Angola
aberta
a
cooperação
na
água
Até
2Q17,0
governoangolano
tem previsto
umelevado investimento
nosector
da água eoaprofundamento
dacooperação
com empresas e universidades portuguesas ébem-vindo. Angolafoi
opaís convidado da 7.aExpo Conferência da Água.
«Temos todo o interesse em contar com aexperiência ecapacidade que asempresas portuguesas têm», realçou João Baptista Borges
l
OPlano Nacional Emergencial deAngola para o sector da Água está emfase final depreparação, devendo ser
apresentado dentro depoucas semanas. Odocumento integra oPlano Nacional da Água, que irádefinir «um conjunto deprojectos e acções prioritárias», nas áreas de abastecimento de água, gestão de recursos hídricos
eirrigação, eque contemplará um «pacote financeiro significativo» (cinco mil milhões de dólares). O anún-cio foi feito por João Baptista Borges, Ministro da Energia eÁguas deAngola, através de uma videoco-municação, apresentada na 7.a
edição daExpo
Confe-rência da Água, que serealizou, em Oeiras, de 16 a 17 deOutubro. Angola foi opaís convidado do evento organizado pelo Grupo About Media.
O abastecimento de água «éafinalidade mais impor-tante», frisou ogovernante. Neste domínio, destacou
os grandes investimentos,
já
em curso, como o progra-ma"Água para Todos", que visa assegurar acoberturade 80 por cento dapopulação rural. Aexpansão e a
rea-bilitação da rede deabastecimento de água nas capitais
das 18províncias do país, onde severificou «um
signi-ficativo aumento populacional», estão igualmente na lista de prioridades.
Jáoreforço da capacidade institucional do sector da água emAngola será conseguido através da entrada em vigor da regulamentação desenvolvida ao abrigo da
Lei de Água, da constituição deuma entidade
regula-dora eda melhoria da capacidade técnica dos agentes.
Realçando que «o factor língua eahistória comum fazem uma grande diferença», oministro angolano
abriu asportas aum aprofundamento da cooperação com Portugal. «Temos todo o interesse em contar com
aexperiência ecapacidade que as empresas portugue-sastêm», realçou, acrescentando que «esta cooperação pode incluir não só as empresas, mas também as
uni-versidades eos centros de investigação».
Aumentar
cobertura
no
abastecimento
Em matéria de abastecimento de água esaneamento,
os objectivos fixados pelo governo angolano passam
por assegurar uma cobertura de 100 por cento nas
zonas urbanas, e deaté 80 por cento nas zonas rurais.
No âmbito do programa de expansão emelhoria dos sistemas de abastecimento deágua, estãojáconcluídas
15 empreitadas em meio urbano, estando outras 24 ainda em curso, adiantou Lucrécio Costa, Director
Nacional deAbastecimento de Água eSaneamento de
Angola. Em meio rural, está actualmente adecorrer a
instalação de 521 pontos deabastecimento deágua e de86pequenos sistemas. Deresto, ograu de cobertura
exponencial-mente. Em meio rural, ograu decobertura aumentou
de22 por cento, em 2009,para 48 por cento, emJunho de2012. Jáem meio urbano, acobertura cresceu de44
por cento, em2009, para 58por cento, em 2012.
Com oaumento progressivo dacobertura aonível de
abastecimento, importa igualmente monitorizar a qua-lidade daágua distribuída àspopulações. Nesse
senti-do, está a serpreparado o Programa Nacional de Moni-torização da
Qualidade
da Água para ConsumoHumano, que visa garantir um nível de atendimento de
70 por cento em meio urbano e40por cento em meio
rural. Estão em construção oslaboratórios regionais de
qualidade deágua, que serão apetrechados no âmbito
de um projecto financiado pela União Europeia e,em
breve, será contratada assistência técnica para a
implantação do programa, adiantou Lucrécio Costa. «É
um domínio em que vai haver um grande crescimento
de actividade, eem que asnossas valências materiais e
humanas não sãojá,àpartida, aquelas que necessita-mos. É uma oportunidade para os que sededicam a este sector sepoderem juntar a nós», frisou.
