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PEDIDO DE RECONSIDERAÇÃO

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Academic year: 2022

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PRESTAÇÃO ANUAL DE CONTAS Processo TCM nº 10145-13

Exercício Financeiro de 2012

Prefeitura Municipal de MUQUÉM DO SÃO FRANCISCO Gestor: José Nicolau Teixeira Leite

Relator Cons. Fernando Vita

PEDIDO DE RECONSIDERAÇÃO

O Parecer Prévio deste Tribunal, publicado em resumo no Diário Oficial do Estado, edição de 13/11/2013, opinou pela REJEIÇÃO, porque irregulares, da Prestação de Contas da Prefeitura Municipal de Muquém do São Francisco, relativa ao exercício financeiro de 2012, Processo TCM nº 10145-13, imputando ao Gestor, com fundamento nos incisos II e III do art. 71 da Lei Complementar nº 06/91, multa no valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais), em virtude do cometimento das irregularidades apontadas no mencionado opinativo, além de determinar, com arrimo no art. 68, c/c com os arts. 69 e 76, inciso III, alínea “c” da mencionada Lei Complementar nº 06/91, o ressarcimento ao Erário da quantia correspondente a R$ 54.600,00 (cinquenta e quatro mil e seiscentos reais), referente às irregularidades apontadas no ITEM 5 - DO ACOMPANHAMENTO DA EXECUÇÃO ORÇAMENTÁRIA.

Através do expediente protocolado nesta Corte de Contas sob o nº 69694-13, o Sr. José Nicolau Teixeira Leite - Gestor, inconformado, ingressou, tempestivamente, com fulcro no art. 88, da Lei Complementar nº 06/91, com Pedido de Reconsideração, apresentando as razões de fls. 890 a 896, acompanhadas de documentos em 03 (três) Pastas A-Z.

Em seu pedido de reconsideração o Gestor alega que o Parecer Prévio registrou irregularidades que são “plenamente justificáveis”, as quais apresenta contestações, conforme destaca-se a seguir:

Quanto ao item 4.1. CRÉDITOS ADICIONAIS SUPLEMENTARES, que apontou a abertura de créditos adicionais suplementares sem a autorização legislativa e sem a existência de recursos disponíveis suficientes, contrariando os arts. 42 e 43 da Lei Federal nº 4.320/64 e inciso V do art. 167 da Constituição Federal, aduz que o Poder Executivo buscou a aprovação pelo Legislativo do Projeto de Lei nº 14, de 26 de novembro de 2012, que elevaria a autorização para abertura dos referidos créditos. Acrescenta, contudo, que os Edis não compareceram às sessões, tendo como consequência descontos dos vencimentos e instauração, pela Câmara, do Processo Administrativo nº 01/2012, pedindo a perda do mandato dos envolvidos.

Ressalta, além disso, que “o projeto NÃO FOI apreciado, o que difere da não aprovação do mesmo, sendo este fato decorrente tão somente de divergências políticas, que culminaram em 02 (duas) eleições no

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Município, e de processos judiciais no Eleitoral, que se arrastaram até o exercício de 2013, ficando claro que a atitude de parte dos Edis em momento algum visou à coletividade”.

Assevera, ainda, que prevalecer a não votação do referido projeto, engessaria a administração pública, restaria impossibilitado o pagamento dos vencimentos dos servidores municipais, de despesas relacionadas à saúde e educação, comprometeria as metas fixadas no Plano Plurianual e na Lei de Diretrizes Orçamentárias, tornado impossível o atendimento do princípio da eficiência administrativa.

Ademais, afirma que “diante dos fatos, os créditos foram abertos de acordo com o Projeto de Lei nº 14, de 26 de novembro de 2012, originalmente enviado à Câmara Municipal, e com fundamento nos Pareceres de nºs 25/08 e 26/08, ambos da CAM - Coordenadoria de Assistência aos Municípios (...)”.

Anexa cópias dos Editais de Convocação nºs 01 e 02 e do mencionado processo administrativo para análise.

