Centro de Ciênias
Departamento de Físia
Caraterização de Células Vermelhas por
Mirosopia de Força Atmia
Erivelton Façanha da Costa
Dissertação apresentada ao Departamentode Físia
daUniversidade Federal doCeará omo parte
dos requisitos para a obtenção do título de
Mestre em Ciênias
Centro de Ciênias
Departamento de Físia
Caraterização de Células Vermelhas por
Mirosopia de Força Atmia
Erivelton Façanha da Costa
Dissertação apresentada ao Departamento de Físia
daUniversidade Federal doCeará omo parte dos requisitos
para a obtenção dotítulo de Mestre em Ciênias
BANCA EXAMINADORA:
Dr. José Alexander deKing Freire (Orientador, UFC)
Dra. Silvia MariaMeira Magalhães(UFC)
irmãose amigos,
pelodiabo."
AoprofessorDr. José Alexander deKing Freire,peloapoio,orientaçãoe inentivo
à realização deste trabalho.
Àsprofessoras Dra. Silvia MariaMeira MagalhãeseDra. Helena Pitombeira, pela
o-orientação e enorajamento durante esta aventura dafísia em meio à mediina.
Ao professor Valder Nogueira Freire, pelas inspiradoras idéias e valiosas opiniões
sobre este e outros trabalhos.
AoprofessorBenildodeSousaCavada,doDepartamentodeBioquímia,por
disponi-bilizar o BIOMOL-LABpara a preparaçãodas amostras.
À olaboradorano departamento de bioquímia, Raquel, aquem devo a paiênia
e presteza na preparaçãodo sanguepara os experimentos.
AoprofessorDr. GildeAquino Farias,pelaliderançadogrupodepesquisa aoqual
pertenço.
Ao professor Dr. José Soares Andrade Jr., oordenador da pós-graduação do
De-partamentode Físia.
Aos professores do urso de mestrado e graduação, pelavaliosa formação.
Àminhaúniairmãfísia,Luiana,aquemdevoaompanhia,todaagrandeajuda
e as boas gargalhadas durante ashoras ansativas de trabalho.
AosarosamigosdelaboratórioThiagoeMarelo. Aesteúltimo,pelasvaliosíssimas
disussões sobre biologia.
ÀSuelieSolenes, ténios de laboratóriode hematologianoHEMOCE-Centro de
HematologiaeHemoterapia doCeará,pelaatenção eajudanaobtençãodas amostras.
neessário.
AoCNPq, pelosuporte naneiro.
À minha mãe, a quem eu devo a mais profunda gratidão e admiração. Sem o seu
referenial de oragem e luta, ertamente eu teria fraquejado durante as diuldades
destajornada.
Aos meus irmãos, que sempre areditaram em mim e me apoiaram em todos os
Amaneiramais difundidanaobservaçãode élulassanguíneas (hemáias)éaquela
que utiliza mirosopia ótia onvenional. Devido ao limite de resolução dos
instru-mentos ótios, novas ténias de mirosopia oloam-se omo alternativas para o
es-tudo de élulas, taisomo: a mirosopiaeletrnia (de varredura e transmissão) e as
ténias de varredura por sonda. Inlui-se neste último grupo a mirosopia de força
atmia(AFM).
Este trabalho disute as possibilidades de uso da Mirosopia de Força Atmia
( Atomi Fore Mirosopy - AFM) em iênias da vida, para ser mais espeío, na
araterização de eritróitos. Cino experimentos envolvendo hemáias e AFM estão
aqui desritos: difereniação entre os grupos sanguíneos AB+ e O+; análise do perl
da membrana eritroitária de indivíduos sadios e portadores de SMD; preparação de
élulasvermelhasparaanáliseemmirosopiadeforçaatmia;análisevolumétriade
élulas vermelhas; e monitoramento doenvelheimento de um eritróito ao ar usando
o AFM.
No primeiroexperimento, a rugosidade das membranas elulares dos grupos AB+
e O+ mostraram-se diferentes. Já no segundo experimento, depressões foram
enon-tradassobreamembranadepaientesomSMDeindivíduossadios,ontudo,
aparente-mentemaisprofundasnoprimeirogrupo. Otereiroestudotrouxeàtonaaimportânia
dapreparaçãoadequadadoseritróitosparamedidasespeíasemAFM.Aquarta
ex-periêniaomprovouaapaidadeda téniaAFMde forneer informação de volume,
oquetambém foiutilizadonoúltimoexperimentoparamonitoraroenvelheimentode
Theoptialmirosopyisthemostemployedtehniqueusedforvisualizeredbloodells
(RBCs). But, due to its resolution limit, it is neessary to use other omplementary
tehniques to study the ells, suh as: the sanning and transmission eletron
mi-rosopy, andthe sanning probingmirosopy. The Atomi ForeMirosopy (AFM)
is inluded in the lastgroup.
This work refers to the possibilities of using AFM in life siene, fousing on the
erythroytes haraterization. Five experiments involving red blood ells and AFM
were arried out: AB+ and O+ blood types dierentiation; RBCs membrane study
of donors and patients with MDS (Myelodysplasti Syndrome); suitable preparation
of red blood ells for AFM analysis; volume study of erythroytes; and nally aging
proess observation of RBC inair.
The rst experiment determined the ell membrane roughness for AB+ and O+
groups, whih were dierent. For the seond one, depressions were found on the ell
surfaeofbothMSDpatientsandhealthypeople. These"holes"weredeeperintherst
group. The third experiment showed the importane of sample (RBCs) preparation
for eah AFM spei analysis. The fourth experimental proedure showed the AFM
tehnique apability forprovidingvolumeinformation,whih wasalsoused inthe last
1 Introdução 1
1.1 UmaBreve História daMirosopia.. . . 1
1.2 Poder de Resolução de um Mirosópio Ótio. . . 6
1.3 Da Mirosopia Ótia à Mirosopia de Varredura por Sonda. . . 12
1.3.1 O Mirosópio Eletrnio. . . 13
1.3.2 O Mirosópio de CampoInio. . . 15
1.4 OsMirosópios de Varredura porSonda.. . . 16
1.4.1 O Mirosópio de Varredura por Tunelamento. . . 17
1.4.2 O Mirosópio Ótio de Varredura por Campo Próximo. . . 19
1.4.3 O AFM(Atomi Fore Mirosope). . . 23
1.5 O AFMem Biologia. . . 24
1.6 Síntese da Dissertação. . . 28
2 O Mirosópio de Força Atmia - AFM. 31 2.1 O nasimento doAFM. . . 32
2.1.1 Forças em Nanoesala. . . 35
2.2 Aparato experimental. . . 38
2.2.1 O Sanner. . . 38
2.2.2 A Sonda.. . . 40
2.2.3 O Sistemade Realimentação( feedbak). . . 45
2.2.4 Modos de Operação doMirosópio de Força Atmia. . . 48
2.2.5 Preparação de amostraspara varredura em AFM. . . 49
3 Eritróitos sob a "ótia"AFM. 51 3.1 Análise de eritróitos om AFM -Introdução. . . 52
3.2 Difereniação de Grupossanguíneos por meio de análise AFM. . . 53
3.2.1 Materiais emétodos. . . 54
3.2.2 Resultados. . . 57
3.3 Análise topográa da membrana de hemáias via AFM - eritróitos sadios versus SMD. . . 58
3.3.1 Materiais emétodos. . . 58
3.3.2 Resultados. . . 61
3.4.3 Resultados MétodoII - NaCl. . . 67
3.4.4 Resultados MétodoIII -PBS+ALB. . . 68
3.4.5 Resultados MétodoIV - PBS. . . 69
4 Análise volumétria de eritróitos om o AFM. 73 4.1 O VCM - Volume orpusular médio. . . 74
4.2 Determinação do volume de partíulas om oAFM. . . 77
4.3 Materiais e métodos. . . 80
4.3.1 Preparação da Amostra. . . 80
4.3.2 Análise no Mirosópio de Força Atmia. . . 81
4.3.3 Análise quantitativadas imagensAFM.. . . 81
4.3.4 Resultados. . . 82
4.4 Envelheimentode eritróitos ao ar- Introdução. . . 85
4.4.1 Materiais e métodos. . . 86
4.4.2 Resultados. . . 87
5 Conlusões e Perspetivas 91
Referênias 96
Glossário 103
A Tabelas de dados. 107
B Apresentações em Conferênias. 119
C Artigos Publi ados. 121
1.1 Máximoângulo deabertura dalente objetivade um mirosópio ótio. . . . 7
1.2 Formação da imagem através de uma lente num sistema ótio, omo por
ex-emplo um mirosópio ótio. . . 8
1.3 Campoelétrio Einidindo sobreo plano( x,y ,0),propagando- se nadireção z
positivo. . . 9
1.4 Espetro deradiação eletromagnétia. . . 14
1.5 Diagrama esquemátio deum mirosópio eletrnio de varredura. . . 16
1.6 Operação do mirosópio de tunelamento (a)no modo orrente onstante (a
distânia s não muda) e (b)altura onstante ( s varia).. . . 19
1.7 Imagens omresolução atmiado Si(111) obtidas omo STM. (a)Primeira
imagemdasuperfíiedeumaamostradeSi(111)7x7obtidaporBinnige
Ro-her,inventoresdoMirosópiodeVarreduraporTunelamento(STM)(Retirado
de G. Binnigand H.Rohrer, Rev. Mod. Phys. 59, 615 (1987)). (b)Imagem
da mesma superfíie obtida om uma STM moderno (Retirado de Y. Chen,
K. S. Shneider, B. G. Orr, M. M. Banaszak Holl, Phys. Rev. B. 70 85402
(2004)). . . 20
1.8 Foto de uma sonda SNOMvista om um mirosópio ótio onvenional. O
raiodapontaédaordemde50nm. (RetiradodeDuanVOBORNIK'sThesis,
SCANNING NEAR-FIELD INFRARED MICROSCOPY AND
Nanotehnology: A Brief Overview, www.barrett
-group.mgill.a-teahing-nanotehnol ogy-n ano02.ht m℄. . . 24
1.10 (A) Imagem topográa de um romossomo humano após disseação. (B)
Imagem demirosopia eletrnia dasondautilizada nadisseação. Évisível
o depósito de material biológio na ponta dasonda. Abarra deesalaindia
1
µ
m [RetiradodeVesenkaJ,MosherC,ShausS,AmbrosioL,HendersonE.,Biotehniques. 1995 19(2) 852 (1995)℄. . . 26
1.11 (a) Sonda funionalizada om a letina HPL presa à sua ponta. (b) Evento
de interação entre a sonda e umaélula vermelhado grupo A. Ao entrar em
ontatoomaamostra,asondaérepelida. Quandoosannerretrai-se,devido
àadesão daletinaomaélula (atração),o antilever éexionadoatéquea
força elástia rompe a ligação entre a letina e a superfíie elular (ruptura)
[Retirado de M. Grandbois, W. Dettmann, M. Benoit and H. E. Gaub., J.
