• Nenhum resultado encontrado

PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DE RONDÔNIA Vilhena Avenida Luiz Mazziero, Nº 4.432, Jardim América,

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DE RONDÔNIA Vilhena Avenida Luiz Mazziero, Nº 4.432, Jardim América,"

Copied!
6
0
0

Texto

(1)

CONCLUSÃO

Aos 08 dias do mês de Maio de 2014, faço estes autos conclusos ao Juiz de Direito Sandra Beatriz Merenda. Eu, _________ Maria José Madeira Gavazzoni - Escrivã(o) Judicial, escrevi conclusos.

Vara: 2ª Vara Cível

Processo: 0011723-34.2013.8.22.0014 Classe: Procedimento Ordinário (Cível) Requerente: Lucas Vinicius Buchelt Souza Requerido: Azul Linhas Aéreas Brasileiras S A

LUCAS VINICIUS BUCHELT SOUZA, representado por sua genitora Rosivane Buchelt, ingressou com ação de indenização por danos materiais e morais em face de AZUL – LINHAS AÉREAS BRASILEIRAS.

Alegou ter adquirido passagens aéreas para o voo AD44442 – Marília-SP/São Paulo-SP, com conexão no voo AD5154 – Campinas/SP/Cuiabá/MT, com nova conexão no voo AD5508 Cuiabá-MT/Vilhena-RO, voos estes marcados para o dia 12 de julho de 2013.

Aduziu que seu voo até Cuiabá/MT se deu sem qualquer transtorno. Afirmou que os problemas ocorreram surgiram ao chegar em Cuiabá, pois seu voo foi cancelado por problemas operacionais, sendo informado que somente teria voo para o dia 16.07.2013, às 12h10min.

Argumento que a requerida disponibilizou um micro-ônibus para o transporte do autor até Vilhena, no entanto referido veículo não possuía sequer bagageiro para colocar as bagagens de mais de 15 pessoas que aguardavam o embarque para Vilhena-RO.

Afirmou que ao verificar que não poderia realizar sua viagem via aérea, se deslocou até a rodoviária de Cuiabá e adquiriu passagem via terrestre com destino a Vilhena.

Disse que a requerida não prestou qualquer tipo de assistência. Pugnou pela condenação do requerido ao pagamento de danos materiais no valor de R$ 823,28 e danos morais no valor não inferior a R$ 7.000,00.

Foi deferido o recolhimento das custas ao final.

Devidamente citada a requerida apresentou contestação alegando a inexistência de ilícito.

Afirmou que a aeronave não decolou pois necessitou de manutenção extraordinária na bateria principal, que apresentou superaquecimento.

(2)

Alegou quanto à inexistência de danos morais.

Disse que os danos materiais requeridos pelo autor, qual seja, a restituição da integralidade do valor pago pela passagem não merece prosperar pois o trecho não cumprido foi somente de Cuiabá-MT a Vilhena-RO.

Pugnou pela improcedência do pedido inicial. RELATEI. DECIDO.

Presentes as condições da ação e os pressupostos processuais para o desenvolvimento válido e regular do processo, passo à análise dos fatos.

As alegações das partes tornam incontroverso que o autor adquiriu passagens aéreas para realizar o trajeto Marília/São Paulo – Campinas/Cuiabá - Cuiabá/Vilhena, sendo que o percurso Cuiabá/Vilhena ocorreu de forma diversa da contratada, ou seja, o voo esperado para decolar às 20:45 horas não decolou, sendo disponibilizado ao autor nova passagem aérea somente após 4 dias daquele ao qual havia se programado.

Incontroverso também, que autor utilizou-se de outro meio de transporte para chegar ao seu destino, demorando cerca de 12 horas, sendo que a viagem aérea demoraria em torno de 1 hora.

A alegação da empresa requerida de que o voo não decolou em razão de manutenção não merece prosperar, posto que referido fato somente foi alegado, sem qualquer prova neste sentido.

Cumpre ressaltar que o documento juntado às fls. 66 é unilateral, foi preenchido cinco meses após a ocorrência dos fatos e portanto inapto a demonstrar que a aeronave necessitou de reparou e por isso não decolou.