Com relação ao item 5. DO ACOMPANHAMENTO DA EXECUÇÃO ORÇAMENTÁRIA, mais precisamente acerca de dois pontos, do registro de casos de PROCESSOS LICITATÓRIOS E PROCESSOS DE DISPENSA E/OU INEXIGIBILIDADE NÃO ENCAMINHADOS, FRAGMENTAÇÃO DA DESPESA, CARACTERIZANDO FUGA AO PROCEDIMENTO LICITATÓRIO, entre diversas outras irregularidades, em flagrante desrespeito às exigências contidas no inciso XXI, do art. 37 da Lei Maior e nos dispositivos da Lei Federal nº 8.666/93 e alterações posteriores, solicita revisão alegando que não houve fuga ao processo licitatório e que todos os processos licitatórios indicados como ausentes na CIENTIFICAÇÃO, foram enviados quando da resposta da Notificação Anual, estando alguns com a chancela da Inspetoria e outros sem, por não terem sido enviados à Regional à época própria, em virtude da falta de compromisso de alguns servidores do Executivo. Salienta, ainda, que os processos licitatórios foram realizados, seguindo os tramites previstos na Lei Federal nº 8.666/93, com a publicação de editais e das respectivas homologações no diário oficial, bem como inseridos os dados no SIGA. Junta documentos como sendo Docs. 02, 03, 04, 05, 06, 07, 08, 09, 10, 11, 12 e 13 para exame.

E quanto APRESENTAÇÃO DE COMPROVANTE DE DESPESA EM CÓPIA, valor R$ 54.600,00 (cinquenta e quatro mil e seiscentos reais), motivando a determinação ressarcimento, alega que a irregularidade se refere ao Processo de Pagamento nº 320, credor – Construtora SCN Ltda., Nota Fiscal nº 000349, valor bruto R$ 65.000,00 e líquido de R$ 54.600,00, não tendo sido enviado o referido comprovante quando da resposta à notificação anual por não ter sido encontrado o original do processo, informa, assim, que está anexando, nesta oportunidade, como sendo Doc. Nº 14 para verificação.

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Por fim, requer a aprovação das contas do exercício de 2012, redução da multa aplicada, supressão da determinação de ressarcimento do valor de R$

54.600,00 (cinquenta e quatro mil e seiscentos reais) e do encaminhamento dos autos ao douto Ministério Público.

VOTO

Pois bem, analisados os argumentos e documentos apresentados, no que concerne ao item 4.1. CRÉDITOS ADICIONAIS SUPLEMENTARES, verifica-se que a argumentação do Gestor não é suficiente para elidir a falha apontada.

Na realidade, parte o Gestor de um paralogismo, com base nas seguintes premissas: a) apresentação do projeto; b) ausência de votação; o que no seu entender, traria como consequência – inócua do ponto de vista jurídico – a não caracterização da figura da rejeição ou não aprovação do projeto, buscando diferenciar os efeitos da ocorrência destes episódios.

Contudo, tal silogismo não se perfectibiliza pela falta de coerência em sua conclusão.

Com efeito, o art. 167, V, da Constituição Cidadã expressamente veda “a abertura de crédito suplementar ou especial sem prévia autorização legislativa e sem indicação dos recursos correspondentes.”

A par desta circunstância, não se pode perder de mira que a doutrina mais moderna em torno do assunto, revela a preocupação com a LEGALIDADE ORÇAMENTÁRIA, estando estreitamente vinculada à TRANSPARÊNCIA e ao PLANEJAMENTO ORÇAMENTÁRIO.

Assim, a Lei Orçamentária não pode ser mera peça de ficção, devendo observar de forma estrita os interesses reais da população e refletir programas e projetos governamentais que atendam ao interesse público. Ou seja, deve ser vinculativo e verdadeiro programa de governo aprovado por lei, razão pela qual qualquer alteração sensível na destinação dos seus recursos deve contar com a aprovação do Legislativo.

Acerca do tema, encontramos na lição de Kiyoshi Harada1:

“No Estado moderno, não mais existe lugar para orçamento público que não leve em conta os interesses da sociedade. Daí por que o orçamento sempre reflete um plano de ação governamental. Daí, também, seu caráter de instrumento representativo da vontade popular, o que justifica a crescente atuação legislativa no campo orçamentário.”

