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FORMAÇÃO DE PROFESSORES: entre saberes e práticas

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Academic year: 2022

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Ileana Cristina Pavelski da Costa*

Joana Paulin Romanowski**

Tânia Aparecida Soares***

Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) Mestrado em Educação (PUCPR)

RESUMO: O texto é resultado de análise de referenciais que discutem a questão da relação entre os saberes da formação inicial de professores e sua prática docente. Esta relação dos professores com os saberes que aprendem e que ensinam, constituinte essencial da atividade docente – busca dar conta da complexidade e especificidade do saber constituído no exercício da atividade docente e da profissão – e fundamental para a configuração da identidade profissional, tem merecido pouca atenção dos pesquisadores em educação. O objetivo deste trabalho é discutir as possibilidades resultantes da articulação entre “saber docente” e “conhecimento escolar”, ou seja, qual a relação dos professores com os saberes que ensinam com os saberes que aprendem, especificamente, pretende indicar categorias de análise para a investigação desta relação. Para esta categorização assume, como procedimento metodológico, a investigação nos referenciais desta área. Entende que a especificidade da ação educativa contribui para o desenvolvimento de uma epistemologia da prática docente, que é distinta da que fundamenta o conhecimento científico, mas interage com as áreas do conhecimento científico, do qual emerge o conhecimento escolar; interage com a cultura e com as experiências que não são para e sim da prática cotidiana do professor em confronto com as condições da profissão e da escola. Portanto, a indicação de categorias de análise dos saberes docentes se insere na possibilidade de enfrentar, efetivamente, os desafios apresentados neste campo investigativo. O esforço é a busca da constituição de um instrumental teórico apropriado para análise da articulação das categorias para os que estudam a questão do saber docente e do saber escolar.

PALAVRAS – CHAVE: saber docente, conhecimento escolar,

saberes e práticas, formação de professores.

____________________

* Mestranda em Educação – Formação de Professores pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR).

** Professora do Mestrado em Educação da PUCPR.

*** Mestranda em Educação – Formação de Professores pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR).

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INTRODUÇÃO

A relação dos professores com os saberes que ensinam, constituinte essencial da atividade docente e fundamental para a configuração da identidade profissional, tem merecido pouca atenção de pesquisadores em educação voltados para outros aspectos igualmente importantes da atividade educativa, tais como as questões relacionadas à aprendizagem, aos aspectos culturais, sociais e políticos envolvidos1.

A categoria “saber docente”, permite focalizar as relações dos professores com os saberes que dominam para poder ensinar e aqueles que ensinam, sob uma nova ótica, ou seja, mediadas por saberes práticos, que passam a ser considerados fundamentais para a configuração da identidade e competência profissionais.

Os trabalhos de Tardif, Lessard e Lahaye (1991); Perrenoud (1993, 1999); Tardif (1999); Schön (1995); Schulman (1986) representam um avanço significativo para a compreensão da especificidade da ação docente. Estes educadores direcionam o foco de suas pesquisas à análise da relação dos professores com os saberes que ensinam e a uma pedagogia que valoriza a ação docente de ensino do professor.

Por outro lado, pesquisadores como Develay (1995); Forquin (1992, 1993), preocupados com a especificidade da experiência educativa escolar têm trabalhado com a categoria “conhecimento escolar”, referida como aquela que designa um conhecimento com configurações cognitivas própria, relacionadas, mas diferente do saber científico de referência. O conhecimento escolar é resultante das necessidades e injunções do processo educativo, envolvendo questões relativas à transposição didática, ao conhecimento de referência e cotidiano, bem como à dimensão histórica e sociocultural numa perspectiva pluralista. Esta abordagem tem como foco principal o conhecimento escolar em si mesmo e não o conhecimento mobilizado pelo professor.

Nesse trabalho o objetivo é discutir as possibilidades teóricas provenientes da articulação das categorias de análise “saber docente” e

“conhecimento escolar”.

Para tanto na primeira parte, realiza-se uma análise das contribuições de autores que operam com a categoria de “saber escolar”. Na segunda parte, analisam-se proposições de autores que operam com a categoria de “saber

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docente”. Na terceira e última parte, apresenta-se uma discussão das possibilidades de articulação dessas propostas – entre saberes e práticas - indicando algumas questões que revelam riscos e desafios a serem considerados com cautela durante a efetivação de uma pesquisa pautada por essas premissas, bem como alternativas promissoras suscitadas.

