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Relatório. Campanha Nacional de Higiene das Mãos Departamento da Qualidade na Saúde

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Relatório

Departamento da

Campanha Nacional de Higiene das

Mãos

(2)

Autores

Ana Cristina Costa Elena Noriega Maria João Gaspar

Agradecemos aos Colaboradores da Direção-Geral da Saúde, às Comissões de Controlo de Infeção, ao Grupo Coordenador Regional de Controlo de Infeção, aos elementos do grupo Coordenador Regional para a Campanha Nacional de Higiene das Mãos, a todos os Coordenadores Locais, aos Observadores, aos Conselhos de Administração dos hospitais e a todos os profissionais que têm contribuído para a realização desta Campanha.

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ÍNDICE págs. 1. INTRODUÇÃO 4 2. METODOLOGIA 5 2.1.PLANEAMENTO 5 2.2.CALENDARIZAÇÃO 6 2.3.MATERIAIS 7 3. RESULTADOS 10

4. DISCUSSÕES DOS RESULTADOS DOS HOSPITAIS 12

5. OESTUDO PILOTO NOS CUIDADOS DE SAÚDE PRIMÁRIOS 12

5.1.METODOLOGIA 13

5.2.RESULTADOS DO ESTUDO PILOTO DOS ACES 13

5.3.DISCUSSÃO DOS RESULTADOS DOS ACES 14

6. RECOMENDAÇÕES GERAIS 15

7. PRINCIPAIS CONCLUSÕES 16

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1. INTRODUÇÃO

A realização da Campanha Nacional de Higiene das Mãos insere-se na estratégia multimodal proposta pela World Alliance for Patient Safety, da Organização Mundial da Saúde (OMS), no seu 1º. Desafio “Clean Care is Safer Care”, a qual já foi utilizada com sucesso por muitos países de todo o mundo.

Pretende-se promover a prática da higiene das mãos de forma padronizada e abrangente, contribuindo para a diminuição das infeções associadas aos cuidados de saúde (IACS) e para o controlo das resistências dos microrganismos aos antimicrobianos, tendo como meta o aumento da adesão dos profissionais de saúde à higiene das mãos.

A Campanha Nacional de Higiene das Mãos dirige-se a todos os grupos profissionais - Médicos, Enfermeiros, Farmacêuticos, Técnicos das áreas de Diagnóstico e Terapêutica (Imagiologia, Laboratórios, Medicina Física e Reabilitação, etc.), Assistentes Operacionais, Profissionais das áreas hoteleiras (alimentação, limpeza, transporte de doentes), Apoio Geral, entre outros – mas, também tem uma vertente de ação educativa junto dos doentes, visitantes (através das Comissões de Controlo de Infeção) e público em geral (este último, através das entrevistas e artigos veiculados pelos meios de comunicação social).

Este é o 3.º ano da Campanha Nacional de Higiene das Mãos, “Medidas Simples Salvam Vidas”, após a adesão oficial de Portugal ao desafio da OMS, a 8 de outubro de 2008. Pretende-se com este relatório fazer uma avaliação da evolução da Campanha Nacional de Higiene das Mãos ao longo destes anos.

A informação obtida através das taxas de adesão dos profissionais de saúde à higiene das mãos pode ser utilizada para compreender melhor as diferenças entre categorias de profissionais, diferentes áreas de trabalho, diferentes serviços e fornece orientações úteis para a intervenção. São necessárias intervenções locais para continuar a aumentar a adesão à higiene das mãos.

A observação e a informação de retorno são fundamentais para avaliar o desempenho, para identificar onde é necessário intervir e também para registar o impacto das nossas ações. As ações para melhorar a formação e a colheita de dados sobre indicadores importantes, para analisar, para definir políticas de melhoria e a informação de retorno aos profissionais na prestação de cuidados são essenciais para a melhoria sustentada. Para tal são necessárias mudanças organizacionais, recursos humanos e financeiros ao nível local e nacional.

