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Para Quando o Entulho Soterrar os Joelhos

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Academic year: 2021

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Texto

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1ª edição São Paulo Editora Kazuá

2013

Fernando Torres de Andrade

Para Quando o

Entulho Soterrar os

Joelhos

(2)

Sumário 7

Prefácio 9

Relativas traições 11

Do lado de fora 14

Pólvora e injustiça no colo de uma peituda 21

Coceira 26

Tragos e talagadas 29

Os vilões não dançam com copos 37

Velhos lençóis 47

No fundo eu sabia que ela era um peixe 50

Sabemos disso, Pai 57

Cheiro de arroto depois da lataria desabar é sorte 60

Retalhos cinza 64

Enfurecia o coração o amor despreparado 67

Três tiros pro alto 79

Os balões flutuam da forma que ela gosta 85

O que eu não devia falar 104

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67

Fernando Torres de Andrade

Enfurecia o coração o amor

despreparado

Trancas sem chaves, cadeados de desgosto, fomos moídos e, sem escolhas, arrebatados.

Anjinho Cuzão.

Sentimos o borbulhar do marca-passo, depende a idade, não criei isso, já nascemos desbloqueados, e por hora, nessa intercorrência, esquecemos o valor próprio provando a nós mesmos que somos uns bundões! Uns filhos da puta! E todo mundo sabe disso. Concentramos os atos seguintes em só fazer o que o próximo está com preguiça.

As picadas de pernilongo em seu corpo me provaram que não era tão fresca, assim a temperança. A pressão aumenta, os valores se perdem junto aos protozoários desempregados já quase mortos à margem do rio.

Dramaturgia fluvial, uma panela soterrada por comida, gosto de jejum em febre alta, amarela, os rins começam a reclamar, foi muito para o coração.

Tolice minha não ter imaginado isso antes.

Seus calcanhares não embelezam mais meus sonhos. Jogador de alerta, alerta no jogo. Passou como um nevoeiro, como brisa de Sálvia.

Já era hora...

Dormir e acordar, sequência infeliz, ombros retos e pernas firmes, longas. Já não me passa mais na mente suas pernas delineadas, o resto cansa, sobra pouco de nós. Obra de todos nós.

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barba, sou novo acidentado, alimento as veias com sangue e pulsação de invertebrado.

Quem sabe um dia, as pessoas descongelem suas unhas pintadas de vermelho, elas, vão substituir um tanto na ereção, os brônquios pulsam, somos retardados atrás de sexo. Coleção de aventuras.

Esses papos de cúpido me fez querer arrebentar todos eles, era inaceitável essas frases que por dentro eu criara, quando o que tinha, era o pouco do seu corpo que você aceitava eu acariciar...

Alguém já pensou nisso tudo também. Mas só pensou.

Nada como um amor mal vivido, desses que não temos a escolha de se tornar amor.

Fomos aos lugares mais bonitos para junções, eu sempre andei feliz e de fraca aparência, meus botões saltavam da camisa quando eu os botava em frente seu decote, era a cor predileta deles.

Abotoava-os novamente, seus peitinhos não são mais tão macios, talvez pelo tijolo que carrega entre eles.

Conseguimos inventar, nos praguejamos sem promessas, somente com propostas que não mostram que me enforcariam com o barbante que sustenta minhas calças. Eu também não me suportava. Mas me sustentava.

O que sentíamos, por sorte, foi junto com a chuva, estacionou na enchente, depois pelos bueiros desceu. Tudo ia para a ruína e ficamos felizes com isso, estava dando a hora de partir, estava dando certo o plano que não sujeitamos nem anotamos.

Somente como a grande maioria, ficamos nos perguntando o porquê disso e daquilo.

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Fernando Torres de Andrade

Tarde demais.

O eco do peito em foco faz o braço formigar e talvez você se preocupe. A pressão abaixa, às vezes aumenta, e pior, minha cabeça que era a base fracassou.

Perdi a cor, o senso.

Fomos ao mesmo lugar não jantar, nem falar sobre nada, fomos inventar uma derrota, que essa sim imaginamos.

Saltamos para nossa ignorância.

Depois, meu corpo só, caiu sobre a cama para tentar fingir que não era comigo, meus polegares afundam na palma da mão, sacudo a cabeça, soco o travesseiro!

Paraíso distante, inimaginável, inatingível, sonho inativo,

Que merda.

Era ruim pensar SÓ nisso! Precisava de belas histórias para terminar um livro. Vendia minha alma às noites que não aguentava mais escrever, pensar, escrever, pensar... escrever... ler... pensar...

ler...escrever... pen.... sar... esc.... ZzZzZz...

Fomos atrevidos, escolhemos as piores soluções, apanhamos enquetes vencidas, manchetes passadas e fazemos valer de novo. Já com a certeza de que errado tudo de novo dará.

Tive que abrir o mesmo sutiã usado por umas duas garotas aquela noite, em minha imaginação, é claro. Em meu peito desafio, amor pulsando, a entrega de um cateter para o ferro-velho instalado no canto direito de sua garagem.

E é por lá que fico, pois não tenho pra onde ir, fico com ferramentas inoperantes e materiais vencidos de pesca.

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estar frio.

Não acredito que Vênus “emboiolou” de vez, é melhor fechar os vidros, focar nos livros, entrou em minhas entranhas esses porquês, inundaram todos os caminhos para a razão de viver. Mas, se estás em vida; basta respirar castigos mais maduros.

Os pneus antigos junto aos focos do Sr. Aedes A., estavam ao lado de minha caixa de ferramentas - meu refúgio... Sozinho enferrujado havia também alguns anzóis aposentados, minhocas murchas e iscas de uns trinta anos.