Portanto, a ênfase da análise é apontar a articulação das categorias para os que estudam a questão do saber docente e do saber escolar.

O SABER ESCOLAR

A década de 80 foi palco de pesquisas que se desdobraram em três vertentes principais. A primeira das vertentes foi o currículo real, que é efetivamente ensinado nas salas de aula por oposição ao currículo formal ou currículo oficial como aparece nos programas nos cursos. A segunda vertente, desenvolvida principalmente nos Estados Unidos e Grã-Bretanha, voltou-se para o estudo do currículo oculto. E a terceira vertente voltou-se para a investigação sobre o processo do conhecimento escolar, o que implicou a adoção de uma perspectiva histórica e deu origem a um novo campo de estudos no âmbito da História da Educação.

No âmbito dos estudos dos processos de constituição do conhecimento escolar, uma outra vertente reúne autores como Forquin (1993), que têm pesquisado os chamados processos de transposição didática2, ou seja, a passagem do saber sábio, de referência ou científico, ao saber ensinado, considerando que há uma especificidade em sua constituição que o distingue do saber de referência. Nessa perspectiva, o saber ensinado, ou seja, o conhecimento escolar tem sua origem no conhecimento cultural e no conhecimento científico.

O conhecimento escolar tem origem no conhecimento científico e nos saberes culturais disponíveis. No entanto, igualmente, é um conhecimento com lógica própria, que faz parte de um sistema didático e que tem relação com o saber de referência.

Embora não seja objeto principal de suas preocupações, voltada para a ação dos professores, Schön (1995, p.81) faz referência ao saber escolar que, em sua concepção é um tipo de “conhecimento que os professores são

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supostos possuir e transmitir aos alunos. É uma visão dos saberes como fatos e teorias aceitas, como preposições estabelecidas na seqüência de pesquisas”.

Para Schön (1995) o saber escolar é o conjunto de “representações formais”3. O saber escolar surge de preocupações com o saber do professor e não com o saber escolar propriamente dito.

A visão do saber escolar – como certo privilegiado – é apresentada como um fato que pode ser transformado se for possível mudar a maneira como os professores se relacionam com seus alunos e sua profissão se os professores se tornarem profissionais reflexivos capazes de modificar a burocracia da escola, buscando viabilizar um ensino comprometido com a contextualização dos saberes e relacionada com a vida cotidiana dos alunos.

Para Schön (1995) o saber escolar constitui um conhecimento poderoso para mudar a própria prática docente.

Já a proposta de Develay (1995, p.12) deixa claro que a essência da nova profissionalidade dos professores é o domínio dos saberes que ensinam.

Este domínio é de natureza epistemológica, reflexiva, ou seja, correspondem a um olhar crítico sobre os princípios, métodos e conclusões de uma ciência. “O olhar epistemológico é reflexivo, possibilitando que nos debrucemos sobre o saber produzido, gerando um saber de alto nível que o profissional deve oferecer através de muitos conteúdos que ensina”.

A nova epistemologia da prática conduz necessariamente a uma reconsideração radical da função do professor como profissional e, em conseqüência, a uma mudança profunda tanto da conceptualização teórica da sua formação como do processo do seu desenvolvimento prático.

É necessário que o professor perceba a necessidade de considerar os saberes da prática social, além do saber sábio, possibilitando à transposição didática, e a necessidade de se levar em conta à dimensão educativa ou a razão pedagógica.

Como se pode perceber, a questão da constituição do conhecimento escolar é bastante complexa, envolvendo diversos aspectos relacionados com a dinâmica sociocultural interna e externa da escola.

Essa questão, que se coloca na interseção entre a cultura escolar e a didática, abre perspectivas possibilitando novas e inovadoras abordagens para a pesquisa em relação aos fenômenos característicos da educação escolar.

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O SABER DOCENTE

No século XX a crítica à racionalidade técnica, que orientou e serviu de referência para a educação e socialização dos profissionais em geral e dos professores, gerou uma série de estudos e pesquisas que têm procurado superar a relação linear e mecânica entre o conhecimento técnico-científico e a prática na sala de aula.