Em 2009, 82% dos hospitais registaram taxas de adesão dos profissionais à higiene das mãos superiores a 50%. De acordo com dados do European Antimicrobial Resistance

Surveillance System (EARSS), em 2009, Portugal, registou uma diminuição de 4%,

relativamente à taxa de MRSA (methicillin-resistant Staphylococcus aureus). Em 2008, Portugal era um dos 2 países europeus com taxas superiores a 50%. Estes são resultados muito positivos, no entanto, para melhorar as nossas taxas de infeção é necessário manter e sustentar a promoção da higiene das mãos nos locais de prestação de cuidados. A OMS refere que para se conseguirem diminuições nas taxas de prevalência das IACS, são necessários pelo menos 5 anos de uma campanha de higiene das mãos sustentada.

(5)

2. METODOLOGIA 2.1. Planeamento

A coordenação nacional da campanha (FIGURA 1) é assegurada pela Direção-Geral da Saúde

(DGS), Departamento da Qualidade na Saúde (DQS), Divisão de Segurança do Doente (DSD).

A nível central a equipa promove o apoio às atividades desenvolvidas a nível das ARS e a nível local, nomeadamente:

 a disponibilização de uma plataforma informática que permite o registo da informação, a sua análise e a informação de retorno aos profissionais;

 a disponibilização dos materiais formativos, informativos e promocionais;

 a realização de reuniões periódicas para monitorização das atividades desenvolvidas. A nível das ARS, manteve-se a articulação com os grupos coordenadores regionais para a Campanha Nacional de Higiene das Mãos, cuja função foi desenvolver a formação de formadores e de observadores e apoiar as atividades das unidades de saúde a nível regional. A nível local, continuaram a ser nomeados os coordenadores locais das novas unidades que aderiram. Cada coordenador local organizou, em cada unidade, um grupo de profissionais, com o fim de operacionalizar a campanha localmente. Os observadores da prática de higiene das mãos são essenciais para o desenvolvimento da campanha localmente. Em 2010, foi recomendada a existência de dois observadores em cada serviço uma vez que em 2009 os coordenadores locais de muitas instituições referiram a dificuldade em observarem o número solicitado de oportunidades por esses elementos (1 por serviço) terem férias ou adoecerem ou mesmo transitarem de instituição.

FIGURA 1–ORGANOGRAMA ORGANIZACIONAL DA CAMPANHA NACIONAL DE HIGIENE DAS MÃOS

Direção -Geral da Saúde Departamento da Qualidade na

Saúde

Divisão de Segurança do Doente

Coordenação regional Grupo Coordenador Regional

SUCH Patrocinador oficial em 2009 Coordenação Local 98 Hospitais = 98 coordenadores Locais

CCI, observadores, formadores

Direção-Geral da Saúde www.dgs.pt Ministério da Saúde

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Em 2009 realizaram-se dois períodos de observação (avaliação diagnóstica e de seguimento) porque era necessário estabelecer uma linha de base, relativamente à adesão dos profissionais à higiene das mãos. A partir de 2010 apenas se realizará uma avaliação anual (período de observação). Todas as atividades inerentes à Campanha (passos) são contínuas, à exceção da observação, que se realiza num período específico.

Foi seguida a metodologia proposta pela OMS, a qual assenta na seguinte estratégia multimodal a aplicar nas unidades de saúde:

1) Mudança no Sistema

 Disponibilização de solução antisséptica de base alcoólica nos locais de prestação de cuidados;

 Acesso a estruturas e equipamentos para a higiene das mãos. 2) Formação e Treino

 Elaboração de um programa de formação contínuo 3) Observação e Informação de retorno

 Através da utilização de um formulário (FIGURA 2)

4) Lembretes em Locais Estratégicos

 Colocação de cartazes em todos nos locais de prestação de cuidados 5) Clima Institucional Seguro

 Participação ativa, a nível institucional e individual, na prática da higiene das mãos. Em 2010 a formação dos profissionais nas unidades de saúde foi contínua e o período de observação (da adesão dos profissionais de saúde às práticas de higiene das mãos) decorreu entre junho a setembro. O registo na plataforma informática decorreu no mês de outubro.

2.2. Calendarização

Em 2010, a Campanha desenvolveu-se segundo o cronograma apresentado no quadro 1.

