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Midiatização e ciberativismo nas redes sociais

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Ana Azevedo

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Resumo

Neste artigo ressaltamos a apropriação social da internet no uso dado às redes sociais numa possível prática de virtualização do ativismo social. Assim, o presente trabalho se propõe a refletir sobre essa apropriação destacando a comunicação realizada nas práticas ativistas na internet, buscando compreender os possíveis caminhos do ciberativismo - ativismo digital - no contexto da sociedade midiatizada, tendo como foco as redes sociais, através de uma reflexão em torno da comunidade no Facebook do movimento Floresta Faz a Diferença.

Palavras-chave

Comunicação; ciberativismo; midiatização; redes sociais

Introdução

A inserção da internet na vida das pessoas, ancorada pela influência cada vez maior da instituição mídiática na organização da sociedade contemporânia e o modo como tem reconfigurado o social em diferentes aspectos refletem e estam refletidos na forma assumida pela apropriação social dos meios.

O modelo da comunicação de um para muitos, a rapidez de disseminação da mensagem e a sua relativa democratização configuram a internet como um meio que possui características consideradas favoráveis para a disseminação de conteúdo de cunho ativista, ou seja, de mensagens contra-hegemônicas. A comunicação mediada por computador tem se tornado elementar para as relações sociais e aqui destacamos o seu uso estratégico pelas organizações empenhadas na defesa de causas, ou seja, como ferramenta de mobilização dos movimentos sociais no ciberespaço.

Buscaremos situar a prática ativista nas teorias da midiatização e os estudos sobre sociabilidade na rede a partir do diálogo com teóricos como Muniz Sodré

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Este artigo compõe pesquisa de mestrado em andamento.

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Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social - PPGC/UFPB, linha de pesquisa

Culturas Midiáticas Audiovisuais. Graduada no curso de Comunicação Social com habilitação em

radialismo, pela Universidade Federal da Paraíba.

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(2012), Fausto Neto (2008), Jairo Ferreira (2006), Raquel Recuero (2009) entre outros, enfatizando o valor dado ao capital midiático na construção das ações ciberativistas.

Considerando a virtualização das interações sociais como marca da midiatização, tentaremos refletir sobre esse processo realizando uma análise de campanhas contra uma proposta de alterações no Código Florestal Brasileiro realizadas pela sociedade civil organizada, aqui representadas pelo Comitê Brasil em Defesa das Florestas e do Desenvolvimento Sustentável na internet.

Sociedade em rede, midiatização e ativismo

Concebendo a midiatização como um processo que prioriza a virtualização das interações, a centralidade de relações mediadas nas principais instituições sociais e a ênfase da influência da mídia nessas instituições que compõem a sociedade (H J A R VA R D, 2012); (SODRÉ, 2012), havendo o surgimento do capital midiático (Ferreira, 2006) - o valor agregado aos processos midiáticos e a influência deles sobre o não midiático - destacamos a importância do estudo em comunicação firmado nas práticas emergentes nesse contexto como é o caso do ciberativismo, que se amplia e ganha cada vez mais espaço na internet estando presente nas principais discussões políticas de nosso tempo.

Ferreira (2006) propõe duas tensões no campo da midiatização que são importantes para o proposto estudo, visto que se referem à relação que passa a se estabelecer no meio social através de um diálogo no qual a linguagem e a lógica midiática prevalecem. A saber:

As tensões em torno da midiatização resultam dessa dupla demanda

– finalizações próprias (o campo das estratégias de instituições não

midiáticas) e operações singulares (o campo em que as estratégias

são constituídas pelas lógicas midiáticas) – que se intrinca com a

tensão entre as objetivações midiáticas e a comunicação enquanto

conversação social. (FERREIRA, 2006, p.02)

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Buscando evidenciar as especificidades da mobilização social realizada na internet, Castells (2010) traça três pontos cruciais na relação entre este meio e os movimentos sociais. O primeiro ponto destacado pelo pesquisador é a crise das organizações tradicionais, neste trabalho abordamos o processo de midiatização como um dos fatores dessa crise.

