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Repositório Institucional UFC: Evolução das desigualdades econômicas e sociais no Brasil no período de 2001 à 2011

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

FACULDADE DE ECONOMIA, ADMINISTRAÇÃO, ATUÁRIA, CONTABILIDADE E SECRETARIADO-FEAACS

CURSO DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS

EVOLUÇÃO DAS DESIGUALDADES ECONÔMICAS E SOCIAIS NO BRASIL NO PERÍODO DE 2001 A 2011

ROSÂNGELA BARROS PEREIRA

Fortaleza

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ROSÂNGELA BARROS PEREIRA

EVOLUÇÃO DAS DESIGUALDADES ECONÔMICAS E SOCIAIS NO BRASIL NO PERÍODO DE 2001 A 2011

Monografia apresentada à Faculdade de Economia, Administração, Atuárias, Contabilidade e Secretariado executivo, como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Ciências Econômicas.

Orientador: Prof. Dr. José de Jesus Sousa Lemos

Fortaleza

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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação Universidade Federal do Ceará

Biblioteca da Faculdade de Economia, Administração, Atuária e Contabilidade

__________________________________________________________________________________________ P495e Pereira, Rosângela Barros.

Evolução das desigualdades econômicas e sociais no Brasil no período de 2001 à 2011 / Rosângela Barros Pereira - 2013.

48 f.: il.

Monografia (graduação) – Universidade Federal do Ceará, Faculdade de Economia, Administração, Atuária e Contabilidade, Curso de Ciências Econômicas, Fortaleza, 2013.

Orientação: Prof. Dr. José de Jesus Sousa Lemos.

1.Qualidade de Vida 2.Iniquidade Social 3.Exclusão Social I. Título

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ROSÂNGELA BARROS PEREIRA

EVOLUÇÃO DAS DESIGUALDADES ECONÔMICAS E SOCIAIS NO BRASIL NO PERÍODO DE 2001 A 2011

Esta monografia foi submetida à Coordenação do Curso de Ciências Econômicas, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Bacharel em Economia, outorgado pela Universidade Federal do Ceará – UFC e encontra-se à disposição dos interessados na Biblioteca da referida Universidade.

A citação de qualquer trecho desta monografia é permitida, desde que feita de acordo com as normas de ética científica.

Data da Aprovação: ___/___/___

Nota

________________________________________ _______

PROF. DR. JOSÉ DE JESUS SOUSA LEMOS

Nota

________________________________________ _______

PROF. DR. FÁBIO MAIA SOBRAL

Membro da Banca Examinadora

Nota

________________________________________ _______

PROF. SANDRA MARIA DOS SANTOS

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus, porque é dele o mérito da minha existência e de todas as minhas conquistas.

À minha família, porque nela eu tenho as pessoas mais importantes da minha vida e as quais eu quero muito orgulhar. Meus pais Audesio e Conceição, pelo amor sem medida, pela educação de qualidade que com esforço me proporcionaram e pela liberdade de escolha que me permitiram ter, aos meus irmãos, Alzimary e Aldenizio, pela força e pelos conselhos nos momentos em que mais precisei, aos meus avôs Alice e José e à minha tia Fátima, sempre presentes e torcendo por meu sucesso e felicidade.

A todos que participaram da minha formação acadêmica, colegas de faculdade, servidores e professores, em especial aquele que me orientou na elaboração desse trabalho, o Prof. Dr. José de Jesus Sousa Lemos e a minha amiga Kátia que por muitas vezes me incentivou a prosseguir e a manter o foco.

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RESUMO

O objeto central desta investigação bibliográfica é discorrer sobre a evolução das desigualdades econômicas e sociais no Brasil no período de 2001 a 2011. A pesquisa aborda os fatores principais que causam e agravam essa desigualdade e foi elaborada com base em dados secundários levantados através do IBGE, assim como encontrado em livros. Sabe-se que desde o Brasil Colônia existe uma grande diferença entre os poderosos detentores dos meios de produção e os trabalhadores ou escravos. Essa mentalidade de "quem pode manda" esta impregnada nas raízes da nossa cultura que, infelizmente, desde o principio investiu seus esforços e sua riqueza onde se achava melhor e não no que era necessário. Agora busca-se superar aos poucos, séculos de desigualdades que não podem ser apagados. Ao final a pesquisa evidencia que o Brasil passou e continua passando por mudanças que melhoraram vários índices econômicos e sociais, tanto no ponto de vista nacional como internacional. Entretanto estes resultados escondem a realidade sofrida da maioria da população e precisam ser alavancados para patamares mais significativos de modo a garantir melhorias de qualidade de vida para todos os cidadãos brasileiros.

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ABSTRACT

The main object of this literary research is to discuss the evolution of economic and social inequalities in Brazil in the period 2001-2011. The research discusses the main factors that cause and exacerbate this inequality and was prepared based on secondary data collected by IBGE, as found in books. It is known that since the colonial Brazil there is a big difference between the powerful owners of the means of production and workers or slaves. This mentality of "who can send" this steeped in the roots of our culture, unfortunately, from the beginning invested their efforts and their wealth where it was best not what was needed. Now we seek to overcome the few centuries of inequality that can not be erased. At the end of the survey shows that Brazil has and continues to undergo several changes that improved economic and social indicators, both in view national and international. However, these results hide the reality of the suffering majority and need to be leveraged for more significant levels to ensure improved quality of life for all citizens.

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ... 07

2. REFERENCIAL TEÓRICO ... 14

2.1. Desigualdade ... 14

2.2. Crescimento e Desenvolvimento ... 15

2.2.1. Crescimento ... 15

2.2.2. Desenvolvimento ... 15

2.3. Pobreza e Exclusão Social ... 18

2.3.1. Pobreza ... 18

2.3.2. Exclusão Social ... 20

2.4. Pobreza e Desenvolvimento Econômico ... 20

2.5. Educação e Desenvolvimento ... 21

2.6. Expectativa de vida e Desenvolvimento ... 21

2.7. As Desigualdades no Brasil ... 22

3. FONTES DOS DADOS E METODOLOGIA ... 26

3.1. Índice De Gini ... 26

3.2. Índice De Exclusão Social (IES) ... 28

4. ANÁLISE DOS RESULTADOS ... 30

4.1. O território brasileiro e suas particularidades ... 30

4.2. Crescimento Econômico Brasileiro ... 32

4.3. Classes Sociais Brasileiras ... 35

4.4. Variação do Índice de Gini no Brasil ... 37

4.5. IES Brasileiro ... 39

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 42

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1. INTRODUÇÃO

A desigualdade gera atraso na economia de um país ao excluir grande parte da população do mercado consumidor e, como decorrência do produtor. Além disso, o problema acaba se tornando difícil de ser solucionado devido, principalmente, à falta de oportunidades oferecidas e até mesmo falta de capacidade das pessoas socialmente excluídas, que acabam tendo uma enorme dificuldade em elevar sua renda, mudar de classe social ou mesmo ter acesso aos ativos sociais.

Justamente com o objetivo de fazer um estudo sobre as causas e efeitos dessa realidade das desigualdades presentes no Brasil é que está pesquisa foi iniciada e sob a qual também são apontadas possíveis soluções.

A escolha do tema para essa pesquisa deu-se após a leitura de uma matéria publicada em uma revista intitulada “O Abismo Ficou Menor” que fala da desigualdade de renda no Brasil e de expectativas positivas quanto às melhorias para o futuro, surgindo a necessidade de se investigar a evolução desse e de outros indicadores relacionados no período de 2001 a 2011, com intuito de averiguar se essa redução de fato aconteceu.

Independentemente da impossibilidade de extinguir as desigualdades é de fundamental importância que sejam realizadas constantes pesquisas na área e principalmente que sejam colocadas em pratica medidas com intuito de promover uma distribuição mais equitativa de renda e assim melhorar a qualidade de vida de brasileiros, para que os atuais patamares de desigualdade econômica e social sejam dissipados e se construa uma sociedade brasileira mais justa.

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O Brasil não é um país pobre, mas com muitos pobres, tem enormes dificuldades a serem superadas como a desigualdade, injustiça social, problemas com a educação, saúde, emprego e má distribuição de renda.

O relatório das Nações Unidas (2011), divulgado em outubro de 2012, aponta duas cidades brasileiras entre as cinco mais desiguais do mundo, sendo Goiânia a 4ª e Fortaleza a 5ª, e as outras três mais desiguais são cidades da África do Sul.