QUADRO 1–ATIVIDADES DA CAMPANHA,2010

Atividades Janeiro Fevereiro Março Abril Maio Junho Julho Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro

1 – Introdução de dados do 2º momento de avaliação de 2009

*1

2 – Análise e divulgação de dados de 2009 3 – Seleção de novos serviços a integrar na

Campanha em 2010

4 – Formação de mais observadores e formadores

5 – Formação dos profissionais dos novos serviços e reforço da formação nos serviços já aderentes

6 – Observação das práticas de higiene das mãos

7 – Introdução de dados na plataforma da DGS

8 – Análise e divulgação local de dados e planeamento da CNHM para 2011 9 – Relatório nacional da Campanha

Nacional de Higiene das Mãos em 2010

*1 Encerramento da plataforma a 7 de fevereiro de 2010

1-INTRODUÇÃO NA PLATAFORMA INFORMÁTICA DOS DADOS DO 2.º MOMENTO DE AVALIAÇÃO DE 2009:

Até dia 7 de fevereiro de 2010 foram introduzidos pelos hospitais todos os dados referentes avaliação de seguimento de 2009.

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Após a análise dos relatórios de 2009 a nível local, aconselhou-se a sua divulgação ao Órgão de Gestão, a todos os envolvidos no Grupo coordenador local (observadores, formadores, CCI) e a todos os serviços aderentes, devendo-se salientar as melhorias conseguidas entre a avaliação diagnóstica e de seguimento.

Foi aconselhado algum “ marketing” para conseguir envolver outros serviços ainda não aderentes.

3-SELEÇÃO DE NOVOS SERVIÇOS A INTEGRAR A CAMPANHA EM 2010:

Esta foi a fase de sensibilização para adesão de novos serviços à campanha. 4-FORMAÇÃO DE OBSERVADORES E FORMADORES:

Nesta etapa foi recomendada a formação de mais um observador por serviço, por parte dos observadores já existentes.

5–FORMAÇÃO E COLOCAÇÃO DE CARTAZES

Esta etapa foi de formação dos profissionais dos novos serviços e do reforço da formação nos serviços já aderentes à campanha. Foi também o momento em que nos serviços novos foram colocados cartazes, lembretes e outras formas de sensibilização. Nos serviços onde já se tinham colocado cartazes aconselhou-se a mudarem e substituir por outros para renovar o impacto dos mesmos.

6-OBSERVAÇÃO DAS PRÁTICAS DE HIGIENE DAS MÃOS:

Esta etapa foi a de observação das práticas de higiene das mãos para avaliar a taxa de adesão.

7-INTRODUÇÃO DE DADOS NA PLATAFORMA DGS:

Esta etapa foi estipulada para introdução dos dados das observações na plataforma nacional, e apesar de estar programada para um mês, houve um alargamento do prazo até ao final do ano, por solicitação de vários hospitais.

8-ANÁLISE E DIVULGAÇÃO DE DADOS A NÍVEL LOCAL E PLANEAMENTO PARA 2011:

Nesta fase decorreu a análise e a divulgação dos dados locais ao órgão de gestão e aos profissionais envolvidos, realçando-se as melhorias conseguidas entre esta avaliação e a anterior.

Nesta etapa deveria ser feito o planeamento da campanha para 2011. 9–ELABORAÇÃO E DIVULGAÇÃO DO RELATÓRIO NACIONAL E PLANEAMENTO PARA 2011.

Nesta fase decorreu a análise dos dados e a elaboração e divulgação do relatório nacional. Planearam-se também as atividades para 2001.

2.3.MATERIAIS

Formulário de “OBSERVAÇÃO”(FIGURA 2).

Instrumento utilizado para avaliar a taxa de adesão dos profissionais de saúde à prática da higiene das mãos, por serviços/departamentos, por grupos profissionais e por cada um dos 5 momentos para a higiene das mãos definidos pela OMS.

Destina-se aos observadores designados e treinados para o efeito.

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Foram realizadas, pelo menos, 200 oportunidades em cada serviço envolvido.

Os critérios de avaliação são, de acordo com a taxa de adesão: CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO : Insatisfatório 0%-25% Razoável 26%-50% Satisfatório 51% -75% Muito Satisfatório 76% -100%

Em 2009, todo o material de implementação da campanha como por exemplo, pins, cartazes, esferográficas, CD’s etc. e toda a logística de distribuição foram patrocinados pelo Serviço de Utilização Comum dos Hospitais (SUCH).

Em 2010 como não havia material suficiente para todas as Instituições, nem logística para empacotamento e distribuição, disponibilizou-se na página oficial da DGS tudo o que foi possível ser reproduzido em suporte de papel para as Instituições imprimirem.

