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PLANEJAMENTO NA EJA: PROCESSOS E DESAFIOS

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Academic year: 2021

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Ana Lucia Paranhos de Jesus Bolsista ID PIBID / UNEB no DEDC I Priscila Santos Moreira Bolsista ID PIBID / UNEB no DEDC I Jeane dos Anjos Moreira Bolsista ID PIBID / UNEB no DEDC I RESUMO

Este artigo tem por objetivo apresentar os desafios enfrentados pelos bolsistas do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência- PIBID na modalidade EJA, na elaboração dos planos de aula destinados aos estudantes da alfabetização (Tempo de Aprendizagem I- TAP I). Para o processo de preparação dos mesmos utilizou-se como suporte, um diagnóstico formulado pelos Coordenadores, Supervisores e bolsistas do PIBID. A função principal deste dispositivo foi a de subsidiar a identificação das habilidades de escrita, leitura, oralidade e matemática dos estudantes da EJA. Com base no resultado da aplicação deste suporte, o desafio foi desenvolver atividades em diferentes níveis para uma mesma turma, utilizando-se de um mesmo conteúdo. Na fundamentação teórica, utilizou-se pesquisas que tratavam da importância dos conhecimentos prévios dos alunos e saberes a serem desenvolvidos nas classes de EJA que serviram como base norteadora para aplicação de aulas consistentes e coerentes com o processo de aprendizagem destes educandos. A metodologia utilizada foi a observação da prática pedagógica das professoras regentes de uma Escola da Rede Municipal de Salvador/BA que oferta a modalidade de ensino da EJA e a aplicação do diagnóstico. Como referências bibliográficas, centraram-se os estudos nas concepções teóricas de Paulo Freire, Vygotsky, Gadotti, dentre outros que contribuíram para o desenvolvimento desta produção. Esse trabalho é resultado das discussões para a preparação dos planos de aula pelas bolsistas do PIBID.

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INTRODUÇÃO

No processo de formação do professor, seja ele inicial ou continuado, as experiências profissionais contribuem no desenvolvimento de sua carreira docente. Nesse contexto, o Programa de Bolsas de Iniciação a Docência (PIBID), é um dos meios que proporciona a vivência e a reflexão sobre a prática pedagógica dos discentes dos cursos de licenciatura, dos professores em exercício e à escola em geral.

O PIBID é financiado pelo Governo Federal através da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), e prevê uma parceira com os Sistemas Estaduais e Municipais de Ensino, no qual cada Instituição de Ensino Superior submete à CAPES um Projeto Institucional que, se aprovado, recebe bolsas de incentivo financeiro para os estudantes, supervisores e coordenadores com o objetivo de “antecipar o vínculo entre os futuros mestres e as salas de aula da rede pública” (CAPES 2011).

O subprojeto Institucional PIBID/UNEB: “Entre a Universidade e a Escola: a mediação do Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) potencializando a práxis pedagógica”, do qual participamos, inclui-se no projeto intitulado “Educação Superior e Educação Básica: articulando saberes”, aprovado no Edital 2011. Ele prevê o fortalecimento de três categorias: colaboração, mediação e práxis pedagógica, a partir do planejamento, aplicação, discussão das temáticas e socialização das aulas na formação de professores.

Diante das três categorias que o subprojeto do PIBID/UNEB se designa a estudar para a elaboração e aplicação das aulas nas escolas da rede pública Municipal de ensino em Salvador - BA, este artigo tem como ponto central discutir os desafios enfrentados pelos bolsistas do PIBID na modalidade de Educação de Jovens e Adultos (EJA) na construção dos planos de aula destinados aos estudantes da alfabetização (Tempo de Aprendizagem I – TAP I).

Desta forma, o planejamento é um instrumento orientador de todo o processo educativo, pois possibilita e determina a construção de planos de aula, observando as grandes necessidades e especificidades das classes de EJA, contribuindo para a utilização adequada de recursos e meios necessários para o alcance do aprendizado consistente e significativo.