Ressalto que o descumprimento da obrigação de transporte conforme contratado, de forma satisfatória, exsurge a responsabilidade da requerida independentemente de culpa . Assim, por decorrência das regras do art. 14 do CDC o fornecedor responde pela reparação dos danos independentemente de culpa. Neste sentido é a jurisprudência deste Tribunal:

“Indenização. Danos moral e material. Transporte aéreo. Cancelamento do voo. Alegação de manutenção. Não programação da aeronave. Ausência de comprovação. Falta de assistência. É ônus da companhia aérea, a qual cancela voo sem justificar adequadamente sua razão, responder pelos danos experimentados pelos passageiros, até porque eles não decorrem do alegado motivo de força maior ou de caso fortuito, mas do despreparo logístico e da política desidiosa da empresa, bem como pela responsabilidade objetiva disciplinada pela lei consumerista. O valor indenizatório deve proporcionar à vítima satisfação na justa medida do abalo sofrido, produzindo, nos causadores do mal, impacto suficiente para dissuadi-los de igual

(3)

procedimento, forçando-os a adotar uma cautela maior diante de situações como a descrita nestes autos. ACÓRDAO Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Desembargadores da 1ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado de Rondônia, na conformidade da ata de julgamentos e das notas taquigráficas em, POR UNANIMIDADE, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO NOS TERMOS DO VOTO DO RELATOR.”0129824-08.2009.8.22.0002 Apelação. Origem: 01298240820098220002 Ariquemes/RO (4ª Vara Cível). Relator: Desembargador Moreira Chagas Revisor : Juiz Osny Claro de Oliveira Junior.

Assim, como prestadora de serviços a requerida é responsável por toda cadeia de atos praticados por si ou por terceiros que atuaram, independentemente de quantos ou quais os fornecedores.

Procede o pedido do autor quanto aos danos morais. Passo à fixação do dano moral.

O cancelamento de voo não é mero aborrecimento. Representa importante frustração, especial nas situações como a dos autos em que o autor teve de se deslocar até Vilhena de ônibus.

A Constituição Federal de 1.988 superou a antiga polêmica da possibilidade jurídica da indenização do dano moral puro.

Dentre outros, seu art. 5º, X determina, textualmente:

X - São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação;

De outro turno há muito aplicável o preceito genérico do revogado Código Civil, revigorado pelo atual diploma civil:

1.916 – Art. 159. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência, ou imprudência, violar direito, ou causar prejuízo a outrem, fica obrigado a reparar o dano.

C.C. 2.002 - Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.

A liquidação dos danos morais ainda não foi sistematizada em pormenores. Resta ao julgador a sempre tormentosa questão de valorar economicamente a reparação de um dano moral.

Os critérios são diversos. Reparação significa voltar à situação anterior a ofensa. Embora, com propriedade, isto não possa ser feito, importante é

(4)

que, ao menos, não importe a reparação em enriquecimento sem causa jurídica. Por isto também se toma o parâmetro da condição econômica da vítima. Relevante a situação financeira do requerido para que a indenização também sirva como sanção e desestímulo de condutas idênticas.

Neste julgado o TJ-RO reafirmou a aplicação destes critérios:

“(...) O arbitramento da indenização decorrente de dano moral deve ser feito caso a caso, com bom senso, moderação e razoabilidade, atentando-se à proporcionalidade com relação ao grau de culpa, extensão, repercussão dos danos e à capacidade econômica das partes” (apelação cível 02.002620-0, Relator Desembargador Renato Mimessi. J. 12/11/2.002, publicado nos julgados TJRO n.25) .

A responsabilidade civil da requerida quanto ao dano moral efetivamente experimentado pelo autor emerge de forma cristalina, uma vez que a conduta negligente da demandada foi o fator decisivo para a ocorrência do fato.

Como prestadora de serviços, a requerida não agiu com as cautelas necessárias.

No direito brasileiro, para a caracterização da responsabilidade civil, é necessária a presença concomitante de três elementos: o dano, a culpa do agente e o nexo de causalidade entre o dano e a culpa.

No caso em tela, é absolutamente indiscutível a presença dos três elementos, estando caracterizada a responsabilidade civil da requerida.

O dano experimentado pelo autor é evidente, pois teve que se deslocar de ônibus até a cidade de Vilhena, o que de certa forma acabou por gerar desequilíbrio emocional, posto que a requerida somente disponibilizou voos para Vilhena quatro dias após o ocorrido.

Insta salientar que o dano moral não tem como ser provado, sendo simplesmente presumido, decorrendo dos fatos em si.

Ademais, o Colendo Superior Tribunal de Justiça, em reiterados julgados, já pacificou o entendimento de que o dano moral independe de prova, havendo necessidade apenas de se demonstra o fato que o gerou. Neste sentido: Resp. 233076/RJ, relator - Ministro Sálvio de Figueiredo Teixeira, julgado em 16.11.1999 e publicado no DJU em 28.02.2000, p. 089.