FIGURA 3– DISPONIBILIZAÇÃO DE TODO O MATERIAL DE IMPLEMENTAÇÃO DA CAMPANHA NO

MICRO SITE DO PNCI

A colheita de dados para a Campanha foi realizada em ambiente Web (FIGURA 4), através da

solução informática utilizada em 2009 o que tem tornado a introdução dos dados um processo mais simples e ágil, permitindo obter informação de retorno em tempo útil.

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FIGURA 4–SOLUÇÃO INFORMÁTICA PARA RECOLHA DE INFORMAÇÃO

Ainda em 2010, foi disponibilizado um novo cartaz promocional (FIGURA 5) para as

Unidades aderentes à campanha bem como a Circular Normativa N.º 13/DQS/DSD de 14/06/2010(FIGURA 6).

FIGURA 5–CARTAZ PROMOCIONAL PARA 2010

FIGURA 6 CIRCULAR NORMATIVA Nº 13/DQS/DSD DE 14/06/2010 E RESPETIVO DOCUMENTO DE APOIO

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3. RESULTADOS

Em 2010 aderiram à campanha nacional de higiene das mãos 78 hospitais.

Foi avaliada a taxa de adesão dos profissionais às práticas de higiene das mãos, através da observação destas práticas.

Relativamente à taxa de adesão, a média nacional obtida através da utilização do formulário de observação foi de 64%(FIGURA 7). Registou-se um decréscimo de 1% relativamente a

2009. No entanto, houve hospitais e serviços novos a participar em 2010 e também se registou um acréscimo de 35.858 oportunidades observadas em relação ao 2.º momento de observação de 2009.

FIGURA 7 TAXA DE ADESÃO ÀS PRÁTICAS DE HIGIENE DAS MÃOS – GRÁFICO COMPARATIVO DOS TRÊS MOMENTOS DE AVALIAÇÃO

Quanto à distribuição dos hospitais (FIGURA 8)segundo os critérios de avaliação, verificou-se

que, no universo de 78 hospitais, dois hospitais apresentaram taxas de adesão dos profissionais de saúde à higiene das mãos inferiores a 25%, 82% dos hospitais apresentaram taxas superiores a 50% e nove hospitais registaram mesmo taxas de adesão superiores a 76%.

FIGURA 8–DISTRIBUIÇÃO DOS HOSPITAIS SEGUNDO CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO

Quanto à taxa de adesão por grupo profissional (FIGURA 9), mantém-se a mesma tendência

das avaliações efetuadas em 2009. A taxa mais elevada continua a ser no grupo profissional

Taxa de adesão = Ações X 100

Oportunidades 2 12 55 9 0 10 20 30 40 50 60

Insatisfatório 0%-25% Razoável 26%-50% Satisfatório 51% -75% Muito Satisfatório 76% -100% N d e H os p it ai s

Distribuição dos hospitais segundo critérios de avaliação

TA 46%

46% TA 64%

TA 65%

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dos enfermeiros, com 72%, seguida dos assistentes operacionais com 58%, seguida do grupo “outros” (técnicos diagnóstico e terapêutica e outros profissionais de saúde) com 53% e, por último, o grupo profissional dos médicos com 50%.

FIGURA 9 TAXA DE ADESÃO ÀS PRÁTICAS DE HIGIENE DAS MÃOS POR GRUPO PROFISSIONAL – GRÁFICO COMPARATIVO DOS TRÊS MOMENTOS DE AVALIAÇÃO

Quanto à taxa de adesão por momento (FIGURA 10) verifica-se que os momentos com maior

taxa de adesão são os momentos “depois de risco de exposição a sangue e fluidos orgânicos” (DRES) com 81% e “depois do contacto com o doente” (DCD) com 74%. De seguida temos o momento “antes de procedimentos limpos ou assépticos” (APLA) com 69% tendo este valor subido 1% em relação ao segundo momento de 2009. A seguir temos o momento “depois do ambiente

envolvente do doente” (DAED) com 58%, e por último o momento “antes do contacto com o doente” (AD) com 53%.

FIGURA 10 TAXA DE ADESÃO ÀS PRÁTICAS DE HIGIENE DAS MÃOS POR MOMENTO – GRÁFICO COMPARATIVO DOS TRÊS MOMENTOS DE AVALIAÇÃO

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A taxa de adesão nacional diminuiu 1%, relativamente ao 2.º momento de 2009. Para isso, contribuíram vários aspetos como:

 a entrada de mais serviços novos nos hospitais já aderentes. Foi a primeira vez que esses serviços foram avaliados fazendo com que a média global baixasse;

 a inclusão de dois hospitais que em 2010 apresentaram uma taxa de adesão muito baixa;

 a diminuição dos recursos disponíveis a nível central, o que resultou no menor investimento na Campanha.

No entanto, há a salientar um maior número de registos de oportunidades como por exemplo um hospital que observou 13923 oportunidades e outro com registo de 11234, demonstrando o grande envolvimento de vários elementos dos grupos de coordenação local, nomeadamente dos observadores.

Quanto à taxa de adesão por grupo profissional, verificou-se a existência de grupos profissionais com menores taxas de adesão, nomeadamente os médicos. Este facto pode prender-se com a menor taxa de adesão desses grupos à formação padronizada pela campanha. Esta é uma tendência sentida a nível internacional, o que salienta a necessidade de novas estratégias para a abordagem daquele grupo profissional.

Quanto à avaliação por momento, apesar de os momentos de maior adesão serem os momentos relacionados com a proteção do próprio profissional de saúde observa-se uma subida ténue no momento “antes de procedimentos limpos ou assépticos”. Continua a ser muito importante transmitir ao profissional a importância dos 5 momentos na globalidade, para prevenir a transmissão cruzada da infeção.

Para manter a sustentabilidade da Campanha é necessário desenvolver mais iniciativas a nível central que promovam o envolvimento dos intervenientes e mantenham o interesse das unidades de saúde.

É necessário perceber a razão da disparidade das taxas de adesão dos profissionais de saúde nos hospitais e desenvolver ações para apoiar os hospitais com taxas mais baixas para que consigam ultrapassar os constrangimentos.

Consideramos, no entanto, estes resultados muito positivos. A taxa de adesão nacional dos profissionais à higiene das mãos foi de 64%. 82% dos hospitais registaram taxas de adesão dos profissionais à higiene das mãos superiores a 50%, o que significa que nos aproximamos da meta definida pela OMS: 90% de adesão nacional dos profissionais à higiene das mãos.

5. OESTUDO PILOTO NOS CUIDADOS DE SAÚDE PRIMÁRIOS

Ainda em 2010, decorreu um estudo piloto nos Cuidados de Saúde Primários, para avaliar a taxa de adesão dos profissionais de saúde à higiene das mãos.

O objetivo era perceber se seria possível adaptar a estratégia multimodal da Campanha Nacional de Higiene das Mãos, incluindo a etapa de avaliação por observação da adesão às práticas de higiene das mãos neste nível de cuidados.

O estudo desenvolveu-se inicialmente na região do Algarve no Agrupamento de Centros de Saúde (ACES) Central Unidades de Faro e Olhão e, numa fase mais tardia, na região de

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Lisboa e Vale do Tejo, no ACES de Cascais, com a Unidade de Alcabideche e a Unidade de S. Domingos de Rana.

Este estudo teve o envolvimento dos Grupos Coordenadores Regionais de Controlo de Infeção.

5.1. Metodologia

Na ARS do Algarve cumpriram-se todas as etapas preconizadas no cronograma apresentado anteriormente (QUADRO 1). Na região de Lisboa e Vale do Tejo teve que se

solicitar a colaboração de coordenadores de alguns hospitais da região para fazer a formação aos observadores. Isto aconteceu porque, como já foi referido, estas unidades entraram posteriormente no estudo.

Decorreram reuniões para a preparação do estudo e foram feitas visitas pela coordenação central e elementos dos grupos coordenadores regionais de Controlo de Infeção às unidades participantes no estudo, quer na região do Algarve, quer na ARSLVT.

A ambos os ACES foi fornecido material de informação como, por exemplo, posters, canetas e folhetos.

Por haver diferenças substanciais entre os hospitais e os ACES, relativamente ao tipo de oportunidades, optou-se por observar os procedimentos de maior risco de transmissão de infeção. Os procedimentos selecionados foram, entre outros, os seguintes: realização de pensos, administração de injetáveis (incluindo a vacinação), cateterizações vesicais e procedimentos em consultas de planeamento familiar.

