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A IMPORTÂNCIA DO TRABALHO PARA A RESSOCIALIZAÇÃO CARCERÁRIA

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A IMPORTÂNCIA DO TRABALHO PARA A RESSOCIALIZAÇÃO

CARCERÁRIA

ZIMMERMANN, Andrew Jonatan de Moura1; CORRÊA, Jéssica Batista2; CORRÊA, Julia Batista3; PIAS, Fagner Cuozzo4

RESUMO

O presente artigo é resultante de pesquisas realizadas em torno do tema estabelecimentos prisionais, e trabalho prisional. Nesse sentido, foi possível estudar a realidade nos presídios brasileiros, nas especificidades de direitos abrangidos pela lei, que muitas vezes não são postos em prática. Os apenados, em tese, deveriam cumprir suas penas dentro de condições dignas e humanas, para que assim as prisões passassem de “castigo” para um local de recuperação, contudo, na prática não é o que acontece. Quando se trata de direitos dos apenados, estes são constante e incessantemente violados pelo próprio Estado, mediante a discriminação e as humilhantes condições carcerárias que lhe são fornecidas. Destacam-se as falhas preponderantes encontradas, principalmente, em questão às falhas de leis escritas, que não são devidamente cumpridas. Assim, tendo em vista que as condições dentro do presídio já não são favoráveis à recuperação do apenado, o presente artigo tem por objetivo analisar os aspectos do trabalho humano, realizado pelos apenados dentro do estabelecimento prisional. Ademais, o principal objetivo do trabalho realizado pelos apenados, seria instruir e ajudar na sua ressocialização. A pesquisa foi baseada na atual realidade brasileira, aonde a conduta mais corriqueira, dentro dos presídios, vem sendo, indivíduos que saem do sistema prisional, da mesma forma que entraram, ou até piores. Essa situação os leva a cometer novos crimes, o que ocasiona a sua reincidência. Visto isso, o trabalho humano como forma de ressocialização do indivíduo auxiliaria na sua reintegração, e recuperação, bem como, na reintegração de todo o sistema carcerário.

1 Acadêmico do décimo semestre do curso de Direito da Universidade de Cruz Alta/RS, UNICRUZ. Bolsista do

projeto de pesquisa de Demanda Induzida: Avaliação Institucional e a qualidade da educação superior: desafios e possibilidades. Voluntário do projeto de extensão Núcleo do Projeto Rondon da UNICRUZ, Lição de Vida e Cidadania. E-mail: andrew.jonatam13@gmail.com.

2 Acadêmica do oitavo semestre do curso de Direito da Universidade de Cruz Alta/RS, UNICRUZ. E-mail:

jessicabc_@hotmail.com.

3 Acadêmica do quarto semestre do curso de Direito da Universidade de Cruz Alta/RS, UNICRUZ. Bolsista do

projeto de pesquisa de Demanda Induzida: Avaliação Institucional e projeto político pedagógico dos cursos: articulações possíveis. Voluntária do projeto de extensão Núcleo do Projeto Rondon da UNICRUZ, Lição de Vida e Cidadania. E-mail: juliabwcc@gmail.com.

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Professor do curso de Direito da Universidade de Cruz Alta/RS, UNICRUZ. Orientador do presente Artigo. Mestre em Práticas Socioculturais e Desenvolvimento Social – UNICRUZ. Pós-Graduado em Direito Penal e Processo Penal. Pós-Graduado em Direito Civil e Processo Civil. Pós-Graduado em Direito Previdenciário. E-mail: fpias@unicruz.edu.br

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Palavras-Chave: Reincidência. Dignidade. Humanização. Direito. ABSTRACT