Histohem. Cytohem. 48(5) 719 (2000)℄. . . 27
1.12 (a) Mapa de força de adesão entre a sonda e a amostra. Os pontos branos
orrespondem a eventos de maior atração. Noteque essasregiões demaram
a existênia de élulas vermelhas do tipo A, omo pode ser visto na imagem
topográa em (b). Barra de esala 5
µ
m. [Retirado de M. Grandbois, W.Dettmann, M. Benoitand H.E. Gaub.,J.Histohem. Cytohem. 48(5) 719
(2000)℄. . . 28
2.1 (a) Varredura STM om a distânia sonda-amostra s estável em materiais
rígidos. (b)Materiais de baixa resistênia meânia levavam à instabilidade
de s, logo,do sinalde orrente detunelamento . . . 34
2.2 Gráo do potenial entredois átomosadistânias mirosópias. . . 35
2.3 (a) Cilo deforça. (b)Gráo de força orrespondendo aos 5 pontosA-E do
ilo de força. . . 36
superfíiedemiaemdiferentespHs. Notequeparaum pHbaixo,existeuma
atração forte entre a sonda e amostra. A situação é reversa para altos pHs,
quando a repulsão entre íons domina. (Retirado de H. J. Butt, Biophys J.
60(26), 1438 (1991)). . . 37
2.6 Diagrama esquemátio dosistemade mirosopia deForçaAtmia . . . 39
2.7 Cantilever (a) emforma de haste retangular e (b)em forma triangular. Nas
duasguras pode-sever aponta loalizada naextremidade do antilever. . . 41
2.8 Deexãodoantileverdevidoàsforçasdeinteraçãosonda-amostra. (a)Atração
à distânia entrea sonda e a amostra. (b) Repulsão devido ao ontato entre
a ponta ea amostra. . . 41
2.9 (a)Perl araterizado omuma ponta de baixo aspet ratio. (b) Aimagem
resultante do proesso de varredura em(a)pouo tem a ver om aestrutura
real. ()O mesmoperl agoraé araterizado omumasondade alto aspet
ratio. (d)Issoresulta numaaproximação maior om operlreal da amostra. 43
2.10 A razãoentreaaltura ( y) ea largura daponta ( x) determinamoaspet raio
da sonda AFM. Esta medida nos diz quão omprida é a ponta em relação a
suabase. . . 43
2.11 (a)ExemplodesondadebaixoaspetratioDNP-S(VeeoProbes). (b)Sonda
de altoaspet ratioTESPA-HAR(VeeoProbes). . . 44
2.12 Diferença entre a imagem obtida (linha pontilhada) de pequenos pers de
uma amostra quando araterizados om sondas de raios de urvatura da
ponta diferentes. (a) Pequeno raio de urvatura daponta. (b) Sonda deraio
de urvaturada ponta maior. . . 44
2.13 Esquema do sistema de realimentaç ão do primeiro AFM. As duas ténias
funionavam simultaneament e, oque experimentalment etrazia algumas
fornee informação do desloamento do antilever na direção vertial z. ()
Campos B e C, uja diferença no sinal fotoelétrio fornee informação de
torção do antilever na direção horizontal. (1-5) Funionamento do sistema
de feedbak para ontrole dosanner na direção z. . . 47
2.15 Modotapping de varredura. . . 49
3.1 Ilustração dapresença deantígenosna membrana deeritróitos.. . . 52
3.2 Imagem tridimensional de umahemáiavistaom oAFM. . . 53
3.3 VistasuperiordamembranadeumahemáiaomoAFM(área4.85x4.85
µ
m) e zoomsobrea membrana (área 1x1µ
m). . . 543.4 Preparaçã o da amostra para análise AFM. (a) Coleta om apilar; (b) De-posiçãodagotasobrealamínula; ()Esfregaço omextensor;(d)Seagem da amostra. . . 55
3.5 Análise derugosidade. . . 56
3.6 Diferença derugosidade entreosdois grupos. . . 58
3.7 "Buraos"enont rados sobre a membrana elular. . . 59
3.8 Análise daseção transversalda membrana eritroitária. . . 60
3.9 (a)Medida deprofundidade (vertial) dasdepressõesna membrana. (b) Me-didado raio deabertura (horizontal) dadepressão. . . 60
3.10 (a)Histogramaom afrequênia dosvaloresde profundidade(P)para 10 in-divíduossadios. (b)Histogramaomafrequêniadosvaloresdeprofundidade (P)para 8 indivíduosportadoresde SMD. . . 61
3.11 (a) Histograma om a frequênia dos valores do raio de abertura abertura (A) para 10 indivíduos sadios. (b) Histograma om a frequênia do raio de abertura (A)para 8 indivíduosomSMD. . . 62
varredura-50.2x 50.2
µ
m.) (b). Seçãotransversalda imagem preedente. ()Umzoom sobre a membrana da élula (Área de varredura-2.5 x 2.5
µ
m.) (d)Superfíie do vidro(Áreade varredura-2.5 x2.5
µ
m.) . . . 683.14 (a) Imagens AFMde élulas vermelhas lavadas emNaCl(Área de varredura
- 50.2 x 50.2
µ
m). (b) Imagem feita sobre uma região do vidro, ondepode-mos ver pequenos ristais de sal (Área da imagem - 5 x 5
µ
m). () Cristaisenontrados sobre a superfíie das élulas (Área da imagem - 5 x5
µ
m.) (d)Superfíie elularlivre do lme de plasma (Área da imagem - 1 x 1
µ
m). (e)Reonstituição tridimensionalda imagem anterior. . . 69
3.15 (a) Imagens AFM de élulas vermelhas lavadas em solução tampão de PBS
ontendo albumina 6
%
(Área de varredura - 50.2 x 50.2µ
m). (b) A formairular e binava foi preservada. () Partíulas sobre a membrana elular
(Áreadevarredura-5x5
µ
m). (d)Partíulassobreovidro(Áreadevarredura- 5x5
µ
m). . . 703.16 (a) Imagens AFM de élulas vermelhas lavadas em solução tampão de PBS
(Áreadaimagem-50.2x50.2
µ
m). Aformadasélulasfoinovamenteafetada.(b) Contudo, sobre a membrana não houve deposição de ristais (Área da
imagem-5x5
µ
m). ()Rugosidadearaterístiadamembrana elular(Áreada imagem- 1 x1
µ
m). (e) Reonstituiçãotridimensional da imagemanterior. 714.1 (a) Normais, (b)hemáias miroítias, () maroitose e pleoariótios, (d)
maroitose, (e) eliptoitose, (f) estomatóitos, (g) aantóitos ( spurr ells),
(h) esquistóitos[Retirado de M. C. Zago, R. P. Falão, R. Pasquini,
Hema-tologia- Fundamentose Prátia Ed. Atheneu p.80(2001)℄. . . 76
4.2 (a) Hemáias faliformes, (b)hemáias em alvo,() hemáias piriformes, (d)
hemáias semilunares ou em apaete, (e) esferóitos, (f) hemáias renadas
(Retirado de M. C. Zago, R. P. Falão, R. Pasquini, Hematologia - F
imagem. . . 78
4.4 Partile Analisys. Osparâmetros métrios deada partíula foram oletados
individualment e(hemáiamaradaemvermelho). Noquadroinferior,pode-se
ver osvaloresde altura ( Hight) eárea ( Area) dospixelsseleionados. . . 79
4.5 DimensõesonsideradasnoálulodovolumedoseritróitosomoAFM:MH
(MeanHight)eMA (Meanarea). . . 80
4.6 Imagens AFMdeélulasvermelhas. (a)Hemáias maroítias ,VCM=105
. (b)Hemáiasnormoítias,VCM=88. (a)Hemáiasmiroítias,VCM
=67 . . . 82
4.7 Histogramas de frequênia dosvolumes para as amostras A
[
V P M
(
AF M
) =
19
.