Contrapondo a racionalidade técnica às pesquisas começaram a revelar que o professor intervém num meio ecológico complexo, num cenário psicologicamente vivo e mutável, definido pela interação simultânea de vários fatores e condições. Nesse ecossistema,

o professor enfrenta problemas de natureza prioritariamente prática, que, quer se refiram a situações individuais de aprendizagem ou formas de comportamentos de grupos, requerem um tratamento singular, na medida em que se encontram fortemente determinados pelas características situacionais do contexto e pela própria história da turma enquanto grupo social (GÓMEZ, 1995, p.102).

Uma das origens encontradas no campo educacional é o despreparo dos professores, e que se volta para a questão da profissionalização, buscando compreender sua especificidade e constituição através dos processos de sociabilização, identificando nos saberes os aspectos que podem melhor definir e fortalecer a identidade e a autonomia profissional.

O saber docente busca dar conta da complexidade e especificidade do saber constituído no exercício da atividade docente e da profissão.

Para Tardif, Lessard e Lahay (1991, p.220) o saber docente é plural, estratégico constituindo-se em um amálgama de saberes oriundos da formação profissional, dos saberes das disciplinas, dos currículos e da experiência. “São saberes que brotam da experiência e são por ela validados. Incorporam-se à vivência individual e coletiva sob a forma de habitatus e de habilidades de saber fazer e saber ser”.

Os saberes disciplinares são difundidos e selecionados pela instituição universitária, correspondendo aos vários campos de conhecimento. Os saberes curriculares são apresentados pela instituição escolar como aqueles a serem ensinados, resultado de um processo de seleção cultural e didática. Os saberes das experiências são constituídos no exercício da prática cotidiana da profissão, fundados no trabalho e no conhecimento do meio.

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Esses saberes não provêm das instituições de formação ou dos currículos, não se encontram sistematizados no quadro de doutrinas ou teorias, eles são saberes práticos, se aplicam à prática para melhor conhecê-la, são partes constituintes dela enquanto prática docente. Tardif, Lessard e Lahay (1991, p.232), buscam superar o modelo da racionalidade técnica chamando a atenção para a existência dos saberes da experiência, que não são para e sim da prática, que têm origens na prática cotidiana do professor em confronto com as condições da profissão. “Os saberes da experiência não são saberes como os demais, eles são ao contrário formados de todos os demais, porém, submetidos às certezas construídas na prática e no vivido”.

Tardif (1999, p.15) aprofunda a análise das características do saber docente, apresentando uma proposta para o estudo da epistemologia da prática profissional onde são considerados “os saberes utilizados realmente pelos profissionais em seu espaço de trabalho cotidiano para desempenhar todas as suas tarefas”, avançando na valorização do saber da experiência.

Segundo o autor, os saberes profissionais são saberes universitários; carregam consigo as marcas do seu objeto que é o ser humano (os alunos, por isso, são temporais, heterogêneos e personalizados).

Neste sentido, a prática profissional não é um local de aplicação dos saberes universitários, mas, sim, de “filtração”, onde eles são transformados em função das exigências do trabalho.

Esse trabalho reforça a necessidade de revisão dos processos de formação de professores, ao destacar as diferenças entre os contextos universitários, voltados para a pesquisa acadêmica, e aquele que deve servir para a formação profissional de constituição epistemológica com características diferentes.

Schön (1995) apresenta uma contribuição para o estudo do saber dos professores. Segundo ele, os professores criam conhecimentos específicos e ligados à ação, que só pode ser adquirido através do contato com a prática.

Este conhecimento é pessoal, espontâneo, intuitivo, experimental, leva a pessoa a agir sem saber como age em concepção oposta à da racionalidade técnica.

Coerentemente em sua proposta voltada para a ação, ele criou uma categoria de professor reflexivo e o conceito de reflexão na ação onde o

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professor analisa e interpreta a sua própria realidade no ato, e o de reflexão sobre a ação, que implica o olhar retrospectivo e a reflexão sobre o que foi realizado. Sacristán, citado por Neto-Mendes (2001, p.118), diz que “é preciso encontrar sentido para as ações e para as práticas, tratando de dar significado ao que já foi, atualizando idéias prévias, selecionando o que vale a pena conservar e inventando mudanças no que seja conveniente melhorar”.

Mas, para se providenciar esta mudança, é preciso conhecer como os profissionais se formam e atuam. Nesta etapa, a matriz reflexiva dos processos de formação de Schön tem muito a contribuir, pois apresenta o caráter dinâmico, instável, incerto, ambíguo e imprevisível dos contextos de ação em que a homogeneização e as estratégias normativas de ação e intervenção educativa cedem lugar à necessidade e atitude reflexiva em que a capacidade de dialogar com as situações e de diagnosticá-las sustentam ações construtivas no processo.