This article is the result of research carried out around the theme, and prison work. In this sense, it was proposed to study the reality in Brazilian prisons, in the specificities of rights covered by law, which are often not put into practice. The prisoners, in theory, should fulfill their sentences under dignified and humane conditions, so that as prisons move from "punishment" to a place of recovery, however, in practice this is not what happens. When it comes to copyright, these are constantly and incessantly violated by the state itself, through discrimination and humiliating prison conditions that are provided. They stand out as preponderant failures found, mainly, in question to the failures of written laws, that are not properly fulfilled. Thus, as conditions within the prison are no longer favorable to the recovery of the appendix, this article aims to analyze the aspects of human work carried out by the prisoners within the prison. In addition, the main objective of the work carried out by the appendices, serious instruction and help in its resocialization. The research is directed to the Brazilian reality, where the most common behavior, within the prisons, has been, which is the prison system, the same way they entered, and even that. This situation is to commit new crimes, which causes their recurrence. Seen, human work as a form of re-socialization of the individual helps in their reintegration, and recovery, as well as in the reintegration of the entire prison system.

Keywords: Recidivism. Dignity. Humanization. Right.

INTRODUÇÃO

A partir do Código Penal de 1810 torna-se possível analisar, que a prisão passou a fazer parte do conjunto de punições. Porém, naquela época, não havia nenhuma noção de humanidade nas penalidades aplicadas. Foi graças a movimentos de pensadores que este desumano cenário começou a se modificar. Com o Iluminismo, ganhou força o movimento pela humanização no aprisionamento, e passou a ser considerada a ideia de que os detentos deveriam cumprir suas penas dentro de condições dignas e humanas, para que assim, as prisões passassem de “castigo” para local de recuperação do infrator.

O sistema carcerário está, na teoria, em constante evolução, contudo, sabe-se que o objetivo de humanização efetiva ainda não foi alcançado. Assim como antigamente, hoje perduram dentro dos presídios, crueldades como violência extrema, assédio e estupro. Mesmo com todos os progressos obtidos com o passar do tempo, ainda há muito que fazer para alcançar a tão sonhada humanização. De acordo com Foucault:

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"A prisão foi uma peça essencial no conjunto das punições, marcando um momento importante na história da justiça penal. Fundamentadas nas sociedades industriais, pelo seu caráter econômico, as prisões aparecem como uma reparação. Retirando tempo do condenado, a prisão parece traduzir concretamente a ideia de que o criminoso lesou, não somente a vítima, mas a sociedade inteira. Esse caráter econômico-moral de uma penalidade contabiliza os castigos em dias, em meses, em anos, e estabelece equivalências quantitativas entre delitos e duração das penas". (1975, p. 297).

A prisão é a privação do direito de liberdade de locomoção da pessoa, porém, na realidade atual, a liberdade, está longe de ser o único direito humano retirado do apenado. O sistema penitenciário brasileiro encontra-se em uma gravíssima situação de desleixo, basta uma análise rápida, para perceber as totais condições desumanas e de violência encontradas na maioria esmagadora dos presídios. O descaso do Estado com a situação penitenciária não é uma situação exclusivamente atual, ela vem de anos.

Assim, o objetivo deste sucinto trabalho é desenvolver a problemática existente quanto à dificuldade de alcançar a ressocialização dos sistemas prisionais, visando deixar em evidência, a questão do trabalho prisional, o qual seria uma das principais formas de ajudar na ressocialização dos apenados, e na garantia de um objetivo fora do estabelecimento prisional. Pois, o grau de utilidade que é dado ao trabalho prisional, desde sua origem nas execuções das penas, “não é do lucro ou de uma habilidade útil; mas a constituição de uma relação de poder, criando um mecanismo de submissão individual e de ajustamento a um aparelho de produção”. (FOUCAULT, 1989, p. 33).

METODOLOGIA

O presente trabalho foi elaborado a partir de pesquisas bibliográficas, fontes literárias e também sites online, e nele serão apresentadas, de maneira informativa e contextualizada, a temática proposta a partir de discussões quanto à realidade do sistema carcerário, e os pressupostos da ressocialização.

