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TÍTULOS DE CRÉDITO PROF. LUIZ GONZAGA MODESTO DE PAULA

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO

FACULDADE DE DIREITO

RESUMO DAS AULAS

DIREITO COMERCIAL II

TÍTULOS DE CRÉDITO

PROF. LUIZ GONZAGA MODESTO DE PAULA

(2)

TÍTULOS DE CRÉDITO Página 2

PROGRAMA

1. CONCEITO DE TÍTULO DE CRÉDITO.

1.1. CONCEITOS. O CRÉDITO.

1.2. CARACTERÍSTICAS DOS TÍTULOS DE CRÉDITO.

CARTULARIDADE. LITERALIDADE. CIRCULABILIDADE. AUTONOMIA.

INDEPENDÊNCIA. ABSTRAÇÃO. TIPICIDADE. EXECUTIVIDADE.

INOPONIBILIDADE

2. PRINCIPAIS TÍTULOS DE CRÉDITO.

LETRA DE CÂMBIO. NOTA PROMISSÓRIA

CHEQUE. DUPLICATA MERCANTIL E DE SERVIÇO.

2.1. TÍTULOS DE CRÉDITO PRÓPRIOS.

2.2. TÍTULOS DE CRÉDITO IMPRÓPRIOS.

2.3. TÍTULOS DE CRÉDITO ELETRÔNICOS

3. CLASSIFICAÇÃO DOS TÍTULOS DE CRÉDITO.

3.1. QUANTO AO MODELO:

VINCULADOS (CHEQUE E DUPLICATA). LIVRES (NP e LC).

3.2. QUANTO Á ESTRUTURA:

ORDEM DE PAGAMENTO (CHEQUE, DUPLICATA E LETRA DE CÂMBIO).

PROMESSA DE PAGAMENTO (NOTA PROMISSÓRIA).

3.3. QUANTO Á HIPÓTESE DE EMISSÃO:

CAUSAIS (DUPLICATAS). LIMITADOS (LETRA DE CÂMBIO).

NÃO CAUSAIS (CHEQUE E NP).

3.4. QUANTO Á CIRCULAÇÃO:

AO PORTADOR (SIMPLES TRADIÇÃO)

NOMINATIVOS À ORDEM (ENDOSSO).

NOMINATIVOS NÃO À ORDEM (CESSÃO CIVIL).

NOMINAIS.

3.5. TÍTULOS DE CRÉDITO IMPRÓPRIOS:

DE LEGITIMAÇÃO.

DE INVESTIMENTO.

DE FINANCIAMENTO.

REPRESENTATIVOS

3.6. OUTROS CRITÉRIOS PARA CLASSIFICAÇÃO.

MODELO.

ESTRUTURA.

CONTEÚDO.

NATUREZA.

MODO DE EMISSÃO,

CIRCULAÇÃO.

QUANTO AO PRAZO.

EMITENTE.

COBRANÇA.

ÁREA DA ECONOMIA.

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TÍTULOS DE CRÉDITO Página 3

3.7. OUTRAS CLASSIFICAÇÕES (CÓDIGO CIVIL)

3.7.1. QUANTO À NATUREZA:

ABSTRATOS.

CAUSAIS.

3.7.2. QUANTO AO MODO DE CIRCULAÇÃO.

AO PORTADOR.

NOMINATIVOS À ORDEM.

NOMINATIVOS “NÃO À ORDEM”

4. INSTITUTOS CARACTERÍSTICOS DO DIREITO CAMBIAL.

4.1. SUJEITOS DA RELAÇÃO CAMBIAL:

CREDOR. DEVEDOR.

EMITENTE

SACADOR. SACADO.

ACEITANTE.

COOBRIGADOS.

AVALISTA. AVALIZADO.

ENDOSSANTE. ENDOSSATÁRIO

4.2. ATOS CAMBIÁRIOS:

VENCIMENTO.

PAGAMENTO.

PROTESTO.

EMISSÃO (ou saque).

ACEITE.

ENDOSSO.

AVAL

5. PRINCIPAIS TÍTULOS DE CRÉDITO.

LETRA DE CÂMBIO.

HISTÓRIA – CONCEITO – REQUISITOS.

NOTA PROMISSÓRIA.

CONCEITO – REQUISITOS – PRESCRIÇÃO.

CHEQUE.

CONCEITO – PARTICIPANTES – REQUISITOS.

FORMAS - TIPOS – PRESCRIÇÃO.

DUPLICATA.

CONCEITO – ORIGEM. TIPOS – REQUISITOS.

PRESCRIÇÃO.

TRIPLICATA.

DUPLICATA SIMULADA

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TÍTULOS DE CRÉDITO Página 4

TÍTULOS DE CRÉDITO

CONCEITO DE CRÉDITO

relação de confiança entre duas pessoas: o que concede (credor) e o que recebe (devedor)

CONCEITO DE TÍTULO DE CRÉDITO

“Título de crédito é o documento necessário para o exercício do direito literal e autônomo nele mencionado.”