Marcas de freadas ou arrancadas negras no chão mostram o local abastecido por encheção de saco, falta do que fazer e desavenças. Não sabemos quem é herói ou bandido. Nem se eles existem em nós.

De qualquer forma, ou em sua forma mesmo, Deus tinha que me ouvir!

Ouço umas batidas na porta, sempre soube que aquele final bonito não nos valia de nada, não nos seria cedido, nunca seria você com belas palavras e disposição para fodermos a noite toda.

Eu sabia de minha realidade.

Com razão; era o carteiro.

Nem a carta era sua.

O telefone toca alto, mas também não era você.

Era ótimo tudo isso não acontecer.

Suei os poucos pelos do joelho numa noite de mijar na cama, ou na garagem. Doei minha esperteza a um sonho que eu jamais lembraria.

Mijei-me todinho. Como criança, abandonamos o sonho de ver as crianças brincando na piscina.

Optamos pela solidão, o marasmo do “si mesmo”, um tanto particular, porém interessante para os de vícios caseiros.

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Fernando Torres de Andrade

A fila gigante enfrentada sozinho, os dias difíceis encarados sozinho, o fim muda de lado, não somos mais casais, como raposas, só pensamos em morder a presa mais fácil.

Sozinhos nossa formação sentimental é menor.

Mas não nasci para ter dó dos outros!

Nada como um amor mal vivido, desses que não temos a escolha de se tornar amor.

Espadas ofensivas para os poucos quilos de carne acima dos pés, prejuízo, grito de socorro, enguiçamento fácil de imaginar, desmanche de vielas curtas e estreitas que torturam o improvável sem recompensa... sem garantia...

Fingi que aquele centímetro de sentimento não incomodava, partia de vez para o lado que eu sempre quis estar, sabia que sua raiva comeria as costuras de minhas calças como traça.

Sentei, me senti livre, o tempo por ali passava, e eu não mais me remoía como uma criança. Deixei de moer as unhas. Deixe essas portas fechadas por todo o tempo...

Assim como escapamentos sem combustão, os corações apodrecem enrugados, o deixamos em latas de conserva debaixo da pia. Junto às cascas de alho.

Coisas que não funcionam...

... Assim como meu carro, que tem a partida impossível de se ouvir... Juntei as mãos na ponta do nariz, ao saber que sua partida seria de primeira...

Uma ligeira arrancada à saída incolor a mil por hora, com a batida de sua leve mão, quase rachando a porta do carro ao meio...

Então fecharam-se as portas... Com força...

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se ali duas bolas houvesse... E por Deus, não havia...

Negativando minhas perguntas antes de dar o tempo para responder, um furo nos porquês, um rombo na expressão que eu queria que meu rosto fizesse.

Fico doido de rir... Rio do tão doido que sou...

O mesmo rebelde palhaço que só vinha me azucrinar chegou. Juntei a meia dúzia de pertences que a mim pertenciam na mochila, piorei o zíper paraguaio.

Senti o vento entre os fios dos cabelos refrescando a tampa da cabeça.

Não sei mais o que fazer. Nem por onde ir. Nem pra que lado começar.

Confiro os batimentos. Apertado, lavo o coração com goles, peço gentilmente que não sinta o amargo desses drinks, é fim de mês, estou quebrado. Têm multas na gaveta, contas vencidas “fugindo pelo ladrão”.

Nos amamos vorazmente, é tudo o que nossa grana nos permitiu... Somos angustiadamente amados sem possibilidade de outra coisa.

Nada como um amor mal vivido, desses que não temos a escolha de se tornar amor.

Precisava voltar com tudo!!! Por mim mesmo, como aquela própria tempestade que levou documentos recém-tirados.

Bati a janela com força, a porta era comum, precisei inovar e também precisei de alguns pontos.

Nada virgem de pensamentos proibidos, das linhas trancadas e envelhecidas, bordas amareladas, fumaça de cigarro vagabundo que faz amarelar o teto branco quando o dia não vai bem.

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Fernando Torres de Andrade

Eu estava puto.

Caíam alguns fios de cabelo quando regurgitava meu filo, fazia questão de sentir aquele cheiro atroz saltitando nas pedrinhas do asfalto, quis por alguns instantes lembrar como seria se as perdas REALMENTE significativas voltassem. Se as tumbas dessem para enfeitar nossa realidade, não só histórias de noites frias dos malditos faraós.

A cidade é imunda, nascido e criado aqui, até que está bom. Vejo para-lamas, para-raios, para os velhos um pouco menos de ingratidão, os raios não param de cair em velhos tempos, são equivalentes ao número de corpos infelizes que caem em colchões de segunda, trincam ao meio as espécies ao redor, são capazes de explorar o seu pior, te fazer voltar para casa girando os dedos de raiva em volta da cabeça por ter insistido tanto.

O amor neutraliza nossa mente, nos faz esquecer tudo que juramos não fazer a dois minutos atrás.

Nada como um amor mal vivido, desses que não temos a escolha de se tornar amor.

Enchi o bolso com moedas. Serviria para alguns goles.

Lobo envelhecido não adormece sozinho, cruza as montanhas para o sono perfeito. Sente fome e também não consegue adormecer.

Eu me enfurecia quase como eles, rasgava carne nos dentes também, depois de preparada, é claro.

As digitais estão colando nossos dedos e pensamentos. Uma pontada nos rins.

Hora de ir.

Fui.Ciclo idiota divagando nos trilhos das traqueias sem causa, sem porra nenhuma. Você só passou

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de livro novo. No berçário, ficamos de costas um para o outro, creio que isso não mudará... Agora os pedaços de berços estão quebrados como caixotes nas calçadas, servindo de moradia para ratos pontudos que dobram essas esquinas esguias comigo.

Referências

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