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SUPREMO TRIBUNAL DE JUSTIÇA

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SUPREMO TRIBUNAL DE JUSTIÇA

Comunicação – V colóquio sobre Direito do Trabalho

Temas de jurisprudência laboral em discurso directo.

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O DL nº 303/2007 de 24 de Agosto introduziu significativas alterações ao regime dos recursos em processo civil, das quais podemos destacar as seguintes:

Eliminação do agravo, optando o legislador por um regime recursório monista – apelação para a Relação e revista para o Supremo;

Consagração da “dupla conforme”, regime que obsta à admissão da revista enquanto recurso normal, se o acórdão da Relação confirmar, sem voto de vencido, e ainda que com fundamento diverso, a decisão da 1ª instância, conforme resulta do artigo 721º, nº 3 do CPC na redacção que lhe foi conferida pelo referido diploma.

Concentração num único momento dos actos processuais da interposição do recurso e da apresentação das alegações, pois agora o requerimento de interposição vem acompanhado das alegações – artigo 684-B, nºs 1 e 2.

Em matéria de aplicação no tempo, excluídas as situações contempladas no nº 2 do artigo 11º do referido diploma, estas alterações não se aplicam aos processos pendentes, conforme determina o artigo 11º/1.

E assim sendo, só são aplicáveis aos processos entrados a partir de 1 de Janeiro de 2008.

Esta opção do legislador de manter o anterior regime recursório para os processos pendentes em 1 de Janeiro de 2008, pode criar algumas dificuldades de aplicação, com as quais já nos temos confrontado.

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Assim e quanto à acção executiva laboral, entendia a Secção Social deste Supremo Tribunal que, tratando-se duma execução dependente da acção declarativa, que a ela era apensada, correndo com o mesmo número de distribuição, nesta situação é coerente que a acção declarativa e a executiva movida por apenso constituam uma unidade para efeitos da aplicação da mesma lei processual.

Assim se decidiu no acórdão de 22/09/2011 proferido no recurso nº 6579/07.2TTMAI-D.P1.S1, e disponível em www.dgsi.pt, vindo a concluir-se que a lei processual aplicável será a mesma que for aplicável à acção declarativa, doutrina que foi seguida também noutros arestos proferidos sobre a mesma questão.

Argumentou para tanto o referido acórdão que “a presente execução (e respectiva oposição) não tem a natureza de um processo independente da acção declarativa, motivo por que corre por apenso, mantendo o mesmo número da acção declarativa e não tendo sido distribuída em qualquer uma das espécies previstas no artigo 21.º do Código do Processo de Trabalho. Aliás a lei não prevê ou admite qualquer espécie de acção, ou processo, para as execuções de sentença, porque se consideram complementares das respectivas acções declarativas. E, como é sabido, os processos individualizam-se pela sua distribuição numa determinada espécie”.

No entanto, tendo havido recurso deste acórdão para o Tribunal Constitucional, veio este a proferir o acórdão 213/2012, de 24 de Abril, a considerar inconstitucional, por violação do princípio da segurança e da protecção da confiança, a norma do nº 1 do artigo 11º do DL nº 303/2007 de 24 de Agosto quando interpretada no sentido de que às acções executivas intentadas após o início da vigência deste diploma e que tenham que correr por apenso à acção declarativa não se aplica o novo regime recursório instituído por este.

Por isso, e em consonância com o teor do acórdão, vamos reconsiderar a posição que a Secção Social tinha sobre a questão, devendo passar a aplicar-se às acções executivas o regime recursório vigente na data da sua instauração.

As dificuldades podem também surgir quanto aos apensos de processos pendentes, nomeadamente os que surgem na acção executiva, tais como a oposição à execução,

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reclamação de créditos, separação de meações, embargos de terceiro e procedimentos cautelares incidentalmente requeridos em processos pendentes.

Considerando que se trata de fases incidentais ou de procedimentos de uma instância já iniciada, os recursos continuarão a seguir o regime do processo anterior”1.