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O ato de planejar se faz presente em todas as áreas de nossa vida sejam elas profissionais, familiares ou pessoais. Ao planejarmos uma viagem organizamos as ações passo-a-passo como, por exemplo: selecionar o destino desejado, datas de ida e volta e arrumar as malas com os itens necessários para o período de estadia. Da mesma forma ocorre com o planejamento pedagógico: as ações devem ser previamente organizadas para assegurar a coerência, eficiência e eficácia no processo de ensino-aprendizagem.

Regina Célia (2006,p.94) afirma que a ação de planejar é “[...] analisar uma dada realidade refletindo sobre as condições existentes e prever as formas alternativas de ação para superar as dificuldades ou alcançar os objetivos desejados”. Desta forma, o planejamento é imprescindível para o trabalho pedagógico, pois, subsidia as ações do professor em sala de aula a partir da análise das múltiplas realidades dos alunos, considerando os diversos níveis de aprendizagem como uma maneira de conduzir os educandos a alcançar os objetivos educacionais propostos.

“O planejamento de ensino é a previsão das ações e procedimentos que o professor vai realizar junto a seus alunos, e a organização das atividades discentes e das experiências de aprendizagem, visando atingir os objetivos educacionais estabelecidos” (HAYDT, p.98, 2006). Desse modo, o planejamento de ensino é um processo que envolve todo o corpo escolar, pois demanda que as ações sejam previamente analisadas, refletidas, definidas, selecionadas, estruturadas e distribuídas ao longo do ano escolar.

Na Educação de Jovens e Adultos (EJA), o planejamento demanda um trabalho mais denso quando se considera as especificidades deste público, por isso, é preciso que o professor conheça o perfil destes alunos para realizar um planejamento de ensino significativo à realidade dos estudantes. Clara Maria Almeida Rios (2012.p.57), faz um recorte desse perfil do aluno da EJA ao mencionar que:

Em função do desejo de ascensão social, via escola, a maioria dos trabalhadores brasileiros busca a sua escolarização no turno da noite. É importante ressaltar que a clientela da EJA é composta também de domésticas, trabalhadores rurais; ou seja, pessoas de nível sócioeconômico desfavorecidos. É constituída também por pessoas idosas, ex-presidiários e pessoas envolvidas com narcotráfico. Em suma, essa clientela é constituída pelo “excluídos” ou marginalizados (RIOS, 2012.p.57).

Percebemos que estes alunos quando procuram a escola, buscam satisfazer suas necessidades particulares para se integrarem à sociedade como trabalhadores ativos, alfabetizados e participativos no meio social ou político. De acordo com Freire

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(2011.p.22), certos conteúdos são tão importantes para a formação dos grupos populares “quanto à análise que eles façam de sua realidade concreta.”. Por isso, o planejamento de ensino realizado pelo professor, deve levar em conta os conhecimentos prévios destes alunos e aquilo que desejam aprender, a partir da realidade da sua comunidade, de forma a organizar todas as etapas do trabalho escolar.

Uma das ferramentas para auxiliar o professor no seu planejamento é o plano de aula, no qual são detalhadas as ações e objetivos a serem alcançados para um determinado momento. Segundo Menegola e Sant’anna (2008, p.46) “o plano é um roteiro de uso diário na sala de aula; é um guia de trabalho; é um manual de uso constante; enfim, é um roteiro que direciona uma linha de pensamento e ação”.

Por isso no PIBID-EJA os planos de aula são construídos coletivamente após discussões teóricas referentes às três categorias estabelecidas no subprojeto Institucional: “Entre a Universidade e a Escola: a mediação do Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) potencializando a práxis pedagógica” e a aplicação de um diagnóstico como forma de detectar as habilidades de leitura, oralidade, escrita e matemática já desenvolvidas pelos estudantes da turma em que o professor em formação irá atuar.

A FUNÇÃO DO DIAGNÓSTICO PARA O PLANEJAMENTO DAS AULAS No planejamento das aulas é fundamental que o educador conheça o nível de aprendizagem dos seus estudantes para então propor atividades adequadas, mediando os conhecimentos e atuando no que Vygotsky chama de Zona de Desenvolvimento Proximal (ZDP) do aluno. Da mesma forma que os estudos de Vygotsky concentram-se nas crianças, o conceito de ZDP também aplica-se a jovens e adultos, ou seja, o professor atua mediando o nível atual de desenvolvimento, estabelecido pela capacidade atual do educando de solucionar dificuldades e o nível de desenvolvimento potencial que é definido através da resolução de problemas sob a orientação e cooperação com outras pessoas.

