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Análise do modelo de gestão de resíduos sólidos do município de Formosa GO e a atuação dos atores envolvidos

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Academic year: 2017

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WENDER FREITAS REIS

ANÁLISE DO MODELO DE GESTÃO DE RESÍDUOS

SÓLIDOS DO MUNICÍPIO DE FORMOSA – GO E A

ATUAÇÃO DOS ATORES ENVOLVIDOS

BRASÍLIA – DF

2006

Dissertação submetida ao Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Planejamento e Gestão Ambiental da Universidade Católica de Brasília para obtenção do Grau de Mestre.

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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE BRASÍLIA

Wender Freitas Reis

ANÁLISE DO MODELO DE GESTÃO DE RESÍDUOS

SÓLIDOS DO MUNICÍPIO DE FORMOSA – GO E A

ATUAÇÃO DOS ATORES ENVOLVIDOS

Dissertação aprovada em 21 de novembro de 2006 para obtenção do título de Mestre em Planejamento e Gestão Ambiental Área de concentração: Planejamento e Gestão Ambiental

Banca Examinadora:

___________________________________________ Prof. Dr. Luiz Fernando Macedo Bessa – UCB

Orientador

___________________________________________ Drª. Lorene Bastos Lage

Examinadora Externa

___________________________________________ Prof. Dr. Paulo Jorge Rosa Carneiro – UCB

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A minha esposa Gisele pelo apoio e compreensão nas faltas. A meus pais Ronato e Veni pelo esforço dedicado à minha pessoa. A meus irmãos Wander e Cristiane pela alegria dada em todos os momentos. Aos professores Gustavo e Mônica Chauvet pela correta orientação. A todos aqueles que, na batalha diária, retiram do lixo o próprio sustento.

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AGRADECIMENTOS

A Deus pela vida e oportunidade de ter realizado este curso.

Ao meu orientador Prof. Dr. Luiz Fernando Macedo Bessa, incentivador, guia e mestre sempre disposto e atento na minha formação de mestrado.

Ao Prof. Dr. Antônio José Andrade Rocha, Diretor do Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Planejamento e Gestão Ambiental da Universidade Católica de Brasília, pela inspiração e acolhimento no curso.

Ao Prof. M.Sc. Alexandre Teixeira Coelho que direcionou-me corretamente na busca das melhores opções de pesquisa para a efetivação do trabalho.

Ao Prof. Dr. Paulo Jorge Rosa Carneiro pelo apoio e o conhecimento refinado passado a todos os alunos do curso.

À Dra. Lorene Bastos Lage pela correta orientação dada na qualificação do projeto.

Ao Sr. Marco Antonio Borzino, Ex-Coordenador do Programa de Resíduos Sólidos do Ministério do Meio Ambiente, pelas valiosas informações no âmbito federal.

Ao Sr. Osmar Mendes Ferreira, Engenheiro Sanitarista, Coordenador do Núcleo de Resíduos Sólidos da Agência Ambiental do Estado de Goiás.

Ao Sr. Érick Tárlen de Melo Santos, Diretor Executivo da Secretaria Municipal de Agricultura, Pecuária e Meio Ambiente do município de Formosa.

Ao Sr. Fábio Gomes da Silva, Gerente Executivo da Câmara dos Dirigentes Lojistas de Formosa.

À Sra. Ruth Ribeiro de Souza, Cooperada Presidente da Cooper Recicla.

Ao Dr. Frederico Augusto de Oliveira Santos, Promotor de Justiça da Comarca de Formosa.

Ao Sr. Luziano Martins de Araújo, Presidente da Câmara Municipal de Formosa.

Ao Prof. M.Sc. José Albino Filho, Diretor Geral da Faculdade A.

Ao Sr. Ítalo Fonseca de Melo Silva, Assessor Administrativo da Faculdade B, Unidade Formosa.

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Ao Sr. Vertinho de Oliveira, Presidente da Associação de Moradores do Bairro Jardim Califórnia.

Ao amigo Gilmar dos Santos Marques pela troca de idéias sobre a temática dos Resíduos Sólidos e ajuda na elaboração deste trabalho.

À amiga e colega Tatyana Rodrigues Coelho pelo empreendimento e ajuda na coleta de dados.

Aos amigos Jackeline, Kalley, Tânia e Arlene pelo companheirismo e carinho. Ao amigo e colega Tiago Veiga Madeira Mauriz pela significativa contribuição no manuseio das ferramentas ENVI 4.1 e ArcGIS 9.

Ao amigo e colega Venâncio Francisco de Souza Júnior pela revisão da Língua Portuguesa.

Ao amigo e colega Luciano Dartora pela correção do Abstract do presente trabalho.

Aos inseparáveis e eternos amigos Ângelo e Elisângela Giordani, por todo apoio dado a nós em momentos passados e nos atuais.

Aos meus queridos colegas de turma do Mestrado em Planejamento e Gestão Ambiental, por todo carinho e apoio dado direta ou indiretamente a esta Dissertação. A meus alunos que, no dia-a-dia, me dão a oportunidade de aprender mais sobre a profissão e a arte de ensinar.

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Vi ontem um bicho na imundície do pátio catando comida entre os detritos. Quando encontrava alguma coisa, não examinava, nem cheirava, engolia com voracidade. O bicho não era um cão, não era um gato, não era um rato. O bicho, meu Deus, era um homem.

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RESUMO

Esta Dissertação busca investigar os Resíduos Sólidos sob o ponto de vista da gestão. Sabe-se que esta temática se consolida hoje como um dos grandes problemas enfrentados pela humanidade, tendo como principais causas os elevados índices de consumo e falta de consciência por parte das pessoas. Objetiva-se conhecer e analisar o modelo de gestão de resíduos sólidos no município de Formosa – GO com base na percepção dos atores sociais envolvidos no processo e sugerir medidas que possam melhorá-lo. Inicialmente, procede-se à análise dos referenciais teóricos sobre o tema. Em seguida, é mostrada a contextualização das experiências de alguns países da América do Norte, Europa, Ásia e Brasil em relação à gestão dos resíduos sólidos. Depois é apresentado o estudo de caso realizado em Formosa, onde são abordadas suas características físicas, econômicas, culturais e sociais. Em seguida, tem-se a análise do atual modelo de gestão dos resíduos sólidos com base na percepção e atuação dos atores sociais. Os resultados encontrados indicam que o atual modelo de gestão dos resíduos sólidos do município atende satisfatoriamente a necessidade da população. Porém, o sistema possui deficiências relacionadas aos aspectos financeiros e operacionais (falta de pessoal qualificado). Sendo assim, é recomendada a criação de um Conselho Gestor para o município e a cobrança de uma taxa de limpeza pública com o objetivo de dar sustentabilidade financeira ao sistema.

(8)

ABSTRACT

The present study searches for an investigation about the Solid Waste in a management point of view. It is known that this subject is, nowadays, among one of the greatest problems faced by humanity, having as main causes the high levels of consumption and lack of awareness from the human beings. It is intended to know and analyze the management of the Solid Waste in Formosa – GO city through the perception of the social actors involved in the process and suggest measures to improve it. First of all, it is analyzed the theorical referentials about the subject. Afterwards, it is shown the contextualization of the experiences of some countries from North America, Europe, Asia and Brazil related to Solid Waste Management. Then, it is presented the case study carried out in Formosa, where its economical, cultural, social and physical characteristics are discussed. Furthermore, there is an analysis of the actual pattern of the solid waste management with basis on the social actor’s perception and action. The results found indicate that the actual pattern of waste management of the country supplies satisfactorily the population. However, the system has its deficiencies related to the financial and operational aspects (lack of qualified personal). This way, it is recommend the creation of a management council of the city and the need of a tax payment for public claming with the intention to support financially the system.