CESARE VIVANTE

“documento necessário ao exercício do direito literal e autônomo nele contido, ...”

ART. 887 DO CÓDIGO CIVIL “documento que corporifica um direito de crédito de natureza patrimonial e obrigacional."

RUBENS REQUIÃO

CARACTERÍSTICAS

= SE REFEREM UNICAMENTE A RELAÇÕES CREDITÍCIAS = SÃO TÍTULOS EXECUTIVOS EXTRAJUDICIAIS

= NEGOCIABILIDADE

PRINCÍPIOS

CARTULARIDADE = não existe o direito sem o documento LITERALIDADE = tem exatamente o valor nele escrito.

CIRCULABILIDADE = transferência do papel transfere o direito nele contido AUTONOMIA = cada obrigação cambial existe por si só

INDEPENDÊNCIA = basta por si mesmo

ABSTRAÇÃO = independe da causa e da origem

TIPICIDADE = são todos criados e previstos em lei

Art. 887 do Código Civil: “O título de crédito, documento necessário ao exercício do direito literal e autônomo nele contido, só produz efeito quando preencha os requisitos da lei.”

EXECUTIVIDADE = não dependem de processo de conhecimento

para cobrança judicial (arts. 566, I e 585, I e VII do CPC.)

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TÍTULOS DE CRÉDITO Página 5

CARACTERÍSTICAS DOS TÍTULOS DE CRÉDITO

AS CARACTERÍSTICAS AQUI RELATADAS SÃO AS DO CÓDIGO CIVIL (ARTS. 887 E SEGUINTES) QUE SÓ SE APLICAM AOS TÍTULOS DE CRÉDITO NÃO REGULADOS POR LEI ESPECIAL. NÃO SE APLICAM, PORTANTO, AOS PRINCIPAIS TÍTULOS DE CRÉDITO ATÉ AQUI ESTUDADOS: LETRA DE CÂMBIO, NOTA PROMISSÓRIA, CHEQUE E DUPLICATAS.

REQUISITOS

Genéricos

Art. 889. Deve o título de crédito conter a data da emissão, a indicação

precisa dos direitos que confere, e a assinatura do emitente.

§ 1o É à vista o título de crédito que não contenha indicação de vencimento.

§ 2o Considera-se lugar de emissão e de pagamento, quando não indicado no

título, o domicílio do emitente.

§ 3o O título poderá ser emitido a partir dos caracteres criados em

compu-tador ou meio técnico equivalente e que constem da escrituração do

emi-tente, observados os requisitos mínimos previstos neste artigo.

Cláusulas proibidas:

Art. 890. Consideram-se não escritas no título a cláusula de juros, a proibitiva de endosso, a excludente de responsabilidade pelo pagamento ou por despe-sas, a que dispense a observância de termos e formalidade prescritas, e a que, além dos limites fixados em lei, exclua ou restrinja direitos e obrigações.

Preenchimento:

Art. 891. O título de crédito, incompleto ao tempo da emissão, deve ser pre-enchido de conformidade com os ajustes realizados.

Parágrafo único. O descumprimento dos ajustes previstos neste artigo pelos que deles participaram, não constitui motivo de oposição ao terceiro portador, salvo se este, ao adquirir o título, tiver agido de má-fé.

Assinatura:

Art. 892. Aquele que, sem ter poderes, ou excedendo os que tem, lança a sua assinatura em título de crédito, como mandatário ou representante de ou-trem, fica pessoalmente obrigado, e, pagando o título, tem ele os mesmos di-reitos que teria o suposto mandante ou representado.

Transferência:

Art. 893. A transferência do título de crédito implica a de todos os direitos que lhe são inerentes.

Art. 894. O portador de título representativo de mercadoria tem o direito de transferi-lo, de conformidade com as normas que regulam a sua circulação, ou de receber aquela independentemente de quaisquer formalidades, além da entrega do título devidamente quitado.

Garantia:

Art. 895. Enquanto o título de crédito estiver em circulação, só ele poderá ser dado em garantia, ou ser objeto de medidas judiciais, e não, separadamente, os direitos ou mercadorias que representa.

Reivindicação:

Art. 896. O título de crédito não pode ser reivindicado do portador que o ad-quiriu de boa-fé e na conformidade das normas que disciplinam a sua circula-ção.

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TÍTULOS DE CRÉDITO Página 6

CARACTERÍSTICAS

CARTULARIDADE

“Art. 887. O título de crédito, documento que....”

O título de crédito se assenta, se materializa, numa cártula, ou seja, num pa-pel ou documento. Sem o preenchimento dessa condição fica impossibilitado o exercício do direito nele contido.

LITERALIDADE

“Art. 887. O título de crédito, documento necessário ao exercício do direito li-teral e ...”

O título é literal porque sua existência se regula pelo teor de seu conteúdo. O título de crédito se enuncia em um escrito, e somente o que está nele inserido se leva em consideração: uma obrigação que dele não conste, embora sendo expressa em documento separado, nele não se entrega.

AUTONOMIA

“Art. 887. O título de crédito, documento necessário ao exercício do direito li-teral e autônomo...”

