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Interferência do óleo essencial de Citrus aurantium L. sobre a ansiedade de trabalhadores expostos ao ruído ocupacional

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Academic year: 2017

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PRODUTOS NATURAIS E SINTÉTICOS BIOATIVOS

MARINE RAQUEL DINZ DA ROSA

Interferência do óleo essencial de

Citrus aurantium

L. sobre a

ansiedade de trabalhadores expostos ao ruído ocupacional

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MARINE RAQUEL DINIZ DA ROSA

Interferência do óleo essencial de

Citrus aurantium

L. sobre a

ansiedade de trabalhadores expostos ao ruído ocupacional

Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Produtos Naturais e Sintéticos Bioativos do Centro de Ciências da Saúde da Universidade Federal da Paraíba, como parte dos requisitos para obtenção do título de

DOUTOR EM PRODUTOS

NATURAIS E SINTÉTICOS

BIOATIVOS. Área de concentração: FARMACOLOGIA

Orientadora: Profa. Dra. Margareth de Fátima Formiga Melo Diniz.

(3)

R788i Rosa, Marine Raquel Diniz da.

Interferência do óleo essencial de Citrus aurantium L. sobre a ansiedade de trabalhadores expostos ao ruído ocupacional / Marine Raquel Diniz da Rosa.-- João Pessoa, 2011.

103f. : il.

Orientadora: Margareth de Fátima Formiga Melo Diniz

Tese (Doutorado) – UFPB/CCS 1. Produtos Naturais. 2. Citrus aurantium L. 3.

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FOLHA DE APROVAÇÃO

Marine Raquel Diniz da Rosa

Interferência do óleo essencial de

Citrus aurantium

L. sobre a

ansiedade de trabalhadores expostos ao ruído ocupacional

Aprovada em: ____/____/_____

BANCA EXAMINADORA

_____________________________________________ Profa. Dra. Margareth de Fátima Formiga Melo Diniz

Universidade Federal da Paraíba-Orientadora

_______________________________________________ Prof. Dra. Ana Tereza Medeiros Cavalcanti da Silva Universidade Federal da Paraíba-Examinadora externa

________________________________________________ Prof. Dr. Natanel Antônio dos Santos

Universidade Federal da Paraíba- Examinador externo

_____________________________________________ Prof. Dra. Bagnólia Araújo da Silva

Universidade Federal da Paraíba- Examinadora interna

______________________________________________ Prof. Dr. José Pinto Siqueira Junior

Universidade Federal da Paraíba-Examinador interno

_____________________________________________ Prof. Dr. Fábio Correa Sampaio

Universidade Federal da Paraíba-Examinador externo

_______________________________________________ Profa. Dra. Edeltrudes de Oliveira Lima

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AGRADECIMENTOS

Aos meus pais, Geraldo e Marize, pelo exemplo de conduta, dignidade, fortaleza e confiança depositada. Todo meu amor e admiração.

Ao meu esposo, Marçal, pela compreensão, dedicação, ajuda e paciência. Por estar comigo em todos os momentos e depositar em mim toda confiança. Todo meu imenso amor.

A minha irmã, Danielle, pelo incentivo e apoio, mesmo distante. Todo meu amor e carinho.

À profa Dra. Margareth de Fátima Formiga Melo Diniz pela competência, experiência e dedicação à pesquisa, por demonstrar confiança em mim, e ao mesmo tempo pelo estímulo constante indispensável à realização deste trabalho, meu respeito e gratidão.

Aos Profs. membros da Banca examinadora pelas valiosas contribuições para minha pesquisa.

À coordenação do Programa de Pós Graduação em Produtos Naturais e Sintéticos Bioativos pela oportunidade e acolhida durante minha permanência no curso.

A todos os docentes do Programa de Pós Graduação em Produtos Naturais e Sintéticos Bioativos pelos ensinamentos e auxilio na construção do conhecimento. Em especial ao Prof. Dr. Reinaldo Nóbrega de Almeida pelos conselhos, ensinamentos e atenção; à Profa. Dra. Liana Clébia pelo incentivo e atenção e à Profa. Dra. Bagnólia Araújo da Silva pela acolhida e incentivo.

Aos meus colegas do doutorado por todos os momentos compartilhados.

A todos os funcionários do Programa de Pós Graduação em Produtos Naturais e Sintéticos Bioativos pela atenção, apoio e presteza.

Ao Departamento de Fonoaudiologia da Universidade Federal da Paraíba pelo apoio e compreensão.

À amiga Anna Alice Figueiredo de Almeida pela paciência, auxílio, incentivo e valiosa colaboração para minha pesquisa.

Às alunas do Programa Institucional de Voluntários de Iniciação Científica-PIVIC Caroline Gonçalves Silva e Maria Aline Ribeiro Lima pela ajuda na coletada dos dados.

À Fonoaudióloga Valéria Gonçalves, funcionários e trabalhadores da empresa em que realizei a pesquisa.

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Ao colega Jaims Ribeiro pela contribuição teórica e na avaliação das mensurações psicológicas.

Ao pesquisador Fábio Santos de Sousa e ao analista de controle de qualidades Valmir Gomes de Souza do Laboratório de Controle de Qualidade de Produtos Farmacêuticos-LCQPF do Departamento de Ciências Farmacêuticas do Centro de Ciências da Saúde da UFPB pela análise cromatográfica do óleo essencial utilizado na pesquisa.

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ROSA, M.R.D. Interferência do óleo essencial de Citrus aurantium L. sobre a ansiedade

de trabalhadores expostos ao ruído ocupacional. 2011. 103p. Tese. Programa de

Pós-graduação em Produtos Naturais e Sintéticos Bioativos. Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa. Paraíba.

RESUMO

O ruído é um agente físico que pode causar efeitos auditivos e extra-auditivos. Tratando-se dos efeitos extra-auditivos, a ansiedade é um sintoma ainda pouco estudado relacionando-se com o ruído, mas é uma desordem psiquiátrica comum na população exposta ao ruído ocupacional. Para tratar ou minimizar os transtornos de ansiedade existem disponíveis medicamentos ansiolíticos, tais como, benzodiazepínicos, antidepressivos, dentre outros. Entretanto, estes provocam efeitos colaterais (sonolência, tontura, diminuição da atenção e concentração), fato que, muitas vezes, impede o uso do medicamento. Atualmente, pesquisas utilizando óleos essenciais buscam o tratamento da ansiedade, reduzindo a possibilidade de ocorrência de efeitos colaterais. O óleo essencial de CiaL. demonstrou ação no Sistema Nervoso Central, reduzindo os efeitos comportamentais em animais (permanência em campo aberto, entrada e saída no labirinto em cruz-braços aberto e tempo de permanência no mesmo) e vem sendo utilizada por profissionais da saúde para restabelecer o bem-estar emocional, reduzir depressão, ansiedade e estresse. O objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito do óleo essencial de CiaL. na ansiedade de trabalhadores expostos ao ruído ocupacional. Tratou-se de um ensaio clínico, cuja amostra do estudo foi composta por 48 trabalhadores expostos a ruído ocupacional de uma indústria de papel da Paraíba com idade entre 20 e 51 anos, sendo todos do sexo masculino. Os trabalhadores, que atenderam aos critérios de inclusão da pesquisa, foram divididos em quatro grupos de forma não-aleatória, pareados de acordo com a idade e de acordo com liberação do setor de produção: grupo alta ansiedade experimental (n=8); grupo ata ansiedade controle (n=8); grupo baixa ansiedade experimental (n=16) e grupo baixa ansiedade controle (n=16). Os trabalhadores do grupo experimental foram expostos à inalação do CiaL. (10 mL), durante 25 minutos, individualmente em uma sala e os parâmetros psicológicos (Inventário de Ansiedade Traço e Estado- estado) e fisiológicos (pressão arterial, frequência cardíaca, temperatura de extremidade e condutância elétrica da pele) foram avaliados antes e imediatamente após a exposição. Os indivíduos dos grupos controle participaram do mesmo ensaio clínico, mas sem inalação do óleo essencial. Os resultados foram analisados por meio de teste paramétricos ANOVA e correlação de Pearson. Observou-se correlação positiva entre Inventário de Ansiedade Traço e Estado -traço e Self report questionnaire-20, com escores mais elevados nos grupos alta ansiedade. Com a aplicação do IDATE-estado, antes e depois da inalação do Citrus aurantium L., demonstrou-se redução dos escores para os grupos baixa e alta ansiedade experimental. Na mensuração dos parâmetros fisiológicos, observou-se redução da pressão arterial, frequência cardíaca e condutância elétrica apenas para o grupo baixa ansiedade. Portanto, os resultados encontrados evidenciam o efeito ansiolítico do CiaL. ,imediatamente após intervenção aguda, nos grupos de baixa ansiedade/alta ansiedade conforme parâmetros psicológicos e apenas no grupo de baixa ansiedade, considerando os parâmetros fisiológicos.