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SUMÁRIO

RESUMO………... 7

ABSTRACT………... 8

LISTA DE FIGURAS………... 11

LISTA DE TABELAS………. 13

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS... 14

INTRODUÇÃO... 15

1. A GESTÃO E OS RESÍDUOS SÓLIDOS... 19

1.1. Fundamentos teóricos... 19

1.2. Objetivos da gestão dos resíduos sólidos... 21

1.3. Aspectos inerentes aos resíduos sólidos: Constituição Federal, Princípio do Poluidor-Pagador, Coleta Seletiva, Reciclagem e Compostagem... 23

1.4. Principais sistemas de tratamento de resíduos sólidos previstos para a realidade brasileira... 29 2. EXPERIÊNCIAS INTERNACIONAIS NA GESTÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS... 31

2.1. Estados Unidos... 31

2.2. Canadá... 33

2.3. França... 33

2.4. Alemanha... 34

2.5. China... 37

2.6. Japão... 40

3. AS EXPERIÊNCIAS BRASILEIRAS... 43

3.1. A situação atual... 43

3.2. A Política Nacional de Resíduos Sólidos... 45

(10)

4. OS RESÍDUOS SÓLIDOS NO MUNICÍPIO DE FORMOSA... 54

4.1. Características do município de Formosa... 54

4.1.1. Aspectos históricos... 54

4.1.2. Aspectos geográficos e econômicos... 55

4.1.3. Aspectos demográficos e de infra-estrutura... 56

4.1.4. Aspectos naturais e culturais... 59

4.2. A gestão dos resíduos sólidos no município de Formosa... 62

4.3. A percepção e atuação dos atores sociais envolvidos no processo de gestão municipal dos resíduos sólidos... 67

4.3.1. Empresas... 67

4.3.2. Cooperativa de Catadores... 71

4.3.3. Ministério Público... 76

4.3.4. Câmara Municipal... 79

4.3.5. Instituições de Ensino Superior – públicas e privadas... 80

4.3.5.1. Faculdade A... 80

4.3.5.2. Faculdade B... 82

4.3.5.3. Faculdade C (Universidade)... 84

4.3.6. Associações de Bairro... 86

5. ANÁLISE DO MODELO ATUAL... 88

6. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES... 91

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS... 95

(11)

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Hierarquia do Sistema de Gestão dos resíduos sólidos... 21

Figura 2: Fatores que influenciam os Planos de Gestão de resíduos sólidos na Alemanha... 35

Figura 3: Fluxo geral da gestão dos resíduos sólidos para os municípios chineses... 38

Figura 4: Estrutura administrativa da gestão dos resíduos sólidos na China... 39

Figura 5: (a) e (b) Vistas do município de Formosa... 55

Figura 6: Imagem da área urbana da sede municipal de Formosa – GO ... 57

Figura 7: (a) e (b) Periferia do município de Formosa sem infra-estrutura... 58

Figura 8: (a) Prefeitura Municipal, (b) Secretaria de Meio Ambiente... 59

Figura 9: (a) Mata da Bica, (b) Placa de identificação da Mata da Bica, (c) Salto do Itiquira, (d) Imagem obtida do Sítio Arqueológico do Bisnau, (e) Buraco das Araras, (f) Lagoa Feia... 60

Figura 10: (a) Museu Couros, (b) Casarão 1, (c) Casarão 2, (d) Casarão 3... 61

Figura 11: (a) Varrição em via pública, (b) Coleta de lixo por caminhão... 65

Figura 12: (a) Aterro controlado de Formosa (vala para recepção de resíduos sem manta de proteção), (b) Área interna do aterro controlado de Formosa contendo resíduos sem cobertura, (c) Vala com cobertura de terra, (d) Bags contendo material reciclável separada por catadores, (e) Área destinada à recepção de embalagens de agrotóxicos, (f) Área destinada ao armazenamento de pneus... 66

Figura 13: (a) Centro comercial de Formosa, (b) Feira livre... 68

Figura 14: (a) e (b) Via pública após realização da feira livre, (c) e (d) resíduos sólidos produzidos por restaurante da cidade... 69

Figura 15: (a), (b), (c), (d) Resíduos sólidos dispostos inadequadamente... 70

Figura 16: (a) Placa de identificação da Cooperativa Cooper Recicla, (b) Administração da Cooperativa... 72

(12)

Figura 18: (a) Tribunal do Júri, (b) Sede do Fórum/Ministério Público do município de Formosa... 77

Figura 19: (a) Sede da Câmara Municipal de Formosa, (b) Prestação de Contas da Câmara Municipal... 79

Figura 20: (a) e (b) Campus da Faculdade A... 81

Figura 21: Coleta de resíduos sólidos no Campus da IES... 81

Figura 22: (a) Recipiente para coleta de lixo, (b) Vista da Faculdade B – Unidade Formosa... 83

(13)

LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Parcela de reciclagem dos resíduos sólidos na Alemanha... 36

Tabela 2: Composição física média dos resíduos sólidos no Brasil... 44

Tabela 3: Valores estimados da produção de lixo por população urbana no Estado de Goiás... 52

(14)

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas

AGMA – Agência Goiana de Meio Ambiente

BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social

CDL – Câmara dos Dirigentes Lojistas

CF – Constituição Federal

CONAMA – Conselho Nacional de Meio Ambiente

COOPER RECICLA – Cooperativa dos Catadores do Município de Formosa

CS – Coleta Seletiva

DEMA – Delegacia Estadual de Meio Ambiente

DF – Distrito Federal

DSD – Duales System Deutschland EPA – Environmental Protection Agency EUA – Estados Unidos da América

FIEG – Federação das Indústrias do Estado de Goiás

FNMA – Fundo Nacional de Meio Ambiente

FUNASA – Fundação Nacional de Saúde

IBAM – Instituto Brasileiro de Administração Municipal

IBAMA – Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IES – Instituição de Ensino Superior

JEC – Japan Environment Corporation MEC – Ministério da Educação

MMA – Ministério do Meio Ambiente

MP – Ministério Público

NBR – Normas Brasileiras

ONG – Organização Não Governamental

PL – Projeto de Lei

PNMA II – Programa Nacional de Meio Ambiente II

PNRS – Política Nacional de Resíduos Sólidos

PNSB – Pesquisa Nacional de Saneamento Básico

RS – Resíduos Sólidos

RSSS – Resíduos Sólidos dos Serviços de Saúde

SEBRAE – Serviço de Apoio à Micro e Pequena Empresa

SEMARH-GO – Secretaria do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos do Estado de Goiás

SEPLAN-GO – Secretaria de Planejamento do Estado de Goiás

SEPA – State Environmental Protection Administration

SQA – Secretaria de Qualidade Ambiental do Ministério do Meio Ambiente

SUS – Sistema Único de Saúde

(15)

INTRODUÇÃO

Ao longo das últimas décadas, importantes mudanças nos aspectos políticos, econômicos, sociais e tecnológicos têm trazido profundas alterações no modus vivendi de diferentes países. O aumento dos níveis de consumo, aliado ao processo de exploração da natureza, tem sido um marco relevante para a adoção de políticas públicas voltadas para a conservação do meio ambiente. Por estar ligado diretamente ao conceito de felicidade, o consumismo constitui hoje, a base de parte dos problemas de cunho sócio-ambiental, trazendo conseqüências como concentração de riqueza, má distribuição de renda e depleção de recursos naturais contribuindo para altas taxas de geração de lixo, tecnicamente conhecido como resíduos sólidos.

Com o “inchaço” das áreas urbanas e o aumento desenfreado da população, a problemática dos resíduos sólidos tem chamado à atenção dos gestores, da academia e da sociedade como um todo, tendo em vista que seus prejuízos são vistos aberta e claramente por todos.

Enquanto cursava a disciplina “Cerrado: caracterização, uso e ocupação”, como pré-requisito para o cumprimento dos créditos do mestrado em Planejamento e Gestão Ambiental, as discussões sobre o tema gestão dos Resíduos Sólidos (RS) chamou-me a atenção.

Nesta disciplina, foi evidenciada a problemática do lixo como um dos maiores desafios que a humanidade enfrenta atualmente, tendo como causas os elevados níveis de consumo da população, a falta de políticas públicas federais e estaduais para fomentar um direcionamento nas políticas locais e carência de recursos financeiros e humanos por parte das prefeituras municipais para gerir adequadamente esta questão.

(16)

interesse local e de caráter essencial e dentre os serviços de saneamento prestados pela administração pública parece não estar recebendo a atenção necessária.

Mais de 80% dos municípios brasileiros despejam seus resíduos em locais a céu aberto, em cursos d’água ou em áreas ambientalmente protegidas (IBAM,2000 apud JUCÁ,2002). As conseqüências se apresentam por meio da degradação ambiental provocada pela inadequada disposição final do lixo e de problemas relacionados a saúde humana, além dos problemas sociais causados pela presença de crianças entre os catadores na maioria dos lixões.

Os desafios que se apresentam para a solução desses problemas por parte dos gestores públicos municipais, envolvem conhecimentos nas áreas de Direito, Engenharia, Meio Ambiente, Sociologia, Economia e, sobretudo, Administração.

