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ESTUDO PRELIMINAR SOBRE DESLIZAMENTO DE TERRA EM IRETAMA-PR

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Academic year: 2021

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CASTRIGNANO, Bruno Mourad¹; CASALVARA, Haniel Fernando Ayoub²; OLIVEIRA, Drieli³

RESUMO: Tendo como foco a problemática envolvendo movimentos de massa, o objetivo

deste trabalho foi determinar as possíveis causas que influenciaram para a ocorrência de um deslizamento de terra no município de Iretama, Paraná. A partir do estudo de imagens de satélite disponíveis pelo software Google Earth, carta topográfica, reportagens e literatura específica, foi verificado que os principais fatores deflagradores do deslizamento de terra envolveram o índice pluviométrico e a declividade da área. Entre as consequências desse deslizamento estão aspectos sociais, econômicos e ambientais.

Palavras-chave: Deslizamento de terra. Vertente. Declividade.

PRELIMINARY STUDY ON SLIDING OF EARTH IN IRETAMA-PR

ABSTRACT: The goal of this work is to determine the possible causes that influenced the

occurrence of a landslide in the municipality of Iretama, Paraná. From the study of satellite images available through the Google Earth software, topographic map, reports and specific literature, it was verified that the main landslide triggers involved the pluviometric index and the slope of the area. Among the consequences of sliding are social, economic and environmental aspects.

Keywords: Landslide. Slope. Declivity.

¹Acadêmico de Engenharia Ambiental - UTFPR. E-mail: brunocastrignano@outlook.com. ²Acadêmico de Engenharia Ambiental - UTFPR. E-mail: haniel.fernando@hotmail.com. ³Acadêmica de Engenharia Ambiental - UTFPR. E-mail: drieli.oliveira@hotmail.com.

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INTRODUÇÃO

Deslizamento é um fenômeno da natureza provocado pelo escorregamento de material superficial, compreendendo os solos, rochas, vegetação e possíveis materiais depositados pelo ser humano. Existem fatores que contribuem para ocorrência de tal processo, que tendem a acontecer em áreas com relevo ondulado e alta declividade, onde é possível observar alguma alteração na cobertura vegetal, ou nas características do solo. O clima no Brasil é predominantemente tropical, com isso, é notório períodos chuvosos no verão, fator que quando somado aos demais, vem a deflagrar os deslizamentos. Tal fenômeno pode causar problemas para a população, além de, problemas para o meio ambiente (CASSETI, 1991).

Este trabalho tem como objetivo apontar os possíveis fatores que causaram o deslizamento que ocorreu na PR-487 entre os municípios de Nova Tebas e Iretama, região que vem a ser a principal ligação viária dos municípios próximos. O deslizamento ocorreu no km 223 da rodovia, e levou cerca de 2 dias para que voltasse a normalidade da rodovia, período de paralisação que trouxe consequências econômicas, levando os motoristas a realizar um desvio que aumentaria sua rota em até 200 quilômetros (YANO, 2009).

METODOLOGIA Método

Deslizamento de terra é um fenômeno provocado pelo escorregamento de materiais sólidos ao longo de uma vertente, se diferenciando da erosão, pela quantidade de massa em alta velocidade (CASSETI, 2005).

A cobertura vegetal tem um papel importante na estabilização das vertentes, fazendo com que haja o predomínio da componente perpendicular, evidenciando a biostasia, ou seja, permitindo maior infiltração do que escoamento superficial. Relacionada com o balanço hídrico, a vegetação ajuda com a interceptação da água (evitando o efeito splash). Com a infiltração, devido ao sistema radicular, permite maior aeração do solo, escoamento hipodérmico, ação de transpiração e evapotranspiração que através da retenção da água do solo e subsolo, permite uma condição de reposição hídrica subsequente e também o material morto que por atrito contribui com a perda de velocidade do escoamento superficial. Exemplos de deslizamentos de massa são vistos

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frequentemente na Serra do Mar, devido a cortes de vertente para a construção de estradas, onde há a retirada da cobertura vegetal (CASSETI, 1991).