Também nos incidentes típicos dos processos de acidentes de trabalho, tais como a revisão de incapacidade e a remição de pensões, e considerando que se trata de fases incidentais de uma instância já iniciada, os recursos continuarão a seguir o regime do processo onde forem suscitados. E também o apenso para fixação de incapacidade para o trabalho ao abrigo do artigo 118º do CPT, seguirá o regime recursório do processo principal, dado que se trata duma fase processual do mesmo.

Igualmente no incidente de caducidade previsto no artigo 152º do CPT e na medida em que a própria lei o qualifica como um incidente, parece ser de aplicar o regime recursório do processo a que respeita, apesar de correr por apenso ao mesmo (artigo 153º),

E quanto às acções respeitantes aos artigos 151º e 154º do CPT?

Embora se trate de acções que correm por apenso, conforme resulta dos artigos 153º e 154º/1, constituem acções autónomas em relação ao processo principal.

Parece por isso sustentável que tenham o regime recursório vigente na data em que forem intentadas.

Outra alteração importante introduzida pelo DL nº 303/2007 prende-se com a nova redacção dada ao artigo 315º do CPC.

Efectivamente, actualmente e por força do aludido preceito, compete sempre ao juiz fixar o valor da causa, devendo fazê-lo no despacho saneador, ou na sentença final quando o processo não comportar aquele despacho (nº2).

E se for interposto recurso antes da fixação do valor da causa, deve o juiz fixá-lo no despacho que o admita (nº 3).

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A omissão de fixação do valor da causa é susceptível de gerar perturbações no processamento dos recursos, nomeadamente na admissão da revista.

Na verdade, temos visto situações em que o relator do recurso na Relação supre aquela omissão fixando ele próprio o valor da causa o que pode originar uma reclamação para a conferência da parte que se não conformar, ficando ainda com a possibilidade de recorrer do acórdão que sobre ela recair.

Também já nos temos confrontado com esta omissão nas reclamações do artigo 688º do CPC.

Em qualquer das situações ocorrem atrasos e delongas no processamento do recurso, o que teria sido evitado se fosse oportunamente cumprido o referido preceito.

2----

Em matéria de acções de acidentes de trabalho, uma das questões mais suscitadas nos recursos prende-se com a violação das regras de segurança, quer pelo trabalhador quer pela entidade patronal.

Efectivamente, a primeira das situações poderá ser geradora duma descaracterização do acidente, nos termos do nº 1, alínea a) do artigo 14º da actual LAT (Lei nº 98/2009 de 4/9; e na segunda situação poderá ocorrer um agravamento da responsabilidade, nos termos do artigo 18º da mesma LAT.

Diga-se no entanto, que as LATs anteriores estabeleciam que a responsabilidade da seguradora pela reparação normal do acidente nas situações de actuação culposa do empregador era meramente subsidiária, conforme fluía da Base XLIII, nº 4 da Lei 2127 e do artigo 37º da Lei 100/97 de 13/9.

Rompendo porém com esta orientação, a LAT actual estabelece no nº 3 do artigo 79º que a seguradora satisfará o pagamento das prestações que seriam devidas se não houvesse actuação culposa do empregador, ficando com direito de regresso, sendo o empregador responsável pelo restante que resultar do agravamento.

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Desconhecemos se face a tal normativo terão diminuído os casos em que é a seguradora a invocar violação culposa de regras de segurança pelo empregador, pois terá sempre que ser responsabilizada pelo pagamento da pensão normal.

De qualquer maneira, não basta a mera prova da existência de comportamento culposo do empregador na violação das regras de segurança.

E também no que respeita à descaracterização do acidente, não basta a prova de comportamentos do trabalhador susceptíveis de a provocar.

Efectivamente, é pacífico na Jurisprudência deste Supremo que, no que diz respeito às regras de segurança, a responsabilização do empregador pressupõe, para além da violação pelo mesmo de tais regras, a existência de nexo causal entre essa violação e o acidente, conforme se colhe dos acórdãos deste Supremo Tribunal de 03.02.2010, CJS, tomo 1, página 237 e seguintes e de 8/5/2012, processo nº 908/08.5TTBRG.P1.S1, disponível em www.stj.pt (base de dados).

