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Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul TJ-MS FL.

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29 de abril de 2014

3ª Câmara Cível

Conflito de Competência - Nº 1600608-34.2014.8.12.0000 - Campo Grande Relator – Exmo. Sr. Des. Marco André Nogueira Hanson

Suscitante : Juiz de Direito do Juizado Especial da Fazenda Pública da Comarca de Campo Grande

Suscitado : Juiz de Direito da 3ª Vara de Fazenda Pública e Registros Públicos da Comarca de Campo Grande

Interessado : Osmar Monteiro

Advogada : Renata Gonçalves Pimentel

Interessado : Departamento Estadual de Trânsito de Mato Grosso do Sul - DETRAN/MS

E M E N T A – CONFLITO NEGATIVO DE

COMPETÊNCIA – JUÍZO DE JUIZADO ESPECIAL DA FAZENDA PÚBLICA DA COMARCA DE CAMPO GRANDE E VARA DA FAZENDA PÚBLICA E REGISTROS PÚBLICOS DA COMARCA DE CAMPO GRANDE – NECESSIDADE DE PERÍCIA TÉCNICA – APLICAÇÃO SUBSIDIÁRIA DA LEI 9.099/95 – PREVISÃO DA PROVA TÉCNICA NA LEI 12.153/2009 – VALOR DA CAUSA DENTRO DA ALÇADA – COMPETÊNCIA DA VARA DO JUIZADO ESPECIAL DA FAZENDA PÚBLICA.

1- A jurisprudência desta Corte, firmou o entendimento de que a competência do Juizado Especial da Fazenda Pública é absoluta, observado o valor de alçada.

2- Nos feitos de que trata a lei 12.153/2009 é possível a realização de prova técnica, por meio de nomeação, pelo Juízo, de profissional habilitado, sendo viável a análise de questões de maior complexidade.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os juízes da 3ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça, na conformidade da ata de julgamentos, por unanimidade e com o parecer, julgar improcedente o conflito, nos termos do voto do relator.

Campo Grande, 29 de abril de 2014.

Des. Marco André Nogueira Hanson - Relator

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R E L A T Ó R I O

O Sr. Des. Marco André Nogueira Hanson.

Trata-se de Conflito Negativo de Competência suscitado pelo Juiz de Direito do Juizado Especial da Fazenda Pública da Comarca de Campo Grande em face do Juízo de Direito da 3ª Vara de Fazenda Pública e Registros Públicos de Campo Grande.

Alega, em síntese, que se trata de ação de obrigação de fazer ajuizada por Osmar Monteiro em face do Departamento Estadual de Trânsito de Mato Grosso do Sul – Detran/MS, visando a anulação do ato administrativo que alterou a categoria de sua carteira nacional de habilitação – e que o pedido foi originalmente distribuído ao Juízo suscitado que declinou da sua competência, tendo em vista a disposição contida na Resolução n. 42/2010 (modificada pela Resolução n. 48, de 16 de março de 2011).

No entanto, segundo afirma, não é competente para processar e julgar o feito, tendo em vista a necessidade de realização e perícia, que não é possível no âmbito dos Juizados Especiais, conforme Enunciado n. 91 do FONAJEF.

Foram prestadas informações pelo Juízo suscitado (f. 85/87).

A Procuradoria-Geral de Justiça opinou pela improcedência do presente conflito negativo, para determinar a competência do Juizado Especial da Fazenda Pública da Comarca de Campo Grande para julgar e processar o Feito de n.º 0824941-17.2013.8.12.0001 (f. 89/93).

V O T O

O Sr. Des. Marco André Nogueira Hanson. (Relator)

Trata-se de Conflito Negativo de Competência suscitado pelo Juiz de Direito do Juizado Especial da Fazenda Pública da Comarca de Campo Grande em face do Juízo de Direito da 3ª Vara de Fazenda Pública e Registros Públicos de Campo Grande, alegando o juízo suscitante não ser competente para processo e julgamento dos autos de ação obrigação de fazer ajuizada por Osmar Monteiro- processo n.º 1600608-34.2014.8.12.0000, pela impossibilidade de realização de perícia técnica no âmbito dos Juizados Especiais.

Consta dos autos que Osmar Monteiro propôs referida ação de obrigação de fazer, contra o Detran-MS, em que pleiteia o restabelecimento de sua categoria de habilitação anterior, alterada pelo órgão de trânsito, em razão de ter apresentado problema auditivo.

De início, os autos foram distribuídos à 14ª Vara Cível de

Competência Residual, oportunidade em que o Juízo se declarou incompetente para

processamento do feito. Os autos foram, então, encaminhados ao Juízo da 3ª Vara de

Fazenda Pública e de Registros Públicos da Comarca de Campo Grande, o qual também

declinou da competência sob o fundamento de que a matéria compete ao juizado por

força da Resolução nº 42, de 16 de junho de 2010.

(3)

O juiz responsável pelo Juizado Especial da Fazenda Pública suscitou o presente conflito negativo, por entender que há necessidade de perícia técnica, cuja realização não é possível no âmbito dos Juizados Especiais.

Inicialmente, cumpre registrar que com o advento da lei n.

12.153/2009, restou autorizado aos Estados (além da União, no Distrito Federal) criar um novo órgão, integrante do Sistema de Juizados Especiais, cuja competência é processar, conciliar, julgar e executar causas de até 60 salários mínimos, em que figura como ré a Fazenda Pública - aí entendida como Estados, Municípios, autarquias, fundações públicas, empresas públicas a ele vinculados-.

Segundo essa Lei, a competência do Juizado Especial da Fazenda Pública é estabelecida da seguinte forma:

“Art. 2º. É de competência dos Juizados Especiais da Fazenda Pública processar, conciliar e julgar causas cíveis de interesse dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios, até o valor de 60 (sessenta) salários mínimos.

§ 1º Não se incluem na competência do Juizado Especial da Fazenda Pública:

I – as ações de mandado de segurança, de desapropriação, de divisão e demarcação, populares, por improbidade administrativa, execuções fiscais e as demandas sobre direitos ou interesses difusos e coletivos;

II – as causas sobre bens imóveis dos Estados, Distrito Federal, Territórios e Municípios, autarquias e fundações públicas a eles vinculadas;

III – as causas que tenham como objeto a impugnação da pena de demissão imposta a servidores públicos civis ou sanções disciplinares aplicadas a militares.”

De acordo com o disposto no § 4º do mencionado artigo 2º, “No foro onde estiver instalado Juizado Especial da Fazenda Pública, a sua competência é absoluta”.

No âmbito estadual, foi editada a Resolução n. 42, de 16 de junho de 2010, pelo Órgão Especial deste Tribunal de Justiça, alterada pela Resolução n. 48, de 16.3.2011, que delimitou a competência do Juizado Especial da Fazenda Pública, nos seguintes termos:

“Art. 2º Os Juizados Especiais da Fazenda Pública, instalados a partir do dia 23 de Junho de 2010, terão a competência prevista no artigo 2º da Lei Federal nº 12.153, de 22 de dezembro de 2009, excluídas as ações de natureza pessoal de servidor público, em face das Fazendas Públicas Estaduais e Municipais e, observadas, ainda, as restrições previstas no § 1º do mesmo artigo.”

Nesse contexto, observa-se que os Juizados Especiais da Fazenda

Pública têm competência absoluta para processar, conciliar e julgar causas cíveis de

interesse dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios, até o valor

de 60 (sessenta) salários mínimos, com exceção das ações de natureza pessoal de

servidor público, em face das Fazendas Públicas Estaduais e Municipais, e daquelas

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previstas no § 1º do artigo 2º da Lei Federal nº 12.153/2009.

Na hipótese, verifica-se que o Juízo suscitante assevera que o feito em questão não pode ser processado e julgado no Juizado Especial, tendo em vista a necessidade de realização de prova técnica complexa, o que não é possível no âmbito dos Juizados Especiais, na forma do art. 35 Lei 9.099/95.

No entanto, em que pesem os argumentos trazidos pelo douto Juízo suscitante, a Lei n. 12.153/2009, instituiu a possibilidade de perícia no Juizado Especial:

"Art. 10. Para efetuar o exame técnico necessário à conciliação ou ao julgamento da causa, o juiz nomeará pessoa habilitada, que apresentará o laudo até 5 (cinco) dias antes da audiência".