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ROSA, M.R.D. The interference of the Citrus aurantium L. essential oil in the anxiety of

workers exposed to occupational noise 2011. 103p. Thesis. Health Sciences Center, Federal University of Paraíba, João Pessoa. Paraíba

ABSTRACT

Noise is a physical agent which can cause both auditory and extra-auditory effects. Regarding the extra-auditory effects related to noise, anxiety is a symptom still little studied, but it is a common psychiatric disorder in the population exposed to occupational noise. It could be defined as an emotional response characterized by physiologic, psychological and behavioral reaction to situations of threat or undetermined danger. In order to treat or minimize the anxiety disorders, there are available anxiolytics drugs such as benzodiazepines, selective serotonin reuptake inhibitors, monoamine oxidase inhibitors and tricyclic antidepressants, among others. However, they cause side effects, which often preclude the use of the drug. Presently, there have been developed researches which employ essential oils to treat anxiety, reducing the possibility of side effects. The Citrus aurantium L. essential oil has not only demonstrated action on the central nervous system by reducing the behavioral effects in animals, but also it has been used by health professionals to restore emotional well-being, reduce depression, anxiety and stress. The aim of this study was to evaluate the effect of the Citrus aurantium L essential oil on the anxiety of workers exposed to occupational noise. It was a clinical trial (phase II) and model of experimental study. The study sample consisted of 48 workers of a paper industry in Paraíba, Brazil, exposed to occupational noise, aged between 20 and 51 years, all male. The workers, who met the inclusion criteria for the study, were divided into four groups, matched according to their ages: experimental high anxiety group (n = 8), high-anxiety control group (n = 8), experimental low anxiety group (n = 16) and low-anxiety control group (n = 16). Workers in the experimental group were exposed to inhalation of Citrus aurantium L. (10 mL) for 25 minutes alone in a room with a stretcher. The psychological parameters (STAI-state) as well as the physiological parameters (blood pressure, heart rate, extremities temperature and electrical conductance of the skin) were evaluated before and immediately after the exposure, in another room. The individuals of the control groups have participated of the same trial, but without inhalation of the essential oil. The results were analyzed by means of parametric ANOVA tests and Pearson’s correlation. There was a positive correlation between STAI-trait and SRQ-20, with the high anxiety groups presenting higher scores. Through the application of the STAI-state, before and after inhalation of Citrus aurantium L., it was demonstrated a reduction of the scores of those with low and high experimental anxiety. Concerning the measure of physiological parameters, it was observed a reduction of the blood pressure, heart rate and skin electrical conductance only in the low anxiety group. Therefore, the results are evidence of the Citrus aurantium L anxiolytic effect immediately after an acute intervention in the groups of low anxiety and high anxiety, regarding psychological parameters; but, considering the physiological parameters, only in the low anxiety group.

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AA – Alta Ansiedade

ATC – Antidepressivo Tricíclico BA – Baixa Ansiedade

BAS - Brief Anxiety Scale

bpm – Batimentos por minuto

BPRS –Brief psychiatric rating scale

BZD – Benzodiazepínico CAS - Clinical Anxiety Scale CiaL- Citrus aurantium L.

CiaL-OE- óleo essecial de Citrus aurantium L. CNS – Conselho Nacional de Saúde

dB – decibel

DPM - distúrbios psiquiátricos menores

DSM-IV – Quarta edição do Manual de Diagnóstico e Estatística de Doenças Mentais

FC – Frequência cardíaca

GABA – Ácido gama-aminobutírico GC- Grupo controle

GE- Grupo experimental

HADS - Hospital Anxiety and Depression Scale

HADS –Hospital anxiety and depression scale

HAMA –Hamilton anxiety scale

HAMD – Hamilton depression scale

HPA - hipotálamo-hipófise-adrenal

IDATE - Inventário de Ansiedade Traço-estado IDATE-E - IDATE-Estado

IDATE-T - IDATE-Traço

IMAO - inibidores da monoaminaoxidade

ISRS - inibidores seletivos de recaptação de seratonina LCE - labirinto em cruz elevado

mmhg – milímetros de mercúrio

NIOSH - National Institute for Occupational Safety and Health

NPS – Nível de Pressão Sonora ºC – Grau Celsius

OE – Óleo essencial

OMS – Organização Mundial de Saúde PA – Pressão Arterial

PAD – Pressão arterial diastólica

PAIR – Perda Auditiva induzida por ruído PAS – Pressão arterial sistólica

POMS- Profile of Mood States

SCL- Symptom Checklist

SCWT –Stroop color-word teste

SNC – Sistema nervoso central SRQ – Self report questionnaire

TAG – Transtorno de ansiedade generalizada TAS – Transtorno de Ansiedade Social

TP – Transtorno de pânico

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VRSCWT - Video Recorded Stroop Color-Word Test μMHO - micromoh

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Cromatograma do CiaL apontando o pico do limoneno com tempo de retenção em 4,5min...54

Figura 2. Média e erro padrão dos escores do IDATE-estado dos grupos de baixa ansiedade (BA) e alta ansiedade (AA) nos momentos antes e depois da exposição ao CiaL...66

Figura 3. Média e erro padrão das medidas de frequência cardíaca entre grupos de baixa ansiedade (BA) e alta ansiedade (AA) nos momentos antes e depois da inalação do CiaL...68

Figura 4. Média e erro padrão das medidas da Temperatura de extremidade entre grupos de baixa ansiedade (BA) e alta ansiedade (AA) nos momentos antes e depois inalação do CiaL...69

Figura 5. Média e erro padrão das medidas da condutância da pele entre grupos de baixa ansiedade (BA) e alta ansiedade (AA) nos momentos antes e depois da inalação do CiaL...70

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LISTA DE TABELAS E QUADRO

QUADRO 1: Limite de exposição ao ruído em dB (A) x horas...43

TABELA 1. Média e erro padrão (EP) da idade e tempo de trabalho dos sujeitos da pesquisa...62

TABELA 2. Caracterização da amostra, de acordo com os grupos, conforme momento de maior ansiedade e turno de início do trabalho na empresa...63

TABELA 3. Dados referentes à média e erro padrão (EP) do IDATE-traço e questionário SRQ-20 dos grupos experimental e controle...64

TABELA 4. Correlação entre IDATE-traço com questionário SRQ-20, idade, momento de maior ansiedade, turno e tempo de trabalho...64

TABELA 5. Correlação entre IDATE-traço com as variáveis do questionário SRQ-20 entre os grupos experimental e controle...65

TABELA 6. Dados referentes às médias e erro padrão (EP) do IDATE-estado de acordo com o grupo e momento...66

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO...16

2 JUSTIFICATIVA...19

3 REVISÃO DA LITERATURA...22

3.1 Considerações sobre a ansiedade...22

3.1.1 Conceito e classificação da ansiedade...22

3.1.2 Bases neuroanatômicas da ansiedade...25

3.1.3 Mensuração da ansiedade...27

3.1.4 Tratamentos farmacológicos da ansiedade...30

3.2 Aromaterapia e óleos essensiais...32

3.2.1 Óleos essenciais e ansiedade...36

3.2.2 Citrus aurantium L. e ansiedade...38

3.3 Ruído e os efeitos da exposição ao ruído ocupacional...41

4 OBJETIVOS...48

4.1 Geral...48

4.2 Específicos...48

5 MATERIAIS E MÉTODOS...50

5.1 Material...50

5.1.1Sujeitos da pesquisa...50

5.1.2 Droga vegetal...52

5.1.2.1 Parâmetros cromatográficos do CiaL...52

5.1.3 Equipamentos...53

5.1.4 Local de realização do ensaio clínico...53

5.2 Método...54

5.2.1 Parâmetros de mensuração psicológica...54

5.2.2 Parâmetros de mensuração fisiológica...55

5.3 Ensaio clínico...56

(16)

5.3.2 Etapas do ensaio clínico...56

5.4 Questões éticas...58

5.5 Análise estatística...58

6 RESULTADOS...61

6.1 Parâmetros de mensuração psicológica...62

6.2 Parâmetros de mensuração fisiológica...66

7 DISCUSSÃO...71

8 CONCLUSÃO...78

REFERÊNCIAS...80

ANEXOS...93

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1 INTRODUÇÃO

O ruído, termo usado para descrever um som indesejável, é o agente físico nocivo mais comum encontrado no ambiente de trabalho (SELIGMAN, 2001; MIRANDA, 1998) e pode afetar o ser humano nos planos físicos, psicológico e social. Devido a alta prevalência de exposição a intensidades prejudiciais à audição, constitui-se em um importante agravo à saúde dos trabalhadores em todo o mundo (DIAS et al., 2006).

