1 Disciplina: Brincando e Aprendendo: A Brincadeira como Princípio Educativo Autores: D.ra Regina Emiko Shudo
Revisão Conteúdos: Esp. Marcelo Alvino da Silva Revisão Ortográfica: Jacqueline Morissugui Cardoso Ano: 2015
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Regina Emiko Shudo
Brincando e Aprendendo:
A Brincadeira como Princípio Educativo
1ª Edição
2015
Curitiba, PR
Editora São Braz
3 FICHA CATALOGRÁFICA
SHUDO, Regina Emiko
Brincando e Aprendendo: A Brincadeira como Princípio Educativo / Regina Emiko Shudo. – Curitiba, 2015.
44 p.
Revisão de Conteúdos: Marcelo Alvino da Silva.
Revisão Ortográfica: Jacqueline Morissugui Cardoso.
Material didático da disciplina de Didática do Ensino – Faculdade São Braz (FSB), 2015.
ISBN: 978-85-94439-54-3
4 PALAVRA DA INSTITUIÇÃO
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5 APRESENTAÇÃO
O brincar deve ser um dos principais objetivos da educação infantil. Com o brincar nas escolas infantis é possível proporcionar o desenvolvimento das capacidades: motora, infantil, ética, cognitiva, motora, afetiva, estática, relação e inserção interpessoal na sociedade.
O ato de brincar, é iniciado pela criança e é fundamental que ocorra de forma espontânea, podendo também sendo conduzido pelo adulto, em ambos os casos proporcionam o desenvolvimento e a aprendizagem.
No movimento de brincar a criança tem a possibilidade de conhecer as pessoas com quem convive em seu espaço social, espaço onde convive, conhece o próprio corpo e desenvolve a autonomia, construindo sua identidade;
tendo a oportunidade de aprender normas, valores, conceitos e regras.
No ato de brincar desenvolve-se também as linguagens: oral, escrita, a musical, a matemática e a plástica.
No brincar, a criança desenvolve atividades livres e o “ato de brincar” deve ser contemplado no ambiente escolar (fazendo parte das práticas educativas) para que desperte na criança o prazer de estar na escola e desenvolva a liberdade de expressão nos mesmos.
O professor poderá ainda observar a criança, nas suas relações com outros colegas, nas relações estabelecidas com os objetos, e ainda, nas descobertas e desafios que cada brinquedo do parque pode proporcionar.
Mesmo brincando o professor poderá conduzir e orientar a brincadeira, tornando- a mais atraente, desafiadora.
Desde muito cedo, é importante que a criança explore e manipule diversos objetos, brinquedos. Ao explorar determinado brinquedo, ela já estará brincando de descobrir, brincando de criar e imaginar as possibilidades que ele oferece. Ao brincar, as crianças ainda refletem, questionam e buscam, gradativamente, compreender as formas culturais nas quais ela vive, construindo a realidade que a circunda.
Brincando, as crianças convivem com suas diferenças, desenvolvendo a
imaginação e a criatividade e apropriando-se de conhecimentos e sentimentos e
muitas vezes, aprendem o exercício da iniciativa, da partilha e da decisão.
6 Aula 1 – A criança como foco central da educação infantil
Apresentação Aula 1
Nesta aula serão elucidados alguns conceitos e questionamentos sobre a educação infantil, os quais contribuirão na construção e na busca da importância do brincar na Educação Infantil.
1. A criança como foco central da educação infantil
Ao abordar-se a temática da educação Infantil surgiram diversos questionamentos, os quais irão contribuir com o processo da construção e busca de conhecimentos na área da educação infantil e sobre a importância do brincar.
Para Refletir
Qual é a prioridade na educação infantil?
Qual é o atendimento da demanda escolar? E o atendimento às famílias? E as estruturação das instituições?
Será que as crianças são as protagonistas da educação infantil?
Será que todos os direitos são assegurados à todas as crianças do nosso país?
Certamente todo universo que abrange a educação infantil é importante, no entanto, muitas vezes esquece-se que o foco central da educação infantil são as crianças.
Neste contexto será enfatizada a importância da Educação Infantil no Brasil e as práticas educativas que permeiam o cotidiano das instituições infantis, para então compreender-se o quão significativo é o brincar na infância.
A proposta pedagógica das instituições de Educação Infantil deve ter
como objetivo garantir à criança acesso a processos de apropriação, renovação
e articulação de conhecimentos e aprendizagens de diferentes linguagens,
assim como o direito à proteção, à saúde, à liberdade, à confiança, ao respeito,
à dignidade, à brincadeira, à convivência e à interação com outras crianças.
7 A proposta pedagógica das instituições de Educação Infantil deve ter como objetivo garantir à criança acesso aos processos de apropriação, renovação e articulação de conhecimentos e aprendizagens de diferentes linguagens, assim como o direito à proteção, à saúde, à liberdade, à confiança, ao respeito, à dignidade, à brincadeira, à convivência e à interação com outras crianças. (DCNEI/MEC, 2010).
Segundo as DCNEI (Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil), artigo 9º, os eixos norteadores das práticas pedagógicas devem ser as interações e a brincadeira, indicando que não se pode pensar no brincar sem as interações:
Interação com a professor;
Interação com as crianças;
Interação com os brinquedos e materiais;
A interação entre criança e ambiente;
As interações (relações) entre a Instituição, a família e a criança.
Experiências positivas na primeira infância contribuem para o desenvolvimento saudável do cérebro, permitindo que a arquitetura cerebral seja sólida e tenha uma estrutura mais apta a superar dificuldades do que a de uma pessoa cuja primeira infância tenha sido marcada por experiências notadamente ruins. (NELSON, 2001. S/p.)