A preocupação em solucionar esse problema já se mostrava presente na constituição de 1988, sendo um dos objetivos presentes nos princípios fundamentais da constituição brasileira, erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais, o que de fato não é nada fácil e necessita, entre outras coisas, de políticas públicas voltadas a esse fim.

A concentração de renda, uma das principais causas da desigualdade, tende a ser um fato comum em economias em crescimento, no Brasil o problema teve um dos momentos de maior evidencia por ocasião do chamado Milagre Econômico, entre 1968 e 1973, em que a economia do país cresceu vertiginosamente, chegando o crescimento do PIB a uma taxa média anual de 11,2%, segundo Lago (1990), mas esse crescimento foi seguido de um período de maior concentração da renda e da riqueza no Brasil, nas mãos de alguns poucos brasileiros e prejudicando principalmente os assalariados em geral e, sobretudo daqueles que sobreviviam com salário mínimo que não conseguiam ter valor suficiente para cumprir a sua função tal como definido constitucionalmente.

Segundo Feijó (2007) essa grande desigualdade na distribuição de renda, de educação e de oportunidade, faz com que o Brasil mesmo apresentando um desempenho aceitável de riqueza média, revele indicadores sociais (educação, moradia, saneamento básico, saúde, etc.) abaixo dos de países com renda per capita semelhante, e que em alguns aspectos se parecem com os de países africanos.

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Renda Nacional apropriada pelos mais pobres e assim, reduzir a distância entre ricos e pobres.

O que geralmente acontece é um processo migratório em busca de melhores condições de vida, o que acaba por sobrecarregar as grandes capitais, incapazes de oferecer oportunidade para toda essa população, Lemos (2012, p.194) comenta que:

Fluxos migratórios decorrentes das dificuldades que as famílias rurais encontrarem para produzir e viver com um mínimo de dignidade nos seus locais de origem provocarão o caos urbano, à medida que o excedente migrante aboletar-se-á nos guetos, favelas ou palafitas das cidades. Ali, não encontrarão trabalho porque emprego não existe e, ainda que exista, estarão inabilitados para exercê-lo. Também não serão alcançados pelos já precários serviços de saneamento, água encanada, coleta de lixo, escola para os filhos, saúde...

O desenvolvimento das regiões pobres, em especial, das áreas rurais representa não somente uma melhor qualidade de vida para essas pessoas, mas também desafogaria as grandes regiões ao reduzir o fluxo migratório.

Programas assistencialistas, como o Bolsa Família, de transferência condicionada de renda, são, sem dúvida, importantes para sobrevivência de muitas famílias que vivem em situação de extrema pobreza, mas a sua eficiência acaba sendo, em sua grande maioria, imediatista, pelo fato de combater a pobreza atacando mais diretamente a renda.

Além de contribuírem com a elevação da renda das famílias de baixa renda, o beneficio poderia ainda promover a qualificação profissional e de alguma forma possibilitar que essas mesmas famílias tenham acesso ao demais ativos sociais, mudem de status social e consequentemente sejam capazes de se tornarem independentes do beneficio.

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uma sociedade, mas acabam não apresentando resultados consideráveis nesse aspecto, entre outros motivos, pelo fato do país não oferecer esses serviços com a qualidade necessária.

Feijó (2007) fala sobre a ineficiência dos programas sociais brasileiros de modo geral e compara os gastos do país com outros latino-americanos:

Problemas sociais de enormes proporções subsistem no país, mesmo com expressivos gostos públicos na área social... O percentual do PIB alocado pelo país nos programas sociais é mais elevado do que o da maioria dos países ricos. Excluindo-se o pagamento de juros, os principais programas sociais absorvem cerca de dois terços do gasto federal... O Brasil gasta como proporção do PIB, em educação, saúde e previdência social tanto quanto o Chile, país modelo latino-americano em políticas sociais; gasta duas vezes mais que o México nessas políticas e muitas vezes mais do que a média dos demais países latino-americanos. (FEIJÓ, 2007, p. 57/58)

Para ele o resultado pouco expressivo desses programas no Brasil se deve ao fato de ele não atingir a camada mais pobre da população e também por serem custeando pela própria população através de contribuições ao governo que apenas repassa essa verba. E diz ainda que: “A pobreza existe porque os recursos estão mal distribuídos e se perpetua porque as políticas sociais que deveriam combatê-las pouco funcionam, pois o máximo que conseguem é estabilizar a desigualdade” (FEIJÓ, 2007, p.59).

Outros mecanismos, além dos programas sociais, utilizados pelo governo, importantes para reduzir as desigualdades econômicas, são o controle da inflação, a queda na informalidade do mercado de trabalho, a ampliação da oferta de crédito e também ao maior nível de escolaridade dos brasileiros.

Existem inúmeras pesquisas a cerca dos benefícios gerados a uma nação que investe constantemente em educação, por ser essa uma medida não apenas paliativa, mas de resultados perduráveis.

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países conseguem reduzir sua desigualdade de renda, aumentar a adoção de novas tecnologias e com isto crescer de forma sustentada no longo prazo (SICSÚ; CASTELAR, 2009, p. 201).

Um ranking de redução de desigualdades elaborado pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) aponta, entre 29 países, o Brasil como sendo o que apresentou melhor desempenho, já que a renda média dos 10% mais ricos , em 1995, era 83 vezes a dos 10% mais pobres e em 2008 essa relação passou a ser de 50 vezes, ou seja, uma redução de 40%. No mesmo período na Turquia essa diferença diminuiu apenas 34%, no México 19,5%, no Chile 16%, enquanto nos EUA a diferença pelo contrario aumentou 20%, assim como na Alemanha e na França em que o aumento da diferença foi de 16,5%.

De acordo com a UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) a desigualdade vem crescendo em dois terços dos países do mundo. Porém os países da América Latina vêm apresentando tendência de queda generalizada. No Brasil o crescimento dos 20% mais pobres supera de todos os demais países, com exceção da China.

Estudos realizados por Lemos (2012, p.15) mostram que não houve redução de desigualdade no Brasil: “Observa-se uma insistente manutenção nos níveis de desigualdade e exclusão social tanto nas suas áreas urbanas quanto nas suas áreas rurais”

É ai que surge a necessidade de se fazer uma analise multidimensional, na tentativa de investigar os níveis da desigualdade brasileira e tornar os resultados da pesquisa o mais próximo possível da realidade vivenciada pela sociedade, já que independente do tipo de analise utilizada, jamais iremos obter a realidade absoluta dos fatos sobre a desigualdade brasileira.

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O que já ocorreu em países comunistas e em sociedades pré-industriais, que tinham sua desigualdade, medida pelo índice de Gini considerada baixa, no entanto a maioria da população era extremamente pobre.

O índice de Gini do Império Romano era equivalente ao dos Estados Unidos hoje. A estatística, porém, é perniciosa, pois leva a uma conclusão falsa. Em Roma praticamente não existia uma classe intermediária. Havia uma grande massa de miseráveis e uma pequena parcela, de menos de 1 % da população, de pessoas com um bom padrão de vida. (Veja, 2012, p. 93)

Dessa forma entende-se que é preferível ter uma sociedade com o menor número de pessoas em situação de miséria e com maior desigualdade do que uma sociedade na qual a maioria da população é miserável e é menos desigual.

Quais informações podem ser obtidas ao analisar o índice de Gini no Brasil e os dados que o compõem? Houve no país uma redução da desigualdade conquistada na pobreza? Terá havido redução na exclusão social sofrida pela grande massa da população brasileira? O acesso a renda vem sendo acompanhado de acesso aos demais ativos sociais garantindo assim uma melhor qualidade de vida para essas pessoas? O acesso aos serviços essenciais e a escolaridade estão crescendo na mesma proporção que a população brasileira? As desigualdades econômicas e sociais de fato diminuíram e tem proporcionado melhorias na qualidade de vida da população brasileira na ultima década?

Visando responder a alguns desses questionamentos o presente trabalho objetiva investigar os níveis de desigualdades econômicas e sociais entre as diferentes regiões brasileiras a sua evolução entre os anos de 2001 a 2011.

Especificamente o estudo visa aferir a evolução da Participação Relativa (%) dos Estados no PIB Agregado do Brasil (2000/2011), assim como a participação das regiões brasileiras, além da Evolução do PIB per Capita no Brasil no Período 2000/2010 – (Valores Correntes em R$). Estimar o índice de GINI dos estados e regiões brasileiras em 2001 e 2011 e compará-lo com o nível de crescimento e com a evolução do IES.

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os resultados obtidos com o calculo do índice de Gini, além de comparar os resultados obtidos com esta analise com o nível de qualidade de vida.