O tratamento dos resíduos sólidos, inevitavelmente, passa pelo processo de planejamento e gestão. Isto porque para trabalhar de uma forma mais eficiente, a gestão dos resíduos sólidos, o uso de ferramentas de planejamento, organização, direção, controle e coordenação permitem a criação de procedimentos e rotinas que visem alcançar resultados satisfatórios para que, no estabelecimento de políticas públicas, ocorra o manejo adequado dos resíduos, com vistas a não degradar o meio ambiente e a não trazer doenças para a população por meio de vetores.

Para Lima (2001), o conceito de gestão de resíduos sólidos envolve ações referentes à tomada de decisões estratégicas em relação aos aspectos institucionais, administrativos, operacionais, financeiros, legais e ambientais, tendo sido amplamente discutida no Brasil e no mundo.

Para a grande maioria dos municípios brasileiros, solucionar o problema de gestão dos resíduos sólidos gerados dentro de seus territórios exige condições técnicas, econômicas e políticas adequadas. Com o objetivo de conhecer melhor essa problemática municipal, consideramos pertinente analisarmos a realidade e as condições do modelo de gestão de resíduos sólidos do município de Formosa, situado no Estado de Goiás.

(17)

Assim, o objetivo geral desta dissertação consiste em conhecer o sistema de gestão de resíduos sólidos do município de Formosa, identificar seus problemas e analisar a sua eficiência, bem como discutir alternativas de solução, com base na percepção e atuação dos atores sociais envolvidos no processo de gestão dos resíduos sólidos.

Como objetivos específicos, destacam-se os seguintes:

• Identificar as diretrizes da política nacional e estadual de resíduos sólidos, bem como a articulação e a atuação da administração pública municipal na gestão desse setor no Município de Formosa;

• Identificar a atuação e percepção dos demais atores envolvidos no processo de gestão dos resíduos sólidos do município de Formosa; e • Sugerir medidas que possam melhorar o processo de gestão dos

resíduos sólidos no município em estudo, identificando falhas e recomendando orientações pertinentes.

O estudo dessa problemática pressupõe uma abordagem metodológica que contemple elementos de descrição, análise e projeção, levando em consideração dois elementos fundamentais: os resíduos sólidos e a gestão ambiental sob a ótica institucional e administrativa.

Para alcançar os objetivos propostos, adotou-se a pesquisa qualitativa aliada ao estudo de caso como procedimento metodológico, conforme descrito a seguir:

• Pesquisa documental: nesta etapa foram consultados livros, artigos científicos, dissertações, teses e documentos oficiais que tratam do tema investigado. Também, dados estatísticos, relatórios técnicos, documentos informativos, leis, regulamentos, documentários e outros necessários para compreender o sistema de gestão de resíduos sólidos em nível local, regional, nacional e internacional.

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participantes do sistema. Neste ponto, desenvolveu-se a pesquisa de campo que permitiu construir uma visão ampla da problemática proposta.

Como método de ilustração, foi utilizado uma imagem de satélite (SPOT) que mostra a área urbana da sede do município de Formosa – GO. A referida imagem recebeu tratamento técnico no Software ENVI 4.1 no Laboratório de Geoprocessamento da Universidade Católica de Brasília (Campus da Pós-Graduação). Também foram utilizadas fotografias digitais dos elementos pertinentes à pesquisa (áreas de estudo e atores sociais).

Em relação à estrutura da dissertação, tem-se, no primeiro capítulo, uma abordagem teórica sobre a gestão, consumo, resíduos sólidos e medidas de redução do impacto do lixo no meio ambiente e na saúde.

No segundo capítulo, é mostrada a contextualização das experiências de alguns países da América do Norte, Europa e Ásia em relação ao processo de gestão dos resíduos sólidos. O terceiro capítulo aborda o mesmo tema em relação ao Brasil e ao estado de Goiás.

O quarto capítulo apresenta o estudo de caso realizado no município de Formosa, onde são indicadas suas características físicas, ambientais, econômicas, culturais e sociais, bem como a percepção dos atores envolvidos no processo.

A análise do atual modelo de gestão dos resíduos sólidos é evidenciada no capítulo cinco.

O capítulo seis apresenta as conclusões da pesquisa e as recomendações propostas, tendo como base a análise do atual modelo.

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1. A GESTÃO E OS RESÍDUOS SÓLIDOS

Neste capítulo serão analisados os fundamentos teóricos e os conceitos de gestão, consumo e resíduos sólidos. Também algumas medidas de diminuição do impacto do lixo no meio ambiente e na saúde como o princípio do poluidor pagador, a reciclagem/compostagem, a coleta seletiva e a disposição final.

1.1. Fundamentos teóricos

A noção de gestão pode assumir diversos significados. Embora não haja uma definição universalmente aceita para este conceito, existe um consenso de que esta noção inclui um conjunto de atividades que procuram garantir a eficácia de todos os recursos disponibilizados pela organização a fim de serem atingidos objetivos pré-determinados (NUNES, 2006).

Em uma época de mudanças e incertezas, a gestão, também conhecida como administração, tornou-se o centro das atividades humanas1.

Drucker (2003) entende que o processo de gestão, por ser o elemento da sociedade especificamente incumbido de tornar os recursos produtivos (responsável pelo progresso econômico organizado), reflete o espírito predominante da era moderna.

Sua tarefa básica é fazer com que processos aconteçam eficientemente dentro das instituições (públicas ou privadas) de maneira a alcançar seus objetivos a curto, médio e longo prazo (CHIAVENATO, 2004).

Godard (1997), ao analisar o conceito original de gestão, afirma que esse conceito surgiu no domínio do privado e diz :

1 Para Aurélio Buarque de Holanda Ferreira, gestão provém do latim

(20)

O domínio tradicional de aplicação desse conceito é aquele relativo aos bens materiais, móveis, ou imóveis, resultantes de uma atividade de produção ou necessitando um trabalho para serem mantidos em seu estado útil. É este sentido que vai ser sistematizado na análise de atividades empresariais, onde ocorre uma primeira extensão de seu significado: os objetos da gestão constituem o conjunto dos fatores materiais e imateriais, (os ativos financeiros, uma imagem de marca...), humanos e não-humanos, que concorrem para a realização de uma certa performance econômica, expressa em termos de produtos vendidos no mercado ou de serviços prestados (GODARD, 1997, pág. 214).

Por ser um conceito amplo, os objetos da gestão abrangem diversas extensões de significados como, por exemplo, Gestão do Conhecimento e da Tecnologia da Informação, Gestão de Negócios, Gestão Pública Ambiental, Gestão dos Resíduos Sólidos, entre outros.

Nessa perspectiva, ao formular a extensão da categoria de gestão a objetos como o meio ambiente, Lima (2002) afirma que:

[...] hoje, quando se formula o conceito de gestão ambiental, anuncia-se muito mais do que a simples gerência de bens privados por um terceiro mandato, sem procuração ou representação legal [...] Em projetos, planos e atividades pautadas pelas diretrizes do conceito de desenvolvimento sustentável2 o emprego do termo gestão deixa a raiz gerir e se acomoda no significado de gestar. Não se restringindo mais à gerência de bens particulares (ou públicos), mas também ao planejamento, à discussão pública, à implantação, ao monitoramento e à avaliação de planos, programas e atividades, isto é, de gestão – da gestação coletiva – de políticas públicas ambientais e de desenvolvimento (LIMA, 2002, pág. 5).

Sendo assim, a gestão constitui o cerne onde se confrontam e se reencontram os objetivos associados ao desenvolvimento e ao ordenamento e aqueles voltados para a conservação da natureza ou para a preservação da qualidade ambiental (GODARD,1997).

Nesse contexto, a extensão da categoria de gestão à questão ambiental introduz outras áreas: gestão dos equilíbrios naturais, gestão dos povoamentos, gestão dos recursos naturais e a gestão dos resíduos sólidos, objeto de estudo da presente dissertação.

2 O conceito de desenvolvimento sustentável utilizado pelo autor refere-se à matriz conceitual estabelecida por

(21)

Utilizar essa noção de gestão para a questão ambiental implica que identifiquemos os objetivos atribuídos à gestão; que identifiquemos os sujeitos titulares de direito sobre os recursos e a especificidade dos resíduos sólidos enquanto objeto de gestão.

Heimlich et al. (2002) entende que as estratégias usadas para desenvolver um sistema de gestão voltado para os Resíduos Sólidos, passam pela identificação dos níveis de valores individuais e coletivos da sociedade. Por esta razão, o processo começa na redução do consumo, reuso, reciclagem e compostagem, incineração e disposição final em aterros sanitários conforme Figura 1.