Segundo a Organização Mundial da Saúde (2001), aproximadamente 15% dos trabalhadores de países desenvolvidos estão expostos ao ruído. A exposição ocupacional ao ruído intenso está associada a várias manifestações sistêmicas, tais como elevação do nível geral de vigilância, aceleração da frequência cardíaca e respiratória, elevação da pressão arterial e da função intestinal, dilatação das pupilas, aumento do tônus muscular, aumento da produção de hormônios tireoidianos e estresse (COSTA; KITAMURA, 1995).

Dentre as queixas, relacionadas à audição, destacam-se como sintomas auditivos: hipoacusia, zumbido, plenitude auricular e otalgia; e como sintomas extra-auditivos, encontra-se com mais frequência queixas de nervosismo, ansiedade, cefaléia, problemas no estômago e dificuldade para dormir (CALDART et al., 2006; FERNANDES; MORATA, 2002).

Há uma possível associação causal entre exposição ocupacional a ruído e acidentes do trabalho (CORDEIRO et al., 2005). Além disso, alterações neuropsíquicas, como ansiedade, insegurança e desconfiança, também podem ser associadas à exposição ao ruído (SANTOS; MORATA, 1999).

(19)

Diversos medicamentos eficazes encontram-se disponíveis para a terapêutica dos transtornos de ansiedade, tais como benzodiazepínicos, inibidores seletivos da recaptação da serotonina, inibidores da monoamino oxidase e antidepressivos tricíclicos, dentre outros (POLLACK et al., 2007; BYSTRISKY, 2006). No entanto, alguns demoram a reduzir os sintomas da ansiedade, outros apresentam muitos efeitos colaterais ou causam dependência (HETEM; SCALCO, 2004).

O uso de plantas aromáticas, misturas complexas de compostos naturais voláteis e odoríferos, cuja atividade em geral tem sido atribuída aos óleos essenciais (OE), tem sido utilizado no controle da ansiedade apresentando uma diversidade de efeitos farmacológicos como: analgésico, ansiolítico, anticonvulsivante, antidepressivo, anti-inflamatório, antioxidante, antireumático, cicatrizante, expectorante, imunoestimulante, entre outros (ALMEIDA et al., 2003)

A relação entre a percepção do odor e a emoção mostra uma correlação neuroanatômica com a amígdala (POLLATOS et al., 2007). No caso particular da atividade no Sistema Nervoso Central (SNC), a predominância dos relatos tem sido para o possível efeito ansiolítico e anticonvulsivante do OE com base em estudos pré-clínicos controlados e avaliação comportamental, utilizando diferentes modelos animais (UMEZU, 1999; UMEZU, 2002).

Estudos pré-clínicos sugerem que o óleo essencial extraído do CiaL., que pertence à família Rutaceae, tem ação no SNC reduzindo efeitos comportamentais (ansiedade) em animais (LEITE et al., 2008).

Estudos clínicos em pacientes expostos a aroma cítrico, lavanda e gerânio no ambiente, como sala de espera de consultórios, registram significante redução do grau de ansiedade (ITAI et al., 2000; LEHRNER et al., 2000; SETZER, 2009).

(20)
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2 JUSTIFICATIVA

Atualmente, tem aumentado a incidência de transtornos mentais e comportamentais (LOPES; FOERSTEIN; CHOR, 2003). Na verdade, não se sabe ao certo se estes já estavam presentes na população ou apenas receberam nomes “científicos”, tendo em vista a evolução da tecnologia e do diagnóstico na área da Saúde Mental.

De acordo com a Associação Brasileira de Psiquiatria, os transtornos mentais e comportamentais mais comuns estão ligados à depressão, a ansiedade e a transtornos de ajustamento (ARAÚJO; MELO; LEITE, 2007).

A indústria farmacêutica fornece vários medicamentos na classe de psicofármacos utilizados no tratamento da ansiedade, tais como, os benzodiazepínicos (BZDs) e os antidepressivos inibidores de recaptação de serotonina- ISRS (SILVA; LEITE, 2000; GROSS; HEN, 2004). Entretanto, as reações adversas e a possibilidade de dependência, aliada à crescente incidência e prevalência dos transtornos de ansiedade, estimulam o desenvolvimento de pesquisas e investigações de produtos naturais com possível atividade ansiolítica e efeitos colaterais mínimos.

O uso de fitoterápicos, medicamentos obtidos a partir de plantas medicinais, vem sendo empregado para este fim. Nesse contexto, o óleo essencial Citrus aurantium L. (CiaL.) é um exemplo e tem demonstrado efeito na insônia, no tratamento do nervosismo, ansiedade e histeria, além de suas flores serem utilizadas com fins sedativos (SANGUINETTI, 1989; VASQUEZ et al., 1997; LEHRNER et al., 2000).

CiaL. é comercializado com propriedade medicinal antiespasmódica, antiinflamatória, antireumática, digestiva, hipotensora, assim como antidepressiva, relaxante, dentre outras. Pesquisas pré-clínicas (UMEZU, 1999; UMEZU, 2002; LEITE et al., 2008) e clínicas (ITAI et al., 2000; LEHRNER et al., 2000) demonstraram sua eficácia na possibilidade de redução da ansiedade. No entanto, tratando-se de trabalhadores expostos ao ruído ocupacional, ainda não existem pesquisas utilizando o CiaL. para investigar a redução do sintoma da ansiedade.

(22)

sintoma em trabalhadores expostos ao ruído (FERNADES; MORATA, 2002; ANDRADE et al., 1998; ALMONDES; ARAÚJO, 2009). É importante a realização de um estudo de Fase II (RESOLUÇÃO 251/97 CNS), visando demonstrar a atividade e estabelecer a segurança em curto prazo do CiaL., na população em questão. Haja vista a possibilidade desse OE. provocar efeitos colaterais mínimos, fato importante que não atrapalharia a execução das máquinas durante o trabalho na indústria.

Esta pesquisa teve as seguintes hipóteses: H0 = O CiaL. não altera na ansiedade de trabalhadores expostos ao ruído ocupacional e H1= O CiaL. altera na ansiedade de trabalhadores expostos ao ruído ocupacional.

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3 REVISÃO DA LITERATURA

3.1 Considerações sobre a ansiedade

3.1.1. Conceito e classificação de ansiedade

A ansiedade pode ser definida como um sentimento de desconforto ou temor que é acompanhado por uma resposta autonômica, endócrina, motora e respiratória. Sua fonte é frequentemente não específica ou desconhecida para a pessoa, tornando-se um sentimento de apreensão causado pela antecipação de perigo. É um sinal variável que alerta para um perigo iminente e pertinente à pessoa, convocando-a a tomar medidas para lidar com a ameaça (GRAEFF; GUIMARÃES, 2000; KAPLAN; SADOCK; GREEB, 2003).

Para alguns autores a ansiedade é uma condição afetiva normal e quando em excesso, pode acarretar distúrbios do humor, bem como de pensamento, de comportamento e da atividade fisiológica (SILVA; LEITE, 2000; ANDREATINI et al., 2002). As alterações psicofisiológicas que compõem a ansiedade são semelhantes às do medo, relacionando-se às reações de sobrevivência e de aspectos evolutivos da reação de luta ou fuga (STAHL, 1996).

Para diferenciar a ansiedade normal da patológica é necessário considerar o nível de ansiedade do indivíduo em determinada situação, quanto tempo dura o episódio, com que frequência ocorre e o número de comportamentos disfuncionais que são provocados pela ansiedade (CASTILLO et al., 2000). Outro aspecto importante a ser considerado é a avaliação da própria pessoa que experiencia a ansiedade (RIEF; HERMANUTZ, 1996).

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Os indivíduos que apresentam alta ansiedade-traço têm predisposição a ver o mundo como perigoso ou ameaçador, além disso, experimentam reações de ansiedade-estado mais frequentemente e com maior intensidade que as pessoas com baixa ansiedade-traço (SPIELBERGER; POLLANS; WORDEN, 1984).

As manifestações de ansiedade podem ser divididas em subjetivas ou psíquicas e objetivas. Atualmente, acredita-se que a ansiedade é um estado que se expressa por meio de quatro componentes: manifestações cognitivas, somáticas, comportamentais e emocionais (EDELMANN, 1992).