Comparando os resultados em diferentes aspectos, ou seja, estabelecendo essa relação comparativa, talvez se possam alcançar resultados mais precisos, além de possibilitar uma leitura sobre a realidade social e econômica dos brasileiros e saber se de fato houve redução das desigualdades no país e se ela foi significativa para a sociedade.

Este tipo de análise contribui no processo decisório de políticas públicas, ao passo que ajuda a definir quais as prioridades, mas para se chegar a uma conclusão é necessário um entendimento da historia do país, assim como, da sua situação atual, definindo assim a melhor estratégia a ser seguida.

Esta Monografia foi dividida em quatro seções, sendo, esta introdução, a primeira delas. A segunda seção é dedicada ao referencial teórico que procura evidenciar o que venha a ser desenvolvimento, como ela é percebida na sociedade brasileira, além de tratar sobre pobreza e indicadores sociais.

Na terceira seção, constará a metodologia, bem como as fontes de informações, onde foram localizadas e como serão utilizadas, na seção seguinte, apresentado os resultados do índice de Gini e do Índice de Exclusão Social (IES) de cada um dos estados brasileiro e sua evolução ao longo dos anos de 2001 a 2011, comparando-os de modo a identificar as semelhanças e diferenças ocasionadas. A evolução do PIB agregado e PIB per capita no Brasil.

Na seção 4 serão apresentados os resultados da pesquisa e por último as considerações finais do trabalho.

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2. REFERENCIAL TEÓRICO

Com o intuito de deixar mais claro o entendimento da pesquisa, algumas definições e conceitos serão apresentados nesta seção, inicialmente será abordado o conceito de desigualdade, em seguida além de evidenciar o que venha a ser desenvolvimento, será apresentada a diferenciação entre este conceito e o de crescimento, como também o que venha a ser desenvolvimento sustentável e rural, será discutido também o conceito de pobreza, essencial para o entendimento desta análise, por ser este um dos indicadores do desenvolvimento, pois quanto maior for o nível de desigualdade, mais pobres estarão presentes nesta sociedade.

Além de uma breve explanação sobre os demais indicadores sociais e econômicos, igualmente importantes para o entendimento do tema abordado e aos resultados obtidos.

2.1 Desigualdade

“Desigualdade é a disparidade que permite um indivíduo usufruir determinada quantidade de bens materiais enquanto impede outro de usufruir dessa mesma quantidade de bens" (RAY, 1998, p 70).

Karl Marx (1848) afirmava que a desigualdade é resultado do sistema capitalista e da divisão de classes, sendo para as classes dominantes de suma importância a existência da desigualdade e principalmente da miséria sob a qual poderiam exercer exploração.

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2.2 Crescimento e Desenvolvimento

2.2.1 Crescimento

Crescimento econômico nada mais é que uma avaliação quantitativa da situação econômica do país, ou seja, se houve um aumento contínuo, no tempo, de uma unidade econômica, seja ela o Produto Interno Bruto (PIB), o Produto Nacional Bruto (PNB), ou até mesmo o crescimento de um setor produtivo.

Singer (1977, p.38) define crescimento econômico em seu sentido mais amplo, como “o aumento contínuo, no tempo, do Produto Nacional Bruto, em termos reais. Em seu sentido mais restrito, crescimento econômico seria o aumento do produto per capita no período considerado para análise”.

Feijó (2007) diz que para ocorrer o crescimento, os investimentos necessários para ampliação do estoque de capital devem assegurar que essa ampliação seja superior ao necessário para compensar a depreciação do capital e o aumento da população. Afirma ainda que alguns países vêm enriquecendo dessa forma e que isso é realizável:

Assim como a decadência econômica não pode ser descartada, a possibilidade de crescimento econômico é real. Os países podem crescer de modo sistemático. (FEIJÓ, 2007, p.9)

2.2.2 Desenvolvimento

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suficiente, já que os recursos provenientes do crescimento podem não ser utilizados em sua totalidade em prol do bem estar social.

Pode-se considerar que o desenvolvimento econômico é um conjunto de transformações intimamente associadas, que se produzem na estrutura de uma economia, e que são necessárias à continuidade de seu crescimento. Essas mudanças concernem à composição da demanda, da produção e dos empregos, assim como da estrutura do comércio exterior e dos movimentos de capitais com o estrangeiro. Consideradas em conjunto, essas mudanças estruturais definem a passagem de um sistema econômico tradicional a um sistema econômico moderno (CHENERY, 1981, p. IX).

Em seu livro Mapa da Exclusão Social, Lemos (2008, p.67) diz que o crescimento econômico não necessariamente reduzirá a pobreza, no entanto, é necessário para que ele ocorra. “Precisa que a renda agregada cresça e que a riqueza do País também evolua para que as pessoas pilhadas na vala da exclusão social possam participar na partilha de um bolo maior”. Ou seja, o crescimento econômico é uma condição necessária ao desenvolvimento, mas não suficiente para garanti-lo.

Existem entre esses dois termos, no mínimo, uma mútua contribuição, pois ao passo que o crescimento da economia possibilita o desenvolvimento, em contrapartida uma população que usufrui de uma vida com qualidade é capaz de impulsionar o crescimento econômico de uma nação.

De acordo com o Dicionário de Economia e Administração organizado por Sandroni (1996), Desenvolvimento Econômico é Crescimento econômico (aumento do Produto Nacional Bruto per capita), mas desde que acompanhado pela melhoria do padrão de vida da população e por alterações fundamentais na estrutura de sua economia.

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O desenvolvimento econômico é um processo considerado recente, surgindo simultaneamente com ele a Revolução Industrial, assim como o capitalismo. Promover uma melhoria nas condições de vida do povo não era um a preocupação do estado, apesar da situação degradante em que vivia grande parte da população brasileira no séc. XIX. Os responsáveis pelas finanças publicas tinham como objetivo primordial engrandecer o poder econômico apenas do soberano.

Por muito tempo perdurou esse comportamento e os resquícios desse equivoco permitiram que até pouco tempo desenvolvimento fosse identificado com o crescimento econômico, deixando de lado a distribuição.

A ONU (responsável por aferir os níveis de desenvolvimento das nações) considerava a renda per capita como único indicador do desenvolvimento, o que acabava por causar distorções principalmente em economias pobres pelo fato da renda ser distribuída de forma muito desigual e se concentrando nas mãos de uma minoria da população, não revelando assim a realidade da grande maioria.

A diferenciação dos conceitos foi introduzida por Schumpeter e atualmente o desenvolvimento humano tem como indicador não somente a renda, mas também a educação e a longevidade o que permite uma visão mais próxima das melhorias proporcionadas pelo crescimento. Schumpeter (1997, p.74) afirmq que:

Entenderemos como desenvolvimento, apenas as mudanças da vida econômica que não lhe foram impostas de fora, mas que surjam de dentro, por sua própria iniciativa. Se concluir que não há tais mudanças emergindo na própria esfera econômica, e que o fenômeno que chamamos de desenvolvimento econômico é na prática baseado no fato de que os dados mudam e que a economia se adapta continuamente a eles, então diríamos que não há nenhum desenvolvimento econômico. Pretenderíamos com isso dizer que o desenvolvimento econômico não é um fenômeno a ser explicado economicamente, mas que a economia, em si mesma, seu desenvolvimento, é arrastado pelas mudanças do mundo à sua volta, e que as causas e, portanto, a explicação do desenvolvimento devem ser procuradas fora do grupo de fatos que são descritos pela teoria econômica

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O desenvolvimento alcançado pela humanidade até o momento foi por meio do uso intensivo dos recursos naturais e muitos desses recursos são não renováveis, seu uso indiscriminado pode levar a extinção.

A preocupação com as questões ambientais tem se tornado cada vez mais presente nas discussões econômicas e a preservação do ambiente é necessária para que se alcance um desenvolvimento sustentável, permitindo que gerações futuras possam usufruir dos benefícios alcançados.

No Relatório de Brundtland ou documento Our Common Future (Nosso Futuro Comum) (1987) o conceito de desenvolvimento sustentável foi definido como:

O desenvolvimento que procura satisfazer as necessidades da geração atual, sem comprometer a capacidade das gerações futuras de satisfazerem as suas próprias necessidades, significa possibilitar que as pessoa, agora e no futuro, atinjam um nível satisfatório de desenvolvimento social e econômico e de realização humana e cultural, fazendo, ao mesmo tempo, um uso razoável dos recursos da terra e preservando as espécies e os hábitats naturais.