Dado que haverá um aumento exponencial daágua tra-tada distribuída àpopulação angolana, «haverá corres-pondentemente um aumento exponencial da água resi-dual», acrescenta, ainda, oresponsável. Por isso, será
também em breve lançado um programa para resolver
as carências do país em termos de redes de drenagem e
saneamento de águas residuais. Nos próximos cinco
anos, deverão ser instaladas estações detratamento de águas residuais em 18cidades.
Continuam emfase deactualização os planos
direc-tores deabastecimento deágua esaneamento de águas
residuais para ascapitais deprovíncia esedes
munici-pais e estão igualmente a ser constituídas as entidades gestoras de sistemas de abastecimento de águapara
cada uma das províncias, visando assegurar uma
gestão eficiente na exploração dos sistemas e o desen-volvimento institucional dosector.
Rui Augusto Tito fez oponto de situação detalhado do
plano estratégico daEmpresa Pública deÁguas de Luanda, deque éadministrador, realçando que odéfice na satisfação daprocura de água éainda de 50 por cento. Existe também ainda «uma vasta área sem rede de distribuição», nomeadamente nas zonas
periurba-nas, em virtude da expansão populacional dacidade.
O plano de investimentos para ospróximos anos é
ambicioso, tendo em vista oaumento dataxa de cober-tura do serviço deabastecimento, de forma achegar a
80 por cento da população deLuanda até2015.Ainda
este ano, serão aprovados os resultados dos concursos para acriação de dois novos sistemas (Bita e
Quilon-ga), para que asempreitadas possam avançar em 2013.
Monitorização
da
qualidade
da água
«é
um
domínio
em que vai
haver
um
grande crescimento
de
actividade»,
nota
Lucrécio
Costa
Plano
Nacional
da Agua
«é uma grande
prioridade
para
o
povo angolano»,
realçou Manuel Quintino
1Gerir
melhor
os
recursos
hídricos
Nasua intervenção por videocomunicação, o
Director--Geral do Instituto Nacional deRecursos Hídricos,
Manuel Quintino, enumerou oconjunto de
investimen-tos previstos para o próximo quinquénio na área dos
recursos hídricos. Odirigente não pode estar presente
no evento dada a sua responsabilidade na coordenação do Plano Nacional daÁgua, que descreveu como «umagrande prioridade para opovo angolano». O envelope financeiro para osubsector dos recursos hídricos ascende a 61milhões dedólares, estando
pre-vista areabilitação darede hidrométrica nacional (sete
milhões), aelaboração de 22 planos directores de
bacias hidrográficas prioritárias (37milhões) e a reali-zação do cadastro dos recursos hídricos do país (dois milhões). Acapacitação de quadros éoutra prioridade.
O objectivo dapolítica angolana neste domínio é
asse-gurar agestão integrada dos recursos hidricos, bem
como asalvaguarda dasua procura para os diferentes
usos, dadaadistribuição desigual de recursos hídricos
no território (excesso deáguanas regiões norte, centro
eleste e afalta de água nas regiões centro e sul).
Noque respeita aosplanos debacia, que visam
garan-tir «uma gestão mais científica dos recursos hídricos»,
estão em fase de arranque dois planos para asbacias
dos rios Cubango eZambeze. Em carteira, está
tam-bém aelaboração doplano para a gestão integrada da
bacia hidrográfica do rio Cuvelai. Angola tem 47
bacias principais, sendo que se encontra em curso a
criação de entidades de gestão para estas bacias.
A
primeira fase de reabilitação da rede hidrométrica nacional, que irá possibilitar amonitorização dos recursos hídricos,já
arrancou eenvolve 38 estações hidrométricas. Com co-financiamento doBancoMun-dial, arede existente será ampliada, nos próximos três anos, num projecto que contempla 189estações.