Por outro lado, e a propósito dos pressupostos para o agravamento da responsabilidade, diz-se no Acórdão do STJ de 22.9.2010, proferido no processo 190/04.3TTLVCT.P1.S1, in www.dgsi.pt, que a responsabilidade, principal e agravada, do empregador pode ter dois fundamentos autónomos: um comportamento culposo da sua parte ou a violação, pelo mesmo empregador, de preceitos legais ou regulamentares ou de directrizes sobre higiene e segurança no trabalho, exigindo-se a par, respectivamente, do comportamento culposo ou da violação normativa, a necessária prova do nexo causal entre o acto ou a omissão e o acidente que veio a ocorrer.

No mesmo sentido, veja-se o Acórdão do STJ proferido em 25-11-2010 no processo 55/07.7TTLMG.P1.S1, in dgsi.pt; de 09.09.2009 – processo 09S0619 em www.dgsi.pt, onde se refere que o estabelecimento do nexo de causalidade, juridicamente relevante para efeito de imputação de responsabilidade, pressupõe que o facto ilícito (acto ou omissão) praticado pelo agente tenha actuado como condição da verificação de certo dano, ou seja, que não foi de todo indiferente para a produção do dano, apresentando-

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É portanto jurisprudência firme deste Supremo Tribunal, que para além da conduta culposa do empregador ou violadora das regras de segurança legalmente estabelecidas, tem de existir um nexo de causal a existência de nexo causal entre essa conduta culposa ou essa violação e o acidente, cujo ónus recairá sobre quem dela tirar proveito, sejam os beneficiários do direito reparatório, sejam as instituições seguradoras que pretendem ver desonerada a sua responsabilidade.

2.1---

Outra questão muito debatida, diz respeito às situações de acidentes de trabalho de trabalhadores com contrato de trabalho temporário, quando há violação das regras de segurança pelo utilizador.

Na verdade, discute-se se a satisfação dos direitos do sinistrado se defere à empresa de trabalho temporário que contrata o trabalhador, sendo por isso titular da posição jurídica de empregador, e a quem compete pagar a retribuição, encargos sociais e contratação dum contrato de seguro do ramo de acidentes de trabalho, ou se pertence ao utilizador, que por delegação da empresa de trabalho temporário, dirige e organiza o trabalho.

O regime jurídico do trabalho temporário foi inicialmente instituído pelo DL 358/89 de 17 de Outubro, diploma que foi, entretanto, revogado pela Lei n.º 19/2007, de 22 de Maio.

Actualmente, consta dos artigos 172.º a 192º do Código do Trabalho, aprovado pela Lei n.º 7/2009, de 12 de Fevereiro, e caracteriza-se por operar uma verdadeira cisão da posição patronal, cujos poderes se repartem entre a empresa utilizadora a empresa de trabalho temporário, havendo assim uma partilha do estatuto de empregador pela ETT e pelo utilizador, sendo atribuídas à ETT a quase totalidade das obrigações e ao utilizador a quase totalidade das respectivas prorrogativas, conforme acentua Bernardo Lobo Xavier2.

Face à “partilha” do estatuto de empregador entre a empresa de trabalho temporário e a empresa utilizadora, a questão de saber quem responde pela reparação do acidente de trabalho sofrido pelo trabalhador em caso de violação das regras de segurança por parte do utilizador não tem obtido uma resposta uniforme na jurisprudência.

2Bernardo Lobo Xavier, apoiando-se em Regina Redinha (Manual de Direito do Trabalho, Verbo, 2011, pág. 389).

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Assim, num primeiro momento, no acórdão do Supremo Tribunal de Justiça de 6 de Novembro de 2002 (Proc. n.º 877/02 – 4.ª Secção), concluiu-se que a empresa utilizadora respondia, em via principal, pelas pensões e indemnizações, argumentando-se para tanto que, constituindo o contrato de trabalho temporário uma relação triangular, em que a posição contratual de empregador é desdobrada entre a empresa de trabalho temporário e o utilizador, nada obstava a que fosse responsabilizada a empresa utilizadora no caso de violação por esta das regras de segurança, posição também sufragada no acórdão de 3/12/03, processo nº 03S2555.

No entanto, o Supremo afastou-se deste entendimento, nomeadamente no acórdão de 19/X/2005, processo nº 05S1918, posição que se estribou no argumento de não haver qualquer vínculo jurídico directo entre o trabalhador sinistrado e o utilizador.

No mesmo sentido apontou o acórdão de 07-12-2005 (Proc. n.º 2950/04 – 4.ª Secção), onde e apesar de haver um voto de vencido, se concluiu que o facto do sinistrado ter sido cedido a uma outra empresa que dirige e fiscaliza o trabalho, sendo a única responsável pelo cumprimento e fiscalização das regras de segurança, não torna esta empresa responsável pela reparação do acidente.

Mais recentemente e no acórdão de 29/3/2012, processo nº 289/09.0TTSTB.E1.S1, este Supremo Tribunal tomou posição inequívoca sobre a questão de saber a quem pertence a responsabilidade agravada pela reparação dum acidente de trabalho resultante de violação das regras de segurança pela empresa utilizadora, tendo-se responsabilizado agravadamente a empresa de trabalho temporário.

Argumentou-se para tanto que a empresa utilizadora exerce, por delegação, os poderes de autoridade e de direcção próprios da entidade empregadora e, nesta medida, não estando demonstrado que tenha aquela empresa utilizadora contrariado instruções que, a esse respeito, lhe tivessem sido dadas pela recorrente – veja-se que a recorrente não alegou nem provou que a empresa utilizadora a não tenha informado sobre os riscos para a saúde e segurança do trabalhador ao ocupar o posto de trabalho e, nessa medida, da impossibilidade, que alega, de, efectivamente, face à natureza e perigosidade dos trabalhos, verificar se as

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traduzem-se em actos da própria recorrente, que a vinculam e responsabilizam e que impõem se conclua pela violação culposa, por esta, através da dita “representante”, das apontadas regras legais de segurança no trabalho (cfr., veja-se, a este propósito, o Acórdão desta secção de 3 de Fevereiro de 2010, proferido no processo n.º 162/2001.L1.S1, acessível em www.dgsi.pt).

Apesar desta evolução jurisprudencial, a questão continua em aberto, pois tendo a empresa de trabalho temporário invocado jurisprudência contraditória sobre a mesma questão de direito, e no domínio da mesma legislação, foi interposto recurso para uniformização de jurisprudência ao abrigo do artigo 763º do CPC, que, tendo sido admitido por despacho do relator, está o mesmo a correr os seus trâmites.

3----

A última questão que queria abordar prende-se com o acórdão de uniformização de jurisprudência nº 6/2012, proferido a 23 de Maio e publicado no DR, 1ª série, de 25 de Junho, donde se conclui que “Ao trabalhador isento de horário de trabalho, na modalidade de isenção total, não é devido o pagamento de trabalho suplementar em dia normal de trabalho, conforme resulta dos artigos 17º, nº 1, alínea a), do DL nº 409/71, de 27 de Setembro, e 197º, nº 4, alínea a), do Código do Trabalho de 2003, mesmo que ultrapasse os limites legais diários ou anuais estabelecidos nos artigos 5º, nº 1, alíneas a) e b), do DL nº 421/83 de 2 de Dezembro, e 200º, nº 1, alíneas a) a c), do Código do Trabalho/2003, após a entrada em vigor deste diploma”.

A questão foi suscitada numa revista excepcional que foi admitida por contradição de acórdãos sobre a mesma questão de direito, pelo que tendo-se achado conveniente a prolação de acórdão de uniformização, foi determinado o julgamento ampliado da revista com intervenção do plenário da Secção Social, conforme prevê o artigo 732º-A do CPC.

E tratando-se de factos ocorridos entre Maio de 2003 e Maio de 2007, foi a mesma apreciada tendo em conta que, até 1 de Dezembro de 2003, era aplicável ao caso o regime

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do DL nº 409/71 de 27/9, diploma também conhecido por Lei da Duração do Trabalho (LDT). E a partir de 1 de Dezembro de 2003, passou a estar sujeita ao regime do Código do Trabalho de 2003.