O desenvolvimento depende também da cultura à medida que necessita de um projeto como já afirmava Celso Furtado (2004) só haverá o verdadeiro desenvolvimento ali onde existir um projeto social subjacente. O desenvolvimento sustentável é composto pela sustentabilidade ambiental, econômica e sócio-política.

2.3 Pobreza e Exclusão Social

2.3.1 Pobreza

Pobreza não está ligada apenas a uma questão de falta de recursos financeiros, ela tem seu sentido muito mais amplo e engloba elementos como a exclusão social, a violência, vulnerabilidade e etc. É um processo tanto econômico quanto político.

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Por isso é de extrema necessidade a conscientização de que a eliminação de todos esses problemas é um direito humano e fundamental. É preciso mudanças reais na qualidade de vida das populações para assim fortalecer a sociedade civil.

No Dicionário de Economia e Administração organizado por Sandroni (1996, p.476) a pobreza é definida como:

Estado de carência em que vivem indivíduos ou grupos populacionais, impossibilitados, por insuficiência de rendas ou inexistência de bens de consumo, de satisfazer suas necessidades básicas de alimentação, moradia, vestuário, saúde e educação.

O conceito de pobreza geralmente se difere em dois tipos, a pobreza absoluta que consiste em está abaixo de um determinado nível de rendimento mínimo necessário a suprir as necessidades básicas de subsistência humana, estando este privando não somente de renda, mas também dos demais ativos sociais e necessidades indispensáveis. A pobreza relativa está voltada a situação de uma determinada família em comparação com a situação vivida pela sociedade.

Políticas de combate a pobreza, considerando o seu conceito relativo, são capazes de reduzir também as desigualdades caso essa ocorra por meio de uma redistribuição de renda, alem da dificuldade de se implementar políticas que visem somente a população pobre.

Apesar das semelhanças entre os conceitos de pobreza e desigualdade, os resultados obtidos no combate de uma dessas problemáticas nem sempre é refletido na outra de forma positiva, muitas vezes pode ocorrer um efeito inverso.

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Uma redução da pobreza e de desigualdade ocorrendo ao mesmo tempo consiste em um aumento no nível de bem estar social, já esse mesmo nível tenderá a ser menor quanto maior for a concentração de renda, pois as pessoas costumam avaliar seus rendimentos tendo como referencia os rendimentos de um determinado grupo, ou seja, o nível de bem estar de cada individuo vai depender do nível de renda desse grupo.

Estudar a pobreza é o mesmo que estudar o desenvolvimento pela sua privação.

2.3.2 Exclusão Social

Exclusão social não significa obrigatoriamente pobreza, pois uma pessoa excluída pode sofrer de diversos tipos de privações ou até mesmo um conjunto delas, não somente as financeiras, mas também social e civil.

Sposatti (1996, p.78) define exclusão Social como sendo:

[…] uma impossibilidade de poder partilhar, o que leva à vivência da privação, da recusa, do abandono e da expulsão, inclusive, com violência, de um conjunto significativo da população - por isso, uma exclusão social e não pessoal. Não se trata de um processo individual, embora atinja pessoas, mas de uma lógica que está presente nas várias formas de relações econômicas, sociais, culturais e políticas da sociedade brasileira. Esta situação de privação coletiva é que se está entendo por exclusão social. Ela inclui pobreza, discriminação, subalternidade, não equidade, não acessibilidade, não representação pública [...]

As pessoas socialmente excluídas estão sendo de alguma forma rejeitadas ou expulsas do convívio social, seja a nível econômico, político, cultural ambiental ou social.

2.4 Pobreza e Desenvolvimento Econômico

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Therborn (2006) leva em consideração três tipos de dimensões: os seres humanos enquanto organismos biológicos (desigualdades vitais); as pessoas (desigualdades de recursos) e os atores (desigualdades existenciais).

Esta investigação inicia uma análise crítica da pobreza, em conflito com o desenvolvimento econômico, começando pelas desigualdades de recursos, aquelas responsáveis pela capacidade de agir do indivíduo. Para tanto, considera-se que a taxa de pobreza, a distribuição de renda e o acesso à educação são fatores cruciais.

Ressalte-se que quando se fala em taxa de pobreza, é importante destacar que o número de pessoas pobres está relacionado ao mecanismo de análise utilizado.

2.5 Educação e Desenvolvimento

Como se sabe nas sociedades contemporâneas, a educação é peça fundamental da estrutura social e se torna indispensável para a mobilidade social dos indivíduos. A capacidade de ler e escrever e o acesso à informação e ao conhecimento estão intimamente ligados à igualdade de oportunidade, o que significa que todas as pessoas, independente de suas origens sociais, têm chances iguais de alcançar uma posição social desejável (KINGSTON; HOLIAN, 2007). Além disso, é basicamente através da educação que a qualificação profissional se faz possível.

Trabalhadores capacitados possuem empregos mais estáveis, melhores salários e maior possibilidade de ascensão na carreira. Já aqueles que carecem de recursos educacionais são extremamente vulneráveis e correm riscos constantes de desemprego.

O nível geral de educação de um país é apontado pelo Índice de Educação, um dos três pilares utilizados pela ONU para construir o índice anual de desenvolvimento humano.

2.6 Expectativa de vida e Desenvolvimento

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A idade de morte de uma criança reflete a disponibilidade tanto de comida quanto de cuidados com a saúde. Além disso, a incidência de mortalidade infantil é muito mais alta em populações pobres. Sendo assim, a queda nesse índice pode indicar, também, uma melhora nas condições econômicas dos indivíduos (TILLY, 2005).

Já a expectativa de vida aumenta, por exemplo, quando o sistema público de saúde dos países oferece serviços de qualidade e quando o índice de violência apresenta queda.

Já a desigualdade vital, aquela que refere-se aos seres humanos enquanto organismos biológicos, avalia a exposição diferenciada dos indivíduos a riscos fatais, sendo também influenciada por condições genéticas e ecológicas (THERBORN, 2006).

Ela pode ser medida pelos anos de expectativa de vida dos cidadãos, mortalidade infantil, incidência de desnutrição e doenças, dentre outros. Ao longo dos últimos 100 anos, as desigualdades vitais diminuíram consideravelmente a nível global devido a descobertas de vacinas e antibióticos, implantação de serviços sanitários e erradicação de algumas doenças. Outro fator imprescindível para tal avanço é o maior acesso das populações de países em desenvolvimento a tais benefícios.

2.7 As Desigualdades no Brasil

A sociedade brasileira é caracterizada por uma grande parcela de seus cidadãos vivendo na extrema pobreza.

Ao se falar em desigualdades necessariamente é preciso falar das suas possíveis causas. Fala-se em possíveis porque, como será explicado mais adiante, existem várias situações e, também, opiniões, algumas vezes a favor outras contraditórias que tentam explicar este fenômeno.

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extremamente caracterizada pela concentração de terras na mãos de uma minoria dominante, fazendo referência, exatamente, ao caso das Capitanias Hereditárias.

Sobre a desigualdade Costa (2009) afirma que existem outros fatores como, por exemplo, o patrimonialismo que dominou as relações de trabalho e poder no Brasil durante toda época colonial, mas que de acordo com este autor, persiste até os dias de hoje.

Costa (2009, p. 45) explica que:

O conceito de patrimonialismo aparece, na sociologia weberiana, no contexto da dominação tradicional, ora como sinônimo, ora como um tipo específico, ao lado do feudalismo. Assim, a dominação tradicional pode ser do tipo patrimonial ou feudal. Já o patrimonialismo poderia ser de dois tipos - patriarcal (ou sultanista) e estamental.

Este conceito vai explicar que a desigualdade acomoda-se a uma situação estrutural patriarcal na qual os servidores são mantidos dentro de uma mera relação de dependência pessoal com o senhor, não tendo, portanto, direitos sobre cargos superiores (muitas vezes nenhum cargo mesmo). É como se eles fossem propriedades dos seus senhores e só são eleitos por afeição.

Como será visto adiante, essa questão da alocação do mercado de trabalho pode ser uma das causas determinantes da desigualdade de renda no Brasil.

Nesse sentido, o argumento apresentado aqui implica que a desigualdade que o Brasil vive é, essencialmente, moderna já que encontra-se vinculada à instituições modernas.