As manifestações cognitivas incluem todos os aspectos de percepção do indivíduo e da avaliação do estímulo, tais como: nervosismo, irritabilidade, mal-estar indefinido, insegurança, entre outros. As somáticas associam-se à excitabilidade autonômica, acarretando o aumento da frequência cardíaca e respiratória, sudorese; à hiperventilação que gera tontura, dor ou pressão no peito; tensão muscular e tremores. As comportamentais abrangem o comportamento de esquiva do estímulo eliciador de ansiedade, ou outros como: gesticulação aumentada ou diminuída, mudanças na postura, sobressaltos, insônia. As manifestações emocionais são as sensações subjetivas de desconforto e desprazer (EDELMANN, 1992).

A ansiedade é capaz de desencadear reações orgânicas que preparam o indivíduo para a manutenção e preservação de seu meio e vida. No entanto, quando presente em níveis elevados, compromete o desempenho da pessoa, fazendo com que este apresente comportamento inadequado para a situação vivenciada, caracterizando um quadro patológico (BERNIK; CORREGIARI, 2002).

De acordo com Guimarães (2008), a ansiedade é uma emoção normal e o seu caráter aversivo a torna um fator motivador para o desempenho na vida cotidiana. A emoção quando atua por muito tempo, passa a ser um estado patológico. No caso da ansiedade, quando em excesso pode prejudicar, caracterizando-se como um transtorno de ansiedade.

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de vida de 9% e 15%, respectivamente (BERNSTEIN; BORCHARDT; PERWIEN, 1996).

Em estudo realizado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), o Brasil apresentou a maior prevalência de TM na população adulta de 15-59 anos, com índices elevados para os transtornos da ansiedade, transtornos do humor e os transtornos relacionados ao uso de substâncias psicoativas (WHO, 2000).

De acordo com a classificação apresentada no DSM-IV (2002) distinguem-se os seguintes tipos de transtornos de ansiedade: transtorno de pânico com agorafobia; transtorno de pânico sem agorafobia; agorafobia sem ataque de pânico; fobia simples; fobia social; transtorno obsessivo-compulsivo; transtorno de estresse pós-traumático; transtorno de estresse agudo; transtorno de ansiedade generalizada; transtorno de ansiedade devido à condição clínica inespecífica; transtorno de ansiedade induzida por fármaco e transtorno de ansiedade não especificado.

Em pesquisas, observa-se um conjunto de respostas que caracterizam uma reação de defesa que normalmente acompanha os estados aversivos característicos da ansiedade. Lewis (1979) salienta a existência e os tipos de manifestações corporais involuntárias mais comuns para esse fenômeno: secura da boca, sudorese, palpitações, vômitos, arrepios, tremor, dores abdominais e outras alterações biológicas e bioquímicas. São detectáveis por métodos apropriados de investigação, ainda lista alguns outros atribuídos que podem ser incluídos na descrição da ansiedade: ser normal ou patológica, ser leve ou grave, ser prejudicial ou benéfica, ser episódica ou persistente, ter uma causa física ou psicológica, ocorrer sozinha ou junto com outro transtorno, e afetar ou não a percepção e a memória.

Como exemplo de alteração biológica, tem-se o aumento da pressão arterial e, com base na hipótese de que o estado emocional interfere na variabilidade da pressão arterial, pesquisadores investigaram os efeitos da felicidade, da raiva e da ansiedade em pacientes com hipertensão arterial

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hipertensão arterial, se evidencia quando as estruturas límbicas, responsáveis pelas emoções, são acionadas e produzem respostas cardiovasculares e respiratórias.

Em pesquisas pré-clínicas, observa-se: atividade motora intensa acompanhada de saltos, ao lado de reações neurovegetativas, como aumento da pressão arterial, da frequência cardíaca, da tensão muscular, da respiração, hipersecreção gástrica, piloereção, micção, defecação, exoftalmia, secura da boca, sudorese, arrepios, tremor, vômito, palpitações, dores abdominais, dentre outros sintomas. Essas respostas incondicionadas estão associadas ao chamado sistema de fuga/luta ou sistema cerebral aversivo, representado pelo hipotálamo medial, pela substância cinzenta periaquedutal dorsal e pela amígdala (GRAEFF; GUIMARÃES, 2000; BRANDÃO et al., 2003).

3.1.2. Bases neuroanatômicas da ansiedade

O Sistema Límbico, nome popularizado por Paul MacLean em 1952, representa importante função na emoção, memória e controle das funções viscerais. É composto por hipotálamo, que ocupa a região central, fornecendo um elo entre as estruturas límbicas telencefálicas (giros orbitofrontal, cingulado e para-hipocampal, o hipocampo, a amígdala e a área septal) e os locais límbicos mesencefálicos, especialmente, a substância cinzenta periaquedutal (CANTERAS; BITTENCOURT, 2008). Mais recentemente, o córtex pré-frontal medial, estrutura neocortical, foi incorporada ao Sistema Límbico (GUIMARÃES, 2008).

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comportamentais essenciais para a sobrevivência (CANTERAS; BITTENCOURT, 2008).

No que diz respeito à amígdala, foi mostrado por Kluver-Bucy em 1937 que a estimulação desta, em seres humanos, produz ansiedade e sentimento de medo e, animais, que sofrem lesão amigdaliana, se tornam extremamente dóceis, apresentam quadro de hipersexualidade e levam todo tipo de objetos à boca, inclusive objetos ameaçadores, como, por exemplo, serpentes (CANTERAS; BITTENCOURT, 2008).

A amígdala, por possuir conexões nervosas tanto com o neocórtex quanto com estruturas límbicas mais profundas, funciona como uma interface sensório-emocional, responsável por avaliar o tipo e grau do estímulo, integrando as informações que recebem um cunho afetivo, e então, o resultado é transmitido para o hipotálamo medial e a substância cinzenta periaquedutal dorsal. A função desta substância é de selecionar e organizar as reações comportamentais e fisiológicas mais apropriadas (GRAEFF; GUIMARÃES, 2000).

Cabe ressaltar também, que a amígdala recebe informações olfatórias do bulbo olfatório, bem como de outras modalidades sensoriais (audição, visão, gustação, somestesia) por meio de áreas neocorticais associativas (CANTERAS; BITTENCOURT, 2008). No entanto, as informações olfativas não passam pelo tálamo, vão diretamente ao córtex entorrinal e à amígdala. Enquanto que as informações auditivas e demais modalidades sensoriais passam pelo tálamo, percorrem o córtex primário e córtex de associação até chegarem na amígdala (SWANSON; PETROVICH, 1998).

Paralelamente à ativação da amígdala, a ativação do córtex pré-frontal permite o fluxo de informações dos sistemas sensoriais diretamente para os sistemas visceromotores, cuja estimulação pode produzir reações cardiovasculares e respiratórias, por meio de projeções para o hipotálamo e substância cinzenta periaquedutal (PRICE, 1999).

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o que consequentemente eleva a pressão arterial, sinal comum em indivíduos com medo, estresse ou ansiedade (RANG; DALE; RITTER, 1995; GUYTON; HALL, 1997).

O conhecimento das estruturas e suas funções relacionadas à emoção são imprescindíveis para o entendimento e identificação dos sinais e sintomas relacionados à ansiedade. Entretanto, as explicações acima são apenas a base para o assunto ansiedade, visto que alguns dados ainda permanecem desconhecidos ou contraditórios.

3.1.3. Mensuração da ansiedade

A mensuração da Ansiedade é realizada com base em métodos indiretos, tais como escalas de avaliação subjetivas. Existem também medidas de alterações fisiológicas, porém existe baixa correlação entre os parâmetros fisiológicos, comportamentais e subjetivos. Então, o relato verbal ainda é a forma mais utilizada para a avaliação padronizada e reproduzível de estados subjetivos (UHDE; TANCER, 1989; JANKE; NETTER, 1983; COULTHARD; ROOD, 1993; GUIMARÃES, 2000).

Existem escalas que medem a ansiedade normal e outras que medem a ansiedade patológica. Segundo Keedwell e Snaith (1996), as escalas de ansiedade medem vários aspectos, tais como: o humor; a cognição; o comportamento; o estado de hiperalerta; sintomas somáticos, dentre outros. Como também, tanto em sujeitos normais, quanto em pacientes, é útil a distinção entre ansiedade–traço e ansiedade–estado (ANDRADE; GORENSTEIN, 1998).

Faz-se necessário mencionar ainda a existência de instrumentos com finalidades diferentes: a) diagnóstica; b) de quantificação de intensidade ou gravidade em sujeitos diagnosticados (KEEDWELL; SNAITH, 1996; ANDRADE; GORENSTEIN, 1998; GUIMARÃES, 2000).