Entretanto é comum a ocorrência do deslizamento quando a cobertura vegetal original do local foi retirada, assim tem infiltração menor, o que permite maior escoamento superficial, e quando o solo fica saturado ocorre o deslizamento de uma grande camada de terra, o que é mais comum em solos rasos, pois encharcam com mais facilidade.

Os deslizamentos podem ser classificados em rotacional, translacional com ruptura planar, escorregamento em cunha, rasteira e vale suspenso, cada um deles tem uma característica e dependem da formação do relevo (convexo, côncavo ou retilíneo), além de fatores cruciais que podem levar a ocorrência deles, como um corte no meio da vertente (uma estrada, por exemplo), o uso e a ocupação do solo, aterros e a erosão fluvial e pluvial (CASSETI, 1991).

O presente trabalho foi desenvolvido da seguinte forma: - Leitura de textos e artigos sobre o tema escolhido;

- Levantamento de dados e informações sobre a área de estudo junto à sites de órgãos públicos, para obtenção de cartas e mapas;

Para o desenvolvimento da parte escrita e análise das informações coletadas foram utilizados materiais como:

- Carta Topográfica Iretama 2803-4, escala 1:50.000 (DIRETORIA DE SERVIÇOS GEOGRÁFICOS, EXÉRCITO BRASILEIRO, 1990);

- Atlas Geomorfológico do Estado do Paraná, escala 1:600.000 (MINEROPAR, 2006);

- Software Google Earth (2010);

- Caderno municipal IPARDES (Iretama);

- Formações Fitogeográficas do Paraná (ITCG, 2009), escala 1:2.000.000 - Solos - Estado do Paraná (ITCG, 2009); escala 1:2.000.000

- Bacias Hidrográficas do Paraná (ITCG, 2010); escala 1:2.000.000 - Cartas Climáticas do Paraná (IAPAR, 2000).

Área de estudo

O município de Iretama localiza-se na Mesorregião Centro-Ocidental Paranaense, entre as latitudes de 24º 12' 23''S e 24º 30' 16''S, e longitudes de 51º 56' 51''W e 52º 16' 37''W, e altitude média de 595m em relação ao nível mar (IPARDES, 2016). Segundo dados do Instituto de Terras, Cartografia e Geociências (2009), no

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município de Iretama são encontrados Latossolo, Nitossolo e Neossolo. A declividade do relevo se encontra entre 10 a 45%, sendo assim, considerada ondulada a forte ondulada.

Iretama se insere na classificação de subunidade morfoescultural pertente ao Planalto do Alto/Médio Piquiri, inserido na unidade morfoescultural do Terceiro Planalto Paranaense e unidade morfoestrutural da Bacia Sedimentar do Paraná. (MINEROPAR, 2007). A declividade do relevo se encontra entre 10 a 45%, sendo assim, considerado ondulado a forte ondulado.

Em relação à vegetação, o município encontra-se em uma área de ecótono entre a Floresta Estacional Semidecidual Montana e Floresta Ombrófila Mista (ITCG, 2009). O clima que, segundo IAPAR (2000), utilizando a metodologia de Köppen, é classificado como Cfa, ou seja, Clima subtropical úmido mesotérmico, com temperatura média anual de 17,2°C, com precipitação anual média entre 1600 a 1800 mm (ITCG, 2010).

O local onde ocorreu o deslizamento da vertente está localizado nas seguintes coordenadas: latitude de 24°24'45.07" e longitude de 52° 2'4.67"O.

A área está localizada 840 metros após a ponte do Rio Muquilão sentido município de Pitanga. Se tratando de aspectos de uso e ocupação do solo na área de estudo, o destaque é para o cultivo de agricultura como soja e milho, e também áreas de pastagem e área de preservação permanente. A figura abaixo ilustra o uso e ocupação do solo in loco ao redor do deslizamento da encosta.

Figura1: Área do deslizamento de encosta.