Figura 1: Hierarquia do Sistema de Gestão dos resíduos sólidos.

Fonte: Heimlich et al. (2002).

1.2. Objetivos da gestão dos resíduos sólidos

Nos dias de hoje, a escolha a respeito dos padrões sustentáveis de produção e consumo podem significar a diferença entre o desastre ecológico e a sobrevivência das gerações vindouras dentro da biodiversidade (RIBEIRO, 2004).

A pobreza e a degradação do meio ambiente estão estreitamente relacionadas. Enquanto a pobreza tem como resultado determinados tipos de pressão ambiental, as principais causas da deterioração ininterrupta do meio ambiente mundial são os padrões insustentáveis de consumo e produção, especialmente nos países industrializados. Motivo de séria preocupação, tais padrões de consumo e produção provocam o agravamento da pobreza e dos desequilíbrios (AGENDA 21, Capítulo 4, 2006).

Aterros Sanitários Incineração Reciclagem e Compostagem

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Neste contexto, surge o termo desenvolvimento que consiste na incorporação de conhecimentos, técnicas e recursos com o objetivo de proporcionar uma melhoria na qualidade de vida das populações e a conquista de modos de vida sustentáveis no que se refere à ética, à política, à sociedade, à economia e ao meio ambiente (SACHS, 1999 apud GAMA, 2003).

Segundo Magrini (1990 apud GAMA, 2003, pág. 2) a economia, que se relaciona diretamente com o consumo e o desenvolvimento, pode ser entendida como a “alocação de recursos para a produção de bens e serviços a partir da exploração do patrimônio natural para atender às necessidades humanas”.

Estas necessidades são observadas através do consumismo que, segundo Jean Baudrillard, está ligado ao conceito de felicidade.

Todo o discurso sobre as necessidades assenta numa antropologia ingênua: a da propensão natural para a felicidade. [...], a felicidade constitui a referência absoluta da sociedade de consumo, revelando-se como o equivalente autêntico da salvação (BAUDRILLARD, 2000, pág. 47).

Pode-se dizer que o aumento das sociedades modernas a partir da Revolução Industrial é uma das causas de várias dificuldades enfrentadas na atualidade (MANNHEIM, 1972). Dentre elas, destaca-se a questão dos resíduos sólidos.

A Associação Brasileira de Normas Técnicas define resíduos sólidos como “resíduos nos estados sólido e semi-sólido3, que resultam de atividades da comunidade de origem: industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de varrição” (ABNT, 1987, pág. 1)4.

Os resíduos sólidos são materiais heterogêneos (inertes, minerais e orgânicos), resultante das atividades humanas e da natureza, os quais podem ser parcialmente utilizados, gerando, entre outros aspectos, proteção à saúde pública e economia de recursos naturais. Os resíduos sólidos constituem problemas sanitário, econômico e principalmente estético (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 1999, pág. 203).

O aumento dos níveis de consumo, em virtude do crescimento populacional, e a falta de um sistema correto de gestão para os resíduos sólidos têm trazido sérios problemas sócio-ambientais (SCHIO e WIZIACK, 1997).

3 Entende-se como substância ou produtos semi-sólidos todos aqueles com teor de umidade inferior a 85%

(MONTEIRO, 2001, pág. 25).

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Na área da saúde, por exemplo, os resíduos sólidos gerados por esse setor são denominados de Resíduos Sólidos de Serviços de Saúde – RSSS (ABNT, 1987, pág. 12)5.

O manejo incorreto desses resíduos pode provocar situações de risco (uma vez que não são recicláveis), pois ameaçam o bem estar físico daqueles que estão presentes nos estabelecimentos prestadores de saúde (funcionários e pacientes), para a comunidade como um todo e também ao meio ambiente (MONREAL, 1993 apud SCHNEIDER et al, 2001).

Ocorre também o surgimento de vetores que utilizam os resíduos sólidos como abrigo e alimento, provocando o aparecimento de doenças como leptospirose (causada pela urina de ratos), diarréias e disenterias, febres tifóides e paratifóides, tifo murino, peste bubônica entre outras (AMORIM, 1996).

No Meio Ambiente, os resíduos sólidos, quando não tratados corretamente, podem provocar a contaminação das águas subterrâneas (lençóis freáticos), cursos d’ água, solos e até mesmo a atmosfera devido à emissão de gases.

Do ponto de vista da degradação ambiental, o lixo representa poluição, desperdício de recursos naturais e energéticos. As embalagens, destinadas a proteger os produtos, funcionam, muitas vezes, como estímulo ao consumo, aumentando dessa forma o volume de itens descartáveis que compõe os resíduos sólidos.

O resultado desse processo é um planeta com menos recursos ambientais e com mais lixo que, além da quantidade, aumenta a variedade e tipologia de resíduos, contendo materiais cada vez mais estranhos ao ambiente natural (ABREU, 2001).

1.3. Aspectos inerentes aos resíduos sólidos: Constituição Federal, Princípio do Poluidor-Pagador, Coleta Seletiva, Reciclagem e Compostagem

No âmbito social, ocorre o surgimento dos catadores. Estão presentes em 3.800 municípios, atuando ao lado dos servidores municipais, aproveitando entre 10 e 20% dos resíduos sólidos que terminam em empresas de reciclagem de plástico, vidro, papel, alumínio e ferro (ABREU, 2001).

(24)

Os lixões surgem como alternativa de sobrevivência onde eles separam os recicláveis e encontram seu alimento. São pessoas que trabalham em condições adversas em um ambiente de alto risco.

Apesar de todas as dificuldades, esses trabalhadores informais dos lixões e das ruas são hoje os responsáveis por 90% do material que alimenta as indústrias de reciclagem no Brasil. Além de terem um importante papel na economia, os catadores diminuem a quantidade de lixo a ser tratado pelas municipalidades (ABREU, 2001).

Os catadores de rua não atuam somente em áreas restritas como os lixões, não têm horários e o trabalho na rua dá-lhes a sensação de liberdade; a atividade dispersa e solitária os faz mais individuais. Em ambos os casos, entretanto, promover a auto-organização dos catadores supõe uma intervenção social de fôlego que passa pela sensibilização para a organização coletiva, capacitação profissional, alfabetização, formação associativa e cooperativista e apoio às iniciativas (ABREU, 2001, pág. 35).

Numa economia em retração, ocorre o desemprego de grande quantidade de pessoas de baixa qualificação profissional, que buscam outros tipos de trabalho que garanta, pelo menos, sua sobrevivência e a da sua família.

Além disso, qualquer que seja a situação, não se pode permitir a presença de crianças na área do aterro, devendo o poder público criar, para elas, programas de permanência integral em escolas ou centros de esportes e lazer, além de um sistema de compensação de renda aos pais pela não participação dos filhos no trabalho de catação (MONTEIRO, 2001).

Buscando aumentar a eficiência na prestação dos serviços de limpeza urbana, reduzindo a quantidade de resíduos nos aterros, gerar emprego e renda e ainda movimentar o mercado da reciclagem no Brasil, devem ser articuladas parcerias com os catadores. Essas parcerias podem se dar na participação do poder público, no planejamento do trabalho, na capacitação desses profissionais, na valorização dos mesmos perante a sociedade. Essas famílias terão condições de se organizar em associações, cooperativas, em grupos de trabalho e se organizarem visando maior produtividade e rendimento (LIMA, 2001).

(25)

empresários do ramo de reciclagem, lideranças comunitárias, escolas e população também são aspectos importantes para a efetivação desta idéia (LIMA, 2001).

Assim, torna-se importante uma clara definição de responsabilidades na questão dos resíduos sólidos, ou seja, a estruturação de políticas de gestão em nível federal, estadual e municipal. No âmbito do poder público, o problema é definido como local, pois, de acordo com a Constituição Federal (CF), art. 30, incisos I, V e VIII respectivamente, as competências dos municípios são tratadas da seguinte forma:

I – Legislar sobre assuntos de interesse local;

... V – organizar e prestar, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, os serviços públicos de interesse local, incluído o de transporte coletivo, que tem caráter essencial;

... VIII – promover, no que couber, adequado ordenamento territorial, mediante planejamento e controle do uso, do parcelamento e da ocupação do solo urbano;

... (BRASIL, Constituição, 1988, pág. 36).