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A Lei de Execução Penal brasileira é considerada uma das mais completas existentes no mundo, principalmente, pela sua demonstrada preocupação com a dignidade da pessoa humana, e os direitos dos apenados.

De acordo com a Lei, em seu artigo primeiro, notadamente, percebe-se a finalidade de direcionar ao apenado, condições dignas para que consiga novamente se inserir no meio social, bem como, condições para que o apenado não caia novamente no meio criminoso. “Artigo 1º- Execução penal tem por objetivo efetivar as disposições de sentença ou decisão criminal e proporcionar condições para a harmônica integração social do condenado e do internado” (BRASIL, 1984).

Levando em consideração o disposto neste artigo, nota-se que a execução penal possui como finalidade, além do efetivo cumprimento da pena, a ressocialização do indivíduo, porém infelizmente quanto a essa última não tem produzido os resultados almejados, ocasionando assim a crise que se encontra o sistema prisional (ROSSINI, 2015).

O real intuito da pena, de acordo com a Lei, seria o afastamento do indivíduo que cometeu um crime da sociedade, para que o mesmo sofresse um processo de ressocialização, reinserção, recuperação, ou reeducação, e pudesse retornar a sociedade, sem a probabilidade de que pudesse voltar a cometer outros crimes.

Outrossim, o que se vê atualmente, é que a Lei não está sendo posta em prática, tanto pelo fato de o Estado apenas tratar as penas como forma de castigo, como pelas condições desumanas nos sistemas penitenciários.

A Lei em si, seguindo o pensamento de Machado (2008, p.8) realmente “contempla a ressocialização, no entanto os estabelecimentos penais devem aplicá-la com o rigor esperado pelos legisladores que a criaram”. Porém, o que se vê atualmente é uma contradição entre o que descreve a lei e como ela é aplicada no estabelecimento prisional.

A ressocialização não pode ser conseguida numa instituição como a prisão. Os centros de execução penal, as penitenciárias, tendem a converter-se num microcosmo no qual se reproduzem e se agravam as grandes contradições que existem no sistema social exterior (...). A pena privativa de liberdade não ressocializa, ao contrário, estigmatiza o recluso, impedindo sua plena reincorporação ao meio social. A prisão não cumpre a sua função ressocializadora. Serve como instrumento para a manutenção da estrutura social de dominação. (MIRABETE apud NETO; MESQUITA, 2017).

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Nessas circunstâncias, percebe-se que a pena, sozinha, não é eficaz em reintegrar o indivíduo à sociedade, por isso, se faz pertinente à junção de outros meios, para a obtenção de resultados favoráveis à ressocialização do indivíduo, para que assim ele não volte a delinquir.

A execução penal deve objetivar a integração social do condenado ou do internado, já que adotada a teoria mista ou eclética, segundo o qual a natureza retributiva da pena não busca apenas a prevenção, mas também a humanização. Objetiva-se, por meio da execução, punir e humanizar (MARCÃO apud NETO; MESQUITA, 2017).

Assim, diante do exposto, torna-se importante analisar a medida que o trabalho prisional contribui para a ressocialização dos apenados, levando em conta a má aplicação da lei de execução penal, bem como, visando analisar o quão esta medida é importante para a reintegração dos mesmos.

(...) na medida em que visualizou-se a situação de desemprego, comum nas economias dos países em desenvolvimento, que juntam-se ao cruel preconceito que atinge os egressos do Sistema Penitenciário e a falta de especialização dessa mão de obra. Neste cenário, o interno tem restituída a sua liberdade sem possuir as menores condições de reintegrar-se de modo efetivo à sociedade, motivando-o a reincidir no crime. (COSTA, 1998, p. 13).

Muitos são os meios empregados, na busca de empreender ações no sentido de alcançar a reintegração dos apenados, e, pois, segundo a dissertação de Costa (1998, p. 9), o trabalho prisional, diante da aplicação de atividade física ou intelectual, através do esforço, realização de tarefas e serviços, na busca de geração de renda através da produção penal, “tem sido uma das formas mais aplicadas atualmente no Sistema Penal, na busca da reintegração social”.