1.1. Um breve histórico da Educação Infantil Brasileira
Instituições destinadas ao cuidado de crianças entre 0 e 6 anos de idade começam a surgir na Europa no início do século XIX, marcadas pelas concepções de infância, de assistência e de escolarização da época.
Devido ao processo de industrialização começaram a surgir espaços que
garantissem a “disciplina” e o “controle” das crianças, enquanto suas mães,
motivadas pelo mercado de trabalho deixavam os afazeres domésticos para
atuar nas fábricas.
8 À medida que as transformações ocorridas na Europa e nos Estados Unidos favoreceram a divulgação dessas ideias, as instituições de Educação Infantil passaram a ser conhecidas internacionalmente, chegando inclusive ao Brasil.
É importante compreender que a educação infantil não surgiu como um entendimento do direito à educação, mas como uma espécie de “solução” para que os problemas sociais como o desamparo da criança pequena. Os fundamentos que moviam as primeiras instituições de educação infantil no Brasil eram marcados pela medicina e pela assistência.
Entre tantas influências que ajudaram a fazer circular modelos de Educação Infantil, talvez o mais influente e mais citado seja aquele criado na Alemanha pelo pedagogo Friedrich Fröebel (1782-1852), chamado kindergarten e que deu origem à denominação jardim de infância.
A partir de 1880, já se falava com mais frequência em jardins de infância no Brasil, e alguns textos de grande repercussão, como uma lei de 1879, assinada por Leôncio de Carvalho, ministro do Império e um Parecer assinado pelo jurista Rui Barbosa em 1882, indicavam claramente a necessidade de oferta de Educação Infantil por parte do Estado.
Moysés Kuhlmann Jr., pesquisador brasileiro, relata que a primeira creche surgiu ao lado da Fábrica de Tecidos Corcovado, em 1899, no Rio de Janeiro.
Em 1923, as autoridades governamentais reconheceram a grande presença feminina no trabalho industrial e em 1932, o trabalho feminino foi regulamentado através da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Em 1940, foi criado o Departamento Nacional da Criança que, em 1942 apresentou à sociedade um plano de instituição única para a assistência à infância, a “Casa da Criança”. Em 1961, após mais de uma década de debates e disputas políticas, o Congresso Nacional aprovou a Lei nº 4.024 de 20 de dezembro de 1961, que apresentava uma ampla reforma para a educação brasileira, onde a criança de 0 a 6 anos se torna, pela primeira vez no texto da lei, detentora do direito a receber educação.
No início da década de 70, em meio à Ditadura Militar foi sancionada a Lei 5692,
de 11 de agosto de 1971, que representou um retrocesso, pois ela praticamente
retirou dos governos quaisquer obrigações escolares relacionadas às crianças
pequenas.
9 Neste cenário surgem os projetos “casulos” desenvolvidos pela Legião Brasileira de Assistência, a LBA, destinados a “cuidar” das crianças oferecendo alimentação e higiene, através do trabalho voluntário.
Apesar do retrocesso, em 1974, o Ministério da Educação e da Cultura criou um Serviço de Educação Pré-Escolar, chamado SEPRE. Em 1975, é criada a Coordenadoria de Educação Pré-Escolar, a CODEPRE.
Enfim através da Constituição de 1988, pela primeira vez na história do Brasil, reconheceu-se um direito próprio da criança pequena que era o direito à creche e à pré-escola. Também O Estatuto da Criança e do Adolescente, com base na Lei nº 8.069 de julho de 1990, repetiu em seu Artigo 54 que o Estado
“tem o dever de oferecer às crianças de 0 a 6 anos de idade o atendimento em creches e pré-escolas”.
Mas foi na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, LDB Nº 9394/1996, que o termo Educação Infantil ganhou a forma mais favorável à criança pequena desde que existe legislação educacional no Brasil.
A LDB declara que a Educação Infantil começa dos 0 aos 3 anos de idade para quem precisa estar numa creche, prosseguindo dos 4 aos 5 anos de idade na pré-escola, tornando-se a Educação Infantil, também, um ciclo de 5 anos de formação contínua e parte integrante, constituidora da Educação Básica brasileira.
De acordo com a Lei, Nº 13.005, de 25 de junho de 2014, que aprova o Plano Nacional de Educação – PNE, a Educação Infantil é uma das prioridades.
A primeira meta: universalizar, até 2016, a educação infantil na pré-escola para as crianças de 4 (quatro) a 5 (cinco) anos de idade e ampliar a oferta de educação infantil em creches, de forma a atender, no mínimo, 50% (cinquenta por cento) das crianças de até 3 (três) anos até o final da vigência do PNE.
Nessa década com grandes avanços na educação infantil, quase que 90%
das crianças de 4 e 5 anos serão atendidas na pré-escola e caminha para atingir a meta de 50% na creche.
Após toda a caminhada da educação infantil, o grande questionamento é
de como promover uma educação de qualidade, em que se priorize o
desenvolvimento integral das crianças.
10 1.2. Apontamentos sobre a realidade educacional das crianças de 0 a
5 anos e o Plano Nacional de Educação
Nos últimos anos, a educação e os cuidados para a primeira infância tem sido alvo de muitas pesquisas. No Brasil os investimentos aumentaram, houve o reconhecimento da necessidade de ampliar o atendimento, no entanto, é preciso monitorar e acompanhar se realmente se está ofertando uma educação infantil de qualidade.
A OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) desenvolveu diversas pesquisas, demonstrando que as experiências precoces e de qualidade em relação ao desenvolvimento cognitivo, emocional, social das crianças, desde a mais tenra idade, logo na primeira infância, é fundamental para o sucesso na vida escolar e para a formação humana. A OCDE reconhece que o acesso das crianças à educação e cuidado de qualidade fortalecem os fundamentos da aprendizagem de todas as crianças para o resto de suas vidas, ressaltando ainda que paralelamente é preciso dispor de serviços que promovam a educação e o cuidado das crianças pequenas e incentivem a igualdade de oportunidades entre as mulheres no mercado de trabalho.
Um número cada vez maior de pesquisas reconhece que a Educação e cuidados para a primeira infância pode melhorar as habilidades cognitivas e o desenvolvimento emocional da criança, além de ajudar a criar uma base para o aprendizado ao longo da vida, tornar os resultados da criança mais homogêneos, reduzir a pobreza e melhorar a mobilidade social de uma geração para outra.
Todavia, o grau em que os serviços de ECEC (do inglês Early Childhood Education and Care) podem produzir tais benefícios depende da qualidade desses serviços. Aumentar o acesso aos serviços sem prestar a devida atenção à qualidade não irá resultar em bons resultados para as crianças nem em benefícios de longo prazo para a sociedade. (OCDE, in: Indicadores Educacionais em Foco, no 11.)
A Educação Infantil no Brasil ainda precisa trilhar longos caminhos, uma
vez que o reconhecimento, passou a ser considerado, somente na Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional – Lei 9394/96, como a “primeira etapa
da educação básica”, dando início, portanto à educação que deverá se
11 completar, em tese, aos dezoito anos. A inclusão da educação infantil na Educação Básica, estabelece um marco na história da educação brasileira, pois até então, o atendimento das crianças de 0 a 6 anos ocorria em programas sociais e assistencialistas. Agora, o grande desafio é superar a ideia de cuidar e proteger, nos termos de lares substitutos em relação a inclusão da Educação Infantil na Educação Básica Brasileira está em construir uma Educação Infantil que tenha como foco no cuidar e no educar.
Certamente todo universo que abrange a educação infantil seja demasiadamente importante, no entanto, muitas vezes esquecemos que o foco central da educação infantil são as crianças.
O debate sobre a busca pela qualidade do atendimento as crianças de 0 a 5 anos e sobre a necessidade da avaliação da educação infantil, são premissas necessárias para a construção e consolidação de políticas públicas de educação infantil que respeitem a criança como um sujeito de direitos e produtora de cultura e de história.
As instituições de educação infantil, são espaços socialmente construídos, não há como tangibilizar as características inerentes, qualidades essenciais, mas, o que podemos é evidenciar para que elas servem e quais são os seus propósitos.
O Brasil está investindo na Educação Infantil, ampliando o atendimento, o acesso ganhou força constitucional, com a nova redação dada ao inciso I do artigo 208 da nossa Carta Magna, que assegura a Educação Básica obrigatória e gratuita dos 4 aos 17 anos de idade, inclusive a gratuita para todos os que a ela não tiveram acesso na idade própria, sendo sua implementação progressiva, até 2016, nos termos do Plano Nacional de Educação - PNE, com apoio técnico e financeiro da União.
Nas estratégias apresentadas no PNE, cabe a Educação Infantil:
1.1) definir, em regime de colaboração entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, metas de expansão das respectivas redes públicas de educação infantil segundo padrão nacional de qualidade, considerando as peculiaridades locais;
1.2) garantir que, ao final da vigência deste PNE, seja inferior a 10%
(dez por cento) a diferença entre as taxas de frequência à educação infantil das crianças de até 3 (três) anos oriundas do quinto de renda familiar per capita mais elevado e as do quinto de renda familiar per capita mais baixo;
1.3) realizar, periodicamente, em regime de colaboração, levantamento
da demanda por creche para a população de até 3 (três) anos, como
12 forma de planejar a oferta e verificar o atendimento da demanda manifesta;
1.4) estabelecer, no primeiro ano de vigência do PNE, normas, procedimentos e prazos para definição de mecanismos de consulta pública da demanda das famílias por creches;
1.5) manter e ampliar, em regime de colaboração e respeitadas as normas de acessibilidade, programa nacional de construção e reestruturação de escolas, bem como de aquisição de equipamentos, visando à expansão e à melhoria da rede física de escolas públicas de educação infantil;
1.6) implantar, até o segundo ano de vigência deste PNE, avaliação da educação infantil, a ser realizada a cada 2 (dois) anos, com base em parâmetros nacionais de qualidade, a fim de aferir a infraestrutura física, o quadro de pessoal, as condições de gestão, os recursos pedagógicos, a situação de acessibilidade, entre outros indicadores relevantes;
1.7) articular a oferta de matrículas gratuitas em creches certificadas como entidades beneficentes de assistência social na área de educação com a expansão da oferta na rede escolar pública;
1.8) promover a formação inicial e continuada dos (as) profissionais da educação infantil, garantindo, progressivamente, o atendimento por profissionais com formação superior;
1.9) estimular a articulação entre pós-graduação, núcleos de pesquisa e cursos de formação para profissionais da educação, de modo a garantir a elaboração de currículos e propostas pedagógicas que incorporem os avanços de pesquisas ligadas ao processo de ensino- aprendizagem e às teorias educacionais no atendimento da população de 0 (zero) a 5 (cinco) anos;
1.10) fomentar o atendimento das populações do campo e das comunidades indígenas e quilombolas na educação infantil nas respectivas comunidades, por meio do redimensionamento da distribuição territorial da oferta, limitando a nucleação de escolas e o deslocamento de crianças, de forma a atender às especificidades dessas comunidades, garantido consulta prévia e informada;