A prestação dos serviços de limpeza urbana, dentro do que prevê a CF, pode ser entendida como um serviço público de responsabilidade do município, cabendo, entretanto, à União e aos Estados, o estabelecimento de políticas de gestão como marco referencial (LIMA, 2001).

No âmbito da responsabilidade, discute-se amplamente sobre o princípio do poluidor pagador. Este princípio afirma que:

as pessoas naturais ou jurídicas, sejam regidas pelo direito público ou privado, devem pagar os custos das medidas que sejam necessárias para eliminar a contaminação ou para reduzi-las ao limite fixado pelos padrões ou medidas equivalentes que assegurem a qualidade de vida, inclusive os fixados pelo Poder competente (ANTUNES, 1992 apud RODRIGUES, 2005).

(26)

... Art. 4 – A Política Nacional do Meio Ambiente visará:

... VII – à imposição, ao poluidor e ao predador, da obrigação de recuperar e/ou indenizar os danos causados e, ao usuário, da contribuição pela utilização de recursos ambientais com fins econômicos.

... Art. 14 – Sem prejuízo das penalidades definidas pela legislação federal, estadual e municipal, o não cumprimento das medidas necessárias à preservação ou correção dos inconvenientes e danos causados pela degradação da qualidade ambiental sujeitará os transgressores:

... § 1° - Sem obstar a aplicação das penalidades previstas neste artigo, é o poluidor obrigado, independentemente da existência de culpa, a indenizar ou reparar os danos causados ao meio ambiente e a terceiros, afetados por sua atividade. O Ministério Público da União e dos Estados terá legitimidade para propor ação de responsabilidade civil e criminal, por danos causados ao meio ambiente (BRASIL, Lei 6.938 de 31 de agosto de 1981).

Não obstante, a Constituição Federal, art. 225, §§ 2° e 3°, obriga o poluidor (explorador) a recuperar e reparar eventuais danos ao meio ambiente.

Art. 225 – Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e a coletividade o dever de defende-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.

...

§ 2° - Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o meio ambiente degradado, de acordo com solução técnica exigida pelo órgão público competente, na forma da lei.

§ 3° - As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados (BRASIL, Constituição, 1988, pág. 220).

Na área dos resíduos sólidos, alguns países discutem e aplicam, junto à sociedade, o princípio do poluidor pagador. É o caso, por exemplo, da Alemanha, Holanda, Noruega, Finlândia, Itália e França (NOVAES, 2001).

No Brasil, este processo ainda esbarra em obstáculos culturais e estruturais. A falta de conscientização da população e dos gestores públicos e privados fazem com que o princípio do poluidor pagador não seja implementado de forma adequada.

São adotadas soluções corretivas (como coleta seletiva, reciclagem, compostagem e destinação final em lixões, aterros controlados e aterros sanitários) e não medidas ligadas a uma gestão preventiva dos resíduos sólidos, ponto indispensável para o desenvolvimento de uma política eficiente (FERRER, 2002).

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A CS é um sistema de recolhimento dos resíduos recicláveis inertes (papéis, plásticos, vidros e metais) e orgânicos (sobras de alimentos, frutas e verduras), previamente separados nas próprias fontes geradoras, com a finalidade de reaproveitamento e reintrodução no ciclo produtivo (MANUAL DE SANEAMENTO, 1999, pág. 230).

A CS teve seu início no Brasil na cidade de Curitiba durante a administração municipal de 1988 a 1992 em uma forma mais planejada; mas num primeiro momento surgiu na cidade de São Gonçalo, no Rio de Janeiro, em 1983 (LIMA, 2001).

Como vantagens da Coleta Seletiva, Lima (2001) destaca: incentivo à prática de cidadania, preservação dos bens naturais tais como derrubada de árvores através da reciclagem de resíduos como papel e papelão, aumento do tempo de vida útil dos locais para destinação final dos resíduos sólidos (Aterros Controlados e Sanitários) e alerta em relação ao aumento per capita de resíduos em virtude do consumismo.

Os materiais recicláveis (plásticos, papéis, metais e vidros) ficam difíceis de serem reaproveitados e perdem o valor comercial quando são misturados com a matéria orgânica.

“A CS facilita e estimula a reciclagem, porque os materiais coletados separadamente, por serem mais limpos, têm maior potencial de aproveitamento” (ABREU, 2001, pág. 20).

Já a reciclagem consiste em uma série de processos, industriais ou não, que permitem separar, recuperar e transformar os materiais recicláveis componentes dos resíduos sólidos urbanos. Essas atividades têm por objetivo reintroduzir os resíduos no ciclo produtivo (MANUAL DE SANEAMENTO, 1999, pág. 220).

Pode ser direta ou pré-consumo, quando processados materiais descartados na própria linha de produção (no caso de empresas) como aparas de papel, rebarbas metálicas, etc. Pode também ser indireta ou pós-consumo, quando são reprocessados materiais que foram descartados como lixo pelos usuários (LIMA, 2001).

Como vantagens da Reciclagem, Bidone (1999) apud Schio (1997) ressalta: • Diminuição do consumo de matérias-primas virgens;

• Redução dos impactos ambientais sanitários e sociais gerados pelo lançamento indiscriminado de resíduos no ambiente;

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• Geração de trabalho e renda.

A partir destas premissas, torna-se necessário efetivar um trabalho de educação ambiental junto à comunidade com vistas a realizar a Coleta Seletiva em suas residências.

Uma outra forma de reciclar é fazer uso da compostagem, que é a transformação da fração orgânica dos resíduos sólidos que, depois de processada biologicamente, se transforma em novo produto, o adubo orgânico (FONSECA, 2001).

O autor ainda explica que a compostagem se dá também de forma biológica. Segundo ele, a compostagem aeróbia se processa mais rapidamente, por ser mais ativo biologicamente e apresenta por isso, maior vitalidade dos microorganismos, consumindo dessa forma mais matéria orgânica como alimento. O produto da compostagem é um material rico em húmus6 e nutrientes minerais.

Assim, o estabelecimento de Usinas de Reciclagem e Compostagem geram emprego e renda e podem reduzir consideravelmente a quantidade de resíduos produzidos (MONTEIRO, 2001, pág. 119).

Para a implantação de uma Usina de Reciclagem e Compostagem de resíduos sólidos deve-se levar em conta alguns fatores como:

• Existência de mercado consumidor num raio de no máximo 200 km e para pelo menos três tipos de produtos recicláveis;

• Existência de um serviço de coleta eficiente e regular; e

• Disponibilidade de área e pessoal suficiente para abrigar a instalação da Usina (CARTILHA DE LIMPEZA URBANA, 199-?).

6 É a matéria orgânica homogênea, totalmente bioestabilizada, de cor escura e rica em partículas coloidais que,

(29)

1.4. Principais sistemas de tratamento de resíduos sólidos previstos para a realidade brasileira

Em relação à destinação final dos resíduos sólidos, a experiência de alguns países, no equacionamento da questão do lixo, mostra que a redução na fonte, a reutilização, a reciclagem e a compostagem dos materiais são alternativas para se maximizar a vida útil dos Aterros Sanitários, além de reduzir a extração de recursos naturais para sua transformação em novos produtos (SCHALCH, 199-?).

Nos casos em que os resíduos sólidos não sejam passivos de reciclagem nas Usinas, os mesmos são encaminhados para uma destinação final. Segundo Lima (2001), o tratamento e a disposição final dos resíduos sólidos podem ser: incineração, aterro manual, aterro controlado e aterro sanitário.

Para o autor, a incineração é uma das tecnologias térmicas existentes para o tratamento de resíduos sólidos. É a queima de materiais em alta temperatura (200˚C a 1200˚C) em mistura com uma quantidade de ar adequada durante um determinado intervalo de tempo.

O Aterro Manual foi desenvolvido por meio de equipamentos mecânicos de pequeno porte e de ferramentas e métodos de trabalhos manuais onde os resíduos são enterrados em valas. Esta é uma alternativa para cidades de até 5.000 habitantes, mas não é aconselhável ambientalmente por não dar a “atenção” necessária aos resíduos sólidos (LIMA, 2001).

Já no Aterro Controlado o lixo recebe uma cobertura de material inerte, normalmente terra. Porém, essa cobertura é feita de forma aleatória, sem nenhum procedimento técnico não evitando problemas de poluição gerados pelos resíduos, pois, não são levados em conta os mecanismos de formação de gases, líquidos e outros. Também não ocorre a impermeabilização da área de base que pode comprometer a qualidade das águas subterrâneas (LIMA, 2001).