Nesse processo, o diagnóstico de aprendizagem contribui de maneira significativa para preparação dos planos de aula. Com base nele é possível conhecer o aluno e seu ambiente, investigando quais as suas aspirações, frustrações, necessidades e possibilidades, planejando aulas baseadas nas reais necessidades educacionais da turma,

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conforme afirma Danilo Gandin (1997, p. 31) “[...] se não se conhecer a realidade, não se pode realizar um diagnóstico”.

No sub-projeto do PIBID/UNEB o diagnóstico que utilizamos para uma posterior intervenção continha as seguintes categorias em relação à aprendizagem dos estudantes: leitura, escrita, oralidade e matemática. Em relação à categoria de escrita observamos em quais níveis os alunos se encontravam: pré-silábico, silábico, silábico-alfabético, alfabético e ortográfico. Quanto à categoria leitura, tentamos observar se os estudantes já realizavam uma leitura inicial, se compreendiam ou não aquilo que liam ou se liam fluentemente.

No que tange à categoria oralidade observamos de uma forma geral se os alunos tinham ou não dificuldades de interação, se articulavam e organizavam as ideias objetivamente e se expressavam desejos ou sentimentos durantes às aulas. Na categoria de matemática a observação centrou-se na compreensão do sistema de numeração decimal e na realização das quatro operações matemáticas.

Para obtenção dos dados de preenchimento deste recurso, observamos oito aulas ministradas por duas professoras regentes de uma escola da rede Municipal de Salvador/Ba e aplicamos atividades nas quais pudemos analisar a escrita e leitura dos estudantes nos componentes curriculares ofertados pela instituição de modo que pudéssemos sondar as habilidades desenvolvidas nas categorias supracitadas.

Este diagnóstico de aprendizagem nos levou a refletir acerca da importância da verificação e obtenção destes dados para preparação das aulas, visto que, a educação de jovens e adultos se dá em um contexto em que alguns destes estudantes voltam à escola com o objetivo de aperfeiçoar a leitura e a escrita e outros vão com o desejo de aprender a ler e escrever, seja para o ingresso no mercado de trabalho ou para leitura de textos bíblicos, ou mesmo para rotinas cotidianas e familiares.

Com base nesta aplicação pudemos compreender que o processo educativo demanda muito estudo e sistematização por parte do professor, de modo que sua prática resulte em aprendizagens significativas para os educandos. Para nossa formação profissional percebemos a grande relevância que é planejarmos nossas aulas pensando na heterogeneidade presente em sala de aula.

Com os dados coletados surgiu o desafio de elaborarmos atividades em diferentes níveis para uma mesma turma, utilizando-se de um mesmo conteúdo.

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As experiências adquiridas ao longo dos estágios supervisionados na Universidade do Estado da Bahia, da qual somos integrantes, fortaleceram a importância do planejamento de aulas como um recurso prévio que possibilita ao professor nortear suas ações de acordo com as necessidades da turma. No entanto, percebemos uma lacuna existente durante a aplicação das atividades devido à falta de conhecimento das habilidades já adquiridas por cada estudante, o que ocasionava um distanciamento entre a proposta da atividade e a resolução pelos estudantes das proposições sugeridas.

Durante este processo de formação, optamos por integrar o quadro de bolsistas do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação a Docência (PIBID) visando aprimorar o saber-fazer docente. Neste percurso, o PIBID nos proporcionou vivenciar de maneira significativa a prática docente levando em consideração as especificidades de cada discente aprimorando o nosso ato de planejar de maneira crítica, reflexiva e construtiva por meio do quadro diagnóstico que tem por objetivo identificar as habilidades já adquiridas pelos alunos e aquelas que ainda necessitam ser aprimoradas.

No período de elaboração dos planos de aula para a regência sentimos dificuldade em elaborar aulas claras e objetivas voltadas aos diferentes níveis de aprendizagens da turma englobando a temática central proposta pelo Subprojeto do PIBID. Neste caso, teríamos que atrelar o tema do projeto com as áreas que orientam a Educação de Jovens e Adultos (Língua Portuguesa, Matemática e Estudos da Sociedade e da Natureza) de modo que, durante a aplicação das aulas disponibilizássemos atividades diferenciadas considerando o nível de aprendizagem de cada estudante.

