Mestrado em Engenharia Civil 2011 / 2012
Paulo Lopes Pinto
Reabilitação e Reforço de Estruturas
Aula 19: Reforço de fundações.
1. Tipos e materiais de fundação 2. Condicionantes
3. Patologias
4. Soluções de reforço 5. Casos de obra
1. Tipos e materiais de fundação
2. Condicionantes 3. Patologias
4. Soluções de reforço 5. Casos de obra
• Fundações antigas
– Alvenaria (pedra ou tijolo) – Madeira (estacas cravadas) – Aço (grelhas)
• Fundações recentes
– Betão armado (fundações directas e indirectas) – Perfis metálicos (estacas cravadas)
– Perfis metálicos (estacas cravadas)
Alvenaria
(pedra ou tijolo) Grelhas c/ perfis metálicos
Betão armado
Fundações em alvenaria
• Fundação de pilares
• Fundação de paredes
• Fundação por arco apoiado em poços
• Fundação por arco apoiado em poços
Estacas de madeira
1. Tipos e materiais de fundação
2. Condicionantes
– Movimentos
– Capacidade de carga 3. Patologias
4. Soluções de reforço 5. Casos de obra
5. Casos de obra
• Movimentos
– Assentamentos – Rotações
– Vibrações
• Capacidade de carga
Principais causas de danos em edifícios
Obras sobre aterros mal compactados Solos moles 25%
10%
Outras 15%
Saturação Assentamentos 20%
diferenciais 20%
Obras adjacentes a outras
10%
10%
Estrutura com uma parte fundada sobre um aterro e outra sobre um solo natural
Aterr o Escavação
Terreno natural Fissura
Patologias em alvenarias devidas a assentamentos da fundação
Fissuras devidas à deformação côncava
Fissuras devidas à deformação convexa
Fissuras devidas a
Tipos de movimentos
s sm in
smax L
a) b)
c)
smax
As sent. dife rencial δ=∆s=smax-smin
Distorção angular α=∆s/L=δ/L sm in
sm ax δ
Assentamento L
uniforme
Assentamento não uniforme
Inclinação
Assentamento uniforme
Palácio das Belas Artes na cidade do México.
Inclinação
Ponte de Penacova
Movimentos admissíveis (Sowers, 1962)
Tipo de movimento
Factor limitativo Assentamento máximo
Assentamento total
Drenagem Acessos
Probabilidade de assentamentos diferenciais:
- estruturas em paredes de alvenaria - estruturas em pórtico
- chaminés, silos, ensoleiramentos
150 – 300 mm 300 – 600 mm 25 – 50 mm 50 – 100 mm 75 – 300 mm
Inclinação Estabilidade em relação ao derrube Depende da altura (H) e da Inclinação Estabilidade em relação ao derrube
Rotação de chaminés, torres, etc.
Circulação de vagões Empilhamento de materiais
Operação de máquinas de fiação de algodão Operação de turbo-geradores
Carris de gruas
Drenagem de pavimentos
Depende da altura (H) e da distância entre apoios (L)
0.004L 0.01L 0.01L 0.003L 0.0002L
0.003L 0.01 – 0.02L Assentamento
s diferenciais
Muros de alvenaria
Fábricas de cerâmica de 1 piso (fissuras) Fissuração de rebocos
Estrutura em betão armado
Estruturas com paredes de betão armado Estruturas contínuas em aço
Estruturas em aço de 1 tramo.
0.0005 – 0,0001L 0.001 – 0.002L
0.001L 0.0025 –0.004L
0.003L 0.002L 0.005L
Distorção angular α = δ / L
1/100 1/200 1/300 1/400 1/500 1/600 1/700 1/800 1/900
Limite para maquinaria
Assentamento não uniforme
Limite para maquinaria sensível a assentamentos Limite para estruturas com contrav entamentos em diagonal
Limite para f issuração de rev estimentos de edifícios Limite para f issuração de paredes não resistentes
Limite para problemas com pontes rolantes
Limite a partir do qual a inclinação de edifícios altos e rígidos se torna visível Fissuras de dimensões consideráv eis em paredes
Limite de segurança para paredes f lexív eis de tijolos, h/L<1/4 Limite para danos estruturais em edifícios correntes
Capacidade de Carga
Transcona (1913)
Rotura por falta de capacidade de carga
Código de Hamurabi (2200 AC)
“A - Se o construtor de uma casa não a fizer sólida e a casa sofrer colapso e provocar a morte do cliente então o construtor será executado.
...
Código de Hamurabi (2200 AC)
...
E – Se o construtor de uma casa não a fizer com os
necessários requisitos préviamente estabelecidos e uma parede cair o construtor deverá refazê-la ás suas
expensas”
1. Tipos e materiais de fundação 2. Condicionantes
3. Patologias
– Manifestações – Causas
– Diagnóstico
4. Soluções de reforço 4. Soluções de reforço 5. Casos de obra
• Deterioração dos materiais das fundações
– Recobrimento das armaduras – Corrosão das armaduras
Manifestações
– Esmagamento do betão
– Apodrecimento das estacas de madeira – Corrosão das estacas metálicas
Como avaliar a perda de segurança?
Problemas com a obra
– Assentamentos e desaprumos – Alvenarias fissuradas
– Danos estruturais
Manifestações
– Danos estruturais – etc
Arquitectónicos
– Fissuras em paredes e acabamentos – Roturas de painéis de vidro
O reforço é opcional
Tipos de danos
Funcionais
– Rotura de canalizações
– Mau funcionamento de portas e janelas
– Desgaste excessivo de calhas de elevadores O reforço depende do nível dos danos
Estruturais
– Danos em vigas, pilares e lajes O reforço é sempre necessário
Tipos de danos
Causas
• Ausência, insuficiência ou má qualidade das investigações geotécnicas
• Má interpretação das investigações geotécnicas
• Má avaliação das cargas
• Tensão admissível ou profundidade da fundação
• Tensão admissível ou profundidade da fundação inadequadas
• Modelos de cálculo incorrectos
• Má execução
• Factores externos (escavações, deslizes, cheias, construções adjacentes, etc.)
• Alteração à estrutura original e/ou sua utilização
Diagnóstico
• Levantamento de danos, identificação de movimentos
• Execução de sondagens e/ou ensaios laboratoriais
– Inspecção visual através de poços
– Sondagens com recuperação de amostras (através da – Sondagens com recuperação de amostras (através da
fundação)
– Controle da posição do nível freático
• Instrumentação da obra
Abertura de poço de inspecção
Controle da abertura de fissuras
Fissurómetro
Controle dos movimentos da estrutura
• Alvos topográficos
• Deflectómetros
• Inclinómetros
• Inclinómetros
• Clinímetros
• Acelerómetros (vibrações)
Alvos topográficos
Fissurómetro e testemunho de gesso
Clinímetro Fissurómetros
1. Tipos e materiais de fundação 2. Condicionantes
3. Patologias
4. Soluções de reforço
– Reparação ou reforço dos materiais – Enrijecimento da estrutura
– Aumento da área de apoio – Aumento da área de apoio
– Fundações indirectas (Estacas prensadas, microestacas, estacas convencionais)
– Fundações adicionais
– Reforço do solo (Jet-grout) 5. Casos de obra
• Permanentes
• Temporárias
• Substituição da fundação
• Escoramentos auxiliares para a execução dos reforços
reforços
Escoramento auxiliar para a execução de reforço
Tipos de Soluções
• Reforço do terreno de fundação
– Injecções – Jet-grout
• Reparação e/ou Reforço da fundação
– Injecção c/ caldas – Injecção c/ caldas
– Alargamento da base / recalçamento – Encamisamento
– Substituição
– Fundações indirectas
• Intervenção na estrutura
– Enrijecimento da estrutura
Injecção de compactação
Jet-grouting
Tipo 1 Tipo 2 Tipo 3
Consolidação do material de fundação
• Procede-se à injecção das alvenarias soltas ou
desagregadas com caldas de cimento ou de resinas
• Materiais de injecção: caldas de cimento
estabilizadas por bentonite ou cal, caldas de cimento estabilizadas por bentonite ou cal, caldas de cimento especiais, caldas de silicato de potássio ou de sódio e resinas epoxídicas
• As pressões utilizadas são baixas (0,1 a 0,2 MPa) de modo a não danificar as alvenarias
Aumento da área de apoio
Alargamento e recalce
Confinamento lateral
Recalçamento da fundação
Verificações a efectuar:
1. Determinação das cargas transmitidas à fundação
2. Avaliação da carga máxima que pode ser transmitida ao terreno 3. Determinação da área total, final de contacto solo/fundação, tendo 3. Determinação da área total, final de contacto solo/fundação, tendo
em conta as cargas máximas admissíveis
4. Determinação da altura mínima do enchimento do recalçamento 5. No caso de se tratar de uma fundação de betão armado, as
armaduras são dimensionadas pelo método das bielas
- Cuidado com as ligações entre betões diferentes (betão de retracção controlada, juntas cuidadas)