Donald Schön realizou análises importantes sobre como a formação dos profissionais deve estar imbuída da reflexão por meio do movimento reflexivo destes professores, do conhecimento na ação, reflexão na ação e reflexão sobre a ação.

Nesse sentido,

parte-se da análise das práticas dos professores quando enfrentam problemas complexos da vida escolar, para a compreensão do modo como utilizam o conhecimento científico, como resolvem situações incertas e desconhecidas, como elaboram e modificam rotinas, como experimentam hipóteses de trabalho, como utilizam técnicas e instrumentos conhecidos e como recriam estratégias e inventam procedimentos e recursos (GÓMEZ, 1995, p.102).

Perrenoud (1999) em seu trabalho sobre a profissão docente, alerta para os limites e riscos de se analisar os recursos cognitivos do desenvolvimento da ação de uma pessoa em relação aos saberes e os recursos cognitivos do desenvolvimento da ação de uma pessoa em relação aos saberes e os conhecimentos, pois esta relação é intercambial. Acrescenta ser necessário enfrentar o problema das competências que englobam os saberes – mas não se reduzem a eles.

Competências são capacidades de ação, que mobilizam saberes para a ação, que estabelecem relações com os saberes teóricos que não são de relevância ou de dependência, mas ao contrário são críticos, pragmáticos até mesmo oportunistas (PERRENOUD, 1999, p.135).

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Ao propor a utilização do conceito de competência, Perrenoud (1993) apresenta uma proposta para se pensar o conhecimento tácito da prática do professor. Discute a relação entre saberes sábios e científicos, saberes científicos e saberes da experiência (mostrando que eles não são opostos, mas que o saber científico pesquisa e busca objetos na experiência). Enriquece o potencial da análise, prioriza o conceito do saber da experiência ou da prática no trabalho do professor.

De acordo com Perrenoud (1993), investigar e desenvolver competências do professor não invalida ou nega o papel dos saberes. Pelo contrário, é necessária a aquisição de conhecimentos para serem mobilizados nas competências. O domínio dos saberes não garante a competência. Cabe ao trabalho de pesquisa buscar melhor compreender como esse processo se realiza.

Tardif (1999, pp.04-05) entende que competências são modalidades práticas de utilização de conhecimentos aplicados em situações apropriadas, através de comportamentos e de atitudes típicas em relação às finalidades da tarefa. “Ser competente é ser capaz de utilizar e de aplicar procedimentos práticos apropriados em uma situação de trabalho concreta”.

A partir destas considerações, pode-se dizer que o saber-ensinar, ou seja, o saber-fazer específico do trabalho docente, não pode ser definido abstratamente, mas unicamente em função da tarefa a realizar, articulada às suas respectivas finalidades.

Assim torna-se importante refletir sobre a formação docente e suas implicações à prática pedagógica, principalmente durante os processos formativos formais. Por meio do referencial reflexivo, descortinam-se os processos formativos e os contextos da ação docente, mostrando qual o perfil docente que habita nas escolas, nas salas de aula, possibilitando a compreensão as práticas e seus mecanismos de existência.

Dessa forma, ao se tratar a formação docente e suas implicações à prática pedagógica, considera-se a trajetória percorrida e o contexto social em que vivem ambos – educador e educando – bem como suas necessidades e prioridades intelectuais diante da tentativa de ações que levem à transformação social.

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ENTRE SABERES E PRÁTICAS

As pesquisas que se concentram nas questões relacionadas à aprendizagem oferecem contribuições relevantes para a compreensão dos processos educativos.

No entanto, a investigação da epistemologia do conhecimento escolar e da prática do professor, proposta por Tardif (1999) é estratégica e fundamental para a compreensão dos processos em jogo.

A contribuição dos autores que trabalham as questões relacionadas ao

“saber ensinado” de forma a articular a categoria de conhecimento escolar, investigando o processo de transição ou mediação didática e não apenas com uma simplificação do saber científico, e as contribuições de autores que trabalham o “saber docente”, reúnem neste trabalho o reconhecimento do conceito do conhecimento escolar, apresentada como uma proposta polêmica e ousada, mas promissora para o avanço dos processos educativos 4.