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para evitar a contaminação das águas superficiais e subterrâneas por metais pesados e pelo chorume7 (SANTOS e MOL, 2003).

O sistema do Aterro Sanitário é a mais barata, segura e aplicável às mais diferentes situações das áreas onde se pretende dispor os resíduos sólidos, os hospitalares, industriais, tóxicos e radioativos (AMORIM, 1996).

Em qualquer sistema de gerenciamento de lixo ambientalmente correto, mesmo se implantadas outras formas de tratamento como incineração e compostagem, é indispensável a existência de um Aterro Sanitário.

O Brasil, por exemplo, apresenta uma composição média de 65 a 70% de materiais orgânicos ou biodegradáveis, 25 a 30% de materiais recicláveis e cerca de 5% de dejetos, ou seja, aquele material que não pode ser reciclado ou passar pelo processo de compostagem (ABREU, 2001).

Assim, a união de um eficiente processo de gestão de resíduos sólidos com os conceitos apresentados anteriormente devem permitir, através da utilização das quatro funções administrativas (planejamento, organização, execução e controle), o alcance de metas e objetivos propostos no que se refere à busca de soluções para a problemática do lixo que se agrava diariamente na sociedade contemporânea.

7

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2. EXPERIÊNCIAS INTERNACIONAIS NA GESTÃO DOS RESÍDUOS

SÓLIDOS

Os Resíduos Sólidos (RS) estão se tornando um dos problemas ambientais mais grave do mundo. Estima-se que hoje, só nas áreas urbanas, estejam sendo produzidas cerca de 2.000.000 de ton de lixo por dia nas residências.

Questões do tipo “O que fazer com tanto lixo? Onde depositar? Quais os impactos provocados? A reciclagem resolve o problema? Existem recursos suficientes para promover a sua gestão?” instigam as discussões sobre o tema que se agrava a cada dia.

Assim, o capítulo 2 deste trabalho visa mostrar as estratégias adotadas em alguns países da Europa, Ásia e América do Norte sobre a questão dos RS, especialmente no que se refere à sua gestão.

2.1. Estados Unidos

Sabe-se que os resíduos sólidos têm recebido diversos tratamentos diferenciados, de acordo com o país, com a cultura e o grau de conscientização da comunidade.

Segundo Lima (2001), os Estados Unidos possuem uma política de redução dos RS na fonte. Estimulam a coleta seletiva das residências, buscando o tratamento através da reciclagem e compostagem.

A Política Norte-Americana de Resíduos Sólidos busca dar um tratamento a esta questão por meio de estratégias de redução e eliminação dos resíduos de forma a não causar danos à saúde das pessoas e ao meio ambiente, contando com a cooperação dos Estados. Este apoio se dá por meio de assistência mútua no que tange ao processo de gestão dos resíduos sólidos e dos resíduos perigosos (CORNELL SCHOOL, 2005).

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• Prover técnica e economicamente as práticas de gestão dos resíduos sólidos nas esferas envolvidas objetivando a proteção da integridade da saúde das pessoas e da proteção do meio ambiente;

• Manter uma estética visual agradável (que pode ser “desfigurada” pelos resíduos sólidos);

• Proteção das águas superficiais e subterrâneas; e

• Incluir nos procedimentos de gestão aspectos relacionados ao monitoramento e controle dos resíduos sólidos.

O governo americano exige da Agência de Proteção Ambiental (EPA – Environmental Protection Agency) um planejamento a cada três anos. A estrutura deste plano está embasada na alocação de programas, prioridades e recursos destinados para esta finalidade (U. S. GOVERNMENT, 2005).

A cidade de Nova York, por exemplo, é tida como a capital dos resíduos sólidos do planeta, pois os seus 6.000.000 de habitantes produzem cerca de 12.000 ton de lixo por dia só nas residências, o que equivale a 2 kg de resíduos por habitante por dia (NOVAES, 2001).

A esse número, segundo o autor, devem ser acrescentados os resíduos provenientes dos escritórios, do turismo e das construções. O montante, ao final, chega ao patamar de 3 kg de lixo por habitante por dia.

No caso de Nova York, são gastos $ 30 dólares por tonelada transportada e mais $ 30 dólares por tonelada depositada em aterros de outros Estados, totalizando $ 60 dólares de custo por tonelada.

Dessa forma, as 700 ton diárias de resíduos transportados oneram ao cofre público gastos de $ 42 mil dólares por dia, cerca de $ 1.260.000 dólares por mês ou $ 15.120.000 dólares por ano.

Em termos de estimativas, se as 12.000 ton de lixo produzidas diariamente por Nova York tiverem um gasto de $ 60 dólares por ton (envolvendo transporte e destinação final), o total dos gastos seria da ordem de $ 259.200.000 dólares por ano.

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Assim, a municipalidade teria que criar mecanismos que gerem altos índices de receita, pois só o tratamento dos resíduos sólidos, em nível de transporte e destinação final, seriam gastos quase $ 260.000.000 dólares anuais, não considerando os custos com coleta, varrição e acondicionamento (NOVAES, 2001).

A falta de áreas e espaços físicos para alocação dos RS consiste no maior desafio para este país, uma vez que os aterros sanitários estão saturados, além de não serem bem recebidos pela maioria da população.

2.2. Canadá

Assim como nos EUA, o Canadá busca encontrar soluções para o problema dos RS. Em Toronto, uma das principais cidades canadenses, o problema de áreas disponíveis para alocação é tido, em nível de gestão, como um dos mais relevantes (NOVAES, 2001).

A meta de reciclagem de Toronto é passar de 26% para 50% em cinco anos, onde a coleta seletiva doméstica atende cerca de 2,5 milhões de pessoas. A prefeitura disponibiliza para a comunidade um folheto (calendário) contendo as datas e o tipo de resíduo que será recolhido naquele dia específico (NOVAES, 2001).

Este procedimento facilita a logística dos veículos e ajuda as pessoas a se programarem corretamente em relação ao lixo gerado em suas residências.

Outras alternativas se consolidam em práticas de coleta seletiva e implementação de centros de triagem. O sucesso da gestão dos resíduos sólidos passa, inevitavelmente, pela participação popular e o Canadá tem-se mostrado bem desenvolvido nesta área alcançando bons resultados.

2.3. França

A adoção de uma política voltada para a minimização da produção, classificação seletiva, recuperação e reconversão, tratamento biológico ou incineração e disposição final foi uma das soluções encontradas pela França. No país, existem leis que, desde 1975, estabelecem uma política de tratamento e destinação final dos resíduos sólidos (LIMA, 2001).

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aproximadamente 1 milhão de toneladas de vidro por ano e a justificativa dos órgãos gestores e recicladores está embasada na preservação ambiental, na economia de energia e no fato de evitar o lançamento de carbono na atmosfera (NOVAES, 2001).

Por ser tradicionalmente um país que consome vinho e bebidas dispostas em garrafas de vidro, a França dispõe de um serviço especial para a reciclagem deste material que pode ser reaproveitado indefinidamente.

A existência de um órgão chamado Eco-embalagens propicia este processo. Tem o papel de financiar a reciclagem do vidro com uma contribuição mínima por garrafa, paga pelos fabricantes, e gerir um sistema de entrega voluntária de vidros em contêineres públicos que são recolhidos e entregues aos recicladores.

O fato de ter um elevado contingente de turistas, ruas estreitas e o trânsito intenso, faz com que a gestão dos resíduos sólidos de Paris se torne complexa, havendo ainda alto nível de ruído promovido pelos caminhões que realizam a coleta.

A adoção de veículos movidos à energia elétrica, ao custo unitário de $ 100 mil dólares, promove uma redução significativa do barulho na parte histórica da cidade, evitando constrangimentos para a comunidade. Estas soluções fazem com que a França consiga atender às necessidades de sua população no que se refere à política de gestão dos resíduos sólidos e de modo a não prejudicar o turismo que é uma das bases da economia.

2.4. Alemanha

A gestão de resíduos sólidos na Alemanha possui uma longa tradição. Em cidades como Berlim e Munique, no final do século XIX, foram introduzidos recipientes padronizados para a realização da coleta de resíduos.

Este procedimento é válido para facilitar o processo de coleta em si e contribuir com a higiene e estética do local. Já a padronização possibilita a cobrança de tarifas que é um importante mecanismo de sustentabilidade do sistema de gestão de resíduos sólidos, sendo o volume de lixo produzido a base de cálculo (WIEDEMANN, 1999 apud SCHMIDT, 2005).