98
f l
]
,B[
V P M
(
AF M
) = 20
.
86
f l
]
,C[
V P M
(
AF M
) = 22
.
94
f l
]
,D[
V P M
(
AF M
) =
24
.
65
f l
]
, E[
V P M
(
AF M
) = 25
.
73
f l
]
eF[
V P M
(
AF M
) = 28
.
78
f l
]
. . . 834.8 RelaçãoentreovolumealuladoviaAFM(VPM-AFM)eovolumeforneido
peloontadorde élulas vermelhas (VCM). . . 85
4.9 (a)Hemáia exposta aoar - 0h. (b)Hemáia após84h de exposição ao ar. . 87
4.10 (a) Comportament o do volume do eritróito exposto ao ar por 3.5 dias. (b)
Primeira urva reportadadeste mesmoexperimento [Retirado deY.Chen, J.
Cai, Miron37339 (2006)℄. . . 88
1.1 Ténias de mirosopia, meio deoperação epoder de magniaçã o.. . . 23
2.1 Modelosde sanners tubularese suasrespetivas amplitudeslaterais. . . . 40
3.1 Rugosidadedeumaáreade 1
µ
m2
sobreasuperfíie deeritróitosdosgrupos
AB+ eO+. . . 57
3.2 Testesde normalidade om resultados apliadosàsvariáveisP eA. . . 63
3.3 Teste Mann-Whitneypara asvariáveisPe Aentreosgrupos: sadiose
porta-dores deSMD. . . 63
3.4 Vantagense desvantagens dosmétodos depreparação de eritróitoso AFM.. 71
4.1 Formasanormaisdeeritróitosesuasoorrênias[RetiradodeM.C.Zago,R.
P. Falão, R.Pasquini,Hematologia - Fundamentos ePrátia Ed. Atheneu
p.79(2001)℄. . . 74
4.2 Parâmetro sforneidospelohemograma(RetiradodeM.C.Zago,R.P.Falão,
R.Pasquini,Hematologia-FundamentosePrátiaEd. Atheneup.83(2001)). 75
4.3 Comparação entreosvaloresde VCM e VPM(AFM). . . 84
A.1 Valores das profundidades (P) dos buraos enontraddo s sobre a membrana
de doadores epaientesom SMD. . . 109
A.2 Valores das aberturas (A) dos buraos enontraddo s sobre a membrana de
doadores e paientes omSMD. . . 110
A.3 Valoresde volume para aamostra A.. . . 111
A.6 Valoresde volume para a amostraD.. . . 114
A.7 Valoresde volume para a amostraE. . . 115
A.8 Valoresde volume para a amostraF. . . 116
A.9 Valoresde volume em24h de envelheimento. . . 117
A.10Valores de volume em 84h de envelheimento, om intervalos de 12h entre
Introdução
1.1 Uma Breve História da Mirosopia.
Um observador interessado em examinar pequenos detalhes de um objeto traz o
mesmo parabem próximode seu olho, de formaquesua imagempareçamaior. À
me-dida que o objeto é aproximado, sua projeção na retina vai aumentando de tamanho
e permanee em foo até o ponto onde o ristalino pode garantir aomodação
ade-quada dos raios. Além deste ponto, onheido omo ponto próximo, a imagem perde
resolução e torna-se embaçada. Chegou-se ao limite da visão humana para pequenos
objetos. Hoje, sabemos que uma simples lente onvergente, também onheida omo
lentedeaumento,éapazdeontornaresteproblema. Contudo,oexperimentodesrito
aima e a limitação imposta por ele tem grande hane de ter sido a motivação que
levouasgeraçõespassadas aonentrar esforçosparaentenderedominarosfenmenos
ótios. Osprimeirosartefatos datenologia ótiaremontamà antiguidade (1200AC),
quando lemos nolivro de Êxodo 38:8 queuma mulher doa o metalde suporte de suas
lentes de enxergar para a onfeção de um lavatório de metal usado em erimoniais
notabernáulo [1℄. Fisólofosgregosomo Pitágoras,Demóritus,Empedoles, Platão,
Aristóteles,dentre outros, apresentaramsuas própriasteorias sobre anatureza daluz.
Eulides(300AC)registrouqueonheiaofenmenodapropagaçãoretilíneadaluzem
seu livroCatoptris. Umalente onvergenteusada para onentrar os raios luminosos
e produzir fogoé desritaporAristófanes em sua peça As Nuvens(50 DC):
qual se aende fogo?
- Está falandodo ristal?
- Sim. Ora, que aonteeria se eu a tomasse no momento em que o esrivão
es-tivesse anotando a queixa, de longe, assim,parado diante do Sol, e zesse derreter os
doumentos do meu proesso?
- Voê fala om sabedoria. Sim, pelas Graças!"[2℄.
Os registros do historiador Plínio revelam que os romanos possuíam tais lentes.
Maisque isso, exemplares de esferas de vidro e ristal, que provavelmente serviam ao
propósito de aender fogueiras, foram enontradas entre ruínas romanas. Já olósofo
romano Senea (3 AC - 65 DC) observou em sua obra que esferas de vidro heias de
água poderiam ser usadas omo lentes de aumento. É possível que artistas romanos
possamterusadotaislentesparafailitaraonfeçãodetrabalhosartesanaisdegrande
preisão.
Comaquedadoimpérioromano(475DC)mara-se oiníiodaidademédia. Neste
período,o progressoientíoestanou naEuropaemuitodoquejá haviasido esrito
pelosantigosfoiesqueidoemfunçãododomíniodaulturaristãgreo-romana.
Con-tudo, a tomada de Alexandria pelos muçulmanos em 642 DC deu iníio à oupação
islâmia do oidente. Pelo nal do sétimo séulo, o império de Alá estendia-se da
Pérsia à Espanha, passando por toda a osta sul do Mediterrâneo. O império árabe
passou então a possuir o onheimento do velho mundo e muito da sabedoria antiga
foitraduzida epreservada. Noque onerneaos avanços emótia, Alhazen(1000 DC)
deusua ontribuiçãopara aleidareexão, oloandooângulode inidênia ereexão
no mesmo plano normal à interfae. Ele também ensaiou sobre espelhos
parabóli-os e esférios, além de registrar uma desrição detalhada do mais omum e eiente
instrumento ótio,o olho humano.
AEuropaomeçariaasairde seutorporinteletualpelonaldoséuloXIII.Desta
époa, sabe-se que otrabalho de Alhazen foratraduzido para o latim, inueniandoa
Baon (1215-1294). Aredita-se que partiu dele a primeira iniiativa de usar lentes
para orrigir osproblemas da visãohumana. Baontambém sugeriu a ombinaçãode
lentes para aonstrução de um telesópio.
Após amorte de Baonnão há registrosde outrosestudos envolvendo ótia.
Con-tudo,pareequeseu trabalhoserviuàpopularizaçãodosinstrumentos ótiosomopor
exemplo, os óulos omo os onheemos hoje. Datam da segunda metade do séulo
XIII várias obras de artistas retratando monges usando óulos. Leonardo da Vini
(1452-1519) ensaiou sobre a âmera esura [3℄, popularizada posteriormente por
Gio-vanni Battista Della Porta (1535-1615). Em seu livro Magia Naturalis (1589), Porta
desreve aombinaçãode lentes onvergentes edivergentes [4℄.
Osgrandes avançosnaótiaviriamapenas noséuloXVII. Quaseque
onomitan-tementeforam inventados otelesópio eo mirosópio. O primeiroomo instrumento
de auxílioàvisão domuito grande,oudo muito distante, enquanto o segundo à visão
domuitopequeno. Tais instrumentos são provasdaneessidadede ver alémdoque se
vê. Não está laro quem onstruiu o primeiro telesópio, mas há registros de que em
2 de outubro de 1608, o fabriante de óulos holandês Hans Lippershev (1587-1619)
requereuapatentedonovoequipamento. Sabe-sequeemPádua,GalilieuGalilei
(1564-1642) ao tomar onheimento da nova invenção, ps-se a trabalhar na fabriação do
seu próprio telesópio, o que onseguiu nalizar em alguns meses polindo as lentes à
mão. Pelos mesmostempos,omirosópioomposto( i.e., queusaduas oumais lentes
ombinadas)foi onstruído pelo holandês Zaharias Janssen(1588-1632).
