TÍTULO: CULTURA E DESENVOLVIMENTO: UMA ESTRATÉGIA PARA A AÇÃO EXTENSIONISTA NA UFPE
AUTORES: Ana Maria de Queiroz Andrade (anandrade@proext.ufpe.br); Benício de Barros Neto (bbn@npd.ufpe.br); Célia Maranhão Campos (cmc@proext.ufpe.br); Luzanira Rego (luzarego@uol.com.br); Norma Buarque de Gusmão (nbg@proex.ufpebr)
INSTITUIÇÃO: Universidade Federal de Pernambuco
ÁREA TEMÁTICA: Institucionalização da Extensão Universitária
.INTRODUÇÃO....
Evitando a antiga discussão que procura definir o que é extensão universitária, partimos do princípio que a principal função da extensão é a integração da universidade com a sociedade. E essa integração não está limitada apenas à interseção de ofertas acadêmicas (cursos, projetos, pesquisas etc),
mas ao atendimento das diversas demandas, inclusive as sociais.
Acreditamos que, para cumprir a sua missão (contribuir para a transformação da sociedade), a extensão precisa ser pensada de forma estratégica, ou seja:
Tem que incluir – permitir que estudantes e professores associem as suas
experiências de sala de aula a situações da vida real, com todas as dificuldades que possam incorrer, para garantir vantagens na formação do profissional consciente do seu papel na sociedade.
Tem que ousar – experimentar modelos diferenciados de gestão, e dispor dessas ferramentas para realizar projetos que integrem diversas áreas de conhecimento, desenhando novos cenários e provocando parcerias dentro e fora do âmbito acadêmico.
Tem que empreender – fomentar a inovação e valorização da cultura local para produzir e competir no mercado globalizado.
Essa é a extensão que pode transformar e esse foi o conceito que inspirou a definição de uma estratégia de ação extensionista para a Cultura na Universidade Federal de Pernambuco.
A proposta
- Definição de uma política cultural que otimize o uso de espaços e amplie a participação de estudantes e professores da instituição, assim como reconheça e valorize a diversidade tanto de manifestações quanto de público;
- Estabelecimento de parcerias para realização de projetos;
- Definição de um modelo de gestão participativo e descentralizado orientado para a obtenção de resultados;
- Envolvimento de estudantes e professores, otimizando o esforço da pesquisa e das atividades de sala de aula, nas ações extensionistas.
O problema
1. Falta de definição de uma política cultural;
2. Pouco recurso para investimento em cultura;
3. Dificuldade em participar dos programas de incentivo a cultura;
4. Falta de um modelo de gestão adequado;
5. Pouca integração com as atividades de ensino e pesquisa.
As prioridades
1. Definição da política cultural;
2. Integração da equipe;
3. Definição do projeto coletivo;
4. Capacitação da equipe;
5. Estabelecimento de parcerias;
6. Divulgação das ações.
As etapas de implementação
1. Definição do modelo de gestão;
2. Adequação do espaço físico;
3. Implantação do Centro Cultural Benfica;
4. Detalhamento do projeto coletivo;
5. Implantação dos projetos específicos.
O lugar
No Centro Cultural Benfica a produção artístico-cultural é estimulada através da formação, produção e pesquisa, integrando a UFPE ao movimento cultural e
fortalecendo a divulgação e o desenvolvimento dessa área no Estado, na Região e no País. A estrutura administrativa do Centro é formada por um conselho gestor,
composto por representantes de empresas patrocinadoras, representantes de
instituições parceiras, artistas e professores da UFPE, cuja função é definir diretrizes e avaliar a execução dos projetos. Uma coordenação executiva gerencia o conjunto de projetos para garantir que as metas, estabelecidas no plano referendado pelo
conselho gestor, sejam alcançadas. Cada projeto dispõe de um gerente que acompanha sua realização e é responsável pela qualidade dos resultados previstos. Funcionários da instituição e profissionais apoiam administrativa e tecnicamente os projetos. A estrutura é hierarquizada, com funcionamento ordenado e responsabilidades definidas, flexível (permitindo a descontinuidade de projetos cujos resultados não sejam qualitativamente significativos), descentralizada garantindo a cada gerente a
autonomia para conduzir o seu projeto e integradora, permitindo soluções complementares e resultados diferenciados.
Alguns resultados
- Implantação do projeto Imaginário Pernambucano;
- Continuidade das atividades do Instituto de Arte Contemporânea;
- Registro informatizado das obras do acervo ; - Resgate do acervo fonográfico;
- Implantação do projeto Domingo no Campus;
- Instalação da livraria Benfica;
- Implantação do Cinema BR.