Diz-se que o título de crédito é autônomo, porque o possuidor de boa fé exer-cita um direito próprio, que não pode ser restringido ou destruído em virtude das relações existentes entre os anteriores possuidores e o devedor. Cada obrigação que deriva o título é autônoma em relação às demais.

INDEPENDÊNCIA

São títulos de crédito regulados pela lei, de forma a se bastarem a si mesmos. É o caso da letra de câmbio. Não se admite a independência como um carac-terístico geral, pois existem muitos títulos de crédito que se referem a contra-tos que lhes deram origem, como as ações das sociedades anônimas, que se fundam e se vinculam ao ato de constituição da sociedade anônima.

ABSTRAÇÃO

Podem circular como documentos abstratos, sem ligação com a causa a que devem sua origem. A causa fica fora da obrigação, como no caso da letra de câmbio e notas bancárias.

TIPICIDADE

Art. 887. O título de crédito, documento necessário ao exercício do direito lite-ral e autônomo nele contido, somente produz efeito quando preencha os re-quisitos da lei.

Art. 888. A omissão de qualquer requisito legal, que tire ao escrito a sua vali-dade como título de crédito, não implica a invalivali-dade do negócio jurídico que lhe deu origem.

Os títulos de crédito são todos anteriormente previstos ou criados por lei.

EXECUTIVIDADE

A cobrança do título de credito por via judicial prescinde de ação de conheci-mento porque são considerados títulos executivos extrajudiciais. A cobrança judicial se inicia pela penhora de bens do devedor.

INOPONIBILIDADE

Como o título de credito e um documento que serve para a circulação do cre-dito o devedor não pode assacar contra o portador exceções pessoais que ti-nha contra o credor original.

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TÍTULOS DE CRÉDITO Página 7

PRINCIPAIS TÍTULOS DE CRÉDITO

TÍTULOS DE CRÉDITO PRÓPRIOS

LETRA DE CÂMBIO Dec. n°. 2.044, de 31.12.1908 – Dec. n°. 57.663, de 24.01.66 (Lei Uniforme)

NOTA PROMISSÓRIA Dec. n°. 2.044, de 31.12.1908 - Dec. n°. 57.663, de 24.01.66 CHEQUE Dec. n°. 57.595, de 07.01.66 (Lei Uniforme) - Lei n°. 7.357, de 02.09.85

(?)

DUPLICATA MERCANTIL E DE SERVIÇO : Lei n°. 5.474/68 - Lei n°. 6.458, de 01.11.77

TÍTULOS DE CRÉDITO IMPRÓPRIOS

TRANSPORTE E DEPÓSITO

Conhecimento de Transporte Dec. n°. 19.473, de 10.12.30 e Dec. n°. 20.454, de 29.09.31 Conhecimento de Depósito (Warrant) - Decreto n°. 19.473, de 10.12.30

RURAIS

Cédula Rural Pignoratícia Cédula Rural Hipotecária

Cédula Rural Pignoratícia e Hipotecária Nota de Crédito Rural

Nota Promissória Rural Decreto Lei n°. 167, de 14.02.67 - Lei n°. 6.754, de 17.12.79 Bilhete de Mercadoria Lei n°. 165-A, de 1890 - Lei n°. 4.829, de 05.11.65 (Art. 25) Cédula de Produto Rural Lei n°. 8.929, de 22.08.94

COOPERATIVAS

Conhecimento de Depósito (Warrant Cooperativo) Lei n°. 5.764, de 16.12.71 (art.82) EXPORTAÇÃO

Cédula De Crédito À Exportação

Nota De Crédito À Exportação Lei n°. 6.313, de 16.12.75 - D.Lei °. 413, de 09.01.69 INDÚSTRIA E COMÉRCIO

Cédula de Crédito Industrial

Nota de Crédito Industrial Decreto-Lei n°. 413, de 09.01.69 Cédula de Crédito Comercial

Nota de Crédito Comercial Lei n°. 6.840, de 03.11.80 FINANCEIRAS

Letra de Câmbio Financeira Lei n°. 4.728, de 14.07.65 (art. 27) Certificado de Depósito Bancário Lei n°. 4728, de 14.07.65 (art. 30 e 31)

Letra Hipotecária DL. 169-A, de 19/1/1890 - Lei n°. 7.684, de 02.12.88 Letra Imobiliária Lei n°. 4.380, de 21.08.64

Cédula Hipotecária Decreto-lei n°. 70, de 21.11.66

VALORES MOBILIÁRIOS (Títulos de emissão das Sociedades Anônimas Lei n° 6.404, de 15.12.76)

Ações - certificado de depósito de ações

Debêntures - certificado de depósito de debêntures

partes beneficiárias - certificado de depósito de partes beneficiárias cédula pignoratícia de debêntures

bônus de subscrição cupões

Commercial paper – (nota promissória) Instrução CVM. 137 OUTROS

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TÍTULOS DE CRÉDITO Página 8

CLASSIFICAÇÃO DOS TÍTULOS DE CRÉDITO

QUANTO AