossexuais do gênero masculino, no que lhe concerne, as mulheres apresentam maior nível de aversão aos indivíduos do sexo feminino que se autodeclaram homossexuais. Em ilustração, “os homens apresentaram uma maior apreensão de contato com os homossexuais do sexo masculino, enquanto as mulheres tiveram uma maior apreensão de contato em relação aos homossexuais do sexo feminino” (RAMPULLO et al., 2016, p. 68).

Os achados de (CERQUEIRA- SANTOS et al., 2017) que mostraram menor preconceito das mulheres heterossexuais em relação aos seus pares homossexuais no universo escolar. Essa condição se consubstancia na argumentação trazidas pelos “autores que, ao contextualizarem a pesquisa à cultura brasileira, afirmam que os homens no Brasil temem ser vistos como não masculinos ao se relacionarem com pessoas não heterossexuais.” (HEREK, 2019). Deste Modo, os homens assumem posições mais preconceituosas e menos tolerantes as políticas inclusivas às populações homossexuais.

8 FATORES DEMOGRÁFICOS E SOCIAIS QUE COMPETEM PARA A

DISCRIMINAÇÃO

Essa categoria foi sinalizada por (71,4%, n= 5) artigos que faz uma relação entre a homofobia com fatores, tais quais, a escolaridade, nível socio- econômico e ambiente. No que concerne, o último ‘item’, o preconceito sobre as formatações sexuais diferentes da normativa heterossexual se manifesta através do bullying tanto na escola, quanto no ambiente social e familiar. OS estudos mostram uma relação direta entre intolerância e traços de conservadorismo social como fatores motivadores para o preconceito contra a população homossexual. A escola se mostra como reflexo desta mesma sociedade na qual está inserida. (BORGES; MEYER, 2018).

As investigações revelaram que alto poder aquisitivo e maior escolaridade são fatores que agregam tolerância à homossexualidade. Os estudos de (COSTA; BANDEIRA; NARDI, 2015) apontam que, os adolescentes com maior poder aquisitivo têm maior trânsito por valores e normas sociais diferentes daquelas vivenciadas por seu grupo social. Essa condição traz importantes reflexões, por conseguinte, possibilitam o exercício da tolerância. (NATARELLI, et al., 2015); (ALBUQUERQUE; WILLIAMS, 2016).

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9 VIOLÊNCIA DE ORDEM HOMOFÓBICA

A violência derivativa da homofobia é sinalizada em (86,7%, n= 6) trabalhos analisados. (NATARELLI, et al., 2015), aponta as mais frequentes manifestações, nesta ordem- violência verbal, física, constrangimento ou abusos psicológicos e de ordem sexual. Nos indivíduos adolescentes, as manifestações de violência têm o aditivo de expressão de poder, já que nessa fase etária, existem, ainda as relações de hierarquia (os pais, professores, parentes, líderes religiosos). Essa peculiaridade de mostra com maior intensidade nesta fase diante da exposição dos adolescentes as punições para mudanças de comportamentos, e, de orientação de ordem sexual. (NATARELLI, et al., 2015); (TEIXEIRA et al., 2017).

Nesse cenário é possível destacar a aparência física e os trejeitos, responsáveis, segundo os pesquisadores, por boa parte da violência verbal e psicológica vivenciada pelos jovens. Nesta, tanto os adultos (pais, professores e comunidade) quanto os pares são responsáveis pela agressão ao dispararem apelidos, xingamentos e gozações contra aqueles que não seguem o padrão de comportamento esperado para o seu gênero (SOUZA; SILVA; FARO, 2015, p. 68).

Em complemento (ALBUQUERQUE; WILLIAMS, 2016, p. 30) afirmam que no rol de violência que incluem “insultos, gozações, comentários inadequados sobre a sexualidade, ridicularização, espalhamento de rumores, recebimento de apelidos indesejados, fatos que acabam por gerar o isolamento social desses sujeitos”. Diante do exposto fica tácito que os adolescentes que declaram sua homossexualidade têm duplo sofrimento- (i) pela não correspondência às expectativas daqueles sujeitos com maior ascendência sobre ele (os pais, parentes, amigos, dentre outros); (ii) e são vitimados de várias formas por aqueles que têm grande importância para a sua vida, justamente dos quais esperava apoio. (JUNQUEIRA, 2019); (GATO; FONTAINE; LEME, 2015); (LIMA, 2018).

Os achados acima têm similitude com as pesquisas de (TEIXEIRA et al., 2017); (CERQUEIRA-SANTOS e DESOUZA, 2016). Estes estudos apontam que a violência engendrada contra a população homossexual não tem sua origem na escola, porém, figura como uma das estâncias de manifestação. Esse conjunto de violências, cria uma série de problemas para adolescentes e jovens escolares. (TAQUETTE; RODRIGUES, 2015).