1.11) priorizar o acesso à educação infantil e fomentar a oferta do atendimento educacional especializado complementar e suplementar aos (às) alunos (as) com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação, assegurando a educação bilíngue para crianças surdas e a transversalidade da educação especial nessa etapa da educação básica;
1.12) implementar, em caráter complementar, programas de orientação e apoio às famílias, por meio da articulação das áreas de educação, saúde e assistência social, com foco no desenvolvimento integral das crianças de até 3 (três) anos de idade;
1.13) preservar as especificidades da educação infantil na organização das redes escolares, garantindo o atendimento da criança de 0 (zero) a 5 (cinco) anos em estabelecimentos que atendam a parâmetros nacionais de qualidade, e a articulação com a etapa escolar seguinte, visando ao ingresso do (a) aluno(a) de 6 (seis) anos de idade no ensino fundamental;
1.14) fortalecer o acompanhamento e o monitoramento do acesso e da permanência das crianças na educação infantil, em especial dos beneficiários de programas de transferência de renda, em colaboração com as famílias e com os órgãos públicos de assistência social, saúde e proteção à infância;
1.15) promover a busca ativa de crianças em idade correspondente à
educação infantil, em parceria com órgãos públicos de assistência
social, saúde e proteção à infância, preservando o direito de opção da
família em relação às crianças de até 3 (três) anos;
13 1.16) o Distrito Federal e os Municípios, com a colaboração da União e dos Estados, realizarão e publicarão, a cada ano, levantamento da demanda manifesta por educação infantil em creches e pré-escolas, como forma de planejar e verificar o atendimento;
1.17) estimular o acesso à educação infantil em tempo integral, para todas as crianças de 0 (zero) a 5 (cinco) anos, conforme estabelecido nas Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil.
(CONAE, 2014. p. 67-68)
Para fortalecer a identidade da educação infantil no Brasil e garantir acesso, bem como educação de qualidade, é fundamental que haja políticas públicas de avaliação dessa etapa, conforme item 1.6 da Meta 1 do PNE.
Avaliar a educação infantil no Brasil é necessária para que se tenha dados para planejar os novos avanços, resolver os problemas, pois sem os problemas não há uma ação efetiva e da mesma forma, sem ação, não haverá mudanças.
É necessário trilhar um longo caminho na esperança de promovermos uma educação de qualidade para um maior número de crianças, onde todas tenham direito à educação, à saúde, à alimentação, à um lar, à uma família, entre tantas outras situações já previstas na Declaração Universal dos Direitos da Criança.
1.3. A transição entre cuidar e educar - a brincadeira na educação infantil
Todos os esforços que são realizados na construção de uma escola, ou da proposta pedagógica, devem visar fundamentalmente a formação integral das crianças de 0 a 5 anos. No entanto, o Brasil tem ainda muitas conquistas a serem feitas no que tange o atendimento das crianças, principalmente de 0 a 3 anos.
Todo o trabalho pedagógico, de gestão ou relacionado a infraestrutura
deve priorizar o desenvolvimento e a aprendizagem da criança. É por ela, pelo
seu desenvolvimento integral que devemos planejar nossas ações nas escolas
infantis. A criança é um sujeito histórico e de direitos que se desenvolve por meio
das interações, das brincadeiras, das práticas educativas, das relações e
práticas cotidianas que lhe são disponibilizadas. Logo, cabe ao adulto, ao
professor, disponibilizar um grande acervo cultural, um bom repertório educativo
14 para que as crianças de diferentes grupos sociais e contextos culturais possam ter a oportunidade e a garantia de uma educação de qualidade.
Se a criança é a nossa prioridade, se ela é de fato o centro das nossas preocupações, necessita-se acompanhar em cada canto de cada escola desse imenso país, se às crianças está assegurado o direito de brincar, de aprender, de interagir, de dialogar, de observar e experimentar, de questionar, de aprender, de explorar os sentidos, de ouvir e acompanhar histórias, de desenhar e representar o que está apreendendo, de aprender a respeitar as diferenças, de ter acesso ao conhecimento historicamente acumulado, de descobrir sobre o meio social, natural e físico, de conquistar a autonomia, de se aproximar da cultura, de imaginar, de criar, de sonhar, de se encantar e ser feliz.
Como as novas Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Básica, MEC (2009), comenta:
[...] o conhecimento científico hoje disponível autoriza a visão de que desde o nascimento a criança busca atribuir significado a sua experiência e nesse processo volta-se para conhecer o mundo material e social, ampliando gradativamente o campo de sua curiosidade e inquietações, mediada pelas orientações, materiais, espaços e tempos que organizam as situações de aprendizagem e pelas explicações e significados a que ela tem acesso (MEC, 2009. p. 06)
O período de vida atendido pela Educação Infantil caracteriza-se por marcantes aquisições: a marcha, a fala, o controle esfincteriano, a formação da imaginação e da capacidade de fazer de conta e de representar usando diferentes linguagens. Embora nessas aquisições a dimensão orgânica da criança se faça presente, suas capacidades para discriminar cores, memorizar poemas, representar uma paisagem através de um desenho, consolar uma criança que chora, etc., não são constituições universais biologicamente determinadas e esperando o momento de amadurecer.
Elas são histórica e culturalmente produzidas nas relações que estabelecem com o mundo material e social mediadas por parceiros mais experientes.”
Deve-se voltar os olhos para as crianças e tentar compreender, na certeza
de que quando crescerem, possam ter garantidas melhores oportunidades, pois
talvez depois, seja tarde para se recuperar o que foi perdido na infância.
