• Nenhum resultado encontrado

CORRELAÇÃO ENTRE CONSUMO DE ÁLCOOL E DOENÇA PERI-IMPLANTAR: ESTUDO CLÍNICO E RADIOGRÁFICO

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "CORRELAÇÃO ENTRE CONSUMO DE ÁLCOOL E DOENÇA PERI-IMPLANTAR: ESTUDO CLÍNICO E RADIOGRÁFICO"

Copied!
8
0
0

Texto

(1)

CORRELAÇÃO ENTRE CONSUMO DE ÁLCOOL E DOENÇA

PERI-IMPLANTAR: ESTUDO CLÍNICO E RADIOGRÁFICO

Correlation between alcohol consumption and peri-implant disease: a clinical and radiographic

study

Renata Barboza Coelho1, Roberto Gonçalves Junior1,José Mauro Granjeiro2, Eliane Porto Barboza3, Priscila Ladeira Casado4

1 Graduados em Odontologia – Universidade Veiga de Almeida – Rio de Janeiro, RJ.

2 Doutor em Química - Centro de Terapia Celular - Unidade de Pesquisa Clinica e Institututo de Biologia - Universidade Federal Fluminense - Niterói, RJ.

3 Doutora em Periodontia - Boston University - Departamento de Periodontia - Universidade Federal Fluminense - Niterói – RJ e Instituto Brasileiro de Periodontia, RJ.

4 PhD em Morfologia - Departamento do Mestrado em Odontologia - Universidade Veiga de Almeida - RJ e Centro de Terapia Celular - Unidade de Pesquisa Clinica e Institututo de Biologia -

Universidade Federal Fluminense - Niterói, RJ.

Recebimento: 24/01/11 - Correção: 07/02/11 - Aceite: 14/03/11

RESUMO

O índice de insucesso em implantodontia tem apresentado níveis crescentes nos últimos anos, estando relacionado ao desenvolvimento de doença peri-implantar (DPI). No entanto, apesar dos fatores de risco já definidos, o consumo de álcool ainda não apresenta uma relação clara com o desenvolvimento da doença. O objetivo deste estudo foi correlacionar os aspectos clínicos e radiográficos no tecido peri-implantar com o consumo de álcool. Oitenta e três pacientes foram divididos em 3 grupos: grupo A (saúde, n=42), grupo B (mucosite, n=14) e grupo C (peri-implantite, n=27). Análises clínica e radiográfica foram realizadas em todos os pacientes, considerando o sangramento à sondagem, o nível de perda óssea e a história de doença periodontal, além do questionário específico quanto ao consumo de álcool. Os resultados evidenciaram que o grupo A apresentou, significativamente, (p=0,01) maior frequência de etilistas em relação aos grupos doentes. No entanto, o teste do qui-quadrado (²) evidenciou correlação estatisticamente significante entre etilistas com história de doença periodontal e o desenvolvimento de mucosite (p=0,02) e peri-implantite (p=0,01). Baseando-se nos resultados, concluiu-se que o etilismo não influenciou isoladamente no desenvolvimento da DPI, mas quando associado à história de doença peri-implantar mostrou ser um fator de risco à mucosite e peri-implantite.

UNITERMOS: implante dentário, alcoolismo, periodontite. R Periodontia 2011; 21:57-64.

INTRODUÇÃO

O índice de sucesso em implantodontia apresentou-se muito alto nos últimos anos, atingindo 100% na mandíbula e 97% na maxila (Sullivam, 2001; Garcés & Escoda, 2004). Os implantes osseointegrados têm sido utilizados tanto em casos de reabilitação oral total quanto em casos unitários, constituindo a primeira opção terapêutica. Estima-se que, somente nos Estados Unidos, 500 mil implantes são instalados anualmente (Seckinger et al, 1996; Ferreira et al, 2006) e que, tal sucesso é dado às inúmeras vantagens que se obtêm na reabilitação através da instalação dos implantes, dentre estas: uma maior estabilidade protética, aumentando assim a segurança e a autoestima do paciente, maior conforto e poder de mastigação, além da preservação das estruturas dentárias adjacentes.

No entanto, de acordo com o Sexto Workshop Europeu em Periodontia (Lindhe & Meyle, 2008), o índice de insucesso tem aumentado significativamente, estando relacionado ao aumento na incidência das doenças peri-implantares. A mucosite peri-implantar ocorreu em 80% dos indivíduos e em 50% dos sítios implantados, enquanto que, a peri-implantite foi identificada em até 56% dos indivíduos reabilitados e 43% das regiões implantadas, respectivamente.