O outro ponto se refere à estrutura dos movimentos que se fundamentam em torno de “códigos culturais, de valores”. John Downing (2004) reforça a idéia de uma reconfiguração dos movimentos sociais, se antes os movimentos buscavam alteração do regime político, mais adiante representados pelo movimento operário se preocuparam com questões mais pontuais como aumento salarial. Hoje nos deparamos com movimentos, entre eles os movimentos feminista, homossexual, negro e o movimento ambientalista, cuja moeda seria a conscientização em torno de alguma idéia, que propõe mudança de valores e comportamento, embora eles também possam exercer influência direta na elaboração e revogação de leis.

Terceiro ponto ressaltado por Castells diz respeito à forma de funcionamento do poder nos dias atuais, na sociedade contemporânea o poder se estabelece em

“redes globais”. E, uma vez que a vivência e a construção de valores das pessoas se estruturam no contexto local, “a internet permite a articulação dos projetos alternativos locais através de protestos globais” (2010, p.278).

Quanto à relação da mídia com os movimentos sociais da atualidade, Cardoso dispõe que tais grupos:

Usam a mobilização simbólica e dispõe de recursos flexíveis, de acesso mais fácil a algumas mídias, de mobilidade geográfica e de interação cultural mais rápida e barata, e contam com a colaboração de diversos tipos de outras organizações em rede para a organização simplificada de campanhas temáticas. (CARDOSO, 2007, p. 476)

Assim, verificamos uma relação dos grupos ativistas com a mídia e a forte existência do uso da internet em campanhas na defesa de causas das mais diversas que refletem a própria natureza dos movimentos sociais da atualidade (CASTELLS, 1999). Ainda segundo Castells, movimento ambientalista merece destaque por reunir peculiaridades que fazem dele o movimento mais afinado com a sociedade em rede.

Boa parte do sucesso do movimento ambientalista deve-se ao fato

de que, mais do que qualquer outra força social, ele tem

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demonstrado notável capacidade de adaptação às condições de comunicação e mobilização apresentadas pelo novo paradígma tecnológico. (CASTELLS, 1999, p.161)

E uma vez que, o espaço público se amplia com o desenvolvimento tecnológico para além do espaço físico se estende e se virtualiza com a comunicação mediada e os processos midiáticos de conversação social, as ações dos movimentos são pensadas para a criação de um evento midiático.

E conscientes da valorização do midiático pela sociedade, a comunicação ativista se molda cada vez mais pelo formato dos produtos da mídia, conforme constata Ferreira (2006 p. 05) “assim, um agente ou uma instituição buscam o reconhecimento pelo campo das mídias acionando, reversivelmente, os mesmos sistemas de produção que regulam as disposições e dispositivos no campo das mídias.”

Segundo Kellner, “a experiência e a vida cotidiana são moldadas e mediadas pelos espetáculos” (KELLNER, 2006, p. 123). E o capital midiático reforça essa espetacularização das ações humanas.

Ciberativismo nas redes sociais

Em seu estudo sobre as redes sociais na internet Raquel Recuero (2009) enfatiza a diferença entre as redes sociais propriamente ditas formadas pelos atores e suas interações no ambiente virtual e a estrutura que possibilita e molda em certa medida sua formação. Conhecidos como sites de redes sociais (Twitter, Facebook, Orkut, Fotologs, weblogs e etc.) são sistemas estruturados de tal forma a permitir a individualização (construção de perfil, personalização) dos atores e revelam as redes sociais de cada ator publicamente, além de viabilizar interações entre os eles.

E a formação da rede “centra-se em atores sociais, ou seja, indivíduos com

interesses, desejos e aspirações que tem papel ativo na construção de suas redes

sociais.” (RECUERO, 2009, p. 143). E a autora alerta, ainda, que “a verificação do

tipo de valor construído em cada site pode auxiliar também na percepção do capital

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social construído nesses ambientes e sua influência na construção e na estrutura das redes sociais.” (Ibidem, 2009, p. 107).