15 As escolas infantis, os educadores e as famílias possuem relação muito próxima com as crianças pequenas e, com isso, muitas vezes, julgam que já conhecem o mundo infantil e que a criança pequena precisa apenas de cuidados, atenção e amor. Porém, no decorrer da infância, nos primeiros seis anos de vida, ocorrem muitas mudanças evidentes que nos permitem considerar que essa etapa faz parte da nossa cultura e que e preciso destinar um olhar atento a ela para que as crianças recebam uma boa educação.
Muitas vezes, as pessoas que atendem as crianças e que estão próximas a elas têm dificuldade em explicar por que ocorrem essas mudanças nas crianças e qual o papel do adulto e do meio social no desenvolvimento infantil.
Essas questões são focos de estudo da psicologia da educação e da psicologia evolutiva. Nosso intuito não e o de desvendar os mistérios sobre a mente infantil nem desvendar a psicologia evolutiva, mas sim o de trazer contribuições e reflexões sobre os fatores que intervém no desenvolvimento da criança a partir de uma perspectiva construtivista.
De zero a cinco anos, ocorrem grandes mudanças no desenvolvimento da criança. Essas mudanças não se repetirão durante o seu desenvolvimento. Logo ao nascerem, as crianças necessitam de cuidados básicos e mínimos, que garantam seu desenvolvimento, como alimentação e a garantia de horas de sono. A medida que vão se desenvolvendo, aumentam as complexidades, elas passam do âmbito relacional ao âmbito pessoal, o que leva ao aumento de sua capacidade de resposta, do uso da linguagem, de ter a necessidade de valer-se de si mesma. Lembramos que na complexidade do desenvolvimento da criança, cada ser humano e único, e diferente em suas particularidades físicas e psíquicas, pois cada um recebe, por meio da herança genética, determinadas potencialidades que se desenvolvem conforme o ambiente.
Antes de refletir e discorrer sobre como a criança aprende e se desenvolve, e preciso esclarecer três conceitos que estão intimamente relacionados: a maturação, o desenvolvimento e a aprendizagem. A maturação refere-se às mudanças que ocorrem ao longo da evolução dos seres humanos, que variam na estrutura e função das células.
Ela está relacionada ao crescimento tanto biológico, quanto físico e
também na evolução da criança como pessoa. Já o desenvolvimento está
relacionado à formação progressiva das funções propriamente humanas, como
16 a linguagem, raciocínio, memória, atenção e estima. A aprendizagem e o processo pelo qual incorpora-se novos conhecimentos, valores, habilidades, que são próprios da cultura e da sociedade na qual estamos inseridas.
A natureza do desenvolvimento é sempre biológica e cultural e ele se dá na criança de modo integrado. O desenvolvimento físico está relacionado ao desenvolvimento psicológico e cultural. Ele acompanha a evolução da espécie humana, ou seja, toda criança apresenta certa constância como engatinhar, começar o desenho com rabiscos, depois garatujas, dentre outros. As possibilidades de realizar certos movimentos e de se expressar por meio da linguagem estão relacionadas ao amadurecimento do sistema nervoso e muitas situações do desenvolvimento não são antecipadas pelo treinamento. A partir do nascimento as áreas do cérebro vão se ativando, e, no terceiro ano de vida, a configuração do cérebro da criança está muito parecida a do cérebro do adulto, com relação às partes ativas. Desde o nascimento até por volta dos três anos de idade, a criança desenvolve noções de si mesma como um ser diferente no espaço e como indivíduo autônomo, caminhando assim, para a formação de sua identidade e personalidade. Segundo Elvira Souza Lima, “uma descoberta importante é a de que várias atividades da vida cotidiana, como brincar, fazer experiências movidas pela curiosidade, ouvir música participar de práticas culturais, tem um profundo sentido educativo, pois elas levam ao desenvolvimento de redes neuronais de grande resiliência que poderão ser acionadas em aprendizagens posteriores, incluindo as aprendizagens escolares”.
Vocabula rio
Garatuja: Desenho rudimentar, malfeito, normalmente sem forma e ilegível (os rabiscos que as crianças fazem na tentativa de representar o mundo que as rodeiam.
Isso nos sugere e indica que a proposta educativa nas escolas infantis
deve ser revista para não se enfatizar a informação das várias áreas do
17 conhecimento e a realização de atividades mecânicas pelas crianças dessa fase da educação em detrimento de atividades que possibilitem o desenvolvimento no período de formação.
Para compreendermos as aquisições que as crianças fazem no decorrer dos anos da educação infantil, é preciso ressaltar que consideramos o processo de aprendizagem fundamental nas escolas para o estabelecimento do desenvolvimento infantil. Segundo Vygotsky, a aprendizagem ocorre na interação com outras pessoas, o que nos possibilita o avanço no desenvolvimento psicológico. Os processos de interação, tanto com adultos ou pessoas mais experientes como com o meio social, permitem o estabelecimento das funções psicológicas superiores.
As escolas infantis que atendem crianças de 0 a 5 anos têm importante função no desenvolvimento infantil das crianças, pois, muitas vezes, elas passam boa parte do tempo nesse espaço e é nele que irá experimentar as sensações do mundo e desenvolver suas habilidades.
Que práticas educativas possibilitarão um melhor desenvolvimento? Se todos os dias as crianças brincarem nas escolas, nas creches, elas estarão sendo estimuladas.
Segundo Situação da Infância Brasileira 2001, Relatório da UNICEF (2001):
[...] a interação e as brincadeiras estimulam nas crianças o sentido de que são protagonistas de seu próprio desenvolvimento, o aprendizado precoce e, assim, seu desenvolvimento psicossocial. Com as últimas descobertas científicas sobre o desenvolvimento da criança na primeira infância, pode-se dizer que os ensinamentos sobre a igualdade de gênero, o respeito pelos direitos de todos os indivíduos, o reconhecimento das diversidades culturais e as noções de tolerância e paz devem começar nos primeiros anos de vida da criança.