Para a política do Ministério da Justiça, levando em consideração o Decreto-Lei 200, de 25 de fevereiro de 1967, os apenados são seres, como qualquer outro, dignos de direitos, deveres e responsabilidades.

Nos termos da posição do V Congresso da ONU sobre Prevenção do Delito e Tratamento dos Delinquentes, realizado em Genebra, em setembro de 1975, o trabalho não é tratamento, mas um direito e um dever do condenado, como o de qualquer pessoa; “tem de ser remunerado e deve constituir um valor instrumental para ele, condenado, responsável e

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honestamente permanecer no convívio social, ou nele se reintegrar” (MIOTTO apud COSTA, 2017, p. 52).

“A Lei n. 7.210, de 11 de julho de 1984, que veio a disciplinar a execução penal no sistema brasileiro, estabeleceu que o trabalho penitenciário, como dever social e condição de dignidade humana, terá finalidade educativa e produtiva” (PINHEIRO, 2017, p.1).

Nesse sentido, importante salientar que o trabalho prisional trata-se de um direito previsto em Lei, e tem como principal escopo, que os detentos tenham maiores e melhores chances de conseguir um emprego ao deixar a prisão, após o cumprimento da pena. Ademais, o trabalho prisional possibilita a remição de pena: a cada três dias trabalhados, bem como a cada 12 horas estudadas, diminui um dia de pena e os detentos têm a oportunidade de ganhar alguma qualificação, bem como experiência, aumentando suas chances quando forem procurar uma vaga de emprego.

Em resumo, o auxílio-reclusão e a possibilidade de trabalho interno tem a principal finalidade de contribuir com o retorno pacífico e em comunhão com a sociedade do detento que cumpriu sua pena. E, lamentavelmente, isso ocorre somente para uma mínima parcela de detentos. (BUCH, 2017, p.1).

A Lei prevê que os apenados condenados à pena privativa de liberdade, estão obrigados a trabalhar internamente no presídio, levando em consideração as suas aptidões e capacidade. A Lei dispõe também, que a jornada de trabalho não poderá ser inferior a seis horas semanais, corriqueiramente com descanso nos domingos e feriados.

Possuindo a pena uma das finalidade de reeducar o preso, cumpre analisar o papel do trabalho penitenciário na contribuição deste processo. Como bem documentou Drauzio Varella, em Estação Carandiru, a “mente ociosa é moradia do demônio, a própria malandragem reconhece”, de modo que, como observou o Médico, a maioria dos presos preferiria cumprir a pena trabalhando, afirmando os reclusos que o tempo passa mais depressa, e a noite, com o corpo cansado, a saudade espanta. (VARELLA

apud PINHEIRO, 2017, p.1).

No tocante ao trabalho penitenciário tanto interno, quanto externo, o qual é compreendido como dever social e condição de dignidade humana, estabelece a lei que esse terá “finalidade educativa e produtiva” (art. 28, caput).

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Atenta Antônio José Miguel Feu Rosa que atualmente o trabalho não poderá ser entendido como uma obrigação do condenado, pois se trata de direito seu. Será pelo trabalho que o apenado preencherá o vazio dos seus dias, com o fortalecimento de seu caráter e personalidade, apreendendo algo e tendo a chance de se mostrar útil para si mesmo, seus colegas, sociedade e sua família. (ROSA apud PINHEIRO, 2017, p.1).

Dentro do estabelecimento prisional, para os apenados que trabalham internamente, ou estudam, existe o instituto da Remição Penal, ou seja, é o abatimento dos dias e horas trabalhadas ou estudadas pelo preso, que está cumprindo pena em regime fechado ou semi-aberto, e dessa forma diminuindo a pena sentenciada. A Remição Penal trata-se de um direito assegurado em Lei para os apenados, conforme se depreende nos Artigos 31 e 41, inciso II, da Lei de Execução Penal, servindo dessa forma para diminuição da pena de prisão.

