Parecer
COM(2013)172
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COMISSÃO ASSUNTOS EUROPEUS
Comunicação da Comissão ao Parlamento Europeu, ao Conselho, ao
Comité Económica e Social Europeu e ao Comité das Regiões relativa
à
instituição de um programa europeu de formação policial
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COMISSÃO ASSUNTOS EUROPEUS
PARTE 1- NOTA INTRODUTÓRIA
Nos termos do artigo 7.º da Lei n.º 43/2006, de 25 de Agosto, alterada pela Lei
n.º 21/2012, de 17 de maio, que regula o acompanhamento, apreciação e
pronúncia pela Assembleia da República no âmbito do processo de construção
da União Europeia, bem como da Metodologia de escrutínio das iniciativas
europeias, aprovada em 8 de Janeiro de 2013, foi submetida a escrutínio a
COMUNICAÇÃO DA COMISSÃO AO PARLAMENTO EUROPEU, AO CONSELHO,
AO COMITÉ ECONÓMICO E SOCIAL EUROPEU E AO COMITÉ DAS REGIÕES
relativa
à
instituição de um programa europeu de formação policial[COM(2013)172].
A iniciativa referida foi enviada
à
Comissão de Assuntos Constitucionais,Direitos, Liberdades e Garantias, atento o respetivo objeto, a qual a analisou e
aprovou o respetivo Relatório, que se anexa ao presente Parecer, dele fazendo
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COMISSÃO ASSUNTOS EUROPEUS
PARTE 11- CONSIDERANDOS
1. Considerando que através da presente Comunicação a Comissão propõe a
instituição de um "um programa europeu de formação policial" (PEPP ou
"programa de formação") destinado a dotar "os agentes com funções
coercivas" dos conhecimentos e competências necessários para combater
os crimes transnacionais, que causam mais danos ás vítimas e
à
sociedadeglobalmente considerada, nomeadamente o tráfico de seres humanos e de
droga e cibercriminalidade;
2. Considerando o manifesto interesse europeu no desenvolvimento de uma
cultura comum na aplicação coerciva da lei, onde vão de par a eficiência e o
respeito pelos direitos humanos, não só como decorrência dos valores da
União, mas também como meio de reforçar a confiança mútua e a
cooperação entre os diferentes espaços e ordens jurídicas nacionais;
3. Considerando a existência, na União, de um número de agentes em
condições de beneficiar desta formação superior a 1,9 milhões (que
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transfronteiriços da atividade policiaiL muitos dos quais, em diversos
Estados-membros, registam carências e dificuldades neste domínio;
4. Considerando a importância de, em paralelo com os programas de
formação judiciária em curso, implementar e adequar os padrões de
qualidade nos programas de formação policial, em sintonia com os
objetivos e valores da União e os desafios de "liberdade, segurança e
justiça" a que se encontra exposta;
S. Considerando a necessidade de promover o desenvolvimento quer de
competências genéricas (nomeadamente conhecimentos básicos da
aplicação coerciva da lei na UE}, quer no plano dos procedimentos de
comparação bilateral e regional (mandado de detenção europeu, cartas
rogatórias, procedimentos de admissão, etc.), quer a especialização em
"policiamento temático" (v. g. tráfico de seres humanos, estupefacientes e
armas de fogo, a cibercriminalidade, a corrupção, o confisco de bens de
origem criminosa, investigações financeiras) e ainda missões civis e, no
interesse dos cidadãos da União, o próprio reforço da capacidade de países
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6. Considerando a dispersão actual das competências de formação (além das
estruturas nacionais, a Academia Europeia de Politica, a Frontex, a Agência
de Direitos Fundamentais, o Observatório Europeu da Droga e da
Toxicodependência (OEDT) e o Gabinete Europeu de Asilo (GEEA)
contam-se entre as várias agências que ministram formação policial no âmbito da
União, acrescendo, fora mas em interlocução com ela, organizações como
a lnterpol e as Nações Unidas);
7. Considerando que a atribuição
à