Ferreira (2000, p. 17) usa um critério mais estreito classificando cinco fatores que podem gerar uma distribuição desigual. São eles:

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Esse conjunto de fatores irá determinar aquilo que Barros (2006, p. 03) chamam de "preparação para a corrida". Ou seja,

Aqueles indivíduos que na fase inicial da vida tiverem melhores condições sejam de fatores natos ou de fatores sociais aos quais estão inseridos, as oportunidades na fase adulta serão maiores e melhores e, por conseguinte, se estabelecerá a desigualdade.

No caso das características adquiridas, é possível que os indivíduos adquiram ao longo da vida, certa quantidade de outras características, como educação, experiência profissional. "A evidência empírica sugere fortemente que a educação continua sendo a variável de maior poder explicativo para a desigualdade brasileira". (FERREIRA, 2000, p. 55)

Sobre a alocação do mercado de trabalho, de acordo com Ramos; Vieira (2006, p. 13),

O mercado de trabalho pode atuar como gerador ou revelador de desigualdades. O primeiro caso pode ocorrer devido à segmentação, isto é, com base em critérios subjetivos pode haver a remuneração diferenciada de trabalhadores a princípio com as mesmas características produtivas. A remuneração diferenciada pode ocorrer também por fatores discriminatórios como raça, gênero, etc. Também pode se relacionar às diferenças sociais, a educação e experiência de cada trabalhador.

Quanto aos fatores demográficos, este fator determinante da desigualdade está relacionado às decisões de formação de domicílio, de fertilidade, de coabitação e separação (FERREIRA, 2000, p. 136).

Como exemplo, pode-se citar duas sociedades com distribuições de renda idênticas, sendo que, na primeira, casais tendem a formar-se entre pessoas ricas e pobres, enquanto que, na segunda, o homem mais rico tende a “casar-se” com a mulher mais rica. Nesse caso, a distribuição de renda nas duas sociedades será diferente.

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Famílias com taxas altas de fertilidade têm mais probabilidade de ter uma renda per capita menor, enquanto famílias com fertilidade baixa têm probabilidade de ter um rendimento individual maior porque um indivíduo que adquiriu ao longo da sua vida uma boa educação na hora de determinar o número de filhos que terá, com certeza levará em consideração as suas condições econômicas e sociais.

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3 FONTES DOS DADOS E METODOLOGIA

A pesquisa é descritiva e a forma de abordagem utilizada para a análise dos dados é de caráter tanto quantitativo quanto qualitativo. Para uma melhor interpretação dos dados a serem analisados utilizou-se dois índices relativos a fatores sociais de desigualdade e de mensuração da exclusão social. Em seguida estes índices são descritos para fins de conhecimento e fundamentação.

Os dados secundários a serem utilizados para análise foram levantados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) através da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), assim como os encontrados em livros e onde os resultados encontrados serão analisados, interpretados e confrontados.

Foram utilizados no trabalho informações disponibilizadas pelo IBGE sobre o PIB agregado de 2001 a 2011, o PIB per capita de todos os estados e regiões brasileiras de 2001 a 2010 (2011 ainda não foi disponibilizado pelo IBGE).

Dados sobre o número de domicílios e a renda da população levantados através das PNAD´s foram utilizados para estimar-se o índice de Gini entre os anos de 2001 e 2011 e também para analisar a distribuição da população em classes sociais.

O percentual da população socialmente excluída, assim como, a escolaridade, a renda e o acesso ao serviço de água encanada, saneamento básico e serviço de coleta sistemática de lixo dessa mesma população, serão indiretamente analisados nos anos de 2000 e 2010, através do índice de exclusão social criado e estimado por Lemos (2012). A relação entre os principais indicadores também será analisada.

3.1 Índice de Gini

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A equação utilizada para o calculo desse índice, que é baseado na curva de Lorenz, idealizada pelo estatístico italiano Corrado Gini em 1912, onde o eixo x representará a frequência acumulada do número de domicílios, enquanto que o eixo Y representará a frequência acumulada da renda desses domicílios em ordem crescente, está representada na figura 1, logo abaixo.

Figura 1 – Representação da Curva de Lorenz

Fonte: Elaboração própria

A área de concentração, que é o valor do índice, identificada na figura pela cor azul, será zero (linha de 45º) em uma situação de perfeita igualdade, e será um, quando toda a renda estiver concentrada em uma única pessoa o valor do índice seria a área do triângulo ADC,situado abaixo da linha da perfeita igualdade.

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3.2 Índice de Exclusão Social (IES)

O IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) utilizado para aferir o nível de desenvolvimento humano é ancorado na renda, longevidade e educação, enfrenta diversos problemas, principalmente nas regiões mais carentes, devido a alta concentração de renda, os sub-registros que dificultam a aferição da esperança de vida e a taxa de matriculas passíveis de manipulação e não reflete qualidade de ensino.

Lemos (2012) ao elaborar o IES (Índice de Exclusão Social), buscou escapar desses problemas ao considerar para analise a percentagem de pessoas que sobrevivem em domicílios cuja renda total varia de zero a dois salários mínimos, ao atribuir pesos diferenciados a cada um de seus indicadores, além de ancorar sua avaliação também nos ativos sociais essenciais. Um índice capaz, inclusive, de determinar o percentual da população socialmente excluída.

Outro exemplo muito claro, sobre este risco que se cometer equívoco, está presente no índice de Gini (varia de 0 a 1, quanto mais alto for o índice, mais desigualdade existe entre os 10% mais pobres, 10% mais ricos e os 80% de classe média.), uma das maneiras mais consagradas de se medir a desigualdade de renda que pode esconder uma realidade muito cruel, o de uma igualdade conquistada através da pobreza, no caso de um país em que um pequeno percentual da população tem acesso à renda alta, a grande maioria vive em condições miseráveis.

O Índice de Exclusão Social (IES), elaborado por Lemos, é um índice que permite aferir a negação do desenvolvimento, ou seja, a pobreza, esta entendida como exclusão social.

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renda varia de zero a dois salários mínimos e pelo Passivo Ambiental, composto pela percentagem da população que sobrevive em domicílios sem acesso ao serviço de água encanada, saneamento básico e serviço de coleta sistemática de lixo. Podendo ser calculado através da formula abaixo:

IES = P1. PASSEDUC + P2. PASSECON + P3.PASSAMBI

O IES se diferencia dos demais índices principalmente por associar pesos diferenciados a cada um dos seus indicadores, obtidas através de método de analise fatorial, com decomposição em componentes principais, considerando assim a devida importância de cada indicador, sendo a variável educação a de maior ponderação, já que é a mais importante para o desenvolvimento. O mesmo não ocorre, por exemplo, com o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), já que este utiliza a mesma ponderação para todos os indicadores.

Quantos as suas intenções ao criar o índice Lemos (2012, p.104) diz:

...resolveu-se desenhar o Índice de Exclusão Social (IES) com a perspectiva de que ele se constitua numa boa aproximação, ou mesmo numa boa tentativa de captação de percentuais de pobres, ou de excluídos no Brasil, entendidos no seu sentido amplo, bem como a sua distribuição entre os municípios, as grandes regiões e os estados brasileiros.

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4 ANÁLISE DOS RESULTADOS

4.1 O território brasileiro e suas particularidades

O território brasileiro tem 8,5 milhões de quilômetros quadrados distribuídos desigualmente entre os seus 26 estados e um distrito federal, e essa desigualdade se estende ao grau de desenvolvimento humano, a qualidade de vida da população, sua autonomia, assim como a democracia e a cidadania, ou seja, existe no Brasil um alto nível de discrepância social e econômica entre a população.

Imagine que a população brasileira estivesse ocupando igualmente cada quilômetro quadrado dos 8,5 milhões que compõem a área do país. Considere famílias de quatro pessoas, a cada qual seria então destinada uma extensão de terra com pouco menos de 19 hectares. Propriedades rurais desta dimensão são consideradas minifúndios de dimensão modesta para a atividade agropecuária. O Brasil seria então um país de pequenas propriedades... (FEIJÓ, 2007, p.37)

Entende-se com isso, que o território brasileiro tem extensão suficiente para abrigar de forma confortável toda a população do país, no entanto a realidade é de uma arbitrária distribuição espacial, onde muitas famílias não têm moraria digna e com condições adequadas e outras tantas não têm sequer onde morar.

Nas zonas rurais brasileiras, sobretudo dos estados mais pobres, as famílias carentes deparam-se com terras em tamanhos inadequados às necessidades de sustentação das famílias, deficiências generalizadas de serviços essenciais, como educação, acesso a água potável, saneamento, moradias, estradas, transporte e, principalmente, acesso a segurança alimentar e renda monetária. (LEMOS, 2012, p.54)

O Brasil é hoje a quinta nação mais populosa do planeta e de acordo com o censo a população cresceu 12,3% de 2000 a 2010 passando de 169 590 693 para 190 732 694 habitantes nesse intervalo de tempo.