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Em 1972, com a promulgação da primeira Lei de Disposição de Resíduos

(Abfallbeseitigungsgesetz), houve a construção de aterros sanitários como forma de remediação ao tratamento dos lixões (SCHMIDT, 2005).

Assim, a mentalidade acerca de soluções mudou com a Lei sobre não-geração, minimização e gestão de resíduos, Lei de Resíduos (Abfallgesetz), promulgada em 1986, quando entrou a obrigação de se evitar a geração de resíduos e de reaproveitá-los.

Em seguida, houve a implementação do princípio gerador-pagador

(Verursacherprinzip), onde se estabeleceu, em 1991, um regulamento sobre embalagens, obrigando as indústrias e o comércio a organizar a coleta e a reciclagem com o reaproveitamento de embalagens.

Neste mesmo ano, foi implantado um sistema paralelo de recolhimento e tratamento de embalagens (Duales System Deutschland – DSD). Segundo Schmidt (2005), o sistema é mantido pelas indústrias e pelo comércio, com os custos repassados aos produtos onde as taxas são pagas pelo consumidor.

Atualmente, a estruturação do Plano de Gestão de Resíduos Sólidos

(Abfallwirtschaftskonzept) depende de uma série de fatores. O órgão público responsável pela gestão dos resíduos sólidos se refere a um órgão municipal ou a um consórcio. A Figura 2 mostra os fatores que influenciam na formulação de Planos de Gestão de Resíduos Sólidos na Alemanha.

Figura 2: Fatores que influenciam os Planos de Gestão de Resíduos Sólidosna Alemanha.

Fonte: Schmidt, 2005.

Normas Legais

Normas técnicas

Interesses da sociedade

Exigências do Estado

Objetivos de política ambiental Estado da arte

da tecnologia Conselhos de tomadores de

decisão

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Na Alemanha, o Plano de Gestão de Resíduos Sólidos é um planejamento macro que serve de referência e base para o planejamento detalhado das medidas para o setor. Assim, ele é o início de um longo caminho de decisões para o planejamento, organização e controle (ferramentas de gestão) de medidas de longo prazo como a instalação e construção de aterros sanitários, envolvendo a fase de construção até a disposição propriamente dita.

A cidade de Berlim, hoje, produz 4.000 ton de resíduos diários, o que equivale a pouco mais de 1 kg por habitante por dia. As residências podem separar os seus resíduos em até seis contêineres diferentes para facilitar a reciclagem, sendo um para vidros verdes, outro para vidros transparentes, um terceiro para papel e papelão, um quarto para os resíduos orgânicos, um quinto para plásticos e o último para o chamado lixo indiferenciado (NOVAES, 2001).

Os custos de tratamento do lixo indiferenciado, orgânico, papel e papelão são de responsabilidade da população, enquanto que os demais tipos são arcados por um sistema nacional mantido com a contribuição dos produtores de embalagens que, ao final, irá compor um fundo. A legislação obriga os produtores de embalagens a recolher os resíduos que geram (logística reversa).

Segundo Novaes (2001), desde 1991, quando este sistema começou a funcionar, a redução nas embalagens coletadas foi de aproximadamente 15%, cerca de 1,37 milhões de ton por ano. A Tabela 1 mostra a parcela de reciclagem dos resíduos sólidos na Alemanha.

Tabela 1: Parcela de reciclagem dos resíduos sólidos na Alemanha.

COMPONENTES RECICLAGEM (%)

Papel/papelão/metais 70%

Plástico/alumínio 60%

Vidro 75%

Fonte: Novaes, 2001.

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Outro tipo de material reciclado na Alemanha é o da construção civil. Em

Berlim, cerca de 1/4 do que é produzido são reaproveitados por empresas especializadas. Este tipo de empreendimento recebe subsídios do governo pelo fato de gerar emprego e dar uma destinação adequada aos resíduos provenientes da construção.

2.5. China

Alguns países do oriente têm “experimentado”, nos últimos anos, um pouco do modus vivendi da população ocidental, principalmente no que se refere a hábitos de consumo em virtude de seu desenvolvimento econômico.

A partir de 1978 a China teve um rápido crescimento com a abertura de seu mercado para as políticas mundiais. O processo de urbanização se deu velozmente e os padrões de vida melhoraram gradativamente. Contudo, um dos resultados negativos deste processo foi o aumento considerável dos resíduos sólidos nos municípios chineses, causando sérios danos ambientais (WANG & NIE, 2001).

O projeto de gestão de resíduos sólidos nos municípios chineses foi fundado e é administrado pela Agência de Administração e Proteção Ambiental da China

(SEPA – State Environmental Protection Administration) e tem como uma de suas funções identificar os problemas relacionados ao processo de gestão dos resíduos sólidos do país e, a partir do diagnóstico, delimitar estratégias apropriadas para resolvê-los.

Muitos fatores contribuem significativamente para a geração dos resíduos sólidos como: população urbana, desenvolvimento econômico, taxa de consumo, localização geográfica e sistemas administrativos.

Em virtude do crescimento econômico da China nos últimos vinte anos, o número de municípios cresceu consideravelmente, passando de 353 em 1986 para 668 em 1998 e um incremento da população de 94,5 milhões em 1980 para 207,4 milhões em 1996 (WANG & NIE, 2001).

A partir destes dados, os autores concluíram que em 1986 a média de geração dos resíduos sólidos per capita era de 1 kg por dia, mas em 1998, passou para 1,42 kg.

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(residencial, municipal, institucional ou comercial) e as características da cidade (tamanho, localização e condições econômicas).

Para tanto, a prática da reciclagem é uma indústria significativa na China. Entre os anos de 1995 e 2000, este país reciclou cerca de 160 milhões de toneladas de papel, o que apresentou uma economia de 120 milhões de metros cúbicos de madeira e centenas de milhões de metros cúbicos de água (CABALLERO, 2004).

Estima-se que na China, existem aproximadamente 5.000 empresas recicladoras e 120.000 estações de coleta. Entre os anos de 1950 e 1994, foram reciclados cerca de 238 milhões de toneladas de materiais, formando um montante de $ 16,3 bilhões de dólares em 44 anos (WANG & NIE, 2001).

O fluxo de gestão dos resíduos sólidos para os municípios chineses é mostrado na Figura 3. Observa-se que práticas de reciclagem, compostagem e disposição em aterros sanitários fazem parte da logística deste país.

Figura 3: Fluxo geral da gestão dos resíduos sólidos para os municípios chineses.

Fonte: Wang & Nie, 2001. Coleta

Transporte

Estações de coleta

Coleta realizada

por catadores

Estações de reciclagem

Reciclagem

Aterro sanitário

Compostagem

Incineração Geração

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Na China, três organizações governamentais são responsáveis pela gestão dos resíduos sólidos: o Ministério da Construção, SEPA e o Ministério do Comércio (Figura 4).

As Agências Ambientais Municipais operam individualmente nos municípios de suas competências e podem atuar, em sistema de consórcio com outras cidades no que se refere à parte de gestão dos resíduos sólidos como coleta, transporte, tratamento e disposição final, sendo também responsáveis pelo monitoramento de aplicação das leis ambientais no que se refere especificamente à parte dos resíduos. Já o Ministério do Comércio é responsável pelo retorno dos materiais recicláveis.

Figura 4: Estrutura administrativa da gestão dos resíduos sólidosna China.

Fonte: Wang & Nie, 2001.

Conselho de Estado

Província

Governamental SEPA Ministério da Construção Ministério do Comércio

Agência de Meio Ambiente (Província) Divisão Municipal de Meio Ambiente Agência de Proteção Ambiental (Província) Agência de Proteção Ambiental (Município) Departamento de Construção Divisão Sanitária e Ambiental Departamento de Suprimentos e Marketing Estações e empreendimentos

de reciclagem de materiais

- Limpeza de ruas - Coleta - Transporte - Transferência - Reciclagem - Tratamento - Disposição - Supervisão - Treinamento

- Legislação e artigos sobre padrões técnicos de controle de poluição

- Supervisão

- Controle de poluição

- Administração - Legislação

- Planejamento e construção

- Padrões técnicos - Pesquisa - Treinamento - Supervisão - Informação

- Regulamentos de materiais recicláveis - Materiais recicláveis

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Quanto à legislação, a lei básica que rege a gestão dos resíduos sólidos na China é o chamado Ato de Prevenção e Controle de Poluição de Resíduos Sólidos para o Meio Ambiente. Também, o Conselho de Estado, SEPA e o Ministério da Construção promulgam leis, regulamentos e padrões.