A partir de então, as modiações e desobertas viriam em turbilhão. Franiso
Fontana (1580-1656)de Nápoles, substituiua lenteoular nava domirosópio por
umaonvexa. UmamodiaçãosemelhantefoifeitanotelesópioporJohannes Kepler
(1571-1630). Olhando para o éu om seu telesópio, Galileu desobriu as luas de
Júpiter em6 de janeirode 1610. Nomesmoano eleonseguiu verosanéis de Saturno.
Ele também onluiuque o Solpossuía uma rotação pelaobservação de manhas que
da ótia de primeira ordem para sistemas de lentes delgadas, além de desrever om
detalhes o funionamento do telesópio galileano (oular divergente) e o kepleriano
(oular onvergente). Em 1621 oorre um dos grandes momentos no desenvolvimento
da ótia moderna. Willebrord Snell (1591-1626), professor em Leyden, desobriu de
maneiraempíriaa leidarefração.
Ao entender de maneira preisa omo os raios de luz se omportam ao atravessar
uma interfae entre dois meios, Snell abriu de uma só vez a porta para o
desenvolvi-mento da ótia moderna. Depois disso, o primeiro a publiar a lei da refração em
termosde senos omoaonheemos hoje foiRené Desartes (1596-1650)[5℄. Também
Pierre Fermat (1601-1665) formulou sua versão para a lei da refração. Este último
props que a luz propagava-se de um ponto a outro tomando o aminho ujo tempo
de perurso era o menorpossível. Este éo famoso prinípiodotempo mínimo.
Também digna de menção é a desoberta do fenmeno da difração (o desvio da
luz de sua trajetória retilínea ao passar por um orifíio ou obstáulo muito pequeno)
pelo professor jesuíta Franeso Maria Grimaldi (1618-1663), em Bolonha na Itália.
Ele observou bandas de luz (laros e esuros) na sombra de uma haste na quando
iluminadaporumapequena fontedeluz. Paralelamente, Robert Hooke,naInglaterra,
desreveu em seu famoso livro Mirographia(1665) padrões de interferênia oloridos
geradospor lmes nos. Hooke onluiu orretamente que tais padrões eram devidos
àinteraçãoentre aluzreetida nas superfíies frontaleposteriordolme. Alémdisso,
Hookepropsaidéiadequealuzeraummovimentovibratóriorápidoquesepropagava
num meio a alta veloidade. Props ainda que ada pulso ou vibração de um orpo
luminosogerariauma esfera. Foio nasimento dateoria ondulatória daluz.
As realizações de Hooke em iênia não se restringiram apenas à físia. Ele
tam-bém ontribuiu em áreas omo paleontologia,químia, meteorologia ebiologia. Nesta
última, seu livro Mirographia tem espeial relevânia [6℄. Ao trazer desrições
de-talhadas de suas observações om o mirosópio ótio de diversos sistemas biológios
os poros no teidoda ortiça,Hooke desreveu:
"... estes poros ou élulas, foram de fato os primeiros poros mirosópios que eu
já vi, ou quealguém já viu, issoporqueaindanão enontrei nenhumesritor ou pessoa
que os tenhamenionado."[7, 8℄
Defato,estafoiaprimeiravezqueapalavraélulafoiutilizada. Paraele,asélulas
retangulares doteido da ortiçalembravamas elas de um monastério (em inglês, as
duas palavras têm amesma graa ell).
ApesardoMirographiaterpopularizadoamirosopiaomoténia,algunsatribuem
ao holandês Antony van Leeuwenh oek o mérito de ter apliado o mirosópio ótio
a estudos mais preisos de mirosistemas. Leeuwenh oek, um omeriante de Delft,
Holanda, não era rio, não tinhaformação aadêmia e nem falava outra línguasenão
o holandês. Isso já o oloariade antemãofora da omunidade ientía. No entanto,
sua determinação, uriosidade e a mente livre dopensamento ientío dogmátio da
époa, olevaramagrandes desobertas em biologia. Leeuwenhoek foioprimeiroa
ob-servar a vidaem esala mirosópia. Dentre suas desobertas estão: hemáias (tema
deste trabalho), espermatozóides, protozoários e talvez a mais relevantes de todas, as
batérias.
Fabriantede suas própriaslentese mirosópios,eleonseguiuom auráiae
ha-bilidade surpreendentes imagens om aumento de até duzentas vezes , enquanto o
mi-rosópio omposto, inventadoem 1595,erade quarentaanosantes de Leeuwenh oek
naser,eraapazdeaumentosdeapenas vinteatrintavezes . Suasartas,destinadasà
RoyalSoiety of London,eramtraduzidas doholandês paraoinglês elatimesóentão
publiadas no Philosophial Transations of the Royal Soiety .
Asdesobertas de Antonymostraram aomundo ientíoum mundo mirosópio
onde a vida também aonteia. Elas também renderam-lhe a asensão a membro
da Royal Soiety em 1680, ao lado de nomes omo Robert Hooke, Henry Oldenburg,
Delft esreveu à RoyalSoiety:
"Antony van Leeuwenhoek onsiderou que o que é verdadeiro em losoa natural
pode serainda mais frutífero se investigado pelo método experimental, suportado pelas
evidênias dos nossos sentidos. Por esta razão, om diligênia e trabalho inansável,
fez om suas próprias mãos lentes de onsiderável qualidade, om a ajuda das quais
desobriu diversossegredos danatureza, agorafamosos por todoomundolosóo."[9,
10℄
OsmirosópiosótiosompostosdaépoadeHookeeLeeuwenhoek tinhampoder
de resolução similar aos atuais utilizados em laboratório. Isso mostra que apesar de
a tenologia de fabriação de lentes ter atingido onsiderável avanço, bem omo os
métodos de iluminaçãoe aptaçãodaluz reetida pelaamostra,odesenvolvimentoda
mirosopiaótia atingiuum pontode saturação. De fato,noséuloXIX, desobriu-se
queos mirosópiosótios têm um poder de resolução limitado, não importando quão
exelente seja a fabriação de suas lentes ou as ondições experimentais em que se
observa aamostra.
1.2 Poder de Resolução de um Mirosópio Ótio.
O poder de resolução de um mirosópio ótio é determinado pela apaidade do
mesmo de mostrar de maneira distinguível a imagem de dois pontos separados por
uma distâniad . Costuma-se onsiderar nesta denição o famoso ritériode Rayleigh
(1842-1919)[11℄. Ouseja,aimagemde doisobjetoséditaresolvidaquando,omáximo
dopadrão de difração de Airy do primeiro ponto oinide om o primeiro mínimo do
padrão de difração do outro ponto. Para muitos, o ritério de Rayleigh é algum tipo
de lei natural esrita por anjosem tábuas de ouro. Para o próprio Raylaeigh, elenão
passa de uma aproximação. Contudo, sabe-se quenão foi o Lord Rayleigho primeiro
de mirosópios em Jena, Alemanha. Naquela époa, os mirosópios ainda eram
fabriados de maneira impreisa e rudimentar. Logo Zeiss pereberia que o método
tentativa e erro levava a avanços insigniantes. Foi quando em 1866 ele persuadiu
o físio Ernest Abbe, então professor na Universidade de Jena, a trabalhar om ele e
estabeleer bases ientías para o funionamento do mirosópio [13, 14℄. Abbe foi
o primeiro a denir a mínimadistânia transversal (D) entre dois objetos pontuais, a
partir daqual os mesmospodem ser resolvidos numa imagem,omo
D
=
1
,
22
λ
n
o
sin
θ
max
,
(1.1)onde
n
o
é o índie de refração do meio entre a amostra e a lente eθ
max
é o ângulomáximo de abertura da objetiva (Fig. 1.1). Abbe desobriu por meio da experiênia
que uma grande abertura resultava em maior resolução, mesmo que o one de luz
inidentepreenhesse apenas uma pequena porção daobjetiva. De alguma maneira,a
região esura aoredor doone de luz estava ontribuindo para aimagem.
Figura1.1: Máximoângulo de abertura da lente objetivade um mirosópio ótio.
AFig. 1.2mostraumafontedeluzoerenteiluminandoumagradededifração,esta
poderia ser, por exemplo, uma amostra de teido sobre uma lamínula transparente.
Observe que a abertura da lente não é suiente para oletar toda a luz difratada,
ou seja, a imagem não orresponde exatamente ao objeto observado. Na realidade,
de difração e a remoção desta porção de informação resulta exatamente na perda de
denição e resolução daimagem. Do ponto de vista oneitual, agrade de difração
G
só poderia ser onsiderada estritamente periódia se ela tivesse uma largura innita.
Istosignia quenaprátia elatem um espetro de Fourier ontínuo, dominado pelos
termos disretos da série de Fourier próximos à periodiidade onsiderada da grade,
mais os termos de ordem maior, ontudo, om amplitude menor. Assim, superfíies
ompliadaseirregulares naturalmenteapresentarão um espetro de Fourierontínuo,
logo,podemosonluirquedesdequealenteobjetivade ummirosópioótionãotem
umaaberturainnita,elafunionaomumltropassa-baixa,rejeitandoasfrequênias
de ordem superior a uma dada frequênia, deixando passar todas as outras abaixo.