Cientistas têm descoberto que, sem as brincadeiras, o
toque e outros estímulos, o cérebro de um bebê pode-se
desenvolver significativamente menos, o que corresponde
a menos sinapses realizadas. E o ambiente não afeta
somente o número de células do cérebro, mas também o
caminho que essas conexões fazem em suas ligações. No
momento em que um menino ou menina completa 6 anos,
seu cérebro já desenvolveu os amplos contornos de sua
autoestima, de senso de moralidade, responsabilidade e
empatia, sua capacidade de aprendizado e de
18 relacionamento social, e outros aspectos de sua personalidade (UNICEF, 2001. p. 11-14).
Importante
POR QUE BRINCAR? O QUE O BRINCAR PROPORCIONA?
O cérebro e o corpo da criança ficarão estimulados e ativos;
Motiva e desafia o participante tanto a dominar o que é familiar quanto a responder ao desconhecido em termos de obter informações, conhecimentos, habilidades e entendimentos;
Por puro prazer e diversão, criando uma atitude alegre em relação à vida e à aprendizagem .
Muitos estudos demonstram a importância do desenvolvimento cognitivo infantil, entre eles a neurociência cognitiva, que nos ajuda a compreender e desvendar os mistérios da mente humana e que mostra, por meio das pesquisas científicas, o funcionamento dos processos neuronais. Mesmo sabendo que o cérebro é complexo e está em constantes mudanças durante toda a vida, é depois do nascimento até aproximadamente os seis anos de idade que a criança estabelece o maior número de conexões das células nervosas, sendo essa fase importantíssima para o desenvolvimento humano.
Importante
É fundamental conhecer e estudar as Diretrizes Curriculares da Educação Infantil publicada pelo Ministério da Educação em 2010, como também as Diretrizes Curriculares da Educação Básica, MEC (2013).
DIRETRIZES CURRICULARES NACIONAIS PARA A EDUCAÇÃO INFANTIL Definições
Para efeito das Diretrizes (2010) são adotadas as definições:
19 Educação Infantil:
Primeira etapa da educação básica, oferecida em creches e pré-escolas, às quais se caracterizam como espaços institucionais não domésticos que constituem estabelecimentos educacionais públicos ou privados que educam e cuidam de crianças de 0 a 5 anos de idade no período diurno, em jornada integral ou parcial, regulados e supervisionados por órgão competente do sistema de ensino e submetidos a controle social.
É dever do Estado garantir a oferta de Educação Infantil pública, gratuita e de qualidade, sem requisito de seleção.
Criança:
Sujeito histórico e de direitos que, nas interações, relações e práticas cotidianas que vivencia, constrói sua identidade pessoal e coletiva, brinca, imagina, fantasia, deseja, aprende, observa, experimenta, narra, questiona e constrói sentidos sobre a natureza e a sociedade, produzindo cultura.
(BRASIL, 2010. p. 12-13)
Resumo Aula 1
Nesta o foco central a Educação Infantil, e a importância da brincadeira, a qual traz benefícios físicos e cognitivos, além de promover a socialização, situa a criança em seu local, onde a mesma procura identificar a si e aos demais.
Evidenciou-se também a legislação e as Diretrizes Nacionais da Educação Infantil e as suas definições e conceitos.
Atividade de Aprendizagem
Segundo Moyeles (2006) É muito importante que as crianças aprendam a valorizar suas brincadeiras, o que só pode acontecer se elas forem igualmente valorizadas por aqueles que as cercam. Brincar mantém as crianças física e mentalmente ativas. Discorra sobre o assunto.
Aula 2 - Promovendo o Desenvolvimento e a Aprendizagem das Crianças na Educação Infantil por meio do Brincar
Apresentação Aula 2
20 O brinquedo tem o papel principal na formativa física e também cognitiva da criança.
Nesta aula o foco será o desenvolvimento e o aprendizado da criança por meio do brincar, sendo de forma individual (ou com os pais) realizado em casa de forma coletiva.
2. Promovendo o Desenvolvimento e a Aprendizagem das Crianças na Educação Infantil por meio do Brincar
Como podemos distinguir o brincar e o não brincar? Quando é considerado o brincar e outra forma de atividade na educação infantil?
Era considerado que o brincar na infância era o momento apenas em que a criança sentia prazer, mas, isso não é bem verdade, pois nem sempre o brincar é prazeroso, principalmente para as crianças ao final da etapa da educação infantil, quando lhe é apresentado um jogo, o qual terá ganhadores e perdedores.
Também porque a criança sente prazer em outras atividades que não são só relacionadas ao brincar.
Para Refletir
Por que brincar é importante? O que é considerado brincar?
Diversas pesquisas apontam que por meio do brincar é que a criança terá
garantido a aprendizagem. Segundo Vygotsky (1998), o brinquedo e a
brincadeira, influenciará o desenvolvimento das crianças. O brincar espontâneo,
livre, nas brincadeiras coletivas, com uso de brinquedos ou não, é considerado
brincar no momento do desenvolvimento da brincadeira, quando há uma
predominância das situações imaginárias, e quando ocorrem transformações
21 internas no desenvolvimento da criança que surgem por meio das brincadeiras e brinquedos.