(2)

implantes”, enquanto a peri-implantite é “um processo inflamatório caracterizado por perda óssea peri-implantar adicional”. A peri-implantite é também descrita como uma infecção sítio-específica desencadeando muitos padrões em comum com a periodontite crônica (Mombelli et al, 1987).

O caráter infeccioso das doenças peri-implantares já está bem estabelecido. No entanto, outros fatores relacionados à perda óssea peri-implantar estão associados a uma resposta inflamatória destrutiva (Esposito et al, 1998). Dentre os fatores de risco estabelecidos até o momento para o desenvolvimento da doença peri-implantar estão: higiene oral deficiente; história de doença periodontal; tabagismo; diabetes não controlada. Outros fatores de risco ao desenvolvimento da doença ainda estão sendo estudados, não apresentando correlação direta comprovada com a doença, dentre estes estão: características genéticas, superfície do implante e consumo de álcool (Lindhe & Meyle, 2008).

Mais de 60 doenças ou males estão relacionados ao consumo do álcool, dentre estas o câncer (de boca, esôfago, estômago, fígado) e a cirrose (entre outros males do fígado) são duas das mais conhecidas. A bebida alcoólica pode provocar também alterações no sangue, doenças do pulmão, lesões cerebrais e doenças do coração (Leite, 2010).

O alcoolismo é o conjunto de problemas relacionados ao alto e prolongado consumo de álcool, sendo entendido como o vício de ingestão abusiva e regular de bebidas alcoólicas, e todas as consequências decorrentes. Dentro do alcoolismo existe a dependência, a abstinência, o abuso (uso excessivo, porém não continuado) e a intoxicação por álcool (embriaguez), além das síndromes: amnéstica (perdas restritas de memória), demencial, alucinatória, delirante e de humor. Incluindo também distúrbios de ansiedade, sexuais, do sono e inespecíficos. Por fim o delirium tremens, que pode ser fatal (Piccinelli et al, 1997).

Alguns critérios importantes para diagnosticar um paciente alcoólatra compreendem os seguintes itens: dependência fisiológica comprovada através da síndrome de abstinência, quando a ingestão é interrompida; testes de laboratório; tolerância aos efeitos do álcool; presença de doenças associadas ao álcool como degeneração cerebelar, e doença no fígado; continuação do hábito de beber, apesar da contra-indicação do médico e do ambiente social e da decadência dos comportamentos; prejuízo social e ocupacional; depressões; perda de consciência; estigmas do álcool (odor alcoólico, fascies alcoólatra, vermelhidão no rosto, tremores, equimoses, neuropatias periféricas); beber clandestinamente; ausências inexplicáveis no trabalho; acidentes frequentes, quedas, ou ferimentos de origem duvidosa; em fumantes, queimaduras de cigarro nas mãos e

no peito (Miyoshi, 2008; Leite, 2010).

No entanto, não se sabe até que ponto o simples consumo de álcool ou o consumo com dependência (alcoolismo) pode influenciar na homeostase desencadeando alterações na remodelação óssea. Por isso, identificar e estudar a possibilidade de associação entre doença peri-implantar e consumo de álcool é de suma importância na tentativa de clarificar as associações de risco relacionadas a perda óssea ao redor do implante dentário.

Acredita-se que o processo de osseointegração pode sofrer influencia debilitante pelo álcool. Sendo assim, o objetivo deste estudo foi associar os aspectos clínicos e radiográficos do tecido peri-implantar, com saúde e doença, ao consumo de álcool.

MATERIAL E MÉTODOS

Este trabalho foi submetido e aprovado pelo comitê de ética em pesquisa da Universidade Federal Fluminense sob o protocolo CEP CMM/HUAP n° 070/07.

Amostra

Oitenta e três pacientes, com 303 implantes osseointegrados, foram incluídos neste estudo. Os critérios de inclusão foram: (1) ter pelo menos um implante endósseo osseointegrado; (2) ausência de doença sistêmica; (3) assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido.