Os autores aqui apresentados que investigam os saberes dos professores, está mais preocupados com a questão da prática, do saber na ação, reconhecem a especificidade do conhecimento escolar, mesmo que não abordem diretamente a questão da sua relação com o conhecimento científico.

Por esse motivo os autores Tardif, Lessard e Lahaye (1991) se concentram mais no comentário sobre a experiência, identificando suas características, relacionadas aos sujeitos em ação, sem mencionar aspectos relacionados aos saberes ensinados.

Reconhecemos, também, que embora, realizando abordagens teóricas distintas, há pontos de aproximação quando, Tardif, Lessad e Lahaye (1991) trabalham o conceito do “saber da experiência”, Perrenoud (1996) comenta a mobilização dos saberes através das competências, Develay (1995) utiliza o domínio dos saberes que ensinam como a essência da nova profissionalidade dos professores, para se referir ao paradigma que torna o conhecimento a ser ensinado coerente.

As articulações das duas vertentes “saber docente” e “conhecimento escolar” podem auxiliar nos aspectos ainda pouco conhecidos da epistemologia da prática relativa à mobilização dos saberes e competências que são ensinadas e desenvolvidas nas escolas.

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Notas

1. Muitas tentativas de reforma educacional fracassaram devido a um desconhecimento de características próprias da atividade docente, consideradas por técnicos e teóricos como defeituosas e equivocadas e, portanto, necessariamente superadas. Deixavam, assim, de ser utilizados para lidar com os constrangimentos e imperativos didáticos da cultura escolar que, de alguma forma, oferecem aos professores alternativas preciosas para lidar com situações imprevistas que fazem parte do cotidiano escolar e que precisam ser controladas para a realização das tarefas propostas.

2. Segundo Forquin (1993), a noção de transposição didática é o processo de reestruturação e reorganização dos conhecimentos selecionados pela escola.

3. Para Schön (1995, p.85), “as representações figurativas implicam agrupamentos situacionais, contextualizados: as relações que se estabelecem na maior proximidade possível das experiências cotidianas. As formais implicam referências, fixam tais como linhas, escalas, mapas com coordenadas: o saber escolar.”

4. Ao invés de se impor modelo pronto, acabado, faz-se necessária uma postura científica que se instrumentalize para investigar o fenômeno educativo em sua especificidade.

REFERÊNCIAS

DEVELAY, M. Savoirs scolaires et didactique des disciplines: Une encyclopédie pou aujourd’hui. Paris: ESF Editor, 1995.

FORQUIN, Jean-Claude. Saberes Escolares, imperativos didáticos e dinâmicos sociais. Teoria e Educação. nº 5, Porto Alegre: Pannônica, 1992.

_______. Escola e cultura. As bases sociais e epistemológicas do conhecimento escolar. Porto Alegre: Artes Médicas, 1993.

GÓMEZ, A. P. O pensamento prático do professor. A formação do professor como profissional reflexivo. In: NÓVOA, A. (org.). Os professores e sua formação.

Lisboa: Dom Quixote, 1995.

NETO-MENDES, António A. O professor do ensino secundário: da organização escolar às culturas docentes. In: TAVARES, José; BRZEZINSKI, Iria (org.).

Conhecimento profissional de professores: a práxis educacional como paradigma de construção. Fortaleza: Demócrito Rocha, 2001.

PERRENOUD, P. Dez novas competências para ensinar. Porto Alegre: Artes Médicas, 1999.

_______. Práticas pedagógicas, profissão docente e formação. Perspectivas sociológicas. Lisboa: Dom Quixote, 1993.

SCHÖN, D. Formar professores como profissionais reflexivos. In: NÓVOA, A.

(org.). Os professores e sua formação. Lisboa: Dom Quixote, 1995.

SCHULMAN, L. Those who understand: Knowledge growth in teaching.

Educational Researcher, 1986.

TARDIF, M.; LESSARD, C.; LAHAYE, L. Os professores face ao saber. Esboço de uma problemática do saber docente. Teoria e educação nº4, Porto Alegre:

Pannônica, 1991.

TARDIF, M. “Saberes profissionais dos professores e conhecimentos universitários. Elementos para uma epistemologia da prática profissional dos professores e suas conseqüências em relação à formação para o magistério”. Rio de Janeiro, PUC-Rio, 1999 (mimeo).

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