De acordo com levantamento realizado por Keedwell e Snaith (1996), as escalas de ansiedade mais utilizadas nos últimos anos são: escala de ansiedade de Hamilton (HAM-A; HAMILTON, 1959); escala de ansiedade de Beck (BECK et al.,1988); escala clínica de ansiedade (Clinical Anxiety Scale –

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CICCHETTI, 1984); escala breve de avaliação psiquiátrica (BPRS – OVERALL; GORHAN, 1962) para a escala de avaliação clínica. E para as escalas de auto-avaliação são: o inventário de ansiedade traço-estado (IDATE –

SPIELBERGER; GORSUCH; LUSHENE, 1970, STAI); escala de ansiedade de Zung (ZUNG, 1971); escala de ansiedade manifesta de Taylor (TAYLOR, 1953); subescala de ansiedade do Symptom Checklist (SCL-90 – DEROGATIS; LIPMAN; COVI, 1973); POMS (Profile of Mood States – LORR; MCNAIR, 1984); escala hospitalar de ansiedade e depressão (HADS – ZIGMOND; SNAITH, 1983).

Além disso, Keedwell e Snaith (1996), em estudo de revisão nas principais revistas psiquiátricas entre 1990 e 1994, constataram entre as publicações que as escalas de Hamilton e de Beck estão entre as de avaliação clínica mais utilizadas, enquanto que o IDATE e a subescala de ansiedade do

"Symptom Checklist" (SCL-90) são os instrumentos de auto-avaliação mais utilizados.

O Inventário de Ansiedade Traço-Estado IDATE (SPIELBERGER; GORSUCH; LUSHENE, 1970) é uma escala de auto-avaliação que mensura o grau de ansiedade e pode ser aplicada tanto em sujeitos normais como em indivíduos ansiosos. Ela tem como base a concepção dualística de ansiedade-traço e ansiedade-estado. E consta de uma escala de Traço de ansiedade com 20 itens que requerem que os sujeitos descrevam como geralmente se sentem e de uma escala de ansiedade Estado que consta também de 20 afirmações, em que indivíduo deve indicar como se sente naquele determinado momento. Entretanto, cada 20 itens dos tipos de ansiedade são independentes e diferentes em conotação, avaliando apenas um único tipo de ansiedade. A pontuação de 20 a 40 indica baixo grau de ansiedade, maior que 40 (40-60 indica médio grau de ansiedade e maior que 60 (60-80) indica alto grau de ansiedade (BIAGGIO; NATALÍCIO, 1979).

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experiências passadas de cada individuo (SPIELBERGER; GORSUCH; LUSHENE, 1970).

O IDATE traço tem sido adotado como procedimento para a estratificação dos grupos de acordo com a ansiedade traço da pessoa, isto é, a sua propensão em responder com ansiedade em situações potencialmente ameaçadoras (GUIMARÃES, 2000).

O IDATE foi traduzido e adaptado para o Brasil por Biaggio (BIAGGIO; NATALICIO, 1979) e desde então, pesquisas clínicas com o objetivo de avaliar a ansiedade vêm sendo realizadas utilizando-se o IDATE como forma de mensuração subjetiva da ansiedade. Estas vem sendo realizadas em estudantes universitários, profissionais da saúde, famílias dentre outras populações (ZUARDI; PROTA; DEL-BEM, 2008; PENICHE, 2005; MALUF, 2002). No entanto, além da utilização do IDATE, algumas pesquisas tem unido medidas fisiológicas mais objetivas que a mensuração subjetiva.

Silva (2001), com o objetivo de avaliar possíveis alterações fisiológicas e psicológicas produzidas pela situação ansiogênica do Video Recorded Stroop Color-Word Test (VRSCWT), verificar se essas alterações poderiam ser prevenidas pelo diazepam, avaliou homens e mulheres, em três experimentos diferentes, por meio do IDATE, escala analógica do nível de tensão e escala de Norris e de medidas fisiológicas (eletromiografia dos músculos frontal e gastrocnêmio, condutância da pele, temperatura de extremidade, fluxo saguíneo periférico, frequencia cardíaca e respiratória). Seus resultados sugerem que, além do VRSCWT ser capaz de eliciar ansiedade em voluntários normais, as manifestações psicológicas e fisiológicas da ansiedade não são exatamente interdependentes, de forma que drogas ansiolíticas podem bloquear uma sem necessariamente afetar a outra.

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Borini (2008) realizou pesquisa com o objetivo de avaliar a variabilidade interdias e intradias dos valores dos registros eletromiográficos, da parte superficial do músculo masseter e parte anterior do músculo temporal e a relação destes registros com o fator emocional, ansiedade, em três dias distintos de coleta em 16 voluntárias sem disfunção temporomandibular. Para mensuração da ansiedade, utilizou o IDATE e para medir a atividade muscular utilizou o eletromiógrafo. Ao final da pesquisa concluiu que a ansiedade-traço e estado podem influenciar nos registros eletromiográficos mesmo em situações não experimentais.

Almeida (2009), por meio do Teste de Simulação de Falar em Público (SFP), avaliou 24 sujeitos, com o objetivo de verificar se a ansiedade gerada por uma tarefa ansiogênica modifica as respostas dos indivíduos quanto aos parâmetros psicológicos, fisiológicos e vocais, bem como investigar a possível correlação existente entre a ansiedade traço e ansiedade estado em relação aos parâmetros vocais selecionados. Para tal, realizou a mensuração de medidas psicológicas (IDATE), medidas fisiológicas (frequência cardíaca, condutância elétrica da pele, temperatura de extremidade, eletromiograma do músculo frontal e cortisol salivar) e vocais (auto-avaliação vocal, avaliação perceptivo-auditiva-visual do comportamento vocal e análise acústica). Ao final, concluiu que ansiedade induzida experimentalmente em voluntários sadios pode gerar alterações psicológicas, fisiológicas e vocais. Além de que, quanto maior o grau de ansiedade traço, maior o comprometimento da comunicação e da qualidade de vida em diversos aspectos relacionados ao uso da voz.

Sendo assim, a junção de medidas psicológicas e fisiológicas auxilia na avaliação e diagnóstico da ansiedade, tornando-se uma ferramenta importante para a terapêutica.

3.1.4. Tratamentos farmacológicos da ansiedade

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Atualmente, existem diversas medicações eficazes para os transtornos de ansiedade disponíveis, tais como benzodiazepínicos, que são os mais utilizados, barbitúricos e alguns antidepressivos, incluindo os inibidores seletivos da recaptação da serotonina, os inibidores da monoamino oxidase e os antidepressivos tricíclicos (BYSTRISKY, 2006; POLLACK et al., 2008).

Segundo Guimarães (2008), os fármacos antidepressivos inibidores de recaptação de serotonina são a alternativa primária de tratamento para os transtornos de ansiedade. Mas, atualmente, os fármacos classificados como ansiolíticos são os benzodiazepínicos e a buspirona. E não estão mais em uso os barbituratos e meprobamato.

No que diz respeito aos benzodiazepínicos (BDZs), os mecanismos dos seus efeitos começaram a ser elucidado nos anos 70, ao se descobrirem no cérebro locais específicos de atuação dos mesmos, que nos dias atuais, sabe-se que são no receptor para GABA (ácido gama-aminobutírico), principal neurotransmissor inibitório do Sistema Nervoso Central (GORENSTEIN; POMPÉIA, 1999; GUIMARÃES, 2008).

Os BDZs são efetivos no tratamento dos principais transtornos de ansiedade em adultos e seus principais representantes são o diazepam, o clordiazepóxido, lorazepam, bromazepam, oxazepam, clorazepato e alprazolam (GUIMARÃES, 2008).

A buspirona é a única droga da classe das azapironas comercializadas, mostrou-se eficaz no tratamento do Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG). Seus efeitos colaterais são tonturas, náuseas, irritabilidade/agitação e dor de cabeça (HETEM; SCALCO, 2004). Necessita de uso prolongado para produzir seus efeitos terapêuticos (GUIMARÃES, 2008).

Os antidepressivos tricíclicos (ATCs) agem bloqueando a recaptação de serotonina, de noradrenalina, em proporções variáveis e interagem com receptores histaminérgicos, alfa-adrenérgicos, muscarínicos e dopaminérgicos. São exemplos de ATCs imipramina, amitriptilina, clomipramina e nortriptilina (HETEM; SCALCO, 2004).

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Os inibidores seletivos de recaptação de seratonina (ISRS) têm apresentado eficácia contra alguns dos transtornos de ansiedade (BALLENGER, 1999). São exemplos desta categoria: fluoxetina, fluvoxamina, paroxetina, sertralina e citalopam (HETEM; SCALCO, 2004).