Europol de competências de formação,com o encerramento programado da AEP, criará sinergias e aproximação da
formação do trabalho operacional, reduzindo custos administrativos e
libertando recursos para a formação;
8. Considerando que a formação, como é preconizado , deve recorrer a
ferramentas de aprendizagem modernas, como cursos especializados,
programas e material didático situado na internet, além de programas de
intercâmbio em escala alargada;
9. Considerando que a proposta de uma estratégia de formação eficiente e
coerente com as prioridades da UE prevê uma adequada identificação das
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a6
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para reforçar a confiança e o reconhecimento mútuo de conhecimentos e
qualificações e visa ainda, pragmaticamente, reforçar a progressão
profissional dos agentes com funções coercivas, inserindo assim novas
motivações nas suas carreiras;
10.Considerando que, atenta a natureza do documento, não se suscita, pelo
menos nesta altura, a questão da observância do princípio da
subsidiariedade;
11. Considerando o teor do Relatório aprovado pela 1ª Comissão, que aqui se
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PARTE 111- CONCLUSÕES
Não sendo aplicável, atenta a natureza do instrumento, o teste da
subsidiariedade, adotam-se, em sede de diálogo político, as seguintes
conclusões:
I. Exprime-se apoio
à
conceção e lançamento do programa queé
proposto, a desenvolver quer por estruturas nacionais quer europeias,
visando levar aos 1,9 milhões de agentes com funções coercivas não só
competências acrescidas como uma cultura comum, baseada nos valores
da União, nomeadamente na prioridade que o respeito pelos direitos
fundamentais constitui em toda a atividade policial.
11. Considera-se adequado, tal como proposto, que seja a Academia da
Europol a impulsionar e coordenar esse programa, em cooperação,
quando se justifique, com outras agências da UE e com a rede de
academias nacionais de formação. ·
111. Tal opção não só permitirá reduzir custos administrativos e libertar
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permitirá sinergias, aproximando a formação, como
é
desejável, dotrabalho operacional.
IV. Para além dos conhecimentos básicos sobre a aplicação coerciva da lei
na UE, considera-se fundamental que o programa atribua prioridade à
atualização e aquisição de novas competências que permitiram
enfrentar as ameaças da criminalidade grave e organizada, do
terrorismo e ciberterrorismo, bem como as ligadas
à
segurança dasfronteiras e
à
gestão das crises, em linha com a avaliação dessasameaças que periodicamente é efetuada pela União.
V. Constituindo a cibersegurança um elemento fundamental da segurança
da União e dos seus cidadãos, e sendo aí decisivo desenvolver e manter
atualizadas competências
à
altura dos desafios aí colocados,nomeadamente no domínio da cibercriminalidade, considera-se que
esse deva constituir um dos domínios prioritários a contemplar no
programa a instituir.
VI. Considera-se que o estabelecimento de um quadro de qualidade comum
para a aprendizagem no domínio da aplicação coerciva da lei constituirá
um investimento de grande alcance para elevar a atividade policial, em
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COMISSÃO ASSUNTOS EUROPEUS
princípios da União e os desafios e ameaças com que nela a liberdade,
justiça e segurança se encontram hoje confrontadas.
V! I. Em paralelo com os programas sobre a formação judiciária e o painel das
justiças na UE, a Comissão de Assuntos Europeus propõe-se acompanhar
- nomeadamente através da troca de informações com o Governo e as
instituições europeias - os desenvolvimentos ulteriores do "Programa
Europeu de Formação Policial".
Palácio de São Bento, 01 de Outubro de 2013
O Deputado Autor do Parecer O Presidente da Comissão
PARTE
IV-
ANEXO
d~l'n6~ a6 ~.fit:16~ COMISSÃO ASSUNTOS EUROPEUS
Relatório da Comissão de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias.
ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA
COMISSÃO DE ASSUNTOS CONSTITUCIONAIS, DIREITOS,
LIBERDADES E GARANTIAS
RELATÓRIO
COM (2013) 172 final -
COMUNICAÇAO DA COMISSA-O AO PARLAMENTO EUROPEU, AO CONSELHO, AO COMITÉ ECONÓMICO E SOCIAL EUROPEU E AO COMITÉ DAS REGIÕES relativa à instituição de um programa europeu de formação policialI. Nota preliminar
A Comissão de Assuntos Europeus, em cumprimento com o estabelecido no artigo 7°, n.0
1, da Lei n.0
43/2006, de 25 de agosto, com as alterações introduzidas pela Lei n.0
21/2012, de I 7 de maio, relativa ao "Acompanhamento, apreciação e pronúncia pela Assembleia da
República no âmbito do processo de construção da União Europeia", remeteu à Comissão de
Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias, a COM (20 13) 172 final.
Todavia, tratando-se de uma iniciativa não legislativa, não cabe a esta Comissão aferir sobre o cumprimento do princípio da subsidiariedade no âmbito da emissão do presente relatório.
11. Breve análise
A COM (2013) 172 final, reporta-se à Comunicação da Comissão ao Parlamento Europeu, ao Conselho, ao Comíté Económico e Social Europeu e ao Comité das Regiões relativa à instituição de um programa europeu de formação policial.
ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA
Tendo em conta que apenas se pode combater a criminalidade transnacional através da cooperação internacional, e que as autoridades policiais que trabalham em conjunto têm que ter formação adequada para que se instale a confiança mútua e a cooperação seja eficaz, a presente comunicação propõe um programa de formação policial PEFP ou programa de formação - para dotar os agentes com funções coercivas dos conhecimentos e competências necessários para o efeito.
Este programa, que responde ao apelo do Conselho Europeu no âmbito do Programa de Estocolmo e que se aplica a agentes com funções coercivas de todas as categorias, visa assim, tornar mais eficaz a resposta da União aos desafios à segurança comum, aumentar o nível de controlo em toda a UE e incentivar o desenvolvimento de uma cultura comum na aplicação coerciva da lei como meio de reforçar a confiança mútua e a cooperação; bem como colmatar lacunas da atual formação. Para desenvolver este esforço de formação são necessários recursos no âmbito da nova agência da UE, consubstanciada na nova direção de formação da EUROPOL, a Academia da EUROPOL.
No âmbito das prioridades estratégicas da UE relativamente à criminalidade, à segurança e ao défice de formação, refira-se que existem estruturas para formar agentes com funções coercivas em todos os Estados-Membros, tratando, geralmente, de questões específicas; sendo que ao nível da União, existe a AEP (European Training Scheme), a EUROPOL, a FRONTEX, a Agência dos Direitos Fundamentais (ADF), o Observatório Europeu da Droga e da Toxicodependência (OEDT) e o Gabinete Europeu de Apoio ao Asilo (GEAA). A nível internacional temos a INTERPOL.
Perante a necessidade de formação em domínios internos e externos prioritários para a União, a UE definiu prioridades de ação relativamente às ameaças comuns provenientes da criminalidade grave e organizada, do terrorismo e do cibercrime, à segurança das fronteiras e à gestão das crises; assumindo a responsabilidade de apoiar o desenvolvimento de capacidades em países terceiros.
ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA
Pese embora a cooperação que se verifica, foram identificadas lacunas na formação, carecendo a UE de um quadro de qualidade transparente para os formadores e de um processo de identificação e satisfação das necessidades de formação estratégicas. Entende-se pois, que o programa de formação se deve concentrar no aperfeiçoamento dos conhecimentos, aptidões e competências em quatro vertentes:
1.0
• Conhecimentos básicos da aptidão coerciva da lei na UE No primeiro semestre de 2014, a AEP, em cooperação com os Estados-Membros e a FRONTEX, proporá um nível comum de conhecimentos e competências para todos os agentes com funções coercivas sobre a dimensão da aplicação coerciva da lei na escala da União.
2.0
• Efetiva cooperação bilateral e regional - Até ao final de 2013, a AEP deverá apresentar ao Comité Permanente da Segurança Interna (COSI) um plano de trabalho para o apoio bilateral e a formação regional. Em 2014, a AEP deverá apresentar um panorama atualizado das atividades de formação bilaterais e das necessidades de formação nos Estados-Membros e, posteriormente, de forma pró-ativa, oferecer as melhores práticas disponíveis respeitantes àquelas necessidades. A pedido dos Estados-Membros, a AEP poderá também disponibilizar instrumentos de aprendizagem adequados.