O ser humano vive trocas constantes com o meio e sujeitos que dele fazem parte, ou seja, vive em um mundo de relações contínuas entrelaçado por inúmeras conexões entre os sujeitos. Na escola não é diferente, no entanto, em alguns cursos de formação de professores há a dissociação destas relações na qual se estabelece divisões entre teoria e prática como se a vida e as relações interpessoais fossem estáticas: primeiro a teoria e depois a aplicação dela (prática). Contudo, é necessário compreender que estes dois conceitos são indissociáveis, visto que, um complementa o outro como um ciclo que não pode ser interrompido.

Contudo, quando há um suporte orientador e facilitador no diagnóstico das habilidades e necessidades dos alunos o processo pode revelar-se mais tranquilo, clareando o caminho que norteará o educador na proposição e aplicação do conteúdo. Este suporte contribuiu profundamente para sanar nossas angústias em relação à

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preparação das aulas, pois, trouxe subsídios a partir do diagnóstico geral da turma com base nos dados obtidos.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O resultado que obtivemos com a aplicação dos planos de aulas foi muito positivo, conseguimos elaborar, por meio do planejamento, aulas consistentes nas quais os alunos se empenhavam em expor suas ideias com as questões que lançávamos, respondiam as atividades com muito interesse e discutiam o mesmo tema com muita fluidez, mesmo estando em níveis de aprendizagem diferentes, conforme constatamos com a aplicação do diagnóstico.

A nossa caminhada no PIBID, fez-nos perceber que o processo de aplicação do diagnóstico engloba uma dimensão importantíssima no âmbito educacional, pois por meio dele se torna possível conhecer os alunos e suas especificidades no que tange ao processo de desenvolvimento intelectual, criando assim estratégias no planejamento que venham contribuir da forma mais eficiente possível para o desenvolvimento do educando.

É de suma importância compreender que o diagnóstico não é um fim em si mesmo, mas, um meio que tem como objetivo principal conhecer as habilidades dos alunos para um planejamento que atinja a aprendizagem efetiva e significativa do aluno a qual atende. O PIBID e os estágios supervisionados devem manter estreita relação nas trocas de experiências para que aqueles alunos que não tenham conseguindo pleitear uma vaga no PIBID possam entender o que é uma relação constante com a escola ao longo do ano letivo.

Desta forma, pudemos compreender que é necessária a aplicação do diagnóstico em todos os níveis escolares como um instrumento prévio para aplicação das aulas, e que os estágios supervisionados da Universidade do Estado da Bahia, dos cursos de licenciaturas, devem adotar a utilização deste diagnóstico como prática constante em suas observações na escola, pois o mesmo tem como foco, o aluno, principal sujeito no espaço escolar.

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FREIRE, Paulo. Educação de adultos: algumas reflexões. In: GADOTTI, Moacir. ROMÃO, José E. (orgs.). Educação de Jovens e Adultos: teoria, prática e proposta. 12.ed. São Paulo: Cortez,2011.

GANDIN, Danilo. Planejamento como Prática Educativa. 9. Ed., São Paulo: Loyola, 1997.

HAYDT, Regina Célia Cazaux. Curso de Didática Geral. 8 ed., São Paulo: Ática, 2006.

MENEGOLLA, Maximiliano; SANT’ANNA. Ilza Martins. Por que planejar? Como planejar? 16. ed., Rio de Janeiro: Vozes, 2008.

REGO, Teresa Cristina. Lev Vigotsky: O Teórico do Ensino como Processo Social. Revista Nova Escola Grandes Pensadores. São Paulo, nº 19, Ed. Abril, julho de 2008. RIOS, Clara Maria Almeida. A Educação de Jovens e Adultos no contexto contemporâneo da formação continuada de professores e das tecnologias da informação e comunicação. Bahia: EDUNED, 2012.

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Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior- CAPES. Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência- PIBID. Disponível em: http://www.capes.gov.br/educacaobasica/capespibid. Acesso em 02 de outubro de 2014

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