Consequentemente, qualquer lente real é limitada em sua habilidade de reproduzir as
araterístias de um objeto relaionadas às omponentes de alta frequênia da luz
difratadapela amostra,quando sob iluminaçãooerente[15℄.
Figura1.2: Formaçãodaimagematravésdeumalentenumsistemaótio,omoporexemplo
um mirosópioótio.
Umaoutra abordagempara oproblema daresolução de um sistema ótiopode ser
feita por meio da análise de Fourier [16, 17, 18℄. Consideremos uma amostra sobre
umalamínula,sendooplanodalamínula( x,y, 0). Suponhamosqueuma ondaplana
−
→
inide transversalmente sobre o plano da lamínula, sepropagando na direção positiva
de z (Fig. 1.3). Atransformadade Fourrierem duasdimensõespara oampo
−
→
E
podeser esritaomo:
Y
X
Z
E(x,y
,o)
E(x,y
,z
)
E
Figura 1.3: Campo elétrio E inidindo sobre o plano ( x,y ,0), propagando- se na direção z
positivo.
−
→
E
(
w
x
, w
y
) =
Z
Z
−
→
E
(
x, y,
0)
e
−
2
iπ
(
w
x
x
+
w
y
y
)
dxdy.
(1.2)
Na Eq.(1.2)
w
x
ew
y
são as frequênias espaiais das estruturas sobre o plano deinidênia, as quais, de maneira geral podem assumir qualquer valor entre 0 e
∞
.Assim,
−
→
E
( x,y ,0) pode ser esrito em termos dasua transformada de Fourierinversa:−
→
E
(
x, y,
0) =
Z
Z
−
→
E
(
w
x
, w
y
,
0)
e
2
iπ
(
w
x
x
+
w
y
y
)
dxdy.
(1.3)Oamposobreoplanodaamostrapodeentão seronsideradoomoasuperposição
de ondas planaspropagando-se na direçãodos vetores de onda:
−
→
k
= (
−
→
k
x
,
−
→
k
y
,
−
→
k
z
) = (
α, β, γ
)
2
π
λ
,
(1.4)ujos ossenos do ângulode propagaçãosão:
α
=
λw
x
, β
=
λw
y
, γ
=
p
1
−
α
2
−
β
2
.
(1.5)
Demaneirasemelhantea Eq.(1.3), oampo elétrio
−
→
−
→
E
(
x, y, z
) =
Z
Z
−
→
E
(
w
x
, w
y
, z
)
e
2
iπ
(
w
x
x
+
w
y
y
)
dw
x
dw
y
.
(1.6)Da eletrodinâmia, sabemos que onsiderando o meio de propagação homogêneo,
isotrópioelinear, o ampo elétrio
−
→
E
deve satisfazer àequação de Helmholtz∇
2
−
→
E
+
k
2
−
→
E
= 0
.
(1.7)AapliaçãodiretadestaondiçãoaoampodaEq.(1.6)noslevaàseguintesolução:
−
→
E
(
w
x
, w
y
, z
) =
Z
Z
−
→
E
(
w
x
, w
y
)
e
2
izπ
q
1
λ
2
−
w
x
2
−
w
y
2
dxdy.
(1.8)CombinandoasEq.(1.8) e (1.6), obtemoso valordo ampo elétriopara z>0:
−
→
E
(
x, y, z
) =
Z
Z
−
→
E
(
w
x
, w
y
)
e
2
iπ
(
w
x
x
+
w
y
y
+
z
q
1
λ
2
−
w
x
x
−
w
y
y
)
dw
x
dw
y
.
(1.9)Têm-seentão duas situações possíveis:
1 -
w
x
2
+
w
y
2
<
λ
1
2
.Neste aso, o argumento da função exponenial na Eq.(1.8) é imaginário, o que
orresponde auma onda quese propaganoeixoz em direçãoaoplano de observação.
2 -
w
x
2
+
w
y
2
>
λ
1
2
.Agora, afunção exponenial naEq.(1.8) tem um argumentoreal. Istonos permite
reesrever aEq.(1.8) omo:
−
→
E
(
w
x
, w
y
, z
) =
Z
Z
−
→
E
(
w
x
, w
y
)
e
−
2
zπ
q
w
x
2
+
w
y
2
−
λ
1
2
dxdy.
(1.10)Consequentemente, aamplitude daonda ai exponenialmente nadireçãode z.
Isto nos leva a rer que para frequênias espaiais baixas, as ondas se propagam
normalmenteemz nadireçãodoplanodeobservação. Estasondassãoonheidasomo
da amostra, não atingindo o plano de observação. A região onde estas ondas podem
ser detetadas é onheida omo ampo próximo (near-eld). Nesta região trabalha o
SNOM, uma téniade mirosopia ótia queonsegue atingironsiderávelresolução.
Falaremos destaténia mais adiante.
Nummirosópio ótio onvenional, aslentes estão loalizadas numa região onde
apenas as omponentes de ampo distante podem ser aptadas. Como visto
anterior-mente, as únias ondas aptadas pela lente objetiva são aquelas limitadas pela
aber-tura dalente. NaEq.(1.1),onumerador
n
o
sin
θ
max
foihamadoporAbbede aberturanuméria da lente, ou NA ( numerial aperture). Considerando então que o índie de
refração do ar
n
o
é igual a1, eθ
éθ
(
−
→
z ,
−
→
k
)
, as ondas aptadas pelalente são aquelasque obedeem à seguinte ondição:
sin(
θ
(
−
→
z ,
−
→
k
))
< N A.
(1.11)Agora, sabendo quepara osossenos direionais denidospelaEq.(1.5)valearelação:
θ
= arcsin
p
α
2
+
β
2
,
(1.12)
onluímos por meio daEq.(1.5) e (1.11) que:
α
2
+
β
2
<
(
N A
)
2
,
(1.13)w
x
2
+
w
y
2
<
(
N A
λ
)
2
,
(1.14)p
w
x
2
+
w
y
2
<
(
N A
λ
)
.
(1.15)DoladoesquerdodaEq.(1.15)temosafrequêniaespaialdasuperfíiedaamostra
em suas duas omponentes dimensionais. Por denição, afrequênia espaial é:
w
=
1
λ
e
sendo
λ
e
o omprimento de onda espaial da amostra ew
=
p
w
x
2
+
w
y
2
. Ora,λ
e
éa distânia no plano ( x,y) da amostra entre, por exemplo, dois máximos do padrão
regularde superfíie, portantopodemos dizer que
λ
e
=
p
∆
x
2
+ ∆
y
2
, oque nos deixaom:
q
∆
x
2
+ ∆
y
2
>
(
λ
N A
)
.
(1.17)AsEq.(1.15)e(1.17)nosdizemqueapenasfrequêniasespaiaismenoresque
N A/λ
sãodetetadas,orrespondendo adistâniasnoplano( x,y)maioresque
λ/N A
. Logo,omáximopoderde resoluçãodomirosópioótioestálimitadoa
λ/N A
. Esteresultadoestá de aordo om o que Abbe havia previsto experimentalmente, posteriormente
também anuniado por Rayleigh [Eq.(1.1)℄. Em termos prátios, isto signia que
uma amostra iluminada om luz brana de omprimento de onda efetivo de 560nm,
onsiderandoaabertura numéria
N A
=1.6, oque sepode onseguir quando oloa-seóleo entre a lente objetiva e a amostra, a distânia máxima resolvível é da ordem de
350nm. Para a iênia de hoje este é um limiteabsurdamente grande, uma vez que a
esalade grandeza dos proessos maisestudados atualmenteestão dentro da esalade
algunsnanmetros (nanoiênia).
1.3 Da Mirosopia Ótia à Mirosopia de Varredura
por Sonda.
Uma forma de transpor o limite imposto pelo ritério de Rayleigh é diminuir o
omprimentode onda daradiaçãoinidentesobre aamostra,mas esta não semostrou
uma boa saída experimental para o problema, omo veremos adiante. De fato, as
primeiras observações bem suedidas em esalas atmias só vieram depois de uma
desoberta básia em meânia quântia. Isto é, a de que a luz e a matéria exibem
também onstataram que elétrons de alta energia apresentavam um omprimento de
onda menor que ode elétronsde baixa energia.
Estasdesobertas,juntamenteomoestabeleimentodaótiageométriaeletrnia,
levaram à onstrução do primeiro mirosópio eletrnio por E. Ruska e M. Knoll
em 1931. Desde então, uma gama de tipos de mirosópios foram desenvolvidos.