- Mobilização de toda a fundação
Fundações adicionais
Objectivo: Reduzir a tensão transmitida ao terreno
Estacas Prensadas
• Estacas seccionais (0,5 a 1,0 m de comprimento)
• Colocadas com macacos hidráulicos
Estacas prensadas
Microestacas
• Tipos e execução
• Dimensionamento
• Ensaios de carga
• Casos de obra
• Casos de obra
Microestacas - Aplicações
Redução/Eliminação de assentamentos
Suporte de novas cargas em zonas congestionadas
Redução/Eliminação de assentamentos
Microestacas - Aplicações
Resistência a cargas de tracção ou dinâmicas
Reabilitação sísmica
dinâmicas
Recalce de fundações Estabilização de taludes
Microestacas
Microestacas
Microestacas
o betão
Cabeça de ancoragem
Tubo corrugado Cabeça de ancoragem
Reforço de varão
Reforço adicional para confinar o betão
Espaçador
Calda de cimento
Varão Dywidag (φ32 a φ62.5) Conector
Espaçador
Sistemas de injecção
A. Gravidade
B. Pressão através do tubo
C. Injecção Global e Única (IGU)
- Feita a partir da cabeça da microestaca, com obturador - Feita a partir da cabeça da
microestaca, com obturador simples
D. Injecção Repetitiva e Selectiva (IRS)
- É utilizado um tubo com válvulas-manchetes (TM) e obturador duplo
- Apresenta maior resistência
Execução
Varão, com IRS Tubo TM, com IRS
Execução
Disposição geométrica das microestacas
• Estacas verticais
• Estacas “raiz”
Ds = diâmetro da selagem Ls = comprimento de selagem Dd = diâmetro do furo
Dimensionamento - Método de Bustamante
s s
L D L
T =τ ⋅π ⋅ ⋅
d
s D
Ds =α ⋅ d
Solo α Quantidades mínimas de calda
aconselhada, Vi
IRS IGU
Seixo
Seixo arenoso Areia média Argila
1,8
1,6 a 1,8 1,4 a 1,5 1,8 a 2,0
1,3 a 1,4 1,2 a 1,4 1,1 a 1,2 1,2
1,5 Vs 1,5 Vs 1,5 Vs
2,5 a 3 Vs para IRS e 1,5 a 2 Vs para IGU
Método de Bustamante
Atrito lateral para argila e silte
600 700 800
IRS IGU
Método de Bustamante
Atrito lateral para areia e seixo
0 100 200 300 400 500
0 20 40 60 80 100 120 140
ττττmax (kPa)
Método de Bustamante
Atrito lateral para marga e calcário margoso
600 700 800
IRS IGU
0 100 200 300 400 500
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180
NSPT
ττττmax (kPa)
Método de Bustamante
Atrito lateral para rocha alterada e fragmentada
1000 1200 1400
IRS IGU
0 200 400 600 800
0 50 100 150 200
ττττmax (kPa)
Coeficientes de segurança
Tipo de fundação injectada
Duração da utilização
Valor do coeficiente de segurança em serviço Tracção Compressão
Ancoragem Provisória 1,8 -
Definitiva 2,0 -
Microestaca Provisória 2,0 1,8
Definitiva 2,2 2,0
FS Tadm = TL
Ensaio de compressão
Ensaio de tracção
Ensaio de tracção
Esquemas de carregamento (FHWA)
• Ensaio de rotura
• Ensaio de verificação
– Carga de ensaio = FS * Carga de serviço
• Ensaio de recepção
– Carga de ensaio = 1.67 * Carga de serviço
• Ensaio de fluência
1. Tipos e materiais de fundação 2. Condicionantes
3. Patologias
4. Soluções de reforço
5. Casos de obra
Fundação do Pilar da Ponte de S. João
Estacas “tradicionais”
• Estacas moldadas
• Estacas cravadas
- Limitação: Dificuldade no acesso ao local
Enrijecimento da estrutura
Viga de rigidez
Travamento
1. Appleton, J. (2003). Reabilitação de Edifícios Antigos – Patologias e Tecnologias de Intervenção. Edições Orion.
2. Coelho, S.A. (1996). Tecnologia de Fundações. Edições E.P.G.E
3. Furtado, R. (2002). “Os Acidentes nas Obras de Engenharia Civil e a sua Importância na Melhoria da Segurança e na Evolução dos Conhecimentos”, VII Congresso Nacional de Geotecnia, Lisboa.
4. FHWA (2000). Micropile Design and Construction Guidelines
5. Gotlieb M. (1999). “Reforço de Fundações”, in Fundações – Teoria e Prática, Ed. Pini, São Paulo, Brasil.
6. Konovalov, P.A. (1998). Bases and Foundations of Buildings under Reconstruction. Balkema.
7. Logeais, L. (1971). “Pathologie des Fondations”, Annalles de L’Institut Technique du Batiment et de Travaux Publics, n. 280.
8. Logeais, L. (1971). “Pathologie des Murs de Soutènement”, Annalles de L’Institut Technique du Batiment et de Travaux Publics, n. 285.
9. Hayward Baker - http://www.haywardbaker.com
10. Milititsky, J., Consoli, N., Schnaid, F. (2006). Patologia das Fundações. Oficina de Textos, Brasil 11. Xanthakos, P.P., Abramson, L.W., Bruce, D.A. (1994). Ground Control and Improvement. Wiley.