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Tribunal de Justiça de Minas Gerais

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Academic year: 2022

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Tribunal de Justiça de Minas Gerais

1.0000.15.103435-2/000

Número do Númeração 1034352-

Des.(a) Dárcio Lopardi Mendes Relator:

Des.(a) Dárcio Lopardi Mendes Relator do Acordão:

19/05/0016 Data do Julgamento:

24/05/2016 Data da Publicação:

EMENTA: CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA - JUIZADO ESPECIAL DA FAZENDA PÚBLICA - VARA DA FAZENDA PÚBLICA - CONCURSO PÚBLICO - AÇÃO QUE DEMANDA EXAME PERICIAL - CAUSA DE MAIOR COMPLEXIDADE - COMPETÊNCIA DA VARA DA FAZENDA PÚBLICA

- A competência é o critério para distribuição entre os órgãos judiciários das atribuições relativas ao desempenho da jurisdição.

- Conforme o Enunciado nº 11 do FONAJE, as causas de maior complexidade probatória, por imporem dificuldades para assegurar o contraditório e a ampla defesa, afastam a competência do Juizado da Fazenda Pública.

CONFLITO DE COMPETÊNCIA Nº 1.0000.15.103435-2/000 - COMARCA DE JUIZ DE FORA - SUSCITANTE: JUIZ DE DIREITO DA 1ª UJ - 2º JD CÍVEL DE JUIZ DE FORA - SUSCITADO(A): JD V FAZ PUB AUTARQUIAS ESTADUAIS COMARCA JUIZ FORA - INTERESSADO(A)S: ROSIMAR GUIMARAES DE CASTRO, ESTADO DE MINAS GERAIS

A C Ó R D Ã O

Vistos etc., acorda, em Turma, a 4ª CÂMARA CÍVEL do Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais, na conformidade da ata dos julgamentos, em DAR PELA COMPETÊNCIA DO JUÍZO SUSCITADO.

DES. DÁRCIO LOPARDI MENDES

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Tribunal de Justiça de Minas Gerais

DES. DÁRCIO LOPARDI MENDES (RELATOR)

V O T O

Trata-se de Conflito Negativo de Competência suscitado pela Juíza de Direito do Juizado Especial Cível da Comarca de Juiz de Fora, em face do Juiz de Direito da Vara da Fazenda Pública e Autarquias Estaduais da mesma Comarca.

A juíza suscitante alega, em fls. 02-03/TJ, que o objeto da ação não se esgota na simples fixação de obrigação de fazer ao Estado de Minas Gerais; que a comprovação do fundamento do pedido da parte autora (deficiência física para justificar a concorrência em situação especial), demandaria a realização de perícia, o que é incompatível com o rito dos Juizados Especiais; que a competência dos Juizados é definida levando-se em conta critérios dúplices: quantitativo (valor) e qualitativo (matéria); que a Lei 9.099/95 exclui do âmbito de competência dos Juizados Especiais as causas de maior complexidade e, assim, o mesmo deve valer para a fixação de competência dos Juizados Especiais da Fazenda Pública; que questões de maior indagação jurídica, que demandem prova pericial, não se mostram compatíveis com o procedimento sumaríssimo.

O juiz suscitado, por sua vez, prestou informações às fls. 34-36/TJ.

A douta Procuradoria Geral de Justiça, em fls. 31-32/TJ, opina "pelo

provimento do presente conflito para que seja declarado competente para

dirimir o feito o Juiz de Direito do Juizado Especial Cível da Comarca de Juiz

de Fora".

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Conheço do conflito de competência, porquanto atendidos os pressupostos de sua admissibilidade.

O conflito de competência é incidente processual que pode ser utilizado por juízes, nos termos do art. 115, do CPC, para declararem sua incompetência para o julgamento de determinadas causas. Assim dispõe o referido dispositivo:

Art. 115. Há conflito de competência:

I - quando dois ou mais juízes se declaram competentes;

II - quando dois ou mais juízes se consideram incompetentes;

III - quando entre dois ou mais juízes surge controvérsia acerca da reunião ou separação de processos.

Este conflito será negativo quando ocorrer a hipótese do inciso II do dispositivo supracitado, ou seja, quando dois ou mais juízes se declararem incompetentes para o julgamento de determinado feito. Nessa hipótese, o feito fica suspenso até que seja resolvido o conflito no âmbito do Tribunal, sendo, então, os autos remetidos ao Juiz declarado competente.

Sobre o tema, ANTÔNIO CLÁUDIO DA COSTA MACHADO, na obra "Código de Processo Civil Interpretado", 4ª edição, Editora Manole, leciona:

É o conflito negativo de competência cuja caracterização depende da

declaração da incompetência por parte de um juízo e remessa dos autos ao

supostamente competente que, por sua vez, também se declara

incompetente. A hipótese pode ser assim desdobrada: a) o segundo juiz

considera o primeiro competente, estabelecendo-se o conflito; b) o segundo

juiz considera um terceiro competente, e este afirma a competência do

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(fl.160)

A competência, como se sabe, é o critério para distribuição entre os órgãos judiciários das atribuições relativas ao desempenho da jurisdição. Ela define a competência do juiz natural para dirimir a controvérsia.