Dentre os mais onheidos poderíamos itar o Mirosópio Eletrnio de Varredura
(SEM-SanningEletronMirosope), oMirosópiodeTransmissãoEletrnia(TEM
- Transmission Eletron Mirosope), Mirosópio de Campo Inio (FIM-Field Ion
Mirosope) e os Mirosópios de Varredura porSonda (SPM-Sanning Probe
Miro-sope). NesteúltimogrupoestãoinlusosoMirosópiodeVarreduraporTunelamento
(STM-Sanning Tunneling Mirosope), o Mirosópio Ótio de Varredura de Campo
Próximo (SNOM-Sanning Near-ledOptial Mirosope) e nalmenteo Mirosópio
de Força Atmia (AFM-Atomi Fore Mirosope).
1.3.1 O Mirosópio Eletrnio.
AsoluçãoimediataparaolimitederesoluçãoimpostopelaEq.(1.1)aosinstrumentos
ótios, era diminuir o omprimento de onda da radiação inidente sobre a amostra.
Contudo, radiações aima do espetro de luz visível (Fig. 1.4) não funionavam bem
emmirosopia. Porexemplo,ousodoultravioletaapresentavaproblemasdeabsorção.
Jáosraios-Xinteragiamfraamenteomaamostraeomoutrosmateriais,diultando
afabriaçãodelenteseportantolevandoaproblemasdefoalização. Estasdiuldades
só puderam ser superadas om a invençãodo mirosópioeletrnio em 1931.
Oprinípiodefunionamentodestesequipamentoséanálogoaode um mirosópio
ótio. Porém, ao invés de usar luz e lentes de vidro omo meio de magniação e
foalizaçãodaimagem, omirosópioeletrnio utilizaum feixede elétronsfoalizado
pormeiode lentesmagnétias. Comoseu prinípiode funionamentotambémobedee
às leis físias da ótia, ele também está sujeito ao limite de resolução imposto pela
Figura1.4: Espetro de radiação eletromagnétia.
"ondasde matéria".
O oneito de
”
onda material
”
veioom a meânia ondulatória,proposta por deBroglie em 1921 [19℄. Segundo ele, uma partíula em movimento possui uma onda
assoiada ao seu movimento,ujo omprimentode onda édado por:
λ
=
h
p
,
(1.18)ondeh éa onstante de Plank (4,135667 x
10
−
15
eV.s) ep é o momentodapartíula.
Para um elétronem movimento,sua energiarelativístiaédada por:
E
2
=
pc
2
+ (
m
r
c
2
)
2
=
K
+
m
r
c
2
,
(1.19)om
m
r
igualamassa de repousodoelétron(9,11 x10
−
31
Kg), éaveloidadedaluz
expressão:
λ
=
q
h
2
m
r
K
(1 +
2
m
K
r
c
2
)
.
(1.20)A pista que levou os físios da déada de 30 a onstruir um mirosópio a partir
de um feixe eletrnio está naequaçãoaima. Ora,se submetermosum elétronauma
diferença de potenial de 100kV (o quenão édifíilde seonseguir em laboratório), o
mesmoganharáenergiainétiaKsuienteparaexibiromprimentodeondadaordem
de
λ
≃
0,0037nm. Isto era suiente para fazer rer que um mirosópio eletrniodeveria ter um limite de resolução deveras maior que um mirosópio ótio omum
(que utilizaluz om
λ
daordem de 550nm).OesquemadeummirosópioeletrniodevarreduraestárepresentadonaFig. 1.5.
O equipamento éonstituído basiamente poruma olunamantida sob váuo inferior
a
10
−
4
Torr, onde existe na parte superior um lamento de tungstênio aqueido a
2700
o
K.O lamentoémantido aum potenialnegativodaordem de 40kV em relação
ao anodo. Assim, os elétronsliberados pelo lamento aqueido são aelerados devido
à diferençade potenial,ganhamenergiae viajamaté aamostra. Duranteo perurso,
o feixe é foalizado pelas lentes magnétias, omo visto na gura. Tal diferença de
potenialde 40kV, segundo aEq.(1.20), éapaz de gerar elétronsuja ondaassoiada
tem omprimento
λ
≃
0,006018nm.1.3.2 O Mirosópio de Campo Inio.
Em 1951, E.W. Muller inventou o Mirosópio de Campo Inio (FIM - Ion Field
Mirosope) [20℄, um instrumentoom altíssimasensibilidade para araterizar
super-fíies. Nesta ténia, átomos de
H
2
eHe
são ionizados próximo à amostra que deveser preparada de formaque tenhao formatode uma ponta muito na. Ogás ionizado
é então aelerado por um ampo elétrio, atingindo posteriormente um anteparo que
Figura1.5: Diagrama esquemátio deum mirosópio eletrnio de varredura.
Paraatingiraintensidadedeampoelétrioneessáriasobreasuperfíie,aamostra
deveserpreparadanaformadeumapontaujaurvaturadeveestaremtornode
algu-mas dezenas a entenas de Angstrons. Tal métodode preparaçãoda amostra,deveras
ompliado, aliado ao fato de requerer que o material analisado deve permaneer
es-tável quando submetidoao intenso ampo elétrioapliado,limitarammuito oampo
de apliaçãodaténiaFIM.Contudo, ténias posteriores resolveriam oproblema de
preparaçãodaamostra,das ondiçõesde análiseedos tipospossíveisde materiaispor
elaestudados [22℄.
1.4 Os Mirosópios de Varredura por Sonda.
Existe uma diferença oneitual importante entre os mirosópios ótios
lentes(sejamelasmagnétias,elétriasoudevidro)estãosujeitosaolimitederesolução
de Raylaeigh desrito anteriormente [Eq.(1.1)℄ ausado pelo proesso de difração dos
raios (luminosos ou eletrnios). No aso dos mirosópios eletrnios, seu grande
poder de resolução é devido ao pequeno omprimento de onda atingido om elétrons
de altaenergia.
Amirosopiadevarreduraporsondarepresentaumamaneiraúniadeobservarum
objeto. Aoinvésdeoloarum detetornumadadaposiçãodistantedaamostraom o
objetivode oletar apropagaçãode algumaquantidadefísia quearrega informações
sobre a mesma (fótons, elétrons ou íons), o detetor é oloado muito mais próximo
à amostra, algumas vezes toando-a. Mirosópios onvenionais utilizam lentes para
magniar a imagem da amostra, já um SPM usa uma sonda muito na que varre a
região de interesse, oletando informações pontoa ponto da superfíie. Assim, o sinal
gerado pelasonda loalmentetorna-seum pixelde uma imagem digitalizada.
1.4.1 O Mirosópio de Varredura por Tunelamento.
OMirosópio de Varredura porTunelamento ( STM - Sanning Tunneling
Miro-sope) foi inventado nos laboratórios da IBM por Derder Binnig eHeinrih Roher em
1981 [21℄. Apenas em 1986 eles seriam reonheidos para o prêmio Nobel em físia
por sua invenção. O STM usa os elétrons da própria amostra omo geradores da
in-formação sobre as estruturas da superfíieanalisada. Basiamente, elefundamenta-se
no ontrole de uma orrente de tunelamento
I
através de uma barreira de potenialentre asuperfíieinvestigadaeumasondademetal. Se umapequenatensãoéapliada
entre a superfíie da amostra e a ponta (teoriamente, o aso ideal seria uma sonda
ujapontafosse umúnioátomo),uma orrentede tunelamentoiráuirentre asduas
quando adistâniade separaçãoentre elas éreduzida apouos diâmetrosatmios. A
grandepreisãodestaténiaestá assoiada àfortedependên ia(noaso exponenial)
daprobabilidadede tunelamentodos elétronspelabarreirade potenial,om a
seomporta de aordo om aexpressão (abaixas tensões
V
T
ebaixas temperaturas):I
= 18
V
T
10
4
Ω
k
d
A
ef f
e
−
2
kd
,
(1.21)
onde 2k
−
1
= 1
.
025Φ
1
/
2
[
eV
]
e
Φ
éa função trabalho média,a qual seonsidera igual àalturamédia dabarreirade potenialentre osdois eletrodos,
A
ef f
=
π
×
(1
/
2
L
ef f
)
2
é
a área efetiva, determinada pela resolução lateral
L
ef f
≈
2
×
[(
R
t
+
d
)
k
]
1
/
2
, om
R
t
igualao raiodapontae
d
àseparação sonda-amostra [22℄.Paraummetaltípio(
Φ
≈
5
eV
),veriou-sequeaorrentedetunelamentoI
mudaem uma ordem de magnitude para uma variação de
∆
d
≈
1Å. Se a orrente pode sermantida onstante dentro de uma margem de, por exemplo 2
%
(por ento), então aseparação
d
permanee onstantedentro dolimite de 0.01Å.O STM pode operar de duas maneiras diferentes: om a orrente de tunelamento
onstante ou om a altura da sonda onstante (Fig. 1.6). No modo de orrente
on-stante (Fig. 1.6(a)), a sonda varre a superfíie da amostra om a orrente de
tunela-mento mantida num valorque não se altera no tempo, previamente esolhido através
da tensão de feedbak
V
z
. No aso de uma superfíie eletroniamente homogênea,uma orrente onstante signia uma distâniade separação
d
onstante, logo, oper-l topográo da amostra pode ser obtido através de uma varredura no plano ( x,y),
obtendo-sea altura z daomparação dos valores
V
z
. A altura da sondaz(x,y) é entãogravada para ada pontoda superfíie, proessada por um omputadore reonstruída
num monitor. A outramaneiraseria omadistâniaentre sondaeamostraonstante.
