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Desenho universal para aprendizagem: do conceito à prática inovadora para a inclusão social / Universal design for learning: from concept to innovative practice for social inclusion

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Academic year: 2020

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Desenho universal para aprendizagem: do conceito à prática inovadora para a

inclusão social

Universal design for learning: from concept to innovative practice for social

inclusion

DOI:10.34117/bjdv5n10-060

Recebimento dos originais: 17/09/2019 Aceitação para publicação: 04/10/2019

Solange Cristina da Silva

Mestre em Educação (UFSC), doutoranda em Psicologia PPGP/UFSC Instituição: Universidade do Estado de Santa Catarina

Endereço: Rua Rosa, 1011 – Bairro Pantanal, Florianópolis/SC, Brasil E-mail: solange.silva@udesc.br

Taísa Gomes Ferreira (in memoriam)

Mestre em Ciências (FMUSP)

Instituição: Universidade Federal de Santa Maria

RESUMO

Esse artigo traz reflexões sobre as contribuições do Desenho Universal para Aprendizagem (DUA) voltadas à acessibilidade de pessoas com deficiência. Aborda primeiramente a compreensão da deficiência ancorada na discussão teórica-metodológica dos Estudos sobre Deficiência (Disability Studies) e na sequência apresenta uma revisão de literatura narrativa sobre o DUA com a análise a partir dos dados obtidos. O DUA tem como mote principal a educação para todos com foco sobre o perfil e as habilidades de cada sujeito. Nesse sentido, contempla as pessoas com deficiência a partir da análise de seu perfil de aprendizagem e não do “déficit” em si. Este texto objetiva fornecer o leitor uma reflexão sobre a acessibilidade para as pessoas com deficiência, pautada nos pressupostos do DUA. Concluiu-se que o Desenho Universal para Aprendizagem possibilita a eliminação de barreiras e sua aplicação amplia a eficiência de práticas inclusivas.

Palavras-chave: Desenho Universal para Aprendizagem; Estudos sobre deficiência; Acessibilidade;

Inclusão.

ABSTRACT

This Article brings reflections about the contributions of the Universal Design for Learning (UDL) focused on accessibility for people with disabilities. Firstly approaches the understanding of disability supported in the theoretical-methodological discussion of Disability Studies and after that presents a review about the narrative literature of UDL with analysis from the data obtained. The UDL has as principal motto the education for everybody focused on the profile and abilities of each one. In this sense, contemplates people with disability from the profile analysis of learning and not from the "deficit" only. This text aims to provide to the reader a reflection about the accessibility for people with disability, guided on the assumptions of UDL. It is concluded that the Universal Desing for Learning makes possible the removal of barriers and its application increases the efficiency of inclusive practices.

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1.INTRODUÇÃO

Nossa sociedade é vista atualmente como “sociedade do conhecimento” (Nonaka &Takeuchi,1997) ou “sociedade em rede” na era da informação (Castells, 1999). Como reflexo, as transformações prementes dessa sociedade estão em processo também no campo da educação. A educação começa a fazer a interação e incorporação de diferentes metodologias com recursos virtuais e midiáticos, usando das tecnologias no cotidiano educacional independente de como ela se apresenta: “educação híbrida” (Moran, 2007; Tori, 2009), “educação em rede” (Gomez, 2004; Souza, 2013), entre outras. Nesse processo, com o uso das tecnologias algumas barreiras são eliminadas, mas outras surgem para as pessoas com deficiência, principalmente no que se refere a acessibilidade, não garantindo assim a equidade de condições de aprendizagem.

Em termos legais, a inclusão é garantida, consequentemente a eliminação de barreiras e a premissa da acessibilidade é defendida, tais como no Decreto 6.949/2009 que promulga a Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência; na lei 10.098/2000 que estabelece normas gerais e critérios básicos para a promoção da “acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida” e na Lei n. 13.146/2015 que assegura e promove, “em condições de igualdade, o exercício dos direitos e das liberdades fundamentais por pessoa com deficiência, visando à sua inclusão social e cidadania” (BRASIL, 2015, p. 1).