Compulsando o processado, infere-se que foi proposta "Ação Ordinária com Pedido de Antecipação de Tutela" por Rosimar Guimarães de Castro em face do Estado de Minas Gerais, perante a Vara da Fazenda Pública e Autarquias Estaduais da Comarca de Juiz de Fora.

Verifica-se que foi determinada a redistribuição da ação para o Juizado Especial da Fazenda Pública da mesma Comarca.

Todavia, após o recebimento do feito, a MMª. Juíza do Juizado Especial da Fazenda Pública suscitou o presente conflito negativo de competência, por entender que a causa demanda a realização de perícia, o que é incompatível com o rito dos Juizados Especiais.

Analisando detidamente a questão, verifico que razão assiste à MMª. Juíza Suscitante, pelos motivos que passo a expor.

A Lei Federal nº 12.153/09, em seu art. 2º, § 1º, prevê que as ações contra os entes públicos, cujo calor esteja aquém de 60 salários-mínimos, deverão ser propostas perante os juizados especiais dotados de competência fazendária.

Todavia, a ação proposta por Rosimar Guimarães de Castro tem por objetivo a garantia do direito de concorrer no percentual das vagas reservadas aos deficientes físicos no Concurso Público Provimento 2014/1 Investigador de Polícia I - Edital 01/14.

Alega a autora que realizou exame no qual foi constatado que a

somatória da medida do campo visual em ambos os olhos é

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igual a 60º. No entanto, no momento da inspeção para comprovação da deficiência física, junto à banca examinadora, concluiu-se pela inexistência da deficiência.

Vê-se, pois, que se trata de causa que demanda exame pericial, para se verificar a existência ou inexistência da deficiência visual alegada pela autora.

Assim, sendo uma causa de maior complexidade, tenho que essa não se coaduna com os princípios da simplicidade e celeridade, inerentes ao procedimento dos Juizados Especiais, mormente para se garantir o contraditório e a ampla defesa.

Estabelece o enunciado nº 11 DO FONAJE - Fórum Nacional de Juizados Especiais:

ENUNCIADO 11 - As causas de maior complexidade probatória, por imporem dificuldades para assegurar o contraditório e a ampla defesa, afastam a competência do Juizado da Fazenda Pública.

Nesse mesmo sentido, jurisprudência desta 4ª Câmara Cível:

EMENTA: AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO ORDINÁRIA COM PEDIDO DE REASSENTAMENTO. DIVERGÊNCIA SOBRE A COMPETÊNCIA EM PRIMEIRA INSTÂNCIA. VARA DOS FEITOS DA FAZENDA PÚBLICA MUNICIPAL X JUIZADO ESPECIAL DA FAZENDA PÚBLICA. ENUNCIADO Nº 11 DO FONAJE.

- Para a fixação da competência dos Juizados Especiais, dois critérios devem ser observados, a limitação do valor da causa e a complexidade da matéria.

- Nos termos do enunciado nº 11 do FONAJE (Fórum Nacional de Juizados

Especiais) "as causas de maior complexidade probatória, por imporem

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afastam a competência do Juizado da Fazenda Pública".

- Verificando-se dos autos que as matérias aduzidas pela Agravante em sua peça de ingresso não se tratam de matérias exclusivamente de direito, dependendo de extensa e complexa dilação probatória para a sua apuração, resta impossibilitada, excepcionalmente, a remessa dos autos para o Juizado Especial da Fazenda Pública. (TJMG - Agravo de Instrumento 1.0000.15.094003-9/001, Rel. (a) Des. (a) Ana Paula Caixeta, 4ª Câmara Cível, julgamento em 15/03/2016)

Ademais, como bem salientado pela Juíza Suscitante, caso a decisão final seja pela procedência do pedido da autora, acarretará a anulação de atos administrativos, o que evidencia a complexidade da causa.

Assim, não pode a ação ser julgada perante o Juizado Especial.

Mediante tais considerações, ACOLHO O CONFLITO, para determinar a competência da Vara da Fazenda Pública e Autarquias Estaduais da Comarca de Juiz de Fora, juízo ora suscitado, para julgar o presente feito, determinando a remessa dos autos àquele.

Custas ex lege.

DESA. ANA PAULA CAIXETA

Acompanho o voto do eminente Relator, Desembargador Dárcio Lopardi Mendes, ressaltando que, não obstante o entendimento adotado por esta Magistrada no sentido de que a necessidade de produção de prova pericial complexa não influi na definição da competência dos juizados especiais da Fazenda Pública, no caso dos autos a ação originária foi distribuída no dia 1 7 / 1 2 / 2 0 1 4 ( d i s p o n í v e l e m : http://www4.tjmg.jus.br/juridico/sf/proc_movimentacoes.jsp?comrCodigo=145

&numero=1&listaProcessos=14067593), ou seja, quando as limitações de

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eram aplicadas.

DES. RENATO DRESCH

<Acompanho o voto do e. Relator, com a ressalva apontada pela e. 1ª Vogal.

É como voto.>

SÚMULA: "DERAM PELA COMPETÊNCIA DO JUÍZO SUSCITADO"

Referências

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