A formação para os formadores e para os observadores seguiu a mesma metodologia utilizada para os hospitais.

As oportunidades foram registadas pelos observadores no formulário em suporte de papel nas datas previstas e, posteriormente, foram introduzidas na plataforma informática nacional, com acessibilidade e local de registo próprios para os ACES.

Foi recomendada a análise local dos dados com divulgação por todos os profissionais envolvidos.

5.2 Resultados do estudo piloto nos ACES

Quanto aos resultados globais da taxa de adesão às práticas de higiene das mãos nas quatro unidades (FIGURA 11), observaram-se 1983 oportunidades correspondendo estas a 1579 ações.

A relação destes dois valores dá uma taxa de adesão à prática de higiene das mãos de 79,6%.

FIGURA 11–TAXA DE ADESÃO ÀS PRÁTICAS DE HIGIENE DAS MÃOS – MÉDIA GLOBAL DOS ACES

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Quanto à taxa de adesão por grupo profissional (FIGURA12), verificou-se uma taxa de adesão

de 84% nos enfermeiros, 65,50% nos médicos, 61,7% nos assistentes operacionais e 35,90% no grupo “outros”.

É de referir que o grupo com mais oportunidades observadas foi o grupo dos enfermeiros, com 1586 oportunidades, seguido do grupo dos médicos com 238 oportunidades, seguido do grupo dos assistentes operacionais, com 120 oportunidades e, por último, no grupo “outros” com apenas 39 oportunidades observadas.

FIGURA 12–TAXA DE ADESÃO ÀS PRÁTICAS DE HIGIENE DAS MÃOS PORGRUPOPROFISSIONAL

Quanto à taxa de adesão por momento (FIGURA 13), verificou-se que os momentos com

maior adesão às práticas de higiene das mãos foram “depois do contacto com o doente” (DCD) com 88,34%, “depois de risco de exposição a sangue e fluidos orgânicos” (DRES) com 87,39%, a seguir o momento “antes do doente” (AD) com 76,18% seguido do momento “antes de

procedimentos limpos ou assépticos” (APLA) com 73,91% e, por último, o momento “depois do ambiente envolvente do doente” (DAED) com 55,42%.

FIGURA 13–TAXA DE ADESÃO ÀS PRÁTICAS DE HIGIENE DAS MÃOS POR MOMENTO

5.3DISCUSSÃO DOS RESULTADOS DOS ACES

Verificou-se, num primeiro momento de avaliação nos ACES, uma taxa de adesão muito superior à média global nacional da primeira avaliação de 2009 nos hospitais. Pensamos que para isso possam ter contribuído vários fatores:

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 os profissionais de saúde observados serem em menor número que nos hospitais e por isso ao fim de algumas observações são sempre os mesmos profissi9nais a ser observados, acabando por interiorizar a prática correta;

 a importância da auditoria como fator formativo junto aos colegas observados;

 a amostra ser pequena (só quatro unidades foram avaliadas).

As observações promoveram um aumento da visibilidade do controlo de infeção neste nível de cuidados. A presença de um observador com formação na área de controlo de infeção serviu para alertar para questões que normalmente não seriam detetadas e que ajudaram à introdução de medidas corretivas.

Quanto à adesão por grupo profissional, o grupo mais observado foi o dos Enfermeiros, atendendo ao facto de serem os enfermeiros o grupo profissional que, nos centros de saúde, pratica mais procedimentos com risco de transmissão de infeção.

Quanto à adesão por momento, verifica-se boa adesão nos momentos mais relacionados com a proteção do profissional, mas também uma boa adesão no “antes do contacto com o

doente”, sendo o momento com menor taxa de adesão “depois do ambiente envolvente do doente”.

Para este facto pode contribuir a dispersão de “locais de prestação de cuidados” que existem na mesma sala (por exemplo numa sala podemos ter um local para realização de pensos, outro para administração de um injetável, etc.).