2.1. O Papel do Brinquedo no Desenvolvimento da Criança
Vygotsky (1998) aponta a importância do ato de brincar na composição do pensamento infantil. Segundo o autor, a criança percebe e se relaciona com o mundo, as pessoas e as coisas através da brincadeira. Em seu livro A Formação Social da Mente, esse grande pensador dedica um capítulo da obra para discorrer sobre a importância do brinquedo e a designação dada por ele para o ato de brincar, englobando brincadeira, jogo e o brinquedo em si.
A criança bem pequena, como é chamada a criança de 0 a 3 anos em seu livro, tem sua motivação para brincar deflagrada pelos objetos com os quais brincam. Vygotsky (1998) cita os experimentos de Lewin que ao observar crianças bem pequenas brincando, percebeu que a própria natureza dos objetos era um convite ao brincar, como uma porta que “convida” a criança a abri-la e fechá-la, uma escada que “convida” o bebê a escalá-la, dentre outros. Isso ocorre devido ao fato da percepção estar intrinsicamente ligada ao ato motor e à motivação das crianças pequenas, diferentemente do que ocorre com as crianças maiores, cuja motivação pode ser estimula através dos objetos visíveis (capacidade que tem a mente de imaginar, de criar imagens ou de representar os objetos visíveis na ausência desses, cuja definição foi atribuída através dos objetos, símbolos, palavras, entendimentos, esquemas, regras ou demais situações vivenciadas anteriormente).
A liberdade de ação é adquirida conforme o amadurecimento cognitivo da criança.
Levando-se em consideração que a motivação das crianças de 0 a 3 anos
está nos objetos que as cercam, é fundamental que as escolas ofereçam
diversos recursos para que essas crianças possam ter acesso a diferentes
estímulos e possam então, ser impelidas a descobrir novas brincadeiras, além
de desenvolver várias habilidades além do engatinhar, andar e pular. É
fundamental oferecer brinquedos de encaixe, de rosquear como tampinhas de
garrafa, objetos de diferentes espessuras, tamanhos e cores. São infinitas as
possibilidades de brincadeiras com as crianças dessa faixa etária.
22 Quando a criança já está apta a usar a imaginação e ver além do objeto, representar um cavalo com cabo de vassoura, Vygotsky (1998) diz que essa criança já consegue brincar sem a presença do objeto em si. A imaginação, para o autor, é um processo psicológico, fruto da consciência do sujeito, sendo assim, surge da ação. Isso explica o fato da criança conseguir criar regras e situações imaginárias a partir daquilo que decide brincar. Um exemplo claro disso, é quando um grupo de meninos decide em comum acordo de que brincarão de super-heróis. A partir dessa decisão, a ação do brincar, surgem os cenários fictícios, os anti-heróis, as muralhas a serem puladas, os vilões a serem atacados, a mão que solta teia de aranha, as espaçonaves, etc. Todos esses recursos da brincadeira são imaginários, e só vieram à tona porque as crianças começaram uma ação. Essas situações imaginárias representam a primeira ação frente ao rompimento com as brincadeiras situacionais que dependem da situação vivida e dos objetos utilizados das crianças bem pequenas, uma vez que essas não possuem imaginação como os maiores.
Nas situações de brinquedo, termos do autor, a criança experimenta momentos de subordinação, de renúncia a alguns desejos frente às regras ou desejos diferentes dos seus, controla seus impulsos, tudo isso para que possa atingir o prazer de brincar. Essas ações citadas são de extrema importância para convivência social, e nem sempre são existentes fora de uma situação de brinquedo. Muitas vezes, os cuidadores das crianças, os pais, os avós ou as tias, relatam a teimosia das crianças, a falta de obediência às regras estabelecidas nas situações reais do dia a dia. Isso se deve ao fato de que as crianças reproduzem na brincadeira aquilo que sabem ser o ideal de comportamento, uma vez que ouvem os adultos falarem sobre o que é certo ou errado, no entanto, em situações reais não há, necessariamente, a presença do prazer real que existe no brincar. Vygotsky (1998) afirma “No brinquedo, a criança sempre se comporta além do comportamento habitual de sua idade, além de seu comportamento diário; no brinquedo é como se ela fosse maior do que é na realidade.”
Ao término da educação infantil, as crianças envolvem-se em brincadeiras
cujas regras passam a ser mais rígidas ou mais exigentes, e nem por isso as
crianças deixam de brincar. Elas se adaptam, aprendem a negociar, argumentar,
respeitar e a se autorregularem.
23 Em suma, para Vygotsky (1998), o brinquedo representa o mais alto nível de desenvolvimento pré-escolar, pois permite que a criança desenvolva movimentos, imaginação, regulação interna de seus desejos, respeito às regras, entre outros.
O que é possível observar no ato de brincar das crianças:
Brincadeiras espontâneas;
Movimentos, expressão corporal;
Emoções, sentimentos;
Vínculos, trocas;
Habilidades;
Interesses;
Necessidades;
Valores;
Potenciais;
Dificuldades.
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Para saber mais sobre os estudos de Vygotsky sobre a brincadeira e o desenvolvimento da criança, recomendo a leitura do livro A Formação Social da Mente de autoria de Vygotsky.
Resumo Aula 2
Nesta evidenciou-se a importância do brinquedo e dos recursos
imaginários no desenvolvimento da criança. Essas situações imaginárias
representam a primeira ação frente ao rompimento com as brincadeiras
situacionais, as quais dependem de algum objeto, uma vez que essas não
possuem imaginação como os maiores.
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Atividade de Aprendizagem
Os recursos imaginários, os brinquedos e a convivência social possuem um papel importante no desenvolvimento da criança.
Discorra sobre o assunto.
Aula 3 - O jogo e o imaginário infantil Apresentação Aula 3
Nesta aula será apresentado o jogo imaginário e o significado dos objetos, dos eventos, dos sonhos e fantasias, o qual direcionam a criança a assumir papéis presentes no contexto social.