As relações nas redes sociais podem apresentar diferentes níveis de interatividade e laços estabelecidos entre os atores a partir de suas conexões. Partindo dos conceitos de interatividade mútua e reativa de Alex Primo (2008), Raquel Recuero (2009) classifica os laços gerados nas redes sociais na internet como fortes ou fracos. Os laços que se estabelecem nas redes sociais marcando a sociabilidade na internet podem dar pistas dos rumos do caráter que assume a apropriação do meio na dinâmica das redes sociais. Os laços fortes são aqueles em que a interação é mútua que requer uma cooperação entre os interagentes, pressupõe uma negociação e a conversação se concretiza. Nos laços fracos a base é a interação reativa - onde se somam ações automatizadas, fundadas por relações de estímulo e resposta, por exemplo, a adesão a alguma comunidade, o ato de seguir um link e etc.

Dados recentes da Experian Hitwise

(http://www.serasaexperian.com.br/release/noticias/2012/noticia_00931.htm)

demonstram que cresce a preferência dos brasileiros pelos sites de Redes Sociais e Fóruns, essas categorias lideram o ranking das mais acessadas pelos usuários de internet no Brasil, com 22,08% da preferência em julho de 2012, alta de 5,03% em comparação ao mesmo período de 2011. Ainda, segundo a pesquisa, o segundo lugar foi da categoria Ferramentas de Busca, com 12,44% dos acessos em julho de 2012, queda de 8,88% em relação a julho do ano anterior.

Segundo Castells (2010, p.279), “a internet é a conexão global-local, que é a nova forma de controle e de mobilização social”, é preciso reconhecer que ela se firma como o meio de comunicação que melhor se afina com ideais de liberdade e igualdade, conseguiu dar voz ao indivíduo e permite o acesso a uma quantidade e diversidade de informações inimagináveis antes da sua existência. Ao mesmo tempo, não deve ser vista como o oásis da democracia e liberdade de expressão, isento de controle, pois além de ser uma posição ingênua, seria irreal.

E devemos considerar a exclusão digital existente no país segundo o Mapa da

Inclusão Digital, elaborado pela Fundação Getulio Vargas (FGV) em parceria com a

Fundação Telefônica/Vivo. A pesquisa afirma que, num universo de 156 países, o

Brasil ocupa a 72ª posição no Índice Integrado de Telefonia, Internet e Celular de

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Inclusão Digital e, com base em dados do Censo 2010 do IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística e do Instituto Gallup, 51,25% da nossa população teria acesso ao computador, à internet, ao telefone fixo e ao celular.

Muniz Sodré (2002, p. 251) alerta para os diversos interesses que permeiam o mercado da mídia e afirma que a mera inclusão tecnológica não significa também maior participação política do cidadão, pois:

Aceitar a utopia de uma nova cidadania por uma pura inserção igualitária do indivíduo no mercado e nas teletecnologias, confiado na racionalidade da transparência comunicacional, é reconhecer igenuamente o irracionalismo dessas novas formas de sociabilização e sua profunda conexão com o lado irracional (na verdade um outro tipo de racionalidade) do sistema capitalista. (SODRÉ, 2012 p. 251)

No entanto, ao permitir que instituições ou mesmo indivíduos tenham um espaço de fala na arena que, enquanto mídia, representa hoje uma extensão do espaço público (autor, ano), a internet pode se revelar como mídia base para ações ativistas dos grupos contrários à ordem vigente ou alguns aspectos dela, sobretudo, quando o que se busca modificar é da ordem do simbólico, como é o caso dos movimentos sociais contemporâneos.

Muito se fala sobre os reais efeitos alcançados por estas ações ativistas que se desenvolvem em âmbito exclusivamente virtual e certo saudosismo, compreensível diante de um cenário de mudanças em andamento, tende a comparar a prática ciberativista ao ativismo realizado tempos atrás. Vale considerar que se no passado a conjuntura exigia outro tipo de engajamento com saídas às ruas, hoje nos deparamos com algo que pode ser confundido com certa apatia popular.

Mas os movimentos sociais que ainda existem com suas organizações fora da internet, conquistaram uma posição considerável na sociedade atual em influência e relevância nos debates sociais de nosso tempo ao mesmo tempo em que se inseriram nas agendas midiáticas e conquistaram meios de difusão de suas idéias construídas pelos próprios ativistas por meio do computador conectado via web.

Porém conforme ressalta Rüdiger (2002), na cibercultura, o sujeito constrói

sua subjetividade a partir das relações que o mesmo estabelece na vida social cada vez

mais perpassada pelas tecnologias de comunicação. Desse modo, com as redes sociais

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na internet percebemos indícios da formação de um indivíduo que estaria mais propenso a exercer uma nova forma de participação política.

Defendemos assim, que o sujeito imerso no mundo das tecnologias informáticas estaria mais afeito ao tipo de participação política engendrada a partir da apropriação dessa tecnologia. A participação ativa na arena política está perpassada hoje pela informação presente na mídia, com destaque para a internet com a criação e a adesão popular a campanhas virtuais.

“Os princípios de simulação e interação que se impuseram às tecnologias do espírito no último decênio radicalizaram essa situação, possibilitando-nos não apenas ver, mas avançando, participar, ainda que virtualmente, da criação e recriação da totalidade da experiência humana.” (RÜDIGER, 2002, p. 101)

A internet teria contribuído para a instalação dessa apatia na população? O sociólogo Manuel Castells (2010), estudioso da organização social contemporânea, a qual ele denomina “sociedade em rede”, defende que “a internet é um instrumento que desenvolve, mas que não muda os comportamentos; ao contrário, os comportamentos apropriam-se da internet, ampliam-se e potencializam-se a partir do que são” (CASTELLS, 2010, p. 273). E complementa afirmando que a internet não muda comportamentos, os comportamentos é que mudam a internet.

Em resposta ao Projeto de Lei Complementar 30/2011 que propõe a alteração do Código Florestal Brasileiro, em 07 de junho de 2011, inicia-se uma reação do movimento ambiental brasileiro representado com a formação de um comitê integrado por cerca de 200 organizações da sociedade civil (http://www.comiteflorestas.org.br/).

Na internet, o comitê estrutura suas ações de comunicação a partir da criação site do movimento Floresta Faz a Diferença (http://www.florestafazadiferenca.org.br/home/) que dá vazão a outros endereços eletrônicos promovendo várias ações na rede de forma integrada entre essas plataformas (Flickr, Facebook, Twitter e Orkut).

A comunidade no Facebook

(https://www.facebook.com/florestafazadiferenca/info) do Movimento Floresta Faz a

Diferença protagoniza a presença ativista do Floresta Faz a Diferença nas redes

sociais, disponibiliza imagens e vídeos das ações offline realizadas pelos ativistas e

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dissemina na rede imagens diversas solicitando a adesão dos internautas à causa defendida.

Figura 1

Fonte:https://www.facebook.com/photo.php?fbid=320373228048847&set=a.145267105559461.37791.

141547522598086&type=3&theater

A ação ativista organizada pelo Comitê reflete uma afinação com a lógica midiática, pois estão dispostos na internet textos, vídeoclip, imagens, algumas trazendo artistas nacionais como defensores da causa, (ver figura2) e, sobretudo, se vale de diferentes formas de ocupação do espaço midiático oferecidas na internet para fazer sua voz ecoar na rede e fora dela.

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www.conecorio.org 9 Figura 2

Fonte:https://www.facebook.com/photo.php?fbid=292715734147930&set=pb.141547522598086.- 2207520000.1350180793&type=1&theater

Quanto aos níveis de participação ativista, Gustavo Cardoso (2007) ressalta a variação que pode existir tanto na participação online quanto offline. Ou seja, da mesma forma que um ativista pode participar a partir de diferentes níveis offline, isso pode ocorrer na esfera online (CARDOSO, 2007, p. 419).