As diferentes províncias e as agências de proteção ambiental dos municípios têm também regulamentos e guias próprios baseados nas condições locais. Estas normas constituem a base legal no processo de gestão dos resíduos sólidos na China (WANG & NIE, 2001).

O Congresso Nacional e o Conselho de Estado têm a competência de legislar sobre a gestão dos resíduos sólidos. Também, os Ministérios e as Agências Estaduais têm o direito de promulgar leis, regulamentos, guias e padrões. Já o Ministério da Construção e os Departamentos Locais o de promulgar regulamentos e padrões operacionais e administrativos para a gestão dos resíduos municipais, bem como o seu processo de planejamento.

A SEPA e as Agências Ambientais Locais podem decretar padrões e regulamentos de controle de poluição, enquanto que outros órgãos do governo como o Comitê de Planejamento de Estado, o Comitê de Economia e Comércio, o Ministério das Finanças e o Ministério de Supervisão podem também fazer parte do processo, uma vez que são entidades que estão conectadas direta ou indiretamente com o processo de gestão dos resíduos sólidos.

Na parte das finanças, a gestão dos resíduos sólidos tem sido considerado um serviço público e, por isso, pago pelo governo, seja pelos níveis nacionais ou locais. No ano de 1995, os gastos foram da ordem de 693 milhões de dólares (WANG & NIE, 2001).

2.6. Japão

O Japão adota uma política voltada para a preservação do meio ambiente, com ênfase na proteção da saúde pública, com restrições a descargas de resíduos. Utiliza o processo de classificação apropriada dos resíduos sólidos com a posterior reciclagem.

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reciclagem, valorizando simultaneamente a preservação ambiental e o desenvolvimento econômico.

O governo busca adotar medidas para encorajar as empresas a fabricar seus produtos de forma que a reciclagem se torne fácil, com o intuito de melhorar o sistema de coleta seletiva por parte da população e de outros empreendimentos.

Outro princípio adotado pelo país é o de incentivos fiscais e ajuda financeira, que começou a ser implementado em 1965, quando foi fundado o Environmental Pollution Control Service Corporation (atualmente chamado de Japan Environment Corporation – JEC). Sua missão é assistir as indústrias nas suas relocações para áreas não residenciais e prover, a juros baixos, financiamentos para negócios que visem a instalar medidas de controle da poluição de resíduos (SANTOS, 2006).

Estudos de padronização de reciclagem de produtos são promovidos pelo governo japonês através de medidas em diferentes setores da indústria e por meio de campanhas de reciclagem.

Os resíduos sólidos são classificados em duas categorias: municipal e industrial, sendo o primeiro de competência da municipalidade e o segundo dos empreendimentos que geram o lixo propriamente dito.

No que se refere aos aspectos de disposição final, o tratamento é dado de acordo com a Lei de Limpeza Pública e Disposição de Resíduos. A Agência Ambiental é responsável pelo processo de padronização de aterros sanitários, abordando os elementos de sua construção e monitoramento, podendo ser classificados em três tipos: isolados, controlados e não controlados (JAPAN, 2006).

Os aterros isolados são utilizados para a disposição final de resíduos industriais perigosos. Os controlados têm por função alocar os resíduos provenientes dos municípios e das indústrias que não apresentam riscos de perigo para a saúde das pessoas. Por fim, os não controlados recebem o lixo comum como plásticos, borrachas, metais, garrafas de vidro, cerâmicas e restos de demolição (proveniente da construção civil).

As atividades econômicas japonesas são caracterizadas pela produção em escala, consumo em grande quantidade e disposição em massa de resíduos sólidos.

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causam danos ambientais como pilhas e baterias, adoção de um sistema de gestão de resíduos e reciclagem de materiais (JAPAN, 2006).

Em 1989, foram gerados cerca de 53,6 milhões de toneladas de resíduos sólidos no Japão, onde 74% tiveram a destinação final na incineração, 23% em aterros sanitários, 3% reciclados pela municipalidade e 0,1% passaram pelo processo da compostagem (U. S. DEPARTMENT OF ENERGY, 1993).

Destaca-se também que as prefeituras detêm um poder considerável, como resultado da Lei dos Governos Locais, editada em 1947. Esta lei delegou poderes aos municípios para criarem suas próprias ordenações e as grandes cidades usaram suas autoridades para tratar da poluição nos anos 50 e 60 (SANTOS, 2006).

A discussão sobre o processo de gestão dos resíduos sólidos toma força na medida em que o problema se agrava pela sua complexidade.

Apesar de alguns países da América do Norte, Europa e Ásia apresentarem realidades diferentes (níveis de consumo e aspectos culturais, por exemplo), observa-se que a forma de enfrentar a problemática dos resíduos sólidos é semelhante.

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3. AS EXPERIÊNCIAS BRASILEIRAS

O presente capítulo visa mostrar a atual situação dos resíduos sólidos no Brasil. Também, evidencia as discussões da Política Nacional de Resíduos Sólidos a partir das idéias iniciais até o presente momento e são feitas algumas comparações com a realidade alemã. Por último é feita uma breve contextualização das diretrizes gerais da política estadual de resíduos sólidos do Estado de Goiás.

3.1. A situação atual

No Brasil, a situação dos resíduos sólidos é dramática, especialmente nas grandes cidades, onde as opções para a destinação final de lixo tornam-se cada vez mais escassas, favorecendo as descargas clandestinas de vários tipos diferentes: domiciliares, industriais e de serviços de saúde (RSSS), provocando impactos ambientais negativos.

O cenário preocupante é resultado da degradação do meio ambiente que se acelera, comprometendo a qualidade de vida do cidadão brasileiro, cuja segurança quanto aos efeitos adversos dos resíduos está constantemente ameaçada pela ausência de uma política efetiva para o setor.

Considerando apenas os resíduos urbanos e públicos, o que se percebe é uma ação generalizada das administrações públicas locais ao longo dos anos em apenas afastar das zonas urbanas o lixo coletado, depositando-o por vezes em locais absolutamente inadequados, como encostas florestadas, manguezais, rios, baías e vales. Mais de 80% dos municípios vazam seus resíduos em locais a céu aberto, em cursos d’água ou em áreas ambientalmente protegidas, a maioria com a presença de catadores entre eles crianças, denunciando os problemas sociais que a má gestão do lixo acarreta (IBAM, 2000 apud JUCÁ, 2002).

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PNSB (2000) apud Jucá (2002), apenas 2% dos resíduos gerados no país são reciclados.

A elevada quantidade de resíduos sólidos gerados no Brasil não é compatível com as políticas e os investimentos públicos para o setor, salientando que a capacitação técnica e a conscientização da sociedade são fatores determinantes.

Apesar dos investimentos federais estarem aquém das necessidades, verifica-se que a partir de 2000, ocorre uma transferência de aumento de fonte e valores a serem financiados, com a criação de programas específicos para o incentivo de ações na área de resíduos sólidos, com enfoque na capacitação técnico-gerencial, a retirada de crianças dos lixões, a recuperação de áreas degradadas pelos mesmos e a implantação de aterros sanitários (JUCÁ, 2002).

Jardim et al. (1995) apud Oliveira & Pascal (1998) citam que as características dos resíduos sólidos são influenciadas por vários fatores como: número de habitantes, poder aquisitivo, nível educacional, hábitos e costumes da população, condições climáticas e sazonais.

As mudanças na política econômica de um país também são causas que influenciam na composição dos resíduos de uma comunidade. A Tabela 2 mostra a composição média dos resíduos sólidos urbanos no Brasil.

Hoje no país, se recicla aproximadamente 80% das latas de alumínio, 34% do vidro, 33% do papel, 20% do aço e 20% do plástico (NOVAES, 2001).

São Paulo possui aproximadamente 10 milhões de habitantes e gera 19 mil toneladas de resíduos por dia, sendo que 94% têm a destinação final em aterros. Deste total, 40% são levados para o Aterro Bandeirantes que recebe uma carga diária de 6 mil toneladas e que opera 24 horas por dia.

Tabela 2: Composição física média dos resíduos sólidosno Brasil.

COMPONENTES MÉDIA (% em peso)

Matéria Orgânica 60,0

Papel/papelão 25,0

Metal 4,0

Plástico 3,0

Vidro 3,0

Outros 5,0

Referências

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