Avaliação Clinica e Radiográfica

A avaliação clínica incluiu análise da condição geral de saúde do paciente e das condições no tecido peri-implantar, o qual foi clinicamente avaliado quanto à coloração gengival (0/1), presença de sangramento à sondagem (0/1), e placa bacteriana (0/1). A condição de higiene oral, a história de doença periodontal e o fenótipo periodontal foram considerados.

Os implantes foram radiografados utilizando radiografia periapical e posicionador radiográfico, objetivando padronizar as medidas do nível ósseo peri-implantar, no momento do diagnóstico clínico. A altura do osso peri-implantar foi dada em função da quantidade de roscas expostas no implante.

(3)

Caso o paciente possuísse mais de um implante, o tecido peri-implantar com maior grau de doença caracterizava o paciente. No entanto, as características de todos os outros implantes foram registradas.

Análise do consumo de Álcool

A análise do consumo de álcool foi realizada baseando-se no questionário da ficha clínica do paciente. De acordo com o consumo de álcool e tabaco, os pacientes foram divididos em 4 subgrupos: grupo I – Tabagista; grupo II – Etilista; grupo III – Etilista e tabagista; grupo IV – Não tabagista e não etilista. Os pacientes foram considerados tabagistas e/ou etilistas caso assinalassem essas condições na resposta do questionário clinico. A dosagem do consumo de álcool e tabaco não foi mensurada neste estudo inicial.

Análise Estatística

A análise estatística descritiva foi utilizada para identificar as características clínicas e radiográficas presentes em cada grupo. O teste do qui-quadrado (À²) identificou as diferenças entre os grupos com nível de significância de 0,05. O software SPSS 18.0 foi utilizado em todas as análises.

RESULTADOS

Resultados Clínicos e Radiográficos

Oitenta e três pacientes, com idade média de 52 anos (21-84) (75 caucasianos e 8 afro-americanos) , 26 homens e 57 mulheres, com 303 implantes instalados, 169 em maxila e 134 em mandíbula, foram divididos em 3 grupos. Os resultados clínicos e radiográficos são demonstrados na tabela 1 e figuras 1-4.

O grupo A (saúde) caracterizou-se por predomínio de fenótipo periodontal espesso (59%). Apenas 3 (7%) pacientes eram fumantes e 23 (55%) etilistas. Seis (14%) pacientes tinham história pregressa de doença periodontal e 2 (4%) higiene oral deficiente. O sangramento à sondagem estava presente em 14% dos pacientes e acúmulo de placa peri-implantar em 7%. Dos implantes instalados, 42 (19%) foram tipo cone morse, 48 (16%) hexágono externo e 3 (0,9%) hexágono interno.

No grupo B (mucosite) 5 (35,2%) pacientes apresentaram fenótipo fino e 10 (71,4%) história de doença periodontal. Nenhum paciente assumiu ser tabagista e 6 (42,8%) assumiram etilismo. Sete (50%) pacientes apresentaram higiene oral deficiente e acúmulo de placa peri-implantar. Dos implantes instalados, 30 (9%) foram tipo cone morse, 24 (8%) hexágono externo e 1 (0,3%) hexágono interno.

Dos pacientes do grupo C (peri-implantite), 4 (14,8%)

Figura1 Aspecto clínico compatível com saúde no paciente A2.

Figura 2 Aspecto radiográfico sem perda óssea no paciente A21.

Figura 3. Aspecto clinico no paciente com mucosite.

Note a secreção purulenta e a gengiva inflamada (seta).

Figura 4 Aspecto radiográfico com perda óssea característico

(4)

CARACTERÍSTICAS CLINICAS E RADIOGRÁFICAS NOS GRUPOS A, B E C.

Amostras Fenótipo Tabagista Etilista HDP HO SS Mucosa Placa PI ÓsseaPerda

(5)