Existem ainda a venlafaxina que é um inibidor de recaptação de serotonina e noradrenalina, com baixa afinidade por outros receptores; a mirtazapina, antidepressivo que atua por via noradrenérgica e serotonérgica, como também a hidroxizina e kava kava que ainda precisam de mais estudos e por fim, os β-bloqueadores, com atuação periférica e em todo Sistema Nervoso Central, como por exemplo, o propanolol (HETEM; SCALCO, 2004).

É notório que existe uma gama de fármacos para o tratamento da ansiedade, no entanto ainda há um número elevado de efeitos colaterais. Para tanto, existem pesquisas com plantas aromáticas, como óleos essenciais (O.E.), no tratamento da ansiedade, visando a terapêutica com redução dos efeitos colaterais.

3.2 Aromaterapia e óleos essenciais

Aromaterapia é um termo que se refere ao uso terapêutico dos óleos essenciais, constituintes orgânicos voláteis extraídos de flores, folhas e outras partes da planta, com a intenção de equilibrar, acalmar e rejuvenescer a mente, o corpo e o espírito (STYLES, 1997; COOKE; ERNST, 2000).

É uma antiga tradição no Egito e na Índia, mas seu termo foi inicialmente utilizado pelo químico francês Gattefossé em 1936 (GATTEFOSSÉ, 1993). Nos dias de hoje, é realizada por meio de massagem com uma variedade de extratos vegetais aromáticos conhecidos como óleos essenciais (VICKERS; ZOLLMAN, 1999).

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Os óleos essenciais da aromaterapia são absorvidos pelo corpo através do sistema olfativo por inalação; através da pele, por meio de banhos, compressas e massagens; e por meio de ingestão oral, cápsulas ou aditivos alimentares (BUCKLE, 1998; PERRY; PERRY, 2006).

Em relação à via inalatória, existem vias no sistema olfatório que afetam várias atividades neurofisiológicas, assim como o comportamento (SHEPHERD, 1985; STOCKHORST; PIETROWSKY, 2004). A influência do comportamento está diretamente relacionada às conexões neurais do sistema olfatório com o cérebro, principalmente com o hipotálamo e Sistema Límbico (BALACS, 1992; BUCHBAUER, 1993; ALEXANDER, 2000).

Para Silveira (2008), os estímulos adequados para a sinalização dos neurônios quimiorreceptivos olfatórios (cerca de 10 milhões que ocupam toda a mucosa olfatória) são moléculas pequenas, voláteis e geralmente lipossolúveis dispersas pelo ar. E, de acordo com o mesmo autor, o córtex olfatório pode ser dividido em cinco áreas: córtex piriforme e periamigdalóide, o qual tem projeções via núcleo mediodorsal do tálamo para áreas isocorticais orbitofrontais (precepção consciente dos odores); núcleo olfatório anterior; tubérculo olfatório e o grupo nuclear cortiço medial da amígdala, os quais projetam para os núcleos hipotalâmicos e estão implicados na regulação de comportamentos; e o córtex entorrinal de transição que projeta para o hipocampo (consolidação da memória olfatória).

Segundo Balazs (1995), através da inalação das substâncias voláteis, os óleos essenciais podem entrar na corrente sanguínea por difusão por meio da mucosa do nariz, ou serem transportados através dos nervos olfatórios até o Sistema Límbico, onde interage com neurotransmissores, tais como endorfina, serotonina e noradrenalina (LAWLESS, 1994).

Born et al. (2002) descreveram na via intranasal de seres humanos a entrada de neuropeptídeos e, em pesquisas pré-clínicas. Rochefort, Gheusi e Vincent (2002) mostraram a evidência de que um ambiente enriquecido com odor aumenta a neurogênese no cérebro de camundongos adultos.

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estando relacionada com a cultura, a expectativa, experiências anteriores e personalidade (BROUGHAN, 1998/1999).

A maioria das pesquisas de aromaterapia utiliza principalmente a massagem. No que diz respeito à via inalatória, ainda não existem muitas evidências científicas, tendo em vista a dificuldade em estudos duplo-cedo, já que os voluntários saberiam pelo odor que estariam expostos ao óleo essencial, além de que muitos odores já tem uma associação, evocando memórias que simplesmente não podem ser removidas.

Outra dificuldade da aromaterapia é em relação à mensuração quantitativa dos seus resultados, tendo em vista a não padronização das pesquisas e falhas no desenho metodológico de algumas. No entanto, atualmente, muitos estudos têm sido realizados utilizando a aromaterapia e a mensuração por medidas fisiológicas e psicológicas, assim como utilizando, uma ou mais, das três formas de absorção do O.E., citadas por Burkle (1998), que vem documentando e comprovando a eficácia e o efeito dos óleos essenciais.

No que diz respeito às mudanças fisiológicas como efeito da aromaterapia, pesquisas têm demonstrado diminuição da pressão arterial, respiração e pulso, como indicativo da redução de ansiedade e dor (LOUIS; KOWALSKI, 2002).

Estudos clínicos com pacientes pós-cirurgia cardíaca e de unidades intensivas, utilizando massagem com óleos essenciais, demonstraram benefícios fisiológicos, além de melhorar a ansiedade e o humor (BUCKLE, 1993; STEVENSEN, 1994; DUNN; SLEEP; COLLETT, 1995). Outros estudos indicam que a massagem por si só reduz os escores de ansiedade, pressão arterial, frequência cardíaca e respiratória (FERRELL-TORRY; GLICK, 1993; FRASER; ROSS-KERR, 1993). Corner, Cawley e Hildebrand (1995) e Kite et al. (1998) identificaram que os benefícios de curto prazo de massagem de aromaterapia, especialmente em termos de redução ansiedade, são atribuídos ao duplo efeito de inalação e contato dos óleos essências/aromaterapia.

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atenção, humor e estado de alerta) em quarenta voluntários saudáveis. Como resultado, após o contato com o óleo essencial, houve diminuição significante da taxa de respiração, saturação de oxigênio no sangue e pressão arterial sistólica, o que indica uma diminuição de excitação autonômica. Em relação à resposta emocional, os indivíduos expostos ao O.E. classificaram-se como mais calmos, mais relaxados e menos alerta que os indivíduos do grupo controle.

Em relação à utilização da via inalatória, Hongratanaworakit e Buchbauer (2004), com o objetivo de investigar os efeitos do óleo de ylang-ylang (Cananga odorata) nos parâmetros fisiológicos (temperatura da pele, frequência cardíaca, taxa de respiração e pressão arterial) e de auto-avaliação (vigilância, atenção, calma, humor, relaxamento e vigor) administraram o O.E. por inalação em vinte e quatro voluntários saudáveis. Como resultado encontrou reduções significantes na pressão arterial e pulsação, bem como aumentos de atenção e alerta.

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3.2.1 Óleos essenciais e ansiedade

Sabendo que o Brasil possui a mais rica e inexplorada flora do planeta, com diversas espécies ainda desconhecidas, busca-se nas plantas medicinais a grande possibilidade de descoberta de novos compostos promissores para tratamento de doenças que atingem a população e que seu tratamento depende de medicamentos que causam diversos efeitos colaterais, além da dependência (NUNES, 1996).

No contexto das pesquisas em “Plantas Aromáticas”, tendo em vista às

ações farmacológicas e fisiológicas apresentadas pelo uso, os óleos essenciais (O.E.) vem sendo objeto de estudo de diversos pesquisadores, conforme algumas já citadas na seção anterior.

Os O.E. são produtos geralmente contendo largo espectro de componentes voláteis incluindo os monoterpenos, sesquiterpenos e arilpropanóides. Aos mesmos têm sido atribuídas as mais variadas propriedades biológicas como antimicrobiana, antiparasitária, antioxidante e psicotrópica (MOREIRA; CRUZ; LOPES, 2001).

No que diz respeito à atividade no sistema nervoso central (SNC) a predominância dos relatos tem sido para o possível efeito ansiolítico e anticonvulsivante, com base em estudos pré-clínicos controlados e avaliação comportamental, utilizando diferentes modelos animais. Os constituintes do O.E. ao chegarem no sangue, atravessam a barreira hemato-encefálica e entram no Sistema Nervoso Central, após aplicação cutânea ou inalação, intraperitoneal ou subcutânea e administração oral (JIROVETZ; BUCHBAUER; JADER, 1990; BUCHBAUER; JIROVETZ; JADER, 1991; MOREIRA; CRUZ; LOPES, 2001).