É sabido que o sistema carcerário está falido e não recupera ninguém, isto é comprovado pelo alto índice de reincidência, sendo este um dos maiores do mundo, mesmo com uma excelente Lei de Execução Penal, a qual serve de exemplo para muitos países. Nos termos da lei brasileira, podemos definir a remição, como um direito do condenado em reduzir através de seu trabalho realizado no estabelecimento prisional o tempo de duração da pena privativa de liberdade cumprida em regime fechado e semi-aberto. O instituto da remição será exercido na fase executiva, assim, uma vez fixada na sentença a pena, esta poderá ser diminuída durante a fase de execução. (PESCADOR, 2006, p.16)

O trabalho dentro do sistema penitenciário, basicamente começou a integrar o sistema repressivo penal, em meados do século XVI, contudo, até o fim do século XIX, o trabalho penitenciário servia apenas para endurecer a pena privativa de liberdade. Pois os trabalhadores presidiários não eram considerados sujeito de direitos, eles apenas eram obrigados a trabalhar, em serviços rudes ou nocivos. Os direitos sociais trabalhistas vieram a se consolidar no século XX, porém antigamente os direitos não eram abrangidos aos presidiários.

Ney Moura TELES parte da premissa de que, por meio do trabalho, o homem se tornou um ser social e afirma que o trabalho prisional é “muito mais que um direito, pois constitui um importante método para o tratamento do desajustado social que é o condenado, com vistas a obter sua reinserção na vida social livre.” Romeu FALCONI não discrepa desta posição, ao lecionar que “a laborterapia é uma das formas mais eficazes de reinserção social, desde que dela não se faça uma forma vil de escravatura.” (LEAL, 2004, p. 59).

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A Constituição Federal Brasileira de 1988, entendendo que os seres humanos encontram sua dignidade através do trabalho, reconheceu-o expressamente como um dos direitos sociais. Por isso, torna-se importante analisar a questão do trabalho também dentro do sistema penitenciário, amparando o processo de reeducação do preso.

Hoje, sabemos que a função recuperatória é altamente questionável quanto aos seus resultados práticos, enquanto que a função retributiva perde força e, em seu lugar, acentua-se a função preventiva individual. Acredita-se que a pena se justifica para evitar que o indivíduo infrator cometa mais crimes e para garantir-lhe, ao final do processo executório penal, o direito de inserção social. Mesmo assim, os estabelecimentos penais não podem deixar de oferecer aos condenados as condições mínimas de assistência material, à saúde, jurídica, educacional, social e religiosa, conforme preconiza a ONU em suas Regras Mínimas para Tratamento do Presidiário e se encontra positivado na própria a Lei de Execução Penal (art. 11). Não obstante a grande frustração quanto aos resultados positivos da função ressocializadora da pena, é preciso manter a firme crença na necessidade de se garantir ao preso a oportunidade de optar voluntariamente por uma futura reinserção social, que represente a expectativa de uma vida em liberdade com o mínimo de dignidade. (LEAL, 2004, p. 64, 65)

Ademais, o Código Penal Brasileiro em seu art. 38 dispõe que “o preso conserva todos os direitos não atingidos pela perda da liberdade” (BRASIL, 1940). Nisso, observa-se que a são não alcança os seus direitos trabalhistas.

Heleno Cláudio FRAGOSO admite que o trabalho sempre foi considerado “elemento essencial ao tratamento penitenciário, por ser um dever social e condição da dignidade humana” e lamenta que a realidade penitenciária de nosso país não oferece oportunidade de trabalho para a maioria dos condenados. No entanto, admite não só a necessidade como também, implicitamente, a legitimidade da obrigatoriedade do trabalho prisional. (LEAL, 2004, p.60).