B1 0 0 1 1 1 1 1 1 0 B2 1 0 0 1 0 1 1 0 0 B3 0 0 1 1 0 1 1 0 0 B4 1 0 1 0 0 1 1 0 0 B5 0 0 0 1 1 1 1 0 0 B6 0 0 0 0 0 1 1 1 0 B7 0 0 0 1 1 1 1 1 0 B8 0 0 1 0 0 1 1 0 0 B9 0 0 1 1 0 1 1 0 0 B10 0 0 0 1 1 1 1 1 0 B11 1 0 1 1 1 1 1 1 0 B12 0 0 0 1 1 1 1 1 0 B13 1 0 0 0 1 1 1 1 0 B14 1 0 0 1 0 1 1 0 0 C1 1 0 1 0 0 1 0 0 3 C2 1 0 0 0 0 1 1 0 4 C3 0 0 0 0 0 0 0 0 3 C4 1 0 0 0 0 0 0 0 3 C5 0 0 0 0 0 0 0 0 3 C6 0 0 0 0 0 0 0 1 3 C7 0 0 1 0 0 0 0 0 3 C8 1 1 1 1 1 0 0 0 3 C9 0 0 0 0 0 0 0 0 3 C10 0 1 1 1 0 0 0 0 3 C11 1 0 0 0 1 1 0 1 3 C12 0 0 1 1 0 1 1 1 3 C13 0 0 0 0 0 1 0 1 5 C14 0 0 0 0 0 0 0 0 3 C15 0 0 0 0 0 0 0 0 3 C16 0 0 1 1 1 1 1 1 3 C17 1 1 0 1 1 1 1 1 4 C18 1 0 0 1 1 1 0 1 5 C19 0 0 0 1 1 1 0 1 3 C20 1 0 1 1 1 1 0 1 3 C21 1 0 0 1 0 1 0 0 3 C22 1 0 0 1 1 1 0 1 4 C23 1 0 0 1 1 1 0 1 4 C24 0 0 1 0 0 0 0 0 3 C25 1 0 0 1 1 1 1 1 4 C26 1 1 0 1 1 1 1 1 4 C27 0 0 1 1 1 1 0 0 3

Fenótipo periodontal: 0= espesso / 1= fino; Tabagista: 0= não tabagista/ 1= tabagista; Etilista: 0= não etilista/ 1= etilista;

HDP(história de doença perioodontal) 0= ausência/ 1=presença; HO (higiene oral) 0= ausência/ 1=presença;

SS (sangramento à sondagem) 0= ausente/ 1= presente; Mucosa 0= rosa/ 1= vermelha;

(6)

eram tabagistas e 9 (34%) etilistas. A história de doença periodontal estava presente em 13 (48%) pacientes e higiene oral ruim em 12 (44%). O sangramento à sondagem estava presente em 16 (59%) amostras, mas coloração avermelhada da mucosa em 6 amostras (22%). A média de perda óssea peri-implantar foi de 3,4 roscas totalmente expostas. Dos implantes instalados, 53 (17,4%) foram tipo cone morse, 88 (29%) hexágono externo e 4 (1,3%) hexágono interno.

O grupo A (p=0,01) apresentou diferença estatisticamente significativa em relação aos etilistas, comparado aos grupos B e C. Os grupos doentes (B e C) mostraram diferença estatisticamente significativa (p=0,02 e p=0,01 respectivamente), em relação ao grupo A, nos casos de etilistas com história de doença periodontal. A tabela 2 mostra a freqüência de consumo de cada grupo e a tabela 3 mostra o teste do qui-quadrado (À²) nos grupos A, B e C, subgrupos I, II, II e IV.

DISCUSSÃO

Estudos anteriores tentaram, sem resultados conclusivos, relacionar o alcoolismo à doença peri-implantar (DPI) (Heitz-Mayfield, 2008). Por isso, esta pesquisa objetivou avaliar as alterações clínicas e radiográficas causadas pelo consumo de álcool nos tecidos ao redor do implante, principalmente

TABELA 2. DISTRIBUIÇÃO DAS AMOSTRAS NOS GRUPOS A, B E C DE ACORDO COM O PERFIL TABAGISTA E ETILISTA.

Subgrupo Total N=83 Grupo A N=42 Grupo B + Grupo C N=41 p (X 2 AXB+C) Tabagista 3 (3,6%) 1 (2,3%) 2 (4,9%) >0,05 Etilista 34 (40,9%) 21 (50%) 13 (31,7%) 0,01* Tabagistas + Etilistas 4 (4,8%) 2 (4,6%) 2 (4,9%) >0,05

Não tabagista + Não etilista 42 (50,6%) 18 (43,1%) 24 (58,5%) >0,05

sobre a perda óssea peri-implantar, em pacientes brasileiros. A correlação entre desenvolvimento da DPI e o tabagismo já está bem estabelecida (Bain & Moy, 1993; Ferreira et al, 2006; Lindhe & Meyle, 2008). Como grande parte dos pacientes que consomem álcool se apresentam tabagistas em nosso estudo, foi utilizada uma ficha clínica com complementação radiográfica para que os pacientes fossem divididos em 3 grupos em relação à saúde ou doença e em 4 subgrupos correlacionados ao etilismo e/ou tabagismo, como forma de separar pacientes tabagistas de etilistas e analisar isoladamente a influencia do álcool no desenvolvimento da doença.