3. O jogo e o imaginário infantil
Na Educação Infantil toda hora é hora para levar as crianças a brincarem com a imaginação, assim os jogos se tornam grandes aliados para desenvolver o pensar de forma divertida e interativa.
As ações com o jogo podem ser criadas e recriadas nos ambientes da escola infantil, o qual constantemente promove a descoberta e se transforma em novas possibilidades de se jogar. Quando a criança brinca, sem perceber fornece várias informações ao seu respeito e de sua vivencias, assim o brincar pode ser útil para estimular seu desenvolvimento integral, tanto no ambiente familiar, quanto no ambiente escolar.
A partir do seu brincar a criança aprende a respeitar regras, a ampliar o seu relacionamento social e a respeitar a si mesmo e ao outro, bem como se expressa com maior facilidade, exerce sua liderança e compartilha sua alegria de brincar.
A brincadeira de faz de conta no universo das crianças é surpreendente e
tem seus encantos, que ao observá-las enquanto brincam podemos ter ideia de
como elas imaginam e reproduzem suas percepções do mundo real podendo
25 nesses momentos vivenciar experiências ricas em autonomia e tomada de decisões.
De acordo com Freud apud KISHIMOTO (2003, p.57). Cada criança em suas brincadeiras comporta-se como um poeta, enquanto cria seu próprio mundo ou, dizendo melhor, enquanto transpõe elementos formadores de seu mundo para uma nova ordem, mais agradável e conveniente para ela.
Muitas vezes nos depara-se com situações de brincar de faz de conta das crianças e entendemos como elas interpretam o contexto que vivem. Ao observá- las fazendo uso de imitações de adultos, porém como uma linguagem própria e simbólica conseguimos estabelecer relações e entendimentos sobre sua importância para a compreensão de mundo, desenvolvimento das percepções e linguagens das crianças.
KISHIMOTO (2003, p.39) destaca a brincadeira de faz de conta, também conhecida como simbólica, de representação de papéis ou sociodramática, é a que deixa mais evidente a presença da situação imaginária. Ela surge com o aparecimento da representação e da linguagem, em torno 2/3 anos, quando a criança começa a alterar o significado dos objetos, dos eventos, a expressar seus sonhos e fantasias e a assumir papéis presentes no contexto social.
Brincadeiras de faz de conta podem ser inseridas nas vivencias das crianças criando espaços como casinha de boneca, mercadinho, fantasias, etc.
Também pensar em situações imaginárias através das histórias de faz de conta, parlendas, etc.
3.1. Os espaços promovem a aprendizagem e influenciam o desenvolvimento infantil
Com base nos estudos de diversos pesquisadores nas áreas da neurociência cognitiva, sobre o cérebro infantil e o desenvolvimento da criança, apresenta-se uma proposta de trabalho a ser desenvolvida nas escolas infantis, visando à readequação dos espaços, do tempo, das práticas educativas e culturais.
As pesquisas e estudos sobre a neurociência cognitiva nos mostra como
a mente é maravilhosa e que sua capacidade pode nos surpreender. Se as
26 crianças conviverem em ambientes estimulantes, com adultos experientes, com os próprios pais, com educadores que compreendam a complexidade da mente humana, certamente, terão suas capacidades e habilidades mais desenvolvidas.
Teremos crianças mais pré-dispostas ao aprendizado como também culturalmente e socialmente mais desenvolvidas.
Os pesquisadores sobre a mente humana, principalmente sobre a mente infantil, acreditam que a educação tem um papel fundamental para o enriquecimento e desenvolvimento do cérebro.
Algumas questões são quase que determinantes no processo de desenvolvimento da mente infantil como os ambientes estimulantes; as práticas educativas estimulantes; a exploração de diversos objetos; o encorajamento do adulto nas atividades que possibilitem à criança superar desafios, usar da imaginação e da criatividade.
3.1.1. Um ambiente estimulante
É preciso que as escolas revejam seus ambientes, seus espaços, visando à construção e organização de espaços que privilegiem o desenvolvimento infantil e situações ricas de aprendizagem.
Espaço escolar (externo): área ampla com espaços reservados para:
caixas de areia, árvores, plantas diversas, hortaliças, pomares, jardins, viveiros, área para pequenos animais, área com terra e gramado, pátio coberto, concha acústica, área para a prática esportiva, parque infantil, casinhas de boneca, etc.
Espaço escolar (interno): salas de aulas amplas, sala de música, sala de
arte, cozinha, banheiros adequados, sala de leitura, biblioteca, sala de
ginástica, auditório/teatro, etc. As salas de aula deverão conter muitos
mundos: espaço para armários individuais, prateleiras com materiais
coletivos, espaço para os livros, revistas, gibis, reproduções de obras de
arte, amplas mesas coletivas, lavatório, bebedouro, espaço para os
27 brinquedos, espaço para os jogos e materiais pedagógicos, espaço livre para rodas de conversa e outras atividades, etc.
Ambientes externos à escola: ambientes para estimular e desenvolver as crianças: zoológicos, fazendas de animais, museus, cinemas, teatros, reservas naturais, parques públicos, observatórios, planetários, centro de estudos de animais, estufas, fazendas com plantações, etc.
Importante
A fim de atrair a atenção infantil é preciso ter-se a ciência que são necessários ambientes estimulantes para atender as necessidades e proporcionar uma educação de qualidade.
Nesse contexto é preciso dar atenção em nossas escolas/creches privilegiando em seus ambientes plantas diversas, espaço para os livros e sala de arte.
3.1.2 Práticas culturais diversificadas