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possível investigar porque de fato a população brasileira não cresceu tanto na última década.

Índice de Educação brasileiro em 2011, calculada a partir da média de anos de escolaridade da população adulta e da expectativa de anos que as crianças permanecerão no sistema de ensino, ainda está distante da Nova Zelândia, único país do mundo que atingiu o valor 1, que significa equilíbrio total entre esses dois quesitos.

O Brasil apresenta um aumento no índice de educação que em 2000 era de 0,599 em 2011 passou a ser de 0,663, a média de escolaridade saiu de 5.6 anos em 2000 para 7.2 em 2011 e a taxa de alfabetização de adultos passou de 86,40% em 2000 para 90% ainda em 2008 (SILVÉRIO, 2012).

Apesar dos números revelarem um aumento não se pode considerar que a educação brasileira tenha apresentado melhorias, muito menos que esteja reduzindo as desigualdades econômicas e contribuindo para o desenvolvimento do país.

O ensino brasileiro é na verdade muito precário e pouco atrativo, a grande maioria dos professores são despreparados, com uma educação continuada deficiente e desmotivados pelos baixos salários.

A grande preocupação do MEC, assim como do governo é reduzir os índices de analfabetismo e de reprovação, sem se preocupar de fato com a qualidade da educação. Aprovam os alunos sem que esses estejam realmente preparados para cursar a série seguinte, fazendo com que apenas 26% da população seja capaz de desenvolver atividades mais complexas, segundo dados do Indicador do Alfabetismo Funcional (INAF) 2011-2012.

Mesmo com todo esforço em mascarar a realidade da educação brasileira a média de anos de escolaridade neste país está muito aquém das atuais potências globais, para se ter uma idéia, nos Estados Unidos essa média é de 12.4, no Japão 11.6, na Alemanha 12.2 e na França 10.6.

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principalmente no que diz respeito à qualidade do ensino e ao aumento de frequência nos níveis secundário e terciário da educação.

A expectativa de vida dos brasileiros que em 2000 era de 70,1 passou a ser de 73,5 em 2011 segundo dados do Relatório de Desenvolvimento Humano 2011, enquanto a mortalidade infantil em crianças de até 5 anos para cada mil nascimentos que em 2000 era de 34 caiu para 21 em 2011.

O que também não garante que os brasileiros estejam usufruindo de uma vida com mais qualidade, além do que muitas pessoas carente morrem sem nem mesmo serem registradas, impedindo assim que façam parte dessas estatísticas.

4.2 Crescimento Econômico Brasileiro

Segundo dados divulgados pelo IBGE, demonstrados no gráfico 1, o Brasil seguiu crescendo nos últimos 10 anos, em alguns anos de forma mais expressivas que em outros, mas ainda assim um crescimento considerado sempre razoável frente aos demais países do mundo. O PIB brasileiro de 2002 cresceu 2,7% em relação ao ano anterior, em 2009 o país apresentou o pior desempenho do período analisado crescendo apenas 0,30%, com relação ao ano anterior e em 2010, atingiu a maior taxa de crescimento do período, crescendo 7,5%, com relação ao ano anterior.

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O Produto Interno Bruto (PIB) per capita, que é a soma de todos os bens e serviços produzidos no país, dividida pela população total do Brasil, foi de R$ 7.491,81 em 2001 para R$ 21.252,41 em 2011, apresentando, portanto um aumento de R$ 13.760,60, ou seja, um crescimento superior a 183% nesse período, segundo dados do IBGE, apresentados na tabela 1.

TABELA 1 - Evolução do PIB per Capita no Brasil no Período 2001/2011 – (Valores Correntes em R$)

PAÍS 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011

BRAS IL 7.491,8 1 8.382,2 4 9.510,6 6 10.720,2 5 11.709,0 3 12.769,0 8 14.183,1 1 15.991,5 5 16.917,6 6 19.508,5 9 21.252,4 1

Fonte: IBGE (2012)

O Produto Interno Bruto (PIB) agregado considera todos os bens e serviços finais produzidos no país em valores monetários sem levar em consideração a população. Com relação aos estados e regiões brasileiras observa-se na tabela 2, segundo dados do IBGE, a evolução da Participação Relativa (%) no PIB Agregado do Brasil no período de 2000 a 2010.

Se comparado percentual da participação relativa das Regiões no PIB agregado do Brasil dos anos de 2001 e 2010, pode-se observar que as regiões mantiveram a ordem de importância de suas participações e praticamente o mesmo padrão no decorrer dos anos, sendo a região sudeste com maior participação com mais de 50% do PIB brasileiro seguido da regiões sul, nordeste, centro-oeste e por último o norte, mas em contrapartida, as regiões Sudeste e Sul, que são as mais ricas do país, tiveram a sua participação reduzida, enquanto as regiões consideradas mais pobres à aumentaram.

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participação de apenas 7,20% e passou em 2009 para 9,30%, alcançando com isso um aumento nesse período de 22,58%.

O estado de São Paulo é o que mais contribui para riqueza do país com uma participação de 33,4% do PIB nacional em 2001 e 33,9% em 2010, mantendo praticamente o mesmo patamar reduziu sua participação em apenas 0,06%. A participação desse estado é superior a das regiões nordeste e sul juntas. Outro destaque é o Rio que com 10,8% supera toda a região centro-oeste.

Roraima produzia 0,10% da riqueza nacional em 2001 e apesar do aumento expressivo de 70%, em 2010 sua participação continuou a ser a menor do país, com apenas 0,17%. Outro estado que merece destaque é o Tocantins que em 2010 teve um aumento de 76,92% em relação a 2000 na participação relativa no PIB agregado do Brasil.

Nota-se tamanha discrepância entre a participação relativa (%) dos estados ao observar São Paulo com 33% do PIB agregado brasileiro enquanto Roraima está longe de atingir 0,5%. Dos estados do Nordeste o único que conseguiu uma participação superior a 1% foi a Bahia. E com relação as regiões, o sul tem uma participação superior à todas as demais juntas

TABELA 2 - Evolução da Participação Relativa (%) dos Estados e Regiões no PIB Agregado do Brasil (2001/2010)

REGIÃO/ESTADO 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010

NORTE 4,76 5,04 4,78 4,95 4,96 5,06 5,02 5,10 5,04 5,34

Acre (AC) 0,16 0,17 0,19 0,2 0,21 0,2 0,22 0,22 0,23 0,22

Amapá (AP) 0,19 0,2 0,2 0,2 0,2 0,22 0,23 0,22 0,23 0,22

Amazonas (AM) 1,73 1,86 1,47 1,56 1,55 1,65 1,58 1,54 1,53 1,59

Pará (PA) 1,81 1,9 1,75 1,83 1,82 1,87 1,86 1,93 1,8 2,06

Rondônia (RO) 0,51 0,54 0,57 0,58 0,6 0,55 0,56 0,59 0,62 0,62

Roraima (RR) 0,10 0,11 0,16 0,14 0,15 0,15 0,15 0,15 0,17 0,17

NORDESTE 13,12 13,52 12,77 12,72 13,07 13,13 13,07 13,11 13,51 13,46

Alagoas (AL) 0,63 0,65 0,66 0,66 0,66 0,66 0,67 0,64 0,66 0,65

Bahia (BA) 4,36 4,61 4,01 4,07 4,23 4,07 4,12 4,01 4,23 4,09

(37)