Nossos resultados mostraram associação significativa entre etilismo e o não desenvolvimento da doença peri-implantar, o que comprova que, baseando-se nestas amostras, o consumo de álcool não influenciou no aumento da doença, da mesma forma não podemos afirmar que o etilismo venha a proteger o paciente quanto ao desenvolvimento desta, já que alterações na homeostase sanguínea estão relacionadas ao consumo de álcool e provável dificuldade de osseointegração.

Observamos também que a freqüência de pacientes etilistas com história de doença periodontal apresentou-se altamente significativa nos grupos B (p=0,02) e C em relação ao grupo A, sendo esta frequência predominante no grupo C (p=0,01). Estudos anteriores relacionam o acúmulo de

TABELA 3. DISTRIBUIÇÃO DAS AMOSTRAS RELACIONANDO ETILISMO E A DOENÇA PERIODONTAL.

Grupo A Grupo B Grupo C p (2 AXB) p (2 AXC) P (2 BXC)

Etilista + HDP 4 (9,5%) 4 (28,6%) 6 (22,3%) 0,02* 0,01* 0,06

Total de casos 42 14 27

HDP: História de Doença Periodontal

Tabela 2

(7)

placa e formação de cálculo dentário à origem multifatorial da doença periodontal (Alexander & Damoulis, 1994), incluindo composição da saliva, genética, alimentação, qualidade de higiene oral, hereditariedade, composição bacteriana, resposta imunológica, dentre outros fatores (Leonhardt et al, 2003; Colombo et al, 2007). Sabe-se que o consumo de álcool pode alterar o metabolismo corporal de forma significativa, o que pode sugerir que pacientes com pré-disposição à doença periodontal que consumam álcool, podem ter um fator de risco aumentado ao acúmulo de placa (Mayanagi et al, 2004), e consequentemente ao desenvolvimento da doença peri-implantar e subsequente perda óssea. Talvez, o álcool esteja atuando de forma a potencializar fatores muitas vezes incipientes para o desenvolvimento da doença. Outro aspecto importante é a avaliação quanto a influência do consumo de álcool na composição da saliva, homeostase óssea, pH salivar, entre outras alterações possíveis na cavidade oral, uma vez que sabemos que este causa variações sanguíneas.

Futuros estudos são necessários graduando os pacientes submetidos à reabilitação com implantes dentários quanto ao consumo de álcool. Para isso, sugerimos a utilização do questionário AUDIT (Robert 2004; Lindhe & Meyle, 2008), preconizado por Piccinelli et al. (1997). A aplicação deste questionário poderá diferenciar pacientes que consomem álcool de forma branda dos pacientes com consumo excessivo, dito etílicos. Esses dados são necessários para nivelar e caracterizar etilistas crônicos possibilitando uma correlação mais direta ao desenvolvimento de doença peri-implantar. Sugere-se ainda, em futuros estudos, que testes de composição salivar sejam realizados e, que, o paciente tabagista sempre seja considerado em separado dos somente etilistas.

CONCLUSÕES

Baseando-se nos resultados clínicos e radiográficos e nas limitações deste estudo, concluímos que (1) o etilismo não influenciou, isoladamente, no desenvolvimento de doença peri-implantar e, (2) o etilismo associado à história de doença periodontal mostrou ser um fator de risco ao desenvolvimento de mucosite e peri-implantite.

ABSTRACT

Failure rates in implant dentistry have increased in the last years and these have been correlated with periimplant disease development. In spite of the fact that many risk factors have been described for periimplant disease, alcohol consumption doesn’t presents clear relationship with disease development.

The aim of this study was to correlate clinical and radiographic aspects in periimplant tissues with alcohol consumption. Eighty-three patients were divided in 3 groups: group A (health, n=42), group B (mucositis, n=14) and group C (periimplantitis, n=27). Clinical and radiographic analyses were performed in all patients, evaluating bleeding on probing, bone level and periodontal disease history. A specific questionnaire was used to identify alcohol consumption. The results showed that group A presented greater drinker frequency (p=0.01) than disease groups. However, chi-square test showed significant correlation between drinkers presenting periodontal disease history with mucosistis (p=0.02) and periimplantitis (p=0.01) development. We concluded that alcohol consumption had no influence on periimplant disease development, however it is a risk factor for mucositis and periimplantitis when associated to periodontal disease history.