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

Como observado, a área em questão possui um corte na vertente (via pavimentada) que associado ao período chuvoso (tabela 1), vieram a tornar a encosta suscetível a um deslizamento, que ocorreu no dia 19/10/2009, trazendo com isso consequências para população, principalmente devido ao bloqueio da PR-487.

Observa-se na região do deslizamento, a presença de um relevo forte ondulado composto por ecótono entre a Floresta Estacional Semidecidual Montana e Floresta Ombrófila Mista, com uma declividade média de, aproximadamente, 50%.

Parte-se do entendimento de que a predominância da vegetação de grande porte que exerce força/peso perpendicular sobre o solo, somado a chuva que encharca o solo, juntamente com o escoamento superficial, o mesmo ficou sobrecarregado e não suportou gerando o deslizamento.

Os gráficos 1 e 2, indicam os níveis pluviométricos referentes a região l onde ocorreu o deslizamento (ÁGUAS PARANÁ).

Pelos dados observados no gráfico 1, verificou-se um período chuvoso entre os dias 15 e 19 de outubro. Supõe-se que esse foi um dos fatores para ocorrência do deslizamento, já que o acumulado foi de 125,9 mm em apenas 5 dias.

Analisando o gráfico 2, percebe-se que outubro é um mês chuvoso, pois ao se observar um histórico de dez anos (para ter uma média ao longo dos anos como comparação) antes, a quantidade máxima foi de 446,2mm em 2005 e a mínima 56,6mm em 2007.

Figura 3: Uso e ocupação do solo.

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Gráfico 1: Alturas Pluviométricas de Outubro de 2009.

Gráfico 2: Quantidade de precipitação de outubro de 2000 a 2010.

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Desta forma, analisando informações do mês de setembro (Gráfico 3), observa-se que foi o mês que mais choveu nos 10 anos anteriores do processo geomorfológico, com 245mm de média. Isso indica que o deslizamento pode ter ocorrido devido ao acúmulo de chuva, então, com o solo encharcado o estopim foi no mês de outubro com 5 dias consecutivos de precipitação, como foi visto no gráfico 1.

Como consequência do processo geomorfológico em questão, foi possível observar impactos antrópicos e ambientais.

Como se tratava de uma via principal, responsável pela interligação de vários municípios, e transporte de produtos variados, o deslizamento fez com que a via fosse interditada desde a noite de segunda-feira (19/10/2009) até a tarde de quarta-feira (21/10/2009), obrigando as pessoas que por ali transitavam realizar um desvio de aproximadamente 200km, trazendo prejuízos econômicos.

Quanto aos impactos ambientais, ocorreu uma perda da cobertura vegetal e do solo da área, gerando uma cicatriz na vertente, que leva anos para recomposição natural, e com o solo exposto a área fica ainda mais suscetível a outro processo geomorfológico.

Além do transporte imediato de sedimentos para o Rio Muquilão, assim podendo ocorrer o assoreamento do mesmo, ocasionando outro impacto ambiental, podendo colocar diversas espécies, tanto da fauna quanto de flora daquele local, em risco.

A ocorrência do processo geomorfológico se deu devido a diversas variáveis, mas as duas em destaque foram o corte na vertente e o volume de pluviosidade.

O corte na vertente para a construção da estrada retirou uma grande parte da cobertura vegetal, deixando um espaço impermeável, aumentou a declividade da mesma, assim deixando o local com uma maior suscetibilidade a processos geomorfológicos.

A melhor maneira de prevenir o deslizamento de encosta é trabalhar com ações preventivas. Usualmente, as medidas preventivas são agrupadas em dois tipos: estruturais e não estruturais.

As medidas estruturais envolvem obras de engenharia, em geral de alto custo tais como obras de contenção de taludes e implantação de sistemas de drenagem.

Quanto às medidas não estruturais, estas se referem às ações de políticas públicas voltadas ao planejamento do uso do solo e ao gerenciamento, como o zoneamento geoambiental, mapeamento de áreas de risco, monitorar índices pluviométrico e criar ações preventivas entre órgãos, como a defesa civil.