Por outro lado, era uma questão efectivamente controvertida, sendo objecto de posições contraditórias por parte da jurisprudência

Assim, o STA quando tinha competência em matéria laboral, entendia que os trabalhadores isentos de horário de trabalho não tinham direito ao pagamento de trabalho suplementar, podendo apontar-se neste sentido os acórdãos de 17/10/61, Est. Soc. e Corp. nº 1, pgª 97; e de 12/3/68 e 4/2/64, Acórdãos Doutrinais nºs 77/712 e 29/649.

E também neste sentido se pronunciava este Supremo Tribunal, podendo citar-se os acórdãos de 13 de Março de 1991, BMJ 405/335 e de 30/5/1995, BMJ, 447/324 e mais recentemente o acórdão de 16/12/2010, recurso nº 1806/07.5TTPRT.P1.S1-4ª secção, disponível em www.dgsi.pt.

No entanto, houve uma evolução da posição do Supremo, pois pronunciaram-se em sentido contrário os acórdãos de 12/3/2003, revista nº 2238/02-4ª, disponível em www.dgsi.pt; de 22/9/2004, CJS 258/3 e de 24/2/2010, recurso nº 401/08.6VFX.L1.S1-4ª secção, e onde se sustenta que as horas prestadas para além do período normal semanal pelo trabalhador isento de horário de trabalho, quando excedam o limite legal de prestação de trabalho suplementar devem ser pagas com os acréscimos legais que a estas corresponde.

A argumentação do acórdão ancorou-se nos seguintes fundamentos:

No que se reporta aos dias úteis, estabeleceu a lei limites à prestação de trabalho suplementar, fixando-os em 200 horas por ano e 2 horas por dia normal de trabalho, nos termos do art. 5º, nº 1, als. a) e b) do DL 421/83, limite que passou para 150 horas por ano e 2 horas por dia normal de trabalho, por força do art.

200º, nº 1, als. b) e c), do CT/2003).

No entanto, a lei expressamente excluiu do conceito de trabalho suplementar aquele que é prestado por trabalhadores isentos de horário de trabalho em dia normal de trabalho, conforme resultava do art. 2º, nº 2, al. a) do DL 421/83, pelo que apenas estava sujeito ao intervalo mínimo entre jornadas de trabalho, que era de 12 horas, e que foi introduzida pela Lei de 21/96 de 23/7.

Por outro lado, e quanto ao período abrangido pelo CTrabalho/2003, expressamente se consagra no nº 4 do seu artigo 197º que o trabalho prestado por trabalhador isento, em dia de trabalho normal, não se

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As excepções eram as dos nºs 2 e 3 deste preceito que se referem às outras modalidades de isenção de horário e que não abrangem a isenção total, e onde se previram as situações de isenção de horário que, apesar de o serem, podem originar a existência de trabalho suplementar.

Não se previu assim idêntica possibilidade para a modalidade de isenção de horário total, quando o legislador bem sabia que nela não está o trabalhador sujeita aos limites máximos do período normal de trabalho e que por isso, mais se justificava que estabelecesse máximos diários ou anuais a partir dos quais se estaria perante trabalho suplementar, como fez para as outras modalidades de isenção..

Por outro lado, conhecendo o legislador os limites diários e anuais ao trabalho suplementar, não contemplou quaisquer limites no regime da isenção total de horário de trabalho, quando foi tão meticuloso quanto à salvaguarda do direito ao descanso semanal, obrigatório ou complementar e em relação ao respeito pelo descanso obrigatório entre jornadas diárias consecutivas, conforme resulta do nº 3 do artigo 178º do CT/2003.

Diga-se ainda e para terminar que a única consequência da inobservância da jurisprudência uniformizadora se prende com a possibilidade de recurso, independentemente do valor e da sucumbência, conforme resulta do artigo 678º, nº 2, alínea c) do CPC.

Lisboa, 10 de Outubro de 2012

António Gonçalves Rocha

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