1 HARADA, Kiyoshi. Direito financeiro e tributário. 18. ed.rev. ampl. São Paulo: Atlas, 2009, p. 58

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Neste sentido, temos como uma das exceções permitidas na Lei Orçamentária a de conter a autorização para abertura de créditos adicionais suplementares, ou seja, a conjugação da regra contida no art. 165, §8° da Constituição Federal2 e no art. 7º, I da Lei Federal nº 4.320/643, cabendo ao Poder Executivo, no momento de encaminhar a proposta ao Legislativo, indicar e prever – com a devida justificativa a referida permissão, observadas as exigências contidas no art. 43 da Lei citada.

Não cuidando a Lei Orçamentária do assunto ou não sendo suficiente a previsão nela contida, somente por expressa e novel autorização do Legislativo, seria possível efetivar sua alteração, mediante a abertura de créditos adicionais devidamente justificada.

Assim, na omissão do Legislativo, caberia ao Gestor judicializar a questão, buscando, através de liminar ou mesmo meritoriamente, suprir a alegada inércia da Câmara Municipal em apreciar, votar e aprovar a autorização para abertura dos créditos adicionais.

Não agindo desta forma, não há como se abrandar as consequências de sua inação, diante da clareza da redação dos arts. 42 e 43 da Lei Federal nº 4.320/64, em combinação com o art. 167, V da Constituição Federal, aplicadas de forma cogente.

Deste modo, não se demonstra a presença de engano ou omissão desta Corte, sendo de manter-se o Parecer alvejado – quanto ao ponto – por seus próprios fundamentos.

A respeito do item 5. DO ACOMPANHAMENTO DA EXECUÇÃO ORÇAMENTÁRIA, verifica-se que os documentos apensados no intuito de comprovar as contestações do primeiro ponto abordado encontram-se em cópias, sem a chancela da Inspetoria Regional e sem a maioria das publicações exigidas pela legislação, não podendo, portanto, serem acatados.

Já a Nota Fiscal encaminhada com o objetivo de sanar a irregularidade indicada no segundo ponto, pode ser aceita por encontrar-se em documento original e com o carimbo da Inspetoria Regional, e ser excluída a irregularidade do opinativo e consequentemente a determinação de ressarcimento na quantia de R$ 54.600,00.

Diante do exposto, admite-se o pedido face à legitimidade do recorrente e à tempestividade do recurso, e com supedâneo no mencionado art. 88 caput, e seu § único, da Lei Complementar nº 06/91, somos, no mérito, pelo seu provimento em parte, para suprimir a irregularidade relativa a comprovação

2Art. 165. Leis de iniciativa do Poder Executivo estabelecerão:

§ 8º - A lei orçamentária anual não conterá dispositivo estranho à previsão da receita e à fixação da despesa, não se incluindo na proibição a autorização para abertura de créditos suplementares e contratação de operações de crédito, ainda que por antecipação de receita, nos termos da lei.

3Art. 7° A Lei de Orçamento poderá conter autorização ao Executivo para:

I - Abrir créditos suplementares até determinada importância obedecidas as disposições do artigo 43

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de despesa em cópia, valor R$ 54.600,00 (cinquenta e quatro mil e seiscentos reais) e consequentemente a determinação de ressarcimento, revogando-se o Parecer Prévio deste Tribunal, que opinou pela REJEIÇÃO, porque irregulares, das Contas da Prefeitura Municipal de Muquém do São Francisco, exercício financeiro de 2012, da responsabilidade do Sr. José Nicolau Teixeira Leite, como também a Deliberação de Imputação de Débito – DID, para a emissão de um novo Parecer Prévio pela REJEIÇÃO, porque irregulares, e de uma nova DID, apenas com multa no valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais), fundamentada nos incisos II e III do art. 71 da Lei Complementar nº 06/91.

SALA DAS SESSÕES DO TRIBUNAL DE CONTAS DOS MUNICÍPIOS DO ESTADO DA BAHIA, em 08 de abril de 2014.

Cons. Fernando Vita Relator

Este documento foi assinado digitalmente conforme orienta a resolução TCM nº01300-11. Para verificar a autenticidade deste parecer, consulte o Sistema de Acompanhamento de Contas ou o site do TCM na Internet em www.tcm.ba.gov.br e acesse o formato digital assinado eletronicamente.

Referências

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