6. RECOMENDAÇÕES GERAIS

As principais recomendações são as seguintes:

 Reforçar a articulação com os elementos do Grupo Coordenador Regional da campanha das mãos e do Grupo Coordenador Regional de Controlo de Infeção para implementação da campanha a nível local;

 Atualizar obrigatoriamente os dados dos coordenadores locais da campanha em formulário a disponibilizar pela DGS no micro site do Programa Nacional de Controlo de Infeção, para permitir a articulação eficaz com a coordenação nacional;

 Avaliar, a nível local, se houve alteração das taxas de IACS, com especial atenção nos serviços de maior risco de infeção para os doentes e, relacioná-las com as taxas de adesão dos profissionais à higiene das mãos;

 Utilizar os dados obtidos para introdução de melhorias (estratégias para diminuir mais as IACS evitáveis) e para sensibilizar os profissionais de saúde para a importância do seu envolvimento na promoção da adesão à prática de higiene das mãos;

 Desenvolver ações específicas para envolver mais os médicos nas ações de melhoria de higiene das mãos;

 Avaliar os custos inerentes à Campanha e relacioná-los com os custos das IACS. Estes dados são importantes para demonstrar a necessidade de sustentar as atividades inerentes à Campanha;

 Assegurar o compromisso, por parte dos órgãos de gestão das unidades de saúde, com a promoção da higiene das mãos e de uma cultura de segurança, designadamente, através do/a:

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 Acesso a lavatórios, água, sabão e toalhetes nos locais apropriados e a disponibilização de solução antisséptica de base alcoólica no local de prestação de cuidados;

 Apoio necessário às atividades de prevenção e controlo da infeção, tornando a adesão à higiene das mãos uma prioridade institucional;

 Renovação do apoio às equipas de coordenação da campanha, nomeadamente, no tempo disponibilizado aos formadores e observadores para o desenvolvimento das suas atividades;

 Associar, nas unidades em que for possível, a higiene das mãos à implementação de listas de verificação, nomeadamente no cateter central e cateter urinário.

7.PRINCIPAIS CONCLUSÕES

Globalmente, e apesar de alguns constrangimentos, a adesão à campanha de higiene das mãos mantém um bom nível, com a participação das instituições de maior expressão do país. É de ressaltar o envolvimento e empenho quer dos gestores, quer dos profissionais de saúde nomeadamente os coordenadores locais e os observadores, entre outros.

O estudo piloto a nível dos Cuidados de Saúde Primários demonstrou a importância desta campanha neste nível de cuidados, aumentando a visibilidade do controlo de infeção e a transmissão de conhecimentos através da formação padronizada na prevenção das IACS. Considerando que a OMS recomenda a promoção da prática da higiene das mãos de forma padronizada como metodologia para se diminuir as infeções associadas aos cuidados de saúde, pensamos estar no caminho certo, e não podemos deixar de agradecer, mais uma vez, a todos os profissionais da Saúde, sem exceção, pelo empenho e esforço demonstrado.

8. PERSPETIVAS PARA 2011

Tendo em conta a presente análise, definiu-se para 2011, definiu-se um período de observação de 6 meses, em que será utilizado o instrumento de avaliação da taxa de adesão à prática de higiene das mãos (anexo 6). Pretende-se melhorar os relatórios obtidos, de acordo com a informação de retorno recebida das unidades de saúde e dinamizar as visitas às Unidades de saúde, através do grupo Coordenador Regional para a Campanha de Higiene das mãos.

Apontou-se, como objetivo geral, atingir uma de taxa de adesão de 75% (média nacional), sendo que o preconizado pela OMS, para 2013, é de 90%.

Como objetivos específicos, pretende-se manter a Campanha nos três níveis de cuidados, aumentando progressivamente o número de unidades de saúde aderentes. Neste sentido, no final do ano de 2010 foram elaborados dois calendários com o planeamento da campanha para 2011 (FIGURA 13). Um destina-se aos Cuidados de Saúde Primários e outro

aos Hospitais e Unidades de Cuidados Continuados. Foram enviados por e-mail a todos os Coordenadores locais da campanha, Coordenadores Regionais da campanha e Grupos Coordenadores Regionais de Controlo de Infeção. Foram também disponibilizados no micro site do PNCI.

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FIGURA 13–PLANEAMENTO DA CAMPANHA PARA 2011 AOS 3 NÍVEIS DE CUIDADOS

Para que os objetivos propostos possam ser atingidos, é fundamental o envolvimento dos Grupos Coordenadores Regionais de Controlo de Infeção e a sua articulação com os elementos regionais de coordenação da campanha e com a DGS, para apoiar a dinamização das atividades a nível local.

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