A realização do trabalho deve ser dotada de maneiras condizentes à finalidade de alcance da ressocialização dos indivíduos, capaz de valorizar suas aptidões e capacidades a fim de ampliá-las, assim valorizando sua condição, e concretizando sua dignidade. O trabalho dessa forma propicia condições para que os reeducandos estejam preparados para colaborar com a sociedade, em sua vida futura, fora dos presídios.

Por último, é preciso reconhecer que, ao dever de trabalhar por parte do condenado, corresponde o dever estatal de proporcionar ao preso a oportunidade de exercer, com dignidade, um tipo trabalho compatível com sua aptidão física e inteletiva e que seja viável em face dos limites da realidade penitenciária. (LEAL, 2004, p. 65).

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O trabalho é, portanto, um direito subjetivo do preso em face do Poder Público, mas “os estabelecimentos penais e as cadeias geralmente são desprovidos de recursos materiais e humanos suficientes para ofertar trabalho digno a todos os encarcerados” (CABRAL; SILVA, 2010, p. 162).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao finalizar o presente artigo, constata-se, no contexto atual, a real importância do trabalho dentro dos estabelecimentos prisionais. Ademais, percebeu-se que o estabelecimento prisional é, em regra, um local de recuperação do indivíduo, para que neste local, os apenados sejam reestruturados, e retornem a sociedade sem que cometam novos crimes.

Contudo, isso não acontece nos presídios brasileiros, pois atualmente, os estabelecimentos prisionais, da forma em que estão sendo utilizados, são como uma escola do crime, e logo ao sair da prisão, a maioria dos ex-detentos acabam voltando ao mundo do crime.

O problema da ressocialização, não é apenas atual, vêm de séculos, e a sua melhora está disciplinada junto de uma série de outros fatores. Com efeito, a solução para os problemas do sistema penal está voltada a uma série de fatores, como ampliação do número de vagas, contudo, deve-se haver busca de alternativas para que o sistema torne-se mais produtivo, assim como reeducar o preso através do trabalho, resgatando assim a sua cidadania.

O presente artigo visou analisar a forma com que o trabalho, desenvolvido dentro do estabelecimento prisional, ajudaria na reinserção do indivíduo na sociedade, assim, chegando à conclusão, de que o trabalho constitui uma maneira fundamental e exclusiva na ressocialização dos apenados.

A readaptação social, seguindo o pensamento de Julião (2011 p.5), “abrange uma problemática, que transcende os aspectos puramente penal e penitenciário”, ou seja, não se pode atribuir às disciplinas penais a responsabilidade exclusiva de conseguir a completa ressocialização do delinquente, ignorando-se a existência de outros programas e meios de controle social de que o Estado e a sociedade devem dispor com objetivo ressocializador. E

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nesse aspecto é que se passou a analisar o trabalho prisional, como forma a amparar a readaptação social do indivíduo encarcerado.

REFERÊNCIAS

BRASIL, LEI Nº 7.210, DE 11 DE JULHO DE 1984.

BUCH, João Marcos. A questão do Auxílio Reclusão e trabalho do preso. Disponível em: <https://wagnerfrancesco.jusbrasil.com.br/artigos/159852679/a-questao-do-auxilio-reclusao-e-trabalho-do-preso>. Acesso em: 28 julh. 2017.

COSTA, Alexandre Marino. O TRABALHO PRISIONAL E A REINTEGRAÇÃO SOCIAL DO DETENTO: UM ESTUDO DE CASO NO PRESÍDIO MASCULINO DE FLORIANÓPOLIS. Florianópolis/SC, Brasil, 1998. Acesso em 21 julh. 2017.

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FOUCAULT, Michael. Vigiar e punir - história da violência nas prisões. Rio de Janeiro: Vozes, 1975.

____________. Microfísica do poder. 8. ed. Rio de Janeiro: 1989.

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LEAL, João José. O Princípio Constitucional do Valor Social Trabalho e a Obrigatoriedade do Trabalho Prisional. 2004. Acesso em 31 jul. 2017.

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