Apesar da legislação defender a inclusão das pessoas com deficiência, a acessibilidade ainda é demanda urgente e essencial. Nesse sentido, propõe-se uma pesquisa bibliográfica sobre os “Estudos sobre Deficiência (Disability Studies)” e o “Desenho Universal para Aprendizagem (Universal Design of Learning)”, tendo como resultado uma reflexão crítica a partir dos dados obtidos sobre a contribuição do Desenho Universal para Aprendizagem para a acessibilidade das pessoas com deficiência na educação.

2 OS ESTUDOS SOBRE DEFICIÊNCIA

A complexidade que envolve a questão da deficiência, considerando suas diversas dimensões que perpassam as concepções biológica e social, é discutida e refletida por autores como Anastasiou & Kauffman (2011), Prince (2016), entre outros.

A partir de lutas políticas a favor das pessoas com deficiência travadas na década de 60, estudiosos (americanos, ingleses e nórdicos) na maioria com deficiência, contrapondo ao 3 modelo médico, dão continuidade na década de 70 com debates que constituíram o campo dos Estudos sobre Deficiência (Disability Studies). Os Estudos sobre deficiência é, mundialmente reconhecido e se refere a um campo de estudos que analisa as experiências de “ser uma pessoa com deficiência” e suas vidas (Pfeiffer, 2001).

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A contraposição ao modelo médico se constitui pelo fato do mesmo considerar a deficiência apenas como um problema de saúde, um problema do indivíduo e este como “estando no papel de doente” permanentemente (Parsons, 1951; Pfeiffer, 2001).

Como alternativas para o modelo médico, Pfeiffer (2001:06) traz o paradigma da deficiência. Considera que existe nove versões ou interpretações: 1) Versão Construcionista Social; 2) Versão Modelo Social da Deficiência; 3) Versão Impairment; 4) Versão Minoria Oprimida (política); 5) Versão Vida Independente; 6) Versão pós-moderna (Estruturalista, humanista, experimental, existencial); 7) Versão Continuum; 8) Versão Variação Humana; 9) Versão Deficiência como Discriminação. Este autor, afirma que todas essas versões têm algumas características comuns apresentando um Paradigma Composto da Deficiência. Dessas versões, destaca-se o modelo social da deficiência, a qual contribui para a discussão voltada a acessibilidade.

O modelo social da deficiência traz a compreensão da deficiência como “toda e qualquer forma de desvantagem resultante da relação do corpo com lesões e a sociedade”. Diniz (2003, p. 1). Assim, a deficiência é uma no conjunto de características do ser humano, no qual o problema que ela possa gerar está localizado na relação com a sociedade e não no individuo com lesão. Com isso, a incapacidade não está no indivíduo, mas está na sociedade que não consegue responder as suas demandas e necessidades. Considerando esses aspectos sociais que limitam as pessoas com deficiência, é importante discutir sobre o Desenho Universal para Aprendizagem (DUA) como alternativa na eliminação de barreiras.

3 A CONTRIBUIÇÃO DO DESENHO UNIVERSAL PARA APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO

A Educação passa por transformações significativas. O relatório sobre Educação Superior 2016 (NMC Horizon Report: 2016 Higher Education), mostra um movimento mundial por reformas na Educação e o horizonte para o prazo de 5 anos para a Educação Superior. As tendências para a Educação apresentadas nesse documento trazem, entre outras, a implantação a curto prazo (1 ano ou mais) da “aprendizagem mista ou híbrida” (Johnson et al, 2016, p. 06). Isso significa mais tecnologias e inovação dentro e fora dos espaços educacionais. Ao se falar em inovação é necessário pensar o aspecto da acessibilidade. Nesse sentido, a reflexão sobre o DUA é pertinente quando se pretende um espaço e metodologia inclusivos.

O Desenho Universal para Aprendizagem surge da demanda curricular por processos pedagógicos mais inclusivos. A partir dos estudos do Desenho Universal, que objetiva a utilização por todos os públicos com segurança e autonomia, de um mesmo ambiente ou produto, vai se pensar o espaço educacional.

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Os princípios básicos trazidos pelo Desenho Universal são: equiparação nas possibilidades de uso; flexibilidade no uso; uso simples e intuitivo; captação da informação; tolerância ao erro; mínimo esforço; dimensão e espaço para uso e interação (CEPAM, 2008).