Paraíba (PB) 0,86 0,86 0,83 0,77 0,79 0,84 0,83 0,85 0,89 0,85

Piauí (PI) 0,47 0,46 0,52 0,51 0,52 0,54 0,53 0,55 0,59 0,59

Rio Grande do Norte (RN) 0,82 0,86 0,8 0,8 0,83 0,87 0,86 0,84 0,86 0,86

Sergipe (SE) 0,68 0,71 0,64 0,63 0,63 0,64 0,63 0,64 0,61 0,63

Tocantins (TO) 0,26 0,26 0,43 0,43 0,42 0,41 0,42 0,43 0,45 0,46

Ceará (CE) 1,80 1,8 1,92 1,9 1,91 1,95 1,89 1,98 2,03 2,07

Pernambuco (PE) 2,65 2,71 2,31 2,27 2,32 2,34 2,34 2,32 2,42 2,52

SUDESTE 57,12 56,34 55,75 55,83 56,53 56,79 56,41 56,02 55,32 55,39

São Paulo (SP) 33,4 32,6 34,1 33,1 33,9 33,9 33,9 33,1 33,5 33,09

Espírito Santo (ES) 1,88 1,84 1,83 2,07 2,2 2,23 2,27 2,3 2,06 2,18

Minas Gerais (MG) 9,47 9,32 8,75 9,13 8,97 9,06 9,07 9,32 8,86 9,32

Rio de Janeiro (RJ) 12,4 12,6 11,1 11,5 11,5 11,6 11,2 11,3 10,9 10,80

SUL 17,80 17,66 17,70 17,39 16,59 16,32 16,64 16,56 16,54 16,51

Paraná (PR) 6,07 6,05 6,44 6,31 5,9 5,77 6,07 5,91 5,87 5,76

Rio Grande do Sul (RS) 7,85 7,76 7,33 7,1 6,72 6,62 6,64 6,58 6,66 6,70

Santa Catarina (SC) 3,88 3,85 3,93 3,99 3,97 3,93 3,93 4,07 4,01 4,04

CENTRO-OESTE 7,20 7,74 9,01 9,11 8,86 8,71 8,87 9,20 9,59 9,30

Distrito Federal (DF) 2,76 2,65 3,71 3,64 3,75 3,78 3,76 3,88 4,06 3,98

Goiás (GO) 2,09 2,33 2,52 2,47 2,35 2,41 2,45 2,48 2,64 2,59

Mato Grosso (MT) 1,21 1,33 1,64 1,9 1,74 1,49 1,6 1,75 1,77 1,58

Mato Grosso do Sul (MS) 1,15 1,14 1,13 1,09 1,01 1,03 1,06 1,09 1,12 1,15 Fonte: IBGE (2011)

Os dados apresentados demonstram e reforçam a realidade de uma riqueza de forma desigual entre os estados e as regiões do país e que vem se mantendo nesse período de dez anos.

4.3 Classes Sociais Brasileiras

No Brasil, o IBGE define as classes sociais pela renda familiar obtida através das PNAD´s, já a Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa (ABEP) define as classes sociais de acordo com o poder de compra e de consumo de alguns itens como forma de definir a classe social..

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classe E, entre 2 e 4 salários mínimos será da classe D, entre 4 e 10, da classe C, entre 10 e 20, da classe B e acima de 20 salários mínimos a família fará parte da classe A.

TABELA 3: Estratificação da Sociedade Brasileira quanto ao Acesso à renda.

* Tabela baseada no salário mínimo a R$ 510,00 (salário mínimo brasileiro em 2010) Fonte: IBGE (2011)

Baseando-se no salário mínimo de 2010, de R$ 510,00, se a renda total familiar de uma família de 4 pessoas for de até R$ 1020,00 a família fará parte da classe E, de R$ 1020,00 a 2040,00 da classe D, de R$ 2040,00 a R$ 5100,00 da classe C, de R$ 5100,00 a R$ 10200,00 da classe B e acima de R$ 10200,00 da classe A.

De acordo com dados obtidos pela PNAD, das 46.967.514 famílias residentes do Brasil em 2001, 14.981.873 viviam com até 2 salários mínimos, ou seja, faziam parte da classe E, enquanto 2.320.753 dessas famílias viviam com mais de 20 salários mínimos, pertencendo assim a classe A. Em 2011, a pesquisa identificou que das 61.420.945 famílias brasileira, 21.456.455 delas eram da classe E e sobreviviam com até 2 salários mínimos e 1.359.516 da classe A com mais de 20 salários mínimos.(IBGE, 2011)

Observa-se que em 2001 a classe E era composta de 32% da população brasileira e em 2011, esse percentual passou a ser de 35%, estando incluído nesse

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grupo, inclusive, o extrato das famílias sem rendimento, que em 2001 era de 820.335 e passou a ser de 898.744 em 2011. Já os pertencentes a classe A o que correspondia a 15% da população passaram a ser de 6%.

Os dados apresentados demonstram ao se comparar o ano de 2011 com o de 2001, que mais famílias passaram a fazer parte da classe social brasileira mais baixa, o que significa mais famílias sobrevivendo com um salário que não atende a determinação da própria constituição, incapaz de garantir as despesas familiares essenciais, com alimentação, moradia, saúde, transporte, educação, vestuário, higiene, lazer e previdência. Em contrapartida a classe mais alta da sociedade brasileira foi reduzida.

O país produziu mais e aumentou a sua riqueza como já demonstrado anteriormente, apesar de não ter distribuído como deveria. A renda de alguns brasileiros aumentou, já que alguns inclusive sem rendimento, passaram a ter renda através dos programas assistencialistas, mas a população brasileira também cresceu e com ela os seus pobres. Um número muito grande de brasileiros continua vivendo sem o mínimo necessário para uma vida com qualidade.

4.4 Variação do Índice de Gini no Brasil

De acordo com a Fundação Getúlio Vargas (FGV), na primeira década do século XXI, os 10% mais ricos tiveram um crescimento na renda real de 10,03% contra 67,9% na renda dos 50% mais pobres, o que significa um crescimento 577% maior do que o alcançado pela parcela no topo da pirâmide social. Apesar de tais conquistas, o país ainda está entre os mais desiguais do mundo e os 20% mais ricos concentram cerca de 60% da renda (FGV/CPS, 2010).

Nota-se, analisando os resultados apresentados na tabela 4 que apresenta a evolução dos níveis de desigualdade através do índice de GINI no período de 2001 a 2011, que todos os estados brasileiros, sem exceções, tiveram seu nível de desigualdade reduzido.

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O estado da Paraíba reduziu o índice de Gini em 27%, sua participação no PIB passou de 0,84 para 0,89%, no entanto o percentual da população socialmente excluída que era de 34% em 2000 passou a ser de 37% em 2010, já o Pará reduziu em 18% o índice de Gini, aumentou o PIB per capita em 4,65% e ainda assim a população sociamente excluída passou de 38,7% para 40,4%.

Ao analisar os dados que compõem o índice de Gini, observa-se que a renda das pessoas com mais de 20 salários mínimos era em média 29 vezes maior do que os daqueles que recebiam até um salário mínimo em 2001, ao passo que em 2011 essa diferença passou a ser em média 43 vezes maior.

Apesar da constante redução percebida no período estudado podemos considerar o ano de 2005 com um ponto de inflexão em que todos os estados tiveram um aumento nos níveis de desigualdade considerando o ano anterior, voltando a ser reduzido nos anos posteriores.

Pode-se destacar o estado de Santa Catarina, como o menor índice de desigualdade alcançado em 2011 que é de 0,41 e considerando que em 2001 o índice era de 0,54, grandes foram os avanços na redução das desigualdades. O Distrito Federal também merece destaque com o maior nível de desigualdade brasileiro apresentando em 2011, apresentando um índice de Gini de 0,56.

Verificando os dados apresentados nas regiões do país, percebe-se que houve também redução dos números apresentados, o norte que em 2001 tinha o índice de Gini de 0,52 passou a 0,50 em 2011, o nordeste como já era de se esperar tem o pior índice de todas as regiões, reduzindo este indicador de 0,57 para 0,51; o sudeste passou de 0,52 para 0,47 em 2011, o sul alcançou em 2011 o menor índice entre as regiões em 2011 de 0,44 e o centro-oeste que tinha o índice de 0,56 em 2001 alcançou 0,51 em 2011.