O fundo especial para odesenvolvimento de infra--estruturas, criado pelo Governo angolano, dispõe
anualmente de um valor equivalente a 150mil barris
depetróleo, «de forma agarantir que asinfra-estruturas fundamentais são desenvolvidas sem constrangimentos
de ordem financeira», explicou Manuel Quintino. Será assim lançado um conjunto relevante de concursos públicos, na área da água, aos quais «as empresas
por-tuguesas são convidadas a concorrer». «Acredito que Angola ainda tem muito areceber do empresariado
português em termos deassistência técnica», frisou.
No sentido deaprofundar «uma grande ponte com Angola» no sector daágua, oDirector-Geral do Grupo About Media, João Belo, anunciou, na sessão de aber-tura doevento, uma iniciativa planeada para 2013, que reunirá profissionais do sector dos dois países.
Joana Filipe
Angola
é
mais do que Luanda
Seéverdade que Angola seassume como um paísde
oportunidades para as empresas portuguesas, vários
especialistas afirmam também queé preciso olhar para além dacidade de Luanda na abordagem aeste merca-do. Por um lado, chegarás províncias
-
com maiores carências em termos deinffa-estruturas de água-, poroutro, ter em mente o papel geoestratégico dopaís no continente africano. Estafoiuma das mensagens
deixa-das por Américo Ferreira, da Câmara de Comércio e indústria JPortugal-Angola, durante aExpo Conferência da
Água. «Quando nos associamos a empresas angolanas*
porque não pensar nos países vizinhos?», questionou o
especialista, que é também administrador da Águas de
Portugal Internacional, citando o inovador projecto
ango-lano, em que ogrupo está envolvido, que prevê o abaste-cimento de água transfronteiriço entre Angola e Namíbia. «Os recursos de água de Angola permitem que se posi-cione como potência regional», defende Américo Ferreira. «Angola, daqui a dez, 15anos, seráaface do equilíbrio emÁfrica e assegurará um papel deliderança regional», corroborou, porseu lado, Miguel Fontoura,
-Agência parao investimento
e
Gomêreão Externo de Por-tugal, adiantando quê, com essa perspectiva, as empre-sas portuguesas têm decomeçar, desdejá,a posfeionàr--se.«Do ponto devista português, Angola éum mercadoessencial», afirmou oespecialista.
Miguel Fontoura lembrou ainda gU©«existem cidades de
grande dimensão, que merecem que as empresas portu-guesas olhem para elas». Maisdo que uma possibilidade
futura, 0 caminho além dacapitai Luanda estájáa ser
percorrido por empresas nacionais, «Com investimentos
em vários mercados {provinciais}». Até porque, sublinha
Américo Ferreira, «oBanco Mundial não está a
concen-trar [projectos] emLuanda», massim nasprovindas. A concentração nas províncias pode ainda ter vantagens
legais. «Quanto mais para fora da"zona de conforto" [Luanda], mais cedo orepatriamento de capitais pode
serfeito», frisou José Eduardo Martins, daAbreu
Advoga-dos, dado que as regras de repatriamento de capitais
estão divididas por zonas dedesenvolvimento.
Segundo Angela Veloso, «todos oscustos deentrada
neste mercado podem ser cobertos pelo financiamento»
dabanca muitilateral, quando setratam de concursos
lançados por estas instituições financeiras. Paraa
espe-cialista sénior em aquisições no Ministério da Energia e
Águas de Angola, esta acaba por ser uma forma de as
empresas portuguesas financiarem oseu processo de
internacionalização «com omínimo derisco» possível, até
porque os custos decontexto são bastante mais
eleva-dosem Angola doque em Portugal. Já Mira Amaral real-çou que«abanca angolana não tem problemas de
liqui-dez para apoiar projectos interessantes».
Os especialistas presentes no painel frisaram também a importância dacapacitação dequadros locais e do
esta-belecimento deparcerias. Estratégia que, aliás, estájáa serseguida por empresas no terreno. OBanco BIC, por
exemplo, dá formação a jovens angolanos estudantes em Portugal. «As parcerias locais são fundamentais»,
acrescentou, por seu lado, Angela Veloso.