O Universal Design for Learning (UDL) que no Brasil designamos como Desenho Universal para Aprendizagem (DUA) é também influenciado pelos estudos da neurociência sobre o funcionamento do cérebro durante o processo de aprendizagem. Neste processo, de acordo com os estudos de SENnet (2015) e CAST (2013) são identificados três tipos de redes neuronais distintos que se relacionam com os princípios da UDL: 1) Redes de conhecimento, que se relaciona com o princípio da representação; 2) Redes estratégicas, com o princípio da ação e expressão e; 3) Redes afetivas, que estão ligadas princípio do engajamento.

Cada rede neural está ligada a um aspecto da aprendizagem. A primeira relaciona-se à como reunimos fatos e categorizamos o que visto, ouvido e lido (“o quê” da aprendizagem). A segunda, a como organizamos e expressamos nossas ideias, planejamos e executamos as tarefas (o “como” da aprendizagem). A terceira, está relacionada as dimensões afetivas, o quê os motiva os estudantes, pelo que se interessam e são desafiados para a aprendizagem (o “porquê” da aprendizagem). (CAST, 2011)

David Rose e Anne Meyer são precursores dos princípios de Universal Design for Learning. (Center for Applied Special Technology [CAST], 2015) De acordo com National Center On Universal Design For Learning [NCUDL] (2014, s/n):

Universal Design for Learning is a set of principles for curriculum development that give all individuals equal opportunities to learn. UDL provides a blueprint for creating instructional goals, methods, materials, and assessments that work for everyone--not a single, one-size-fits-all solution but rather flexible approaches that can be customized and adjusted for individual needs.1

Sendo assim, o DUA considera as diferentes formas de aprender e as habilidades do sujeito. Com isso, contempla também a especificidade de aprender das pessoas com deficiência, não com o olhar para a deficiência, mas sim para suas habilidades e necessidades. Para que isso seja possível a principal característica do DUA é a flexibilidade, no ambiente educativo, a metodologia, a composição e forma de apresentação dos conteúdos devem ser flexíveis e oportunizar diferentes recursos pedagógicos para atender aos diferentes perfis de aprendizagem. Neste ambiente

1“Desenho Universal para a Aprendizagem é um conjunto de princípios para o currículo de desenvolvimento que dão todas as pessoas a igualdade de oportunidades para aprender. O UDL fornece um modelo para a criação de metas de ensino, métodos, materiais e avaliações que trabalham para todos - e não um único, one-size-fits-all solução, mas sim abordagens flexíveis que podem ser personalizadas e ajustadas para as necessidades individuais”. (NCUDL, 2014 - tradução livre)

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educacional, o estudante deve poder modular, em consonância com seu perfil de aprendizagem e suas especificidades, o espaço e recursos eliminando as barreiras existentes, bem como facilitando a participação e o aprendizado.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Na sociedade atual as tecnologias fazem parte significativa do cotidiano das pessoas, tanto dentro quanto fora da academia. Isso está evoluindo de tal forma, que já se fala em inovações em diferentes espaços como “salas inteligentes” (Johnson et al, 2016), “internet das coisas” (Ashton, 2009). Mas não se pode ter inovação sem que essa seja acessível, pois um dos quesitos para que um espaço ou recurso seja inovador é a acessibilidade. Assim, a reflexão interdisciplinar apresentada neste texto, é provocativa e conduz a um olhar para deficiência como produto da interação do “corpo com lesão” com o contexto social, mostrando a importância da acessibilidade e o Desenho Universal para Aprendizagem como uma alternativa de eliminação das barreiras sociais e de inclusão.

Construir contextos educacionais flexíveis que contemplem a todos/as os estudantes ou o maior número possível da diversidade humana é possibilitar a efetiva inclusão indo ao encontro do que preconiza a Política Nacional da Educação Especial na perspectiva da Educação Inclusiva e tantas legislações brasileiras. Destarte, o conceito de Desenho Universal para Aprendizagem dá suporte para uma prática pedagógica e gestão inovadora voltada à inclusão social.

REFERÊNCIAS

Anastasiou, D. & Kauffman, J. M. (2011). A social constructionist approach to disability: Implications for special education. Exceptional Children, 77(3), 367-384.

Ashton, K. (2009). That “Internet of Things” Thing. RFID Journal, 22. Recuperado em 29 de julho de 2016, de http://www.rfidjournal.com/articles/view?4986.

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Castells, M. (1999). A sociedade em rede. São Paulo: Paz e Terra.

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