O nexo de causalidade entre a lesão sofrida pelo autor e a culpa da requerida é, igualmente, inquestionável, pois não fosse à conduta negligente dela a autora não teria sofrido o dano moral.

(5)

requerido pelo dano moral experimentado pelo autor (art. 186, do CC).

Da conjugação destes fatores, quais sejam, a natureza dos atos ilícitos, os danos sofridos, o abalo moral e a capacidade econômica das partes, fixo a indenização no valor atual de R$ 7.000,00 (sete mil reais).

DOS DANOS MATERIAIS

No que tange ao pedido de danos materiais, tenho que o autor comprovou os gastos advindos com passagem terrestre no valor de R$ 77,17 e táxi até a Rodoviária de Cuiabá no valor de R$ 35,00.

Quanto ao pedido de reembolso dos valores pagos relativamente à passagem aérea adquirida, entendo que somente poderá ser ressarcido à autora os valores referentes ao trecho Cuiabá/Vilhena e não todo o trecho pelo qual pagou.

Assim, face à ausência de comprovação dos valores da passagem aérea do trecho Cuiabá/Vilhena na época dos fatos, bem como considerando os valores disponibilizados pelo “site” da empresa aérea, entendo que o valor a ser ressarcido ao autor é de R$ 350,00.

Diante do exposto, nos termos do artigo 269, I do CPC JULGO PROCEDENTE o pedido inicial formulado por Lucas Vinicius Buchelt Souza.

CONDENO a requerida ao pagamento ao autor do valor de R$ 7.000,00 (sete mil reais) a título de indenização por danos morais, acrescido de juros de 1% ao mês e correção monetária, a partir do evento danoso, ou seja, dia 12.07.2013.

CONDENO a requerida ao pagamento dos danos materiais no importe de R$ 350,00 (trezentos e cinquenta), devidamente corrigido a partir do evento danoso.

CONDENO a requerida ao pagamento de custas processuais em 15 dias após o trânsito em julgado da sentença, sob pena de inscrição automática em dívida ativa fiscal estadual. Em caso de inércia, proceda-se à inscrição.

CONDENO a requerida ao pagamento de honorários advocatícios sucumbenciais que fixo em 10% sobre o valor da condenação.

Após as formalidades legais, bem como o trânsito em julgado desta decisão, arquivem-se os autos, não havendo outros requerimentos por parte da autora.

(6)

Vilhena-RO, quinta-feira, 15 de maio de 2014.

Sandra Beatriz Merenda Juiz de Direito

RECEBIMENTO

Aos 15 dias do mês de Maio de 2014. Eu, _________ Maria José Madeira Gavazzoni - Escrivã(o) Judicial, recebi estes autos.

REGISTRO NO LIVRO DIGITAL

Certifico e dou fé que a sentença retro, mediante lançamento automático, foi registrada no livro eletrônico sob o número 469/2014.

Referências

Documentos relacionados

Eduardo Custódio Diniz, porém este não detém a qualificação técnica necessária para realizar a perícia neste tipo de demanda, além do fato de ter atuado como advogado em ações

Ao participar da 8ª CORRIDA INTERNACIONAL CIDADE DE GUARULHOS, o participante assume a responsabilidade pelo fornecimento dos seus dados e aceita totalmente o Regulamento da

• Identificamos e avaliamos os riscos de distorção relevante nas demonstrações contábeis, independentemente se causada por fraude ou erro, planejamos e executamos

Para fins de execução do quadro hipotético, contabilizou-se a substituição de todos os hectares plantados na bacia para o cultivo de manga, cultura tida como representativa (em

Ressalta o entendimento do Superior Tribunal de Justiça no sentido de ser dispensável a demonstração, na petição inicial da ação monitória fundada em cheque prescrito, da

CARÁTER INFRINGENTE. RECEBIMENTO COMO AGRAVO REGIMENTAL... VIOLAÇÃO DO PRINCÍPIO DO JUIZ NATURAL. Embora esteja o autor da ação monitória dispensado de comprovar o fato que deu

As potencialidades do GPS em levantamentos geof´ısicos terres- tres foram avaliadas a partir de um perfil contendo 38 RNs da RAFB. As coordenadas geod´esicas dessas RNs foram

Apesar de, como já anteriormente mencionamos, faltar-lhe o posicionamento definitivo, a cobertura do correspondente continua a manter maior proximi- dade com os sujeitos e, por