10 VIOLÊNCIA HOMOFÓBICA NA ESCOLA E SUAS CONSEQUÊNCIAS

As implicações das vitimizações em decorrência de atos homofóbicos têm uma grande variabilidade de manifestações. Em (100%, n= 7) das pesquisas examinadas são apontados os efeitos nocivos desta tipologia de agressão no cotidiano dos adolescentes. Os estudos trazem índices elevados de problemas relativos ao autocuidado, problemas de saúde mental e física, autoestima, isolamento

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social e autopercepção. Em (57%, n= 4) dos artigos examinados é verificada a ideação suicida como um dos resultados das agressões sofridas pelos alunos homossexuais. A investigação de (NATARELLI, et al., 2015) trazem achados sobre o sofrimento psíquico, originados da violência sofrida por estes alunos no âmbito escolar.

Essa internalização leva à modificação na maneira de pensar e agir de quem a sofre, causando impacto também na adoção de hábitos saudáveis e no autocuidado como ações inadequadas relativas à alimentação, atividade física e padrões de sono levando a manifestação de sintomas somáticos como vômitos, desmaios, dores de cabeça e no estômago. Outra consequência da violência homofóbica é o isolamento social. (BORGES; MEYER, 2018, p. 60)

Outro problema percebido pelos autores é a experimentação do sentimento de não pertencimentos ao grupo escolar por jovens homossexuais. Como consequência direta desta problemática, é o distanciamento prematuro destes sujeitos da vida educacional. (SEELMAN et al., 2015). Essa condição leva a quadros de “[...] de depressão, desesperança, hiper vigilância, evitação, dissociação, (re)experenciação do trauma, somatização comportamento opositivo e desajustamento geral da saúde mental” que estes indivíduos levam apara além da sua vida escolar. ( ORTIZ-HERNANDEZ; VALENCIA-VALERO, 2015)

11 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O exame sistemático de literatura sobre homossexualidade, heteronormatividade e contexto escolar trouxe importantes observações sobre a conjugação destas temáticas em produções acadêmicas, porém, percebe-se a carência de farta literatura citável sobre a problemática assinalada. As pesquisas revelaram a confluência de fatores demográficos e sociais que em associação competem para à discriminação homofóbica e de gênero na escola, assim como, as consequências sociais, psíquicas e físicas deste tipo de discriminação para a população homossexual escolar. Diante deste cenário, urge uma ressignificação da cultura escolar para adoção de um modelo de educação pautada pela tolerância, humanização, diversidade e equidade, em oposição ao modelo heteronormativo que invisibiliza as demais manifestações sexuais na escola.

Outro dado que merece atenção por parte dos pesquisadores é adoção de escalas e instrumentos específicos testados para a operacionalização das investigações sobre o universo homossexual. Este cuidado deriva da necessidade de aproximar as investigações da realidade vivenciada pelos sujeitos homossexuais, especialmente no universo escolar. (CASTRO, 2015).

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REFERÊNCIAS

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CASTRO, Y., R; FERNANDEZ, M., L; FERNANDEZ, V., C.; MEDINA, P., V. Validação da escala de homofobia moderna em uma amostra de adolescentes. Anais de Psicología, v. 29, n. 2, 523-533, 2015.

CÉNAT et al. Correlates of bullying in Quebec high school students: The vulnerability of sexual-minority youth. Journal of Affective Disorders, v. 183, 315–321, 2015.

CERQUEIRA-SANTOS, E.; MELO NETO, O., C.; KHOLLER, S. H. Adolescentes e adolescências. In L. F. Habigzang, E. Diniz, & S. H. Kholler (Orgs.), Trabalhando com adolescentes (pp. 17-29). Porto Alegre, RS: Artmed, 2014.

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CHINAGLIA, M.; DÍAZ, J. (coord). Projeto Escola sem Homofobia (Relatório de Pesquisa/2011). Campinas, SP. Reprolatina – Soluções Inovadoras em Saúde Sexual e Reprodutiva, 2016.

COSTA, A.B.; BANDEIRA, D., R.; NARDI, H. C. Avaliação do preconceito contra diversidade sexual e de gênero: construção de um instrumento. Estudos de Psicologia, v. 32, n. 2, 163-172, 2015. DINIS, Nilson Fernandes. Homofobia e educação: quando a omissão também é signo de violência. Educar em Revista, Curitiba, n. 39, p. 39-50, 2017. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0104-40602011000100004&script=sci_abstract&tlng=pt . Acesso em 18. Jan. 2020.

DUBE, Yvette. Homossexualidade e a Bíblia: Apostila II. Tradução de José Luiz V. Silva. Rio de Janeiro: Igreja da Comunidade Metropolitana do Rio de Janeiro, 2007. 49p. Disponível em: http://www.icmrio.com/wp-content/uploads/2016/02/ahomossexualidadeeabiblia . Acesso em 18. Jan. 2020.

GATO, J.; FONTAINE, A. M.; LEME, V. B. R. Validação e Adaptação Transcultural da Escala Multidimensional de Atitudes Face a Lésbicas e a Gays. Psicologia: Reflexão e Crítica, v. 27, n. 2, 2015.

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