(8)

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1- Garcés MAS, Escoda CG. Periimplantitis. Med Oral, Patol Oral Cir Bucal 2004; 9: 63-74.

2- Sullivan RM. Implant dentistry and the concept of osseointegration: a historical perspective. J Calif Dental Assoc 2001; 29: 737-745. 3- Ferreira SD, Silva GLM, Cortelli JR, Costa FO. Prevalence and risk

variables for peri-implant disease in Brazilian subjects. J Clin Periodontol 2006; 33: 929-935.

4- Seckinger RJ, Barber HD, Phillips K, Saleh N, Ferrarie J. A clinical study of titanium plasma sprayed (TPS)-coated threaded and TPS-coated cylindrical endosseous dental implants. Guide to Implant Res 1996; 1: 5-8.

5- Lindhe J, Meyle J. Peri-implant diseases: Consensus Report of the Sixth European Workshop on Periodontology. J Clin Periodontol 2008; 35 (Suppl. 8): 282–285.

6- Misch, CE. Implantes Dentários Contemporâneos. 2a ed. São Paulo: Livraria Editora Santos; 2000.p.626.

7- Albrektsson TO, Isidor F. Consensus report of session IV. In: Lang NP, Karring T. Proceedings of the first European workshop on periodontology, 1994.

8- Mombelli A, Van Oosten MA, Schurch E, Lang NP. The microbiota associated with successful or failing osseointegrated titanium implants. Oral Microbiol Immunol 1987; 2: 145-151.

9- Esposito M, Hirsch JM, Lekholm U, Thomsen P. Biological factors contributing to failures of osseointegrated oral implants. (II). Etiopathogenesis. Eur J Oral Sci 1998; 106: 721–764.

10- Leite PF. Alcoolismo sob o ponto de vista da medicina interna [citado 2010 nov] Disponível em: URL: http://www.psiquiatriageral.com.br/ farma/alcoolismo.htm

11- Piccinelli M, Tessari E, Bortolomasi M, Piasere O, Semenzin M, Garzotto N, Tansella M. Efficacy of the alcohol use disorders identification test as a screening tool for hazardous alcohol intake and related disorders in primary care: a validity study. BMJ 1997; 314, 420–424.

12- Miyoshi H. Alcoolismo e Implantes dentários. Tratamento odontológico em pacientes especiais (alcoólatras) [citado 2008 jul 4]. Disponível em: URL: http://www.webartigos.com/articles/7605/1/alcoolismo-e-implantes-dentrios/pagina1.html

13- Heitz-Mayfield LJA. Peri-implant diseases: diagnosis and risk indicators. J Clin Periodontol 2008; 35: 292-304.

14- Bain C, Moy P. The association between the failure of dental implants and cigarette smoking. Int J Oral Maxillofac Implants 1993; 8: 609-615. 15- Alexander MB, Damoulis PD. The role of cytokines in the pathogenesis

of periodontal disease. Cur Opin Periodontol 1994; 39–53. 16- Colombo AV, Da Silva CM, Haffajee A, Colombo AP. Identification of

intracellular oral species within human crevicular epithelial cells from

subjects with chronic periodontitis by fluorescence in situ hybridization. J Periodontal Res 2007; 42: 236-43.

17- Leonhardt A, Dahlen G, Renvert S. Five-year clinical, microbiological andradiological outcome following treatment of peri-implantitis in man. J Periodontol 2003; 74: 1415-1422.

18- Mayanagi G, Sato T, Shimauchi H, Takahashi N. Detection frequency of periodontitis-associated bacteria by polymerase chain reaction in subgingival and supragingival plaque of periodontits and healthy subjects. Oral microbiol Immunol 2004; 19: 379-385.

19- Robert EH. Alcoolismo: Transtornos relacionados por semelhança ou classificação [cited 2004 oct 15] Disponível em: URL: http://www. psicosite.com.br/tra/drg/alcoolismo.htm

Endereço para correspondência: Priscila Ladeira Casado

Referências

Documentos relacionados