Estudos in vitro e in vivo em animais confirmam que os óleos essências tem ação ansiolítica, sedativa, anticonvulsivante e estimulante do Sistema Nervoso Central que são importantes para o tratamento de sintomas como: ansiedade, insônia, agitação, epilepsia, apatia, letargia, sonolência excessiva diurna e catatonia, presentes em muitos transtornos psiquiátricos (PERRY; PERRY, 2006).

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testes de conflito, de Geller e o de Vogel, observou que a essência de rosa exercia um significante efeito anticonflito, mediado por sítios benzodiazepínicos acoplados ao complexo-receptor GABAA. Outro trabalho, desenvolvido pelo mesmo autor, constatou que o óleo de lavanda aumentava o nível de respostas de camundongos na fase punida do teste de conflito de Geller, de maneira dose-dependente, indicando um efeito anticonflito (UMEZU, 2002).

Faturi et al. (2010) também desenvolveram um estudo pré-clinico e tiveram o objetivo de investigar os efeitos de Citrus sinensis em ratos Wistar no labirinto em cruz elevado seguido de claro/escuro. Os animais foram expostos ao aroma (100, 200 ou 400 mL) por 5 minutos e de acordo com as respostas dos testes comportamentais, demonstrou-se atividade ansiolítica em pelo menos um dos testes e, na maior dose, apresentou significante efeito, em ambos os modelos animais.

Alguns estudos clínicos também têm sido realizados e verificado o efeito dos óleos essenciais no sintoma da ansiedade. Por exemplo, Edge (2003), em um estudo piloto com oito sujeitos, relatou que a aromaterapia (massagem com óleos essenciais individualizados) reduziu a ansiedade e melhorou o humor, de acordo com a escala visual analógica e questionários Hospital Anxiety and Depression (HAD), em seis dos sujeitos avaliados durante oito meses.

Outra importante contribuição ao estudo clínico dos óleos essenciais envolveu 14 pacientes do sexo feminino que estavam em tratamento crônico de hemodiálise e ao serem submetidas à exposição com aromas de óleo de lavanda e óleo de HIBA foram avaliados mediante duas escalas de Hamilton. Sendo uma para depressão (HAMD) e a outra específica para avaliar ansiedade (HAMA). Os resultados obtidos indicaram que os pacientes expostos ao óleo de HIBA apresentaram um acentuado efeito benéfico no controle da depressão e ansiedade, enquanto que a exposição ao óleo de lavanda promoveu um significante alívio da ansiedade (ITAI et al., 2000).

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Hongratanaworakit (2009) também encontrou efeito relaxante ao utilizar óleo de Rosa damascena em indivíduos saudáveis e o mesmo causou alívio da depressão e do estresse.

Conforme visto anteriormente, existe uma série de óleos essenciais atualmente em uso como agentes de aromaterapia para aliviar a ansiedade, estresse e depressão. Os mais comumente utilizados com atividade ansiolítica são: Lavandula angustifólia; Rosa damascena, Citrus sinensis, Citrus aurantium, Citrus limon, Santalum álbum, Salvia sclarea, Anthemis nobilis e Pelargonium spp (SETZER, 2009).

Por fazer parte dos objetivos da tese em questão, será enfatizado apenas o Citrus aurantium L, sendo reservada a próxima seção para pesquisas e estudos sobre este O.E.

3.2.2 Citrus aurantium L. e ansiedade

Os óleos essenciais (OE) são extraídos de plantas por meio da técnica de arraste a vapor e são compostos principalmente de mono e sesquiterpenos e de fenilpropanoides, metabólitos que conferem suas características organolépticas. O Brasil tem lugar de destaque na produção de OE, ao lado da Índia, China e Indonésia, que são considerados os quatro grandes produtores mundiais. A posição do Brasil deve-se aos OE de plantas cítricas, sendo a laranja a principal delas (BIZZO; HOVELL; REZENDE, 2009).

O gênero Citrus (Rutaceae) compreende árvores frutíferas de origem Oriental e são muito utilizados devido ao seu teor de óleo volátil, além de serem fontes de flavonóides, pectinas e cumarinas (KUSTER; ROCHA, 2003; ZUANAZZI; MONTANHA, 2003). Os registros de cultivos do Citrus, vem de uma cultura antiga, desde 2100 a.C. (MOORE, 2001).

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Na aromaterapia, algumas pesquisas tem demonstrado atividade ansiolítica em estudos pré-clinicos do Citrus bergamia (SAIYUDTHONG; MARSDEN, 2010), assim como clínicos.

Um exemplo de estudo clínico foi o realizado por Lehrner et al. (2000) em que utilizou óleo essencial (Citrus sinensis), via inalatória, na sala de espera de um consultório odontológico, e avaliou a ansiedade traço-estado de 72 pacientes. Após a exposição, observou-se menor escore da ansiedade estado, principalmente em mulheres, quando comparadas com o grupo controle (grupo controle: 33,8 ± 6,3 homens/ 44 ± 12,7 mulheres; grupo de estudo: 37,7 ± 12,5 homens/ 38,3 ± 10,5 mulheres). Em 2005, Lehrner e colaboradores investigaram o efeito do óleo de laranja e de lavanda na ansiedade em duzentos pacientes na sala de espera de um consultório odontológico e comprovaram a eficácia do uso de odores na redução da ansiedade.

CiaL. é conhecido popularmente como laranja-amarga, laranjeira-azeda, laranjeira-cavalo e laranjeira de Sevilha. Seus frutos, flores e folhas tem sido usados na medicina popular para o tratamento de ansiedade, insônia e como anticonvulsivante (CARVALHO-FREITAS; COSTA, 2002). Na região do Mediterrâneo, é usado desde os tempos medievais como estimulante cardíaco e vascular, digestivo, sedativo, tranquilizante, estimulante de apetite e tônico geral, além de antídoto contra venenos (ARIAS; RAMÓN-LACA, 2005). Na medicina tradicional chinesa, a laranja-amarga, que é conhecida como “zhi shi”,

é usada como estimulante da função gastrointestinal e tônico geral (BOUCHARD et al., 2005).

No que diz respeito a sua composição, CiaL., alguns autores analisaram a casca da laranja e averiguaram a composição de hidrocarbonetos monoterpenos: o limoneno (96,86%), β-pineno (1,37%), (E)-β-ocimeno (0,31%), sabineno (0,28%) e α-pineno (0,27%), sendo os principais componentes. Linalol (0,17%) e verbenona (0,12%) foram os principais monoterpenos oxigenados encontrados. E os Hidrocarbonetos sesquiterpenos foram representados principalmente por α-humuleno (0,15%) e α-calacoreno (0,12%). O sesquiterpeno oxigenado foi o grupo menos representado dos componentes,

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constituintes do óleo da casca da laranja, dependendo do genótipo, estação, maturação e outros fatores climáticos. No entanto, a presença dos principais componentes como o limoneno em maior quantidade sempre foi uma constante (CACCIONI et al., 1998; BOUSSAADA; CHEMLI, 2007; MORAES et al., 2009).

Com relação a seus efeitos no SNC é popularmente utilizado para curar a insônia, tratar nervosismo, ansiedade e histeria, e as flores são utilizadas com fins sedativos (SANTOS; TORRES; LEONART, 1988; SANGUINETTI, 1989; VASQUEZ; SUAREZ; PEREZ, 1997; LEHRNER et al., 2000).

Pultrini, Galindo e Costa (2006) avaliaram dois modelos experimentais para o transtorno de ansiedade generalizada e transtorno obsessivo compulsivo em camundongos, os quais foram tratados de forma aguda por via oral (dose única) ou uma vez por dia durante 15 dias (doses repetidas), antes dos procedimentos experimentais. Houve efeito ansiolítico apenas na dose aguda para o experimento (claro/escuro) e resultados mais consistentes para o outro experimento (marble-burying).

Leite et al. (2008) avaliaram doze ratos, previamente expostos à inalação do O.E. (CiaL.), nas concentrações de 1,0%; 2,5% e 5,0%, durante 7 minutos em caixas de acrílico. Os mesmos foram avaliados em dois modelos de ansiedade: labirinto em cruz elevado (LCE) e campo aberto. Observaram diminuição do grau de emocionalidade dos animais em ambos modelos experimentais, sugerindo assim uma possível ação central.

Outro estudo pré-clínico, utilizando diferentes preparações do OE de

CiaL., obtidas de diversas partes da planta, foram avaliadas quanto a sua potencial ação sobre o sistema nervoso central, em modelos para testar a atividade anticonvulsivante, sedativa-hipnotica e ansiolítica Esse trabalho demonstrou que o óleo obtido das cascas dos frutos foi capaz de aumentar o tempo de permanência dos animais sobre os braços abertos do labirinto em cruz elevado, sem apresentar qualquer comprometimento sobre o estado de atenção ou sobre a atividade motora dos camundongos, perfil comportamental que indica um potencial efeito ansiolítico (CARVALHO-FREITAS; COSTA, 2002).