Atividades em desenvolvimento
Centro Cultural Benfica
Teatro, livraria, galerias e auditório abrigam atividades que dão ao Centro Cultural Benfica a possibilidade de agregar um público diversificado, viabilizando a ação integradora da extensão. Ao mesmo tempo - pela sua vocação empreendedora - o Centro Cultural Benfica desafia professores, estudantes e funcionários da
Universidade, instigando-os na busca de uma forma inovadora de construção coletiva.
O Teatro Joaquim Cardozo (recentemente recuperado e com capacidade para 50 espectadores) promove ações voltadas para a pesquisa e formação de público, com apresentações regulares de peças, leituras e dramatização de textos.
O Instituto de Arte Contemporânea mantém atividades experimentais e de pesquisa, além de exposições de trabalhos e performance de artistas, alunos e professores da Universidade.
Fortalecendo a área de Museologia no Estado, o Centro Cultural Benfica tem promovido cursos de capacitação, em parceria com o Governo do Estado, além de participar de encontros para discutir questões relacionadas à área.
Para facilitar o gerenciamento e ao mesmo tempo disponibilizar ao público, o acervo do Departamento de Cultura da UFPE foi informatizado e pode ser acessado através do site www.proext.ufpe.br que permitirá uma simples consulta ou, até mesmo, uma pesquisa mais avançada
Para promover discussões informais, apresentar e facilitar a comercialização de novos produtos culturais, o CCB conta também com a Livraria Benfica, resultado de uma parceria entre a UFPE e a FUNARTE.
Projetos especiais
O Domingo no Campus é um dos projetos especiais da Diretoria de Cultura da PROEXT e acontece quinzenalmente, durante o verão, com o principal objetivo de divulgar a cultura pernambucana. O evento já faz parte do calendário cultural da cidade e costuma atrair um público médio de 5 mil pessoas para suas oficinas ao ar livre, feira de artesanato e espetáculos musicais.
Para articular o acervo de arte popular da UFPE com as pesquisas na área de design e artesanato está sendo desenvolvido o projeto Arte Popular: O Imaginário
Pernambucano. Pretende-se identificar o artesão diferenciado, registrar a sua obra e apresentá-la de forma contextualizada. Além disso, são realizadas oficinas de
capacitação para os artesãos e comunidades étnicas, sob a orientação de designers e estudantes de design, buscando a melhoria da qualidade do artesanato local.
Conceição das Crioulas, comunidade quilombola é um exemplo dessa atuação, que além melhorar a produção artesanal local tem, em parceria com governos e
instituições, promovido a geração de trabalho e renda. Hoje, os resultados desta ação,
premiada pelo Banco Mundial no Encontro Nacional de Experiências Sociais Inovadoras em junho 2002, são reconhecidos nacional e internacionalmente. A participação em feiras internacionais como a SANA – 14° Salão Internacional de Alimentação Natural, Saúde e Ambiente em Bolonha em setembro passado vem ampliando a comercialização de produtos em novos mercados.
O projeto Resgate do Acervo Fonográfico tem como objetivo a digitalização, transcrição de letras e músicas, resultado de pesquisas feitas pelo Movimento Armorial nos anos 60, coordenada pelo Prof. Ariano Suassuna. Ao término do trabalho espera-se voltar às comunidades e reapresentar a pesquisa. O produto será disponibilizado para os interessados em CD e através da Internet.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. SEMPRINI, Andréa. Multiculturalismo. Editora Universidade do Sagrado Coração.
178p, 1999.
2. Ilse SCHERER-WARREN; Tâmara BENAKOUCHE; Héctor Ricardo LEIS; Sérgio COSTA/Denilson Luís WERLE; Neide Almeida FIORI & Armando de Melo LISBOA. Cidadania e Multiculturalismo: a teoria social no Brasil contemporâneo.
Co-Edição das editoras SOCIUS e da Universidade Federal de São Carlos. Lisboa.
202p, 2000.
3. CUÉLLAR, Javier Pérez (org). Nossa Diversidade Criadora: Relatório da
Comissão Mundial de Cultura e Desenvolvimento. Co-Edição da Papirus Editora e da Unesco, Brasília. 416p, 1997.
4. Elizabeth HILL; Catherine O’SULLIVAN; Terry O’SULLIVAN. Creative Arts – marketing. Butterworth-Heinemann, Oxford, 368p, 2001.
5. CARDOSO, Cármen; CUNHA, Francisco Carneiro. Gerenciando Processos de Mudança – A arte de enfrentar e administrar resistências nas organizações. Edições INTG, 175 p, 1999.
6. ________________________________________________. Compreendendo a Organização – Uma abordagem psicossiciológica. Cadernos INTG – Série Fundamentos Teóricos, Recife, Volume 1. 146 p, 2001 ,