3.0
• Especialização em policiamento temático na UE - Estabelecidas as prioridades para o "Ciclo Político da UE sobre a Criminalidade Grave Organizada" 2013/2017, a AEP, até ao final de 2013, deverá efetuar e apresentar ao COSI uma análise das lacunas com base na qual a AEP e a rede de academias de polícia nacionais podem desenvolver, a partir de 2014, a formação no quadro desta vertente (n.0
3).
4.0
• Missões civis e reforço das capacidades nos países terceiros A Academia da EUROPOL (coordenação) e o SEAE1, em cooperação com a FRONTEX, devem conceber um
programa comum de formação prévia ao destacamento e de outra formação específica para missões, a executar em 2015. Tendo por base o exercício de análise de 2012 da AEP, esta e a
1
ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA
Academia da EUROPOL deverão incluir de futuro formação sobre esta vertente (n.0
4) nas análises das necessidades (estratégicas) de formação.
Elencadas estas quatros vertentes, impõe-se uma estratégia de formação eficiente e coerente com as prioridades da UE, devendo o programa de formação ser executado com base em quatro princípios orientadores: identificação das necessidades - sendo que a primeira análise coordenada das necessidades estratégicas de formação no domínio da aplicação coerciva da lei na UE deve ser apresentada em 2014 ao COSI e aprovada pelo Conselho; resultados de alta qualidade - em 2014, a AEP deverá apresentar, em consulta com os Estados-Membros e as agências JAI, um plano de ação para o estabelecimento de um quadro de qualidade comum para a aprendizagem no domínio da aplicação coerciva da lei, a aplicar até 2020, e apresenta-lo ao COSI; reforçar a progressão na carreira dos agentes com funções coercivas; e promover uma utilização eficiente dos recursos.
O programa de formação será pots, executado em conjunto pela Comissão, pela EUROPOL, pelas agências JAI e pelos Estados-Membros, estando cabalmente definidas as respetivas funções e responsabilidades:
A Academia da EUROPOL será a força motriz e coordenadora da execução do programa em estreita cooperação com outras agências da UE; as academias nacionais serão centros de excelência que ministrarão a formação especializada no âmbito do programa (e, sendo caso disso, esta será ministrada pela EUROPOL); os Estados-Membros serão responsáveis pela aplicação das vertentes nos. 1 e 2 aos cursos de formação inicial e de promoção, e incentivados a utilizarem os fundos da UE para o efeito; a Comissão Europeia avaliará periodicamente os progressos realizados na execução do programa de formação; as agências da UE (FRONTEX, OEDT, ADF, GEAA) contribuem de forma igualmente importante, trabalhando em conjunto com o SEAE no reforço da cooperação.
ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA
Por fim, a Comunicação conclui que a participação plena e construtiva dos Estados-Membros, das agências JAI e de outras partes interessadas no âmbito da UE reforçaria a eficácia da resposta da UE aos desafios de segurança comuns, rendibilizando ao máximo recursos orçamentais limitados. Acrescenta que tal participação aumentaria a sensibilização para as questões de polícia transfronteiriças na UE, garantiria o reconhecimento da formação especializada em domínios prioritários, aumentaria o nível geral de policiamento em toda a UE, reforçaria a confiança entre as entidades de aplicação coerciva da lei e incentivaria a emergência de uma cultura comum neste domínio. Consequentemente, seria reforçada a capacidade operacional da EU na aplicação coerciva da lei para combater a criminalidade grave e organizada e o terrorismo transfronteiriço.
Ill Conclusão
Face ao exposto, a Comissão de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias delibera:
Que o presente relatório referente à COM (2013) 172 final- COMUNICAÇÃO DA COMISSÃO AO PARLAMENTO EUROPEU, AO CONSELHO, AO COMITÉ ECONÓMICO E SOCIAL EUROPEU E AO COMITÉ DAS REGIÕES relativa à instituição de um programa europeu de formação policial, seja remetido à Comissão dos Assuntos Europeus.
Palácio de S. Bento, 02 de julho de 2013
A Deputada Relatora