Neste aso, a sonda varre a amostra rapidamente om a tensão
V
z
aproximadamenteonstante, sendo aorrentede tunelamentomonitoradadurante todoo proesso (Fig.
1.6(b)). As variações da orrente de tunelamento são então gravadas, proessadas e
então plotadasomo função daposiçãoda sonda noplano (x,y).
Cada modo de operação tem suas vantagens e desvantagens. Quando riado, o
modode orrenteonstante foiprinipalmenteempregadopara lersuperfíies quenão
eram atomiamenteplanas. Assim, a alturados arateres da superfíie poderiam ser
Figura 1.6: Operação do mirosópio de tunelamento (a) no modo orrente onstante (a
distânia s nãomuda) e (b)altura onstante ( s varia).
que ontrola omovimentodasondasobre asuperfíie(sanner). Adesvantagemdeste
modo de operação está no fato de que existe um tempo nito na resposta (feedbak)
do próprio sistema, o que impõe limites relativamente baixos para a veloidade de
varredura. Já omodode alturaonstantepermitequesefaçamimagensde superfíies
atomiamente planas om grande rapidez, desde que o sistema não preisa responder
à passagem de pers om alturas disrepantes sob a sonda durante a varredura. A
aquisição rápida de imagens é importante por permitir que pesquisadores estudem
proessos dinâmios, bem omoreduzir o tempo de aquisição de dados [22℄.
Épatentequeodesenvolvimentodomirosópiode varredura portunelamento
au-mentouonsideravelmenteaapaidadedeobservação desuperfíiesem esalas
atmi-as (Fig 1.7). Contudo, para o STM éimpresindível a natureza metáliada amostra
paraqueseproduzaaorrentede tunelamentodesritaaima. Semdúvida,issolimita
oampode apliaçãodestaténia,prinipalmenteemiêniasdavida,ondeuma
or-rente elétria sendo extraída daamostra ertamenteausaria danos irreparáveis. Tais
problemas tiveram suas soluções om o aprimoramento da ténia de varredura por
sonda, levando enm à invenção do Mirosópio de Força Atmia (AFM), que será
disutido mais adiante.
1.4.2 O Mirosópio Ótio de Varredura por Campo Próximo.
Figura 1.7: Imagens om resolução atmia do Si(111) obtidas om o STM. (a) Primeira
imagem da superfíie de umaamostra de Si(111) 7x7obtida por Binnig e Roher, inventores
doMirosópiode VarreduraporTunelamento (STM)(Retirado deG.BinnigandH.Rohrer,
Rev. Mod. Phys. 59, 615 (1987)). (b) Imagem da mesma superfíie obtida om uma STM
moderno(RetiradodeY.Chen,K.S.Shneider,B.G.Orr,M.M.BanaszakHoll,Phys. Rev.
B.7085402 (2004)).
de onda da luz utilizada na observação. Paralelamente, através daanálisede Fourier,
veriamos que omponentes de alta frequênia da radiação espalhada pela amostra
(que nesteaso fazopapeldagradede difração) deaemexponenialmentenadireção
doobservador. Istoquefaz om queasinformaçõesarregadas porestas omponentes
não atinjam o detetor de imagem (lme, olho humano, et.). Desta maneira,
ap-tar estas omponentes torna-se uma alternativa à melhora do poder de resolução do
sistema ótio. Estas informações, antes perdidas, arregadas pelas omponentes de
ampo próximo ( near eld) são a base de funionamento do SNOM ( Sanning
Near-eld Optial Mirosope) , ouMirosópio Ótio de Varredura por Campo Próximo.
Não raramente J. A. O'Keefe é itado omo inventor do oneito de SNOM mas,
de fato,nãofoi eleoprimeiroadesrever um arranjoexperimentalapazde aumentar
a resolução do mirosópio ótio. Em seu artigo de 1956 [23℄ O'Keefe lançou uma
idéia geral de omo tal arranjo experimentalpoderia operar, mas não ontribuiu om
nenhuma solução prátia de omo onstruir tal instrumento. De fato, em 1928, o
irlandêsE.Syngejáhaviadesritoumesquemaexperimentalondeopoderderesolução
fonte de luz de grande intensidade oloada atrás de uma plaa de metal om um
pequenoorifíio(era de 100nmde diâmetro) que funionariaomouma fontede luz
pontual. Esteorifíiodeveriaentãoseroloadoaumadistâniadaamostranãomaior
que o diâmetro do orifíio (ou seja, menor que 100nm). A imagem da amostra seria
formadaentãopelasváriasimagensobtidasporum fotodetetorpontoaponto. Assim,
ada pequena imagem seriaum pixelnuma imagemmaior. Segundo ele, a maneirade
varrerestaamostraomtamanhapreisãoseriaatravésdeatuadorespiezoelétrios[25℄.
Infelizmente, a tenologia da époanão era suiente para atender às neessidades de
Synge, portanto,seu trabalhoaiuem ompletoesqueimentoatéquenadéadade 90
foi redesobe rto pelohistoriador D. MMullan,já apóso desenvolvimentodoprimeiro
SNOM.
ApesardabaseteóriadoSNOMser onheidadesteoiníiodoséuloXX,apenas
na déada de 70 foi realizado o primeiro experimento que onrmou as previsões de
Synge. Em 1972, utilizando miroondas de
λ
= 3
cm
de omprimento de onda, Ash eNiholasobservaram pequenas linhasde alumíniodepositadassobre vidro, alançando
uma resolução de
λ/
60
, omprovandoassim a viabilidadeda ténia[26℄.A invenção do Mirosópio de Varredura por Tunelamento na IBM em 1981
on-tribuiu deisivamente para o avanço de todas as ténias de varredura por sonda. O
problema até então era: omo manipular om preisão nanométriauma sonda sobre
a região a ser estudada? Tal questão foi soluionado quando G. Binning e H. Rohrer
utilizaram erâmias piezoelétrias para onstruir um sanner apaz de
movimentar-se om a preisão requerida. Finalmente, o SNOM passou a funionar exatamente
omo Synge havia idealizado 53 anos antes. Dois grupos trabalharam paralelamente
no desenvolvimento do aparelho. O primeiro, nos laboratórios da IBM em Zurique,
liderado porD. W. Pohl[27℄ ,e osegundo naUniversidade de Cornellem Nova York,
então liderado por A. Lewis [28℄. Apesar de designar o mesmo instrumento, o grupo
europeu hamou-ode SNOM, enquantoo segundo hamou-ode NSNOM. Ambos
Atualmente o tipo de SNOM omerialmente mais omum é o que utiliza omo
sondaum guia de onda (braótia) uja ponta é muito pequena (Fig. 1.8), om uma
abertura de ordem de tamanho menor que o omprimento de onda da luz utilizada.
Esta ponta é oloada então na região de ampo próximo (entre 0 e 10nm distante
dasuperfíiedaamostra), onde ela oletaas ondas evanesentes da luz espalhada que
arregaasinformaçõessobreaamostraem nanoesala. Estas ondassãoentão
onduzi-das pela bra até um detetor loalizado na região de ampo distante, onde também
a a iluminação da amostra. Durante a varredura, a sonda mantém uma distânia
onstantedaamostradevidoaodeaimentoexponenialdasondasevanenentes, omo
já foi mostrado na seção 1.2. De outra maneira, a variação desta distânia ausaria
efeitos de ontraste que não orresponderiam aos arateres reais da amostra.
Figura 1.8: Foto de uma sonda SNOM vista om um mirosópio ótio onvenional. O
raioda ponta é daordem de 50nm. (Retirado deDuan VOBORNIK'sThesis,SCANNING
NEAR-FIELDINFRAREDMICROSCOPYANDSPECTROMICROSCOPYAPPLIEDTO
NANO-SYSTEMSANDCELLS (2005).
O SNOM desrito aima foi o primeiro tipo deste mirosópio a ser desenvolvido
na déada de 80, e é onheido omo
aperture
SNOM. Uma outra variação desteinstrumento foi riada na déada de 90 e é onheida omo
apertureless
SNOM. Aprinipaldiferença entre osdois équeneste, asonda,aoinvésde braótia, éfeitade
se levar em onta que o poder de resolução do aperture SNOM está entre 20-150nm,
enquantoo doaperturelessSNOM hega a um intervalode 5-30nm.
Nos parágrafos anteriores apresentamos algumas das ténias mais onheidas de
mirosopia de varredura porsonda. Elastornaram-se assimfamosas talvez porterem
sido as primeiras a ser desenvolvidas e quebrar o limite de observação de estruturas
minúsulasimpostopeloritériodeRayleight. Atabela1.1reúneasténiasdisutidas
até aqui, relaionando seu poder de magniação, ambiente de operação e poteniais
danosausadosàamostra. Alémdestas,existeminúmerasoutrasténiasqueutilizam
uma sonda omo elementosensor. Alguns exemplos são: EFM (Eletron Fore
Miro-sope)apazde mapear aestruturaeletrniadaamostraemestudo,MFM(Magneti
Fore Mirosope) que distingue as araterístias magnétias da amostra e o AFM
(Atomi Fore Mirosope) que leva em onta as forças de interação atmia entre a
sonda e amostraomo prinípiode operação.