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GALINDO; COSTA, 2006), no entanto, ainda há escassez de estudos clínicos que comprovem esses dados.

Levantamentos etnofarmacologicos comprovam o uso popular do CiaL. como tratamento alternativo de distúrbios relacionado ao SNC. Um estudo realizado na Martinica comprova que a decocção das flores e folhas desta espécie vegetal tem efeito sedativo quando administrada oralmente (LONGUEFOSSE; NOSSIN, 1996).

Sendo assim, diante da constatação do efeito ansiolítico do CiaL. em estudo pré-clinicos, comprovação do mesmo efeito em estudos clínicos de outros exemplos do gênero Citrus e da escassez de respostas clínicas, faz-se necessário o investimento em estudos e pesquisas em humanos sobre o efeito do CiaL.na ansiedade.

3.3 Ruído e os efeitos da exposição ao ruído ocupacional

O ruído é um sinal acústico aperiódico, originado da superposição de vários movimentos de vibração com diferentes frequências que não apresentam relação entre si (FELDMAN; GRIMES, 1985).

É formado por um espectro de frequências aleatórias, não harmônicas, e caracterizado pela intensidade, quantidade de energia vibratória que se propaga nas áreas próximas, a partir da fonte emissora, e pela frequência, representada pelo número de vibrações completas por segundo. Pode ser classificado como: estacionário, com variações dos níveis desprezíveis durante o período de observação; contínuo, cujo nível varia continuamente de um valor apreciável durante o período de observação; e de impacto, que se apresenta em picos de energia acústica de duração inferior a um segundo (SANTOS; MORATA, 1999).

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Quadro 1: Limite de exposição ao ruído em dB (A) x horas

NPS dB (A) Máxima exposição diária permissível (horas)

85 08

86 07

87 06

88 05

89 04,5

90 04

Adapatado do ANEXO I NR 15 Segurança e Medicina do Trabalho – Atividades e Operações Insalubres (BRASIL, 1978).

Quando o ruído é intenso e a exposição a ele é continuada, em média 85dB(A) por oito horas por dia, ocorrem várias alterações no indivíduo. Ele afeta o ser humano simultaneamente nos planos físico, psicológico e social. Os seus efeitos vão desde alterações passageiras até graves danos irreversíveis. Acima de 90 dB, o ruído afeta desfavoravelmente a produtividade, bem como a qualidade do produto em atividade de longa duração e que requerem contínua e muita atenção. Um indivíduo normal precisa gastar aproximadamente 20% de energia extra para realizar uma tarefa, sob o efeito do ruído perturbador intenso (BRASIL, 2006).

A exposição ocupacional ao ruído intenso está associada a várias manifestações sistêmicas, tais como elevação do nível geral de vigilância, aceleração da frequência cardíaca e respiratória, alteração da pressão arterial e da função intestinal, dilatação das pupilas, aumento do tônus muscular, aumento da produção de hormônios tireoidianos e estresse (COSTA; KITAMURA, 1995).

No que diz respeito à alteração da pressão arterial em decorrência do ruído, de acordo com VanKempen et al. (2002), tem sido sugerido que a exposição ao ruído está associada a alterações da pressão arterial e risco de doença cardíaca, mas a evidência epidemiológica ainda é limitada.

Corrêa Filho et al. (2002) estimaram a prevalência de perda auditiva induzida por ruído e hipertensão arterial, em 108 condutores de ônibus urbanos da cidade de Campinas, e encontram 32,7% com perda auditiva induzida por

ruído e 13,2% de hipertensão arterial diastólica (PAD≥90 mmHG; PAS≥140

mmHG). Valores próximos ao estimado para o Brasil (15%) por Kholmann et al.

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Seligman (2001) refere como sinais e sintomas auditivos a perda auditiva, zumbidos, dificuldades no entendimento de fala e outros sintomas menos frequentes como: plenitude auricular, dificuldade na localização da fonte sonora.

Ogido, Costa e Machado (2009), com o objetivo de estimar a prevalência de sintomas auditivos e vestibulares em trabalhadores expostos a ruído ocupacional, analisaram os prontuários de 175 trabalhadores com perda auditiva induzida por ruído, atendidos em um centro de referência de saúde ocupacional e como seus resultados obtiveram 74% casos de hipoacusia (diminuição auditiva), 81% com zumbidos e 13,2% com vertigem. No entanto, a associação entre hipoacusia e idade, tempo de exposição ao ruído e limiares auditivos tonais e entre vertigem e tempo de exposição ao ruído, não foram significantes.

O zumbido é um dos sintomas mais comumente relatados pelos portadores da perda auditiva induzida por ruído (PAIR), e provoca muito incômodo (KANDEL; SCHWARTZ; JUSSEL, 2003). Ele é definido como sendo a manifestação do mau funcionamento, no processamento de sinais auditivos envolvendo componentes perceptuais e psicológicos (VESTERAGER, 1997). Num estudo com 3.466 trabalhadores requerentes de indenização por PAIR, McShane, Hyde e Alberti (1988) observaram uma prevalência de zumbido de 49,8%. Destes, 29,2% afirmaram que o zumbido era o problema principal. Estima-se que a prevalência de zumbido aumenta de acordo com a evolução do dano auditivo, influenciado pela idade e tempo de exposição ao ruído (DIAS

et al., 2006).

No que diz respeito à perda auditiva, são considerados como sinônimos: perda auditiva por exposição ao ruído, no trabalho, perda auditiva ocupacional, surdez profissional, disacusia ocupacional, perda auditiva induzida por níveis elevados de pressão sonora, perda auditiva induzida por ruído ocupacional, perda auditiva neurossensorial por exposição continuada a níveis elevados de pressão sonora de origem ocupacional.

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No ano de 1996, o National Institute for Occupational Safety and Health (NIOSH) publicou o Guia Prático para Prevenção de Perda Auditiva Ocupacional, utilizando o termo “perda auditiva ocupacional” para definir não só

a perda auditiva induzida por ruído, como também as provocadas por exposições a solventes aromáticos, metais e alguns asfixiantes, e vibração (FIORINI; NASCIMENTO, 2001).

Além da perda auditiva propriamente dita, o indivíduo exposto ao ruído pode apresentar o trauma acústico, quando a exposição ao ruído é de forma súbita e muito intensa, lesando, temporária ou definitivamente, diversas estruturas do ouvido. Ou pode apresentar a mudança transitória do limiar que se caracteriza por uma diminuição da acuidade auditiva que pode retornar ao normal, após um período de afastamento do ruído (BRASIL, 2006).

Para Borchgrevink (2003), ruído é um risco para a saúde. E um dos efeitos do ruído mais divulgados e cientificamente provados é a perda auditiva. No entanto, o ruído pode causar efeitos psicossociais e orgânicos inespecíficos. Além disso, exposição crônica ao ruído, caracterizada por alta intensidade e frequência baixa pode aumentar o risco de doenças cardiovasculares, como também, bioquímicas, gastrointestinais, respiratórias e afetar o sistema imunológico (HESSEL; SLUIS-CREMER, 1994; VAN KEMPEN

et al., 2002; VAN CAMPEN et al., 2002).

Seligman (2001) também refere como efeitos do ruído, chamados de extra-auditivos: Transtornos da comunicação; Alterações do sono; Transtornos neurológicos; Transtornos vestibulares; Transtornos digestivos; Transtornos comportamentais. E a exposição ao ruído pode induzir respostas psicossociais como aborrecimento, cansaço, distúrbios do sono e ansiedade (MILLER, 1974; MELAMED; BRUHIS, 1996).

Gitanjali e Ananth (2003) estudaram os efeitos do ruído (acima de 75 dB) em trabalhadores de indústria e observaram aumento significante do cortisol e estresse após a exposição, além de mudanças no sono e no batimento cardíaco.

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Tabela 1. Média e erro padrão (EP) da idade e tempo de trabalho da amostra  estudada.
Tabela  2.  Caracterização  da  amostra,  de  acordo  com  os  grupos,  conforme  momento de maior ansiedade e turno de início do trabalho na empresa
Tabela  3.  Dados  referentes  à  média  e  erro  padrão  (EP)  do  IDATE-traço  e  questionário SRQ-20 dos grupos experimental e controle
Tabela 5. Correlação entre IDATE-traço com as variáveis do questionário SRQ- SRQ-20 entre os grupos experimental e controle
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Referências

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