TABELA 4 – Índice de Gini dos Estados Brasileiros de 2001/2011

REGIÃO/ESTADO 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2011

NORTE 0,52 0,53 0,50 0,50 0,49 0,48 0,50 0,54 0,49 0,50

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Amapá (AP) 0,54 0,49 0,54 0,51 0,58 0,42 0,41 0,42 0,57 0,48

Amazonas (AM) 0,60 0,52 0,50 0,48 0,60 0,46 0,44 0,46 0,57 0,49

Pará (PA) 0,61 0,53 0,48 0,50 0,60 0,43 0,61 0,46 0,61 0,50

Rondônia (RO) 0,60 0,52 0,48 0,49 0,62 0,53 0,55 0,44 0,55 0,46

Roraima (RR) 0,56 0,51 0,51 0,53 0,61 0,53 0,49 0,48 0,56 0,48

NORDESTE 0,57 0,56 0,55 0,55 0,54 0,54 0,53 0,53 0,53 0,51

Alagoas (AL) 0,69 0,57 0,58 0,54 0,72 0,65 0,58 0,55 0,84 0,47

Bahia (BA) 0,68 0,55 0,55 0,52 0,67 0,56 0,56 0,50 0,65 0,53

Maranhão (MA) 0,68 0,54 0,55 0,59 0,69 0,57 0,51 0,48 0,66 0,56

Paraíba (PR) 0,70 0,56 0,54 0,55 0,68 0,53 0,63 0,47 0,69 0,51

Piauí (PI) 0,68 0,6 0,58 0,56 0,71 0,48 0,65 0,55 0,66 0,50

Rio Grande do Norte (RN) 0,66 0,56 0,53 0,54 0,67 0,53 0,64 0,52 0,82 0,53

Sergipe (SE) 0,62 0,53 0,54 0,52 0,65 0,57 0,63 0,52 0,65 0,54

Tocantins (TO) 0,65 0,53 0,52 0,52 0,62 0,42 0,62 0,51 0,59 0,50

Ceará (CE) 0,69 0,55 0,53 0,53 0,68 0,51 0,48 0,51 0,65 0,51

Pernambuco (PE) 0,63 0,57 0,56 0,57 0,68 0,61 0,60 0,54 0,65 0,5

SUDESTE 0,52 0,52 0,52 0,52 0,50 0,50 0,49 0,48 0,47 0,47

São Paulo (SP) 0,60 0,51 0,50 0,49 0,56 0,22 0,45 0,45 0,51 0,45

Espírito Santo (ES) 0,61 0,55 0,52 0,51 0,58 0,50 0,43 0,46 0,51 0,47

Minas Gerais (MG) 0,60 0,53 0,51 0,50 0,58 0,49 0,51 0,41 0,67 0,47

Rio de Janeiro (RJ) 0,60 0,51 0,52 0,51 0,57 0,53 0,56 0,48 0,55 0,50

SUL 0,51 0,49 0,49 0,48 0,48 0,47 0,70 0,47 0,46 0,44

Paraná (PR) 0,60 0,50 0,51 0,51 0,57 0,49 0,55 0,52 0,56 0,45

Rio Grande do Sul (RS) 0,58 0,51 0,50 0,49 0,54 0,53 0,46 0,47 0,51 0,45

Santa Catarina (SC) 0,54 0,44 0,45 0,42 0,52 0,44 0,48 0,43 0,49 0,41

CENTRO-OESTE 0,56 0,56 0,55 0,54 0,54 0,53 0,55 0,54 0,54 0,51

Distrito Federal (DF) 0,65 0,56 0,57 0,57 0,62 0,88 0,56 0,57 0,63 0,56

Goiás (GO) 0,60 0,53 0,51 0,51 0,59 0,49 0,55 0,46 0,55 0,46

Mato Grosso (MT) 0,60 0,54 0,52 0,50 0,56 0,53 0,45 0,58 0,53 0,46

Mato Grosso do Sul (MS) 0,60 0,54 0,51 0,50 0,57 0,51 0,58 0,50 0,54 0,48

Fontes: Elaboração própria com base nos dados das PNAD's

Os indicadores de desenvolvimento brasileiro continuam a ser, em alguns aspectos, semelhantes aos de países africanos, segundo Banco de Dados sobre as Economias Emergentes e Banco Mundial.

4.4 IES Brasileiro

(42)

Nota-se comparando os dados sobre o IES do ano de 2010 com os de 2000, obtidos no livro Mapa da Exclusão Social no Brasil e apresentados na tabela 5, que a maioria dos estados mantiveram ou aumentaram o percentual da população socialmente excluída.

Em média os estados brasileiros tem quase 30% da sua população socialmente excluída, isso significa quase 1/3 da população vivendo sem condições adequadas em termos de acesso a renda, educação, água encanada, saneamento e coleta de lixo, essenciais a uma vida com qualidade.

O estado brasileiro com menor índice de exclusão social é o Distrito Federal, com apenas 2,59% da população, seguido de São Paulo que tem 11,29 e o terceiro menor é o estado do Rio de Janeiro com 15,31% da população excluída.

O Alagoas é o terceiro pior estado em termos de exclusão social apresentando 47,34% da população nessa situação. Piauí é o segundo pior com um IES de 49,06 e com o maior percentual de população excluída está o Maranhão, com mais da metade dela (53,58%), não podemos deixar de citar o Ceará como sendo o quarto pior índice do Brasil, onde 45,53% da população é socialmente excluída.

Observando o IES por região, nota-se a confirmação do nordeste como a região brasileira mais pobre e com maior percentual da população socialmente excluída, apesar da pequena redução de 37% para 39% de 2000 para 2010. O Norte, região que apresenta o segundo pior IES brasileiro, manteve em 2010 os mesmos 36% apresentados em 2000.

As regiões sul e sudeste, apresentam os menores IES do Brasil, também confirmando-os como regiões com menos pobres do Brasil, elas não ultrapassaram 15 % da população socialmente excluída em 2010.

TABELA 5 – Índice de Exclusão Social por Estado

REGIÃO/ESTADO IES (%) EXCLUIDOS

2000

IES (%) EXCLUIDOS 2010

NORTE 36,0 36,9

(43)

Amapá (AP) 34,6 34,0

Amazonas (AM) 32,3 33,9

Pará (PA) 38,7 40,4

Rondônia (RO) 34,8 33,6

Roraima (RR) 24,4 28,9

NORDESTE 39,5 37,1

Alagoas (AL) 44,4 42,1

Bahia (BA) 36,8 34,3

Maranhão (MA) 48,9 44,8

Paraíba (PB) 34,4 37,0

Piauí (PI) 45,0 42,0

Rio Grande do Norte (RN) 34,3 32,1

Sergipe (SE) 35,6 33,7

Tocantins (TO) 36,3 31,7

Ceará (CE) 40,7 37,2

Pernambuco (PE) 35,4 34,6

SUDESTE 12,6 13,6

São Paulo (SP) 08,8 10,1

Espírito Santo (ES) 19,7 19,2

Minas Gerais (MG) 19,5 19,1

Rio de Janeiro (RJ) 12,2 14,6

SUL 15,8 14,1

Paraná (PR) 17,8 15,7

Rio Grande do Sul (RS) 14,8 14

Santa Catarina (SC) 14,3 11,8

CENTRO-OESTE 21,3 18,5

Distrito Federal (DF) 09,4 04,5

Goiás (GO) 23,0 20,5

Mato Grosso (MT) 25,8 23,7

Mato Grosso do Sul (MS) 23,3 21,9

(44)

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Independentemente de qualquer tipo de perspectivas teóricas, o tema da desigualdade vem se destacando nos principais debates ocorridos tanto no âmbito acadêmico, como governamental e seguramente empresarial.

Desta maneira, esta pesquisa, constatou que a interação entre a dimensão econômica e a social torna-se aspecto importante para compreensão dos padrões de desigualdade que caracterizam uma sociedade dita democrática.

No caso brasileiro, como visto na presente pesquisa, a magnitude e a abrangência das desigualdades que caracterizam a sociedade, precisam da implantação de melhores políticas públicas que devem ser pré-concebidas como resultado de uma urgente ampliação de estudos e pesquisas que venham a otimizar o foco de implantação destas políticas.

Vale salientar que independentemente da forma como se conceitue, a desigualdade aparece como fenômeno que sinaliza um padrão de distribuição de recursos extremamente injusto.

Os dados apresentados na presente pesquisa confirmam que o Brasil é um país extremamente desigual e que ainda não alcançou uma evolução aceitável e satisfatória.

O fato do PIB per capita ter aumentado no Brasil, aponta um sensível crescimento econômico, mas como se sabe, esse crescimento não garante o desenvolvimento da região, até mesmo porque não sabemos exatamente qual o direcionamento tomado pela riqueza produzida.

Imagem

Figura 1 – Representação da Curva de Lorenz
Gráfico 1 - Variação Histórica do PIB Brasileiro
TABELA  1  -  Evolução  do  PIB  per  Capita  no  Brasil  no  Período  2001/2011  –  (Valores Correntes em R$)  PAÍS  2001  2002  2003  2004  2005  2006  2007  2008  2009  2010  2011  BRAS IL  7.491,81  8.382,24  9.510,66  10.720,25  11.709,03  12.769,08
TABELA 2 - Evolução da Participação Relativa (%) dos Estados e Regiões no PIB  Agregado do Brasil (2001/2010)  REGIÃO/ESTADO  2001  2002  2003  2004  2005  2006  2007  2008  2009  2010  NORTE  4,76  5,04  4,78  4,95  4,96  5,06  5,02  5,10  5,04  5,34  Acr
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