Tabela 1.1: Ténias demirosopia, meiode operaçãoe poder de magniaçã o.
1.4.3 O AFM (Atomi Fore Mirosope).
Inventado em meados da déada de 80, o AFM tornou-se um dos instrumentos de
maior importânia em nanotenologia. A possibilidade de uso em materiais diversos
(orgânios e inorgânios) e sua grande resolução que hega a pouos nanmetros, o
Nesta pequena introdução, queremos apenas loalizar o que será disutido mais
adiante. Para tanto, a Fig. 1.9 mostra o esquema básio de um AFM. Basiamente,
ele é onstituído por uma sonda muito na que varre a superfíie de uma amostra
guiada por um sistema meânio, uja base são erâmias piezoelétrias. Um feixe
de laser inide sobre o antilever , ou o braço de suporte da sonda. De aordo om a
topograa aompanhada peloantileverdurantea varredura, adeexão dolaser varia
sobreumsensordenominadofotodetetor. Osinalelétriodestesensoréenviadoaum
sistema que interpreta estes dados e produz uma imagem tridimensional da amostra
em estudo.
Figura 1.9: Superfíie sob análise em um mirosópio de força atõmia.[Adaptado de
Nanotehnology: A Brief Overview, www.barrett
-group.mgill.a-teahing-nanotehnology-nano02.htm℄.
1.5 O AFM em Biologia.
O mirosópio de força atmia, tem se tornado uma ferramenta de grande
im-portânia em iênias da vida, espeialmente no que diz respeito à investigação de
estruturas elulares om alta resolução [30℄. Tais estudos morfológios em esalas
nanométrias, os quais eram impossíveis por meio da mirosopia ótia devido à sua
limitada resolução já disutida neste apítulo, agora são fatíveis via AFM. As
superfí-[31, 32, 33℄. Umavez quea apaidade de aumentoalançado pelo AFMpode hegar
a 1.000.000.000 de vezes , moléulasde granderelevânia biológia eas interações que
oorrem entre elas, podem ser observadas. Tal habilidade oloou o AFM na lista de
ferramentas esseniais à pesquisa de proteínas [34, 35℄, monitoramento de interações
do tiporeeptor-ligante[36℄,interaçõesmoleularesde adesãoelular [37℄ einterações
do tipoantígeno-antiorpo[38, 39℄.
O prinipalfator que inseriu a mirosopia de força atmiano rol de
instrumen-tação em pesquisas biológias foi a possibilidade de operar em meio aquoso, ou seja,
num meio que mantém as araterístias químias e físias próprias do ambiente
na-tivo a que pertene o ente biológio em estudo [40℄. Tais insights têm trazido à tona
onheimentos antes inaessíveis, tornando mais preiso o entendimento de sistemas
biológios já onheidos.
A primeira manipulação ontrolada de biomoléulas foi realizada om material
genétio (DNA), retirado de uma adeia romossmia [41℄. Loalizado no núleo
das élulas euariótias, o DNA enontra-se agregado à proteínas estruturais, as
his-tonas, formando as romátides (ou braços do romossomo), visíveis ao mirosópio
ótio somentedurante afase de divisão elular(mitose). Oálulodo volume de
ima-gens topográas de romossomos de plantas [42℄, insetos [43, 44℄ e humanos [45, 46℄,
adquiridas om o AFM, é útil na determiação do ariótipo destas espéies [47℄. Na
Fig. 1.10 vemos uma imagem AFM de um romossomo isolado e depositado sobre
uma superfíiedemia. Utilizandoomodoontato devarreduraeaumentandoaforça
gradativamente exerida pelo antilever sobre a amostra até aproximadamente 5nN,
foi possíveldissear DNA de um das romátides, omo está indiado pelaseta brana
(Fig. 1.11). Esta foi aprimeirareferênia aum proedimento de disseação em esala
nanométria [48, 49℄.
Medir a força que a amostra exere sobre o antilever , e vie-versa, é uma prátia
orrente om o AFM. Em iênias da vida, interações em nanoesala são lugar
Figura 1.10: (A) Imagem topográa de um romossomo humano após disseação. (B)
Imagem de mirosopia eletrnia da sonda utilizada na disseação. É visível o depósito de
material biológio naponta da sonda. Abarra deesalaindia 1
µ
m [Retirado de Vesenka J,MosherC, Shaus S, Ambrosio L,HendersonE., Biotehniques. 1995 19(2) 852 (1995)℄.
moleulares. Com a sensibilidade que hega a dezenas de pionewtons, o AFM pode
exeutar medidas nanomeânias (omo elastiidade, por exemplo) em espéimes
bi-ológios. Destas medidas, pode-se obter informações a respeito de fenmenos omo
dinâmiaelular e de proteínas. Forças entre grupos químios espeíos e interações
de origem ovalente entre a sonda e uma superfíie já foram testados diversas vezes .
Comoexemplodessetipode medida,poderíamositaruma apliaçãodiretaem
hema-tologia: o reonheimento de proteínas espeías nasuperfíie das hemáias.
Oglioálie,uma estrutura loalizada naparte externa das élulaseuariótias, é
ompostobasiamenteporarboidratoseproteínas(glioproteínas). Esteenvelope
ex-ternotem várias funçõesinteressantes. Umadelas é a repulsãoentre élulas, evitando
indesejáveisadesões[50℄. Sãoasglioproteínaspresentes noglioáliequeagem omo
intermediáriasemproessosdereonheimentoelular[51,52,53℄. Estasinteraçõessão
mediadas por uma família de proteínas reeptoras hamadas letinas. A letina Helix
pomatia(HPL)liga-seespeiamenteaogliolipídiogalNAC( N-aetylgalatosamine),
presente na superfíie de élulas vermelhas do grupo A [58℄. Na Fig. 1.11(a), vemos
uma medida do ilo de força, ou seja, aproximação-repulsão-extensão-ruptura, omo
mostrado na Fig. 1.11(b), sobre a membrana de uma hemáia pertenente ao grupo
sanguíneo A, obtendo-se a urva de força para ainteraçãosonda-amostra. Esta urva
fornee failmente a força de ruptura da ligação entre a sonda funionalizada e a
su-perfíieelular.
Figura 1.11: (a) Sonda funionalizada om a letina HPL presa à sua ponta. (b) Evento
de interação entre a sonda e uma élula vermelha do grupo A. Ao entrar em ontato om
a amostra, a sonda é repelida. Quando o sanner retrai-se, devido à adesão da letina om
a élula (atração), o antilever é exionado até que a força elástia rompe a ligaçãoentre a
letina e asuperfíie elular(ruptura) [Retiradode M. Grandbois,W. Dettmann, M. Benoit
and H.E. Gaub., J.Histohem. Cytohem. 48(5) 719 (2000)℄.
A imagem da Fig. 1.12 foi obtida om o valorda força de ruptura alulada para
ada ilo de força numa matriz de 55x55 eventos de interação, sobre uma amostra
onde haviam élulasvermelhas de dois grupossanguíneos diferentes, A e O.
Os pontos branos na imagem orrespondem à maior adesão, enquanto os pontos
pretos a nenhuma interação. Tal imagem de anidade (entre a sonda funionalizada
Figura 1.12: (a) Mapa de força de adesão entre a sonda e a amostra. Os pontos branos
orrespondem a eventos de maior atração. Note que essas regiões demaram a existênia
de élulas vermelhas do tipo A, omo pode ser visto na imagem topográa em (b). Barra
de esala 5
µ
m. [Retirado de M. Grandbois, W. Dettmann, M. Benoit and H. E. Gaub., J.Histohem. Cytohem. 48(5) 719(2000)℄.
1.6 Síntese da Dissertação.
O intento deste trabalho é apliar a mirosopia de força atmia no estudo de
eritróitos humanos. Uma vez apaz de resolver arateres em esalas nanométrias
[56, 57℄, o AFM guarda outras qualidades que o tornam ideal para a investigação de
amostrasbiológiasomo: nãoser umaténiainvasiva,istoé,possibilitaaobservação
de amostrasfrágeissem quesejam destruídase operar em meio líquido,ondição
rele-vanteàmanutençãodafunçãoeestruturadosentesbiológiosemestudo. Dentro desta
ótia,este estudoinvestigaaestrutura externa(membrana)de élulasvermelhas, bem
omoalguns parâmetros métriosda élula(área e volume)om o AFM.
Oapítulo2éumarevisãodofunionamentodomirosópiodeforçaatmia. Nele
são vistos os prinipais omponentes que onstituem o mirosópio, omo: o sanner,
o antilever, a ponta, o sistema de realimentação e os modos prinipais de operação
do AFM, ou seja, ontato e tapping . De maneira breve, um pouo da história do