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Narrativa da Presença

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Academic year: 2021

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Narrativa da Presença

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Grupo “presença”: características gerais

revista: 1927 – 1940, Coimbra (José Régio, João Gaspar Simões, Branquinho da Fonseca, a partir de 1931 Adolfo Casais Monteiro - director)

“segundo modernismo” (Eugénio Lisboa) x “contra-revolução” (Eduardo Lourenço)

defesa dos valores estéticos , crítica da literatura empenhada

influências:

mestre do século XIX: Dostoievski

Freud, Bergson: introspecção, subjectivismo, intuicionismo (primazia à intuição sobre a razão), psicanálise (Ego, Superego, Id - eu convencional x eu profundo)

Nouvelle Revue Française (André Gide, Paul Valéry, Jean Cocteau, Marcel Proust, Paul Claudel etc. ) – entendida por presença como um livre agrupamento de amigos sem nada de doutrinário – analogia

contribuição da presença:

reconhecimento e consolidação do grupo Orpheu – actividade crítica e pedagógica

inclusão de um vasto espectro de preocupações e realizações (poesia, narrativa, teatro, crítica literária, artigos sobre cinema, artes plásticas, música, filosofia), intervenção cultural (exposições, concertos, conferências etc.)

(3)

J. Régio: Literatura Viva (1927)

 indicação das linhas orientadoras da revista:

“Em arte,

é

vivo tudo o que é original. É original tudo o que provém da parte mais virgem, mais verdadeira e mais íntima duma personalidade artística. A primeira condição duma obra viva é pois ter uma personalidade e obedecer-lhe. Ora como o que personaliza um artista é, ao menos superficialmente, o que o diferencia dos mais, (artistas ou não) certa sinonímia nasceu entre o adjectivo original e muitos outros, ao menos superficialmente aparentados, por exemplo: o adjectivo

excêntrico, estranho, extravagante, bizarro... Eis como é falsa toda a originalidade calculada e astuciosa.

Eis como também pertence à literatura morta aquela em que um autor pretende ser original sem personalidade própria.”

ligação de dois conceitos: originalidade e sinceridade, recusa da retórica (do

fazer

literatura, do estilo em vez da personalidade), uma obra é um documento humano

(4)

J. Régio: Literatura Livresca e Literatura Viva (1928)

 complementação do ideário presencista:

“As obras de Arte mais completas podem ser, mesmo, aquelas em que mais complexamente se agitam todas as preocupações de que o homem é vítima...E a paixão política, a paixão patriótica, a paixão religiosa, como a paixão por uma ideia ou por um ser humano – podem inspirar grandes e puras Obras de Arte. Mas ...

entendamo-nos: O que então inspira a Obra de Arte – é a paixão, e uma paixão considerada infamante ou uma paixão considerada nobre – podem da mesma forma inspirar Obras elevadas sob o ponto de vista que nos interessa: estético. O ideal do Artista nada tem com o do moralista, do patriota, do crente, ou do cidadão”.

uma literatura viva nada exclui do que ao homem diz respeito: visa a complexidade

infinita do homem, apelo à independência da arte: ausência de fronteiras

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presença x neo-realismo (polémica 1937-1939)

1937 (Sol Nascente): primeiro ataque à poesia de J. Régio acusada de um mero onanismo psíquico (“as baixezas e heroísmos banais do seu eu enorme”) – Régio defende-se: não pretende sujeitar-se a preconceitos, dogmatismos e fanatismos

1938 Régio: António Botto e o Amor (o 1º cap. Arte pura e arte social) – reacção: o erro é considerar a distinção entre “artistas” e “sociólogos”

1939 A. Cunhal: Numa Encruzilhada dos Homens (teoria do “umbilicalismo”:

a partir de um verso de Régio “concentro os olhos sobre o umbigo”, tomada

como uma posição política e social da presença: apoliticismo,

conservadorismo, horror pelas transformações sociais, crença na reforma

moral do Homem desde dentro

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representantes da narrativa

José Régio, Branquinho da Fonseca (dissidente), Miguel Torga (dissidente)

João Gaspar Simões: crítico e romancista (Elói ou Romance numa Cabeça, 1932: romance introspectivo – 24 horas na vida de um homem ciumento

José Marmelo e Silva: romancista, dedicado à problemática da

adolescência com profundidade psicológica (Sedução, 1937 – sobre

um jovem livre de preconceitos no que respeita à vida sexual)

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José Régio (1901 – 1969)

pseudónimo de José Maria dos Reis Pereira

Coimbra: curso de letras, grupo Presença, professor liceal em Portalegre

poesia (Poemas de Deus e do Diabo, 1925, Biografia, 1929, Encruzilhadas de Deus, 1936 etc.)

teatro (Benilde ou a Virgem-Mãe, 1947 etc.)

narrativa:

O Jogo da Cabra-Cega (1934) – romance confessional (de aprendizagem, de formação de artista) em que se projectam várias obsessões detectadas também na poesia: o conflito interior entre o humano e o divino, o bem e o mal, a carne e o espírito. Neste romance situado numa cidade de província, de atmosfera nocturna (infl. Brandão), o protagonista Pedro Serra desdobra a sua personalidade num alter ego, Jaime Franco, espelho demoníaco de si mesmo (exploração do tema “programático”: a “terrível face” do eu como “expressão do humano”). O elemento de ligação de dois homens é assegurado por uma mulher (uma prostituta – amante de Franco ou seu desdobramento?). Comp. Confissão de Lúcio.

Histórias de Mulheres (1946)

A Velha Casa (1945 – 1966) – ciclo romanesco

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Branquinho da Fonseca (1905 – 1974)

licenciado em Direito (Coimbra – círculo dos presencistas, juntamento com Régio e Gaspar Simões fundou, editou e dirigiu a revista Presença, da qual se desliga em 1930)

inicialmente utilizou o pseudónimo de António Madeira

poesia, drama, ficção

O Barão

(1942) – novela, herdeira da melhor prosa de Raul Brandão, confronto do sonho e realidade, atmosfera de mistério, alcance do mito

Rio Turvo (1945)

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Miguel Torga (1907 – 1995)

pseudónimo de Adolfo Correia da Rocha

nascido em Trás-os-Montes (região muitas vezes aludida ou directamente referida ana sua obra), algum tempo passado no Brasil, após o regresso formado em Medicina

inserido no meio literário de Coimbra (Presença - desliga-se em 1930)

poesia (p.ex. Orfeu Rebelde, 1958, Poemas Ibéricos, 1965), temas: polémica com a religião, humanismo e telurismo, reflexão sobre o acto criativo, intervenção cívica – luta contra a repressão)

diários (16 vol, editados a partir de 1941-1994, tipo de memorialismo que inclui outros géneros – poesia, narrativa, reflexão: mais subjectivo e pessoal, melhor trabalho com as imagens e o ritmo)

narrativa:

Bichos (1940), Contos da Montanha (1941), Novos Contos da Montanha

(1944), A Criação do Mundo (6 vol., 1931 – 1981)

Referências

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