Portanto, a solução de questões, como a que se apresenta nos autos em debate, não determina mais a remessa dos autos, declinando-se da competência da Vara do Juizado Especial da Fazenda Pública para a Vara da Fazenda Pública na Justiça Comum, por complexidade da matéria probatória, pois o feito pode ser definido no próprio Juizado, podendo o julgador se utilizar de pessoa habilitada, para realização de prova, que requeira conhecimentos técnicos específicos, nos termos do que autoriza a Norma acima citada.

Desse modo, na espécie, a eventual necessidade da produção de prova pericial não afasta a competência do Juizado Especial da Fazenda Pública, porquanto a norma de regência (Lei Federal nº 12.153/2009) não a exclui dos procedimentos promovidos naquele Juizado, conforme já consignado.

A propósito, esta Corte já se posicionou:

"E M E N T A – CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA – JUÍZO SUSCITANTE: VARA DE FAZENDA PÚBLICA E DE REGISTROS PÚBLICOS – JUIZ SUSCITADO: VARA DO JUIZADO ESPECIAL DA FAZENDA PÚBLICA – AÇÃO DECLARATÓRIA C/C INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS E MATERIAIS AJUIZADA CONTRA O ESTADO DE MATO GROSSO DO SUL E O DETRAN-MS – VALOR DA CAUSA INFERIOR A 60 (SESSENTA) SALÁRIOS-MÍNIMOS – COMPETÊNCIA ABSOLUTA DO JUIZADO ESPECIAL DA FAZENDA PÚBLICA – LEI FEDERAL Nº 12.153/2009 – NECESSIDADE DE PROVA PERICIAL – PROCEDIMENTO NÃO EXCLUÍDO DOS JUIZADOS ESPECIAIS – COMPLEXIDADE – CRITÉRIO DE FIXAÇÃO DE COMPETÊNCIA DOS JUIZADOS ESPECIAIS CÍVEIS – CONFLITO PROCEDENTE.

É de competência dos Juizados Especiais da Fazenda Pública processar e julgar causas cíveis de interesse dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios, até o valor de 60 (sessenta) salários mínimos, com exceção das ações de natureza pessoal, de servidor público, em face das Fazendas Públicas Estaduais e Municipais, e das restrições previstas no § 1º do artigo 2º da Lei Federal nº 12.153/2009, competência essa que é absoluta.

O simples fato de uma possível necessidade da produção de prova

pericial não afasta a competência do Juizado Especial da Fazenda Pública,

porquanto a norma de regência (Lei Federal nº 12.153/2009) não a exclui

dos procedimentos promovidos naquele Juizado.

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A complexidade é critério de fixação de competência apenas nos Juizados Especiais Cíveis (artigo 3º da Lei nº 9.099/1995) e não nos Juizados Especiais da Fazenda Pública, cuja legislação (Lei nº 12.153/2009), mais recente e específica, traz seus próprios critérios de competência." (TJMS - Conflito de Competência - N.

2011.037644-6/0000-00 - Campo Grande - Relator - Des. Josué de Oliveira).

Desse modo, a aplicação subsidiária da Lei 9.099/95 somente encontra respaldo nos casos em que a matéria não seja regulada pela Lei 12.153/2009, sendo que diferentemente do que ocorre no âmbito dos Juizados Especiais Estaduais, relativamente às causas e matérias tratadas na Lei 9.099/95, de caráter residual, admite- se, em sede de Juizado Especial da Fazenda Pública, a produção de prova pericial, fato que demonstra a viabilidade da discussão de questões de maior complexidade nos feitos de que trata a Lei 12.153/2009.

Por tais considerações, com o parecer Ministerial, julgo improcedente o conflito negativo de competência, para declarar competente para processar e julgar o feito n. 0824941-17.2013.8.12.0001, o Juizado Especial da Fazenda Pública Comarca de Campo Grande.

D E C I S Ã O

Como consta na ata, a decisão foi a seguinte:

POR UNANIMIDADE E COM O PARECER, JULGARAM IMPROCEDENTE O CONFLITO, NOS TERMOS DO VOTO DO RELATOR.

Presidência do Exmo. Sr. Des. Marco André Nogueira Hanson Relator, o Exmo. Sr. Des. Marco André Nogueira Hanson.

Tomaram parte no julgamento os Exmos. Srs. Des. Marco André Nogueira Hanson, Des. Eduardo Machado Rocha e Des. Oswaldo Rodrigues de Melo.

Campo Grande, 29 de abril de 2014.

ac

Referências

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