Estendendo um pouco esse raciocínio, se percebe isso de forma mais acentuada com os interagentes não-ativistas, algum indivíduo sem a mínima ligação com o movimento ambiental ou qualquer outro de cunho social, mas devido a questões subjetivas e inerentes à dinâmica socal do espaço virtual, são colaboradores em potencial das práticas ativistas na rede, pois podem são convidados a cooperar com ações ciberativistas em diferentes níveis. Por exemplo, pessoas no Facebook podem acabar compartilhando imagens referentes à campanha do Floresta Faz a Diferença sem fazer parte da comunidade, com pouca ou muita freqüência, ou ainda, ser apenas um caso isolado e em alguns clics, este indivíduo pode se identificar ou ser atraído de alguma forma pela mensagem que chega à sua timeline da rede social facebook e colaborar com a campanha, sendo um multiplicador da mensagem repassando-a aos seus contatos da rede.

Percebemos então, que o sucesso das ações ativistas na internet dependem em

boa parte da conexão entre as diferentes ferramentas dispostas, ocupando os

diferentes espaços nas redes sociais com uma mensagem cada vez mais espelhada na

lógica midiática de produção, possibilitadas pelos suportes tecnológicos acessíveis a

um baixo custo, que viabilizam produção, armazenamento e veiculação de vídeos,

imagens e textos elaborados pelos pr. Os grupos ativistas podem se utilizar dessa

conjuntura para emitiren diretamente seus posicionamentos e ideiais sem ter que

passar pelo crivo editorial da mídia tradicional (Tv, rádio, revista), ao mesmo tempo,

busca o máximo de repercussão das suas ações, e essa visibilidade está perpassada

pela relação de interconexão e dependência que se instala hoje, entre as mídias.

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Considerações Finais

A midiatização e a apropriação das tecnologias pelo social são processos em andamento que, portanto, para o início de uma compreensão devem ser considerados processos histórico-socialmente construídos. Primar pela reflexão sobre a apropriação da internet em campanhas ativistas, faz parte da tentativa de vislumbrar os rumos da comunicação na cibercultura. Nos perguntamos qual o papel que a comunicação mediada por computador assume nas ações coletivas? Estaria acontecendo e, em caso afirmativo, como vem ocorrendo a virtualização do ativismo nos dias atuais?

Embora a internet represente um avanço na democratização da comunicação social e, tendo em vista, o status que a comunicação midiática ocupa na sociedade atual, bem como, as tranformações operadas pela inserção das novas tecnologias na dinâmica social, é preciso constatar que talvez a força que a voz popular alcance a partir da participação em campanha virtuais ainda não possua a força almejada. E que uma possível virtualização do ativismo não passa pela eliminação de outras formas do ativismo, pois não extingue ações offline, antes seriam um reforço ou apoio a estas.

A midiatização nesse sentido, colabora para uma interconexão das mídias (rádio, televisão, jornal e internet) que ao mesmo tempo, se torna a expansão do espaço público de nosso tempo e se não dita, mas influencia o planejamento de ações comunicacionais dos grupos ativistas. O ciberativismo em evolução se depara com dificuldades concernentes a um período em transição representando uma semente do que pode ser num futuro próximo a principal forma de participação popular na esfera pública.

Transição, pois a população brasileira ainda engloba uma boa parte de pessoas excluídas do mundo digital ou não inseridas na vida virtual de forma mais ampla.

Considerando que a exclusão digital de boa parcela da população ainda é uma

realidade brasileira. A apropriação social da internet no Brasil assume o caráter

concernente a uma maioria que conheceu a internet já na fase jovem e não teve essa

forma de comunicação como integrante do processo de formação desde a educação

básica, ou seja não é uma população composta por uma maioria de nativos nesse

mundo virtual.

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Assim, o ativismo nas redes sociais, embora na maioria das vezes esteja ainda no hall dos laços fracos das relações que compõem os nós das redes dos indivíduos, pode, por isso mesmo, ser ao mesmo tempo, o mais adequado ao perfil geral dos interagentes que mais acessam a internet no Brasil e por consequencia o mais eficaz.

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