No objeto de estudo do presente trabalho, ações preventivas estruturais poderiam ser tomadas, em especial o uso de obras de engenharia para criação de taludes, instalação de sistema de drenagem da água do solo, tanto superficial quanto subterrâneo

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desde o início da vertente até o nível de base. Dessa forma o volume de água saturada no solo pode diminuir e torná-lo menos suscetível ao deslizamento. Ações preventivas não estruturais podem evitar futuras tragédias. É necessário nesse caso, a recomposição da cobertura vegetal, evitando deixar o solo exposto e suscetível a novos deslizamentos.

Por fim, para evitar novos desastres, é importante que o município crie um sistema com informações de áreas de risco baseado em mapeamento com dados geotécnicos, que podem vir a sofrer algum tipo de problema no futuro, criando ações para minimizar os impactos causados.

CONCLUSÃO

Por meio de dados sobre a área e pesquisa bibliográfica, o estudo chegou a hipótese de que o deslizamento ocorrido no quilômetro 223 da rodovia PR-487 no município de Iretama, acorreu em função da somatória de variáveis que tornam a área de estudo suscetível a processos geomorfológicos. Dentre as variáveis, a principal foi o corte na vertente para a instalação da rodovia que provocou a 'quebra' do plano de declividade, tendo como elemento deflagrador o período chuvoso, que tornou o terreno saturado, fazendo com que esse não suportasse e cedesse, ocorrendo o deslizamento.

REFERÊNCIAS

ÁGUAS PARANÁ. Instituto das Águas do Paraná. Relatório de alturas de precipitação. Disponível em: <http://www.sih-web.aguasparana.pr.gov.br/sih-web/gerarRelatorioAlturasDiariasPrecipitacao.do?action=carregarInterfaceInicial> CASSETI, Valter. Ambiente e Apropriação do Relevo. SP: Contexto, 1991. CASSETI, Valter. Geomorfologia. 2005. Disponível em:

<http://www.funape.org.br/geomorfologia/>

IAPAR. CAVIGLIONE, João Henrique; KIIHL, Laura Regina Bernardes;

CARAMORI, Paulo Henrique; OLIVEIRA, Dalziza. Cartas climáticas do Paraná. Londrina: 2000.

IPARDES. Caderno estatístico município de Iretama. 2016. Disponível em: <http://www.ipardes.gov.br/cadernos/MontaCadPdf1.php?Municipio=87280&btOk =ok>

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ITCG. Formações Fitogeográficas do Paraná. 2009. 1:2.000.000. Disponível em <http://www.itcg.pr.gov.br/arquivos/File/Produtos_DGEO/Mapas_ITCG/PDF/Map a_Fitogeografico_A3.pdf>

ITCG. Solos - Estado do Paraná. 2009. 1:2.000.000. Disponível em

<http://www.itcg.pr.gov.br/arquivos/File/Produtos_DGEO/Mapas_ITCG/PDF/Map a_Solos.pdf>

ITCG. Bacias hidrográficas do Paraná. 2010. 1:2.000.000. Disponível em <http://www.itcg.pr.gov.br/arquivos/File/Produtos_DGEO/Mapas_ITCG/PDF/Baci as_2010.pdf>

MINEROPAR. Minerais do Paraná. Carta Geomorfológica do Paraná. 2007. 1:250.000. Disponível em:

<http://www.mineropar.pr.gov.br/arquivos/File/2_Geral/Geomorfologia/Atlas_Geom orforlogico_Parana_2006.pdf>

YANO, Célio. Gazeta do Povo. Queda de barreira bloqueia PR-487 entre Nova Tebas e Iretama (20/10/2009). Disponível em:

<http://www.gazetadopovo.com.br/vida-e-cidadania/queda-de-barreira-bloqueia-pr-487-entre-nova-tebas-e-iretama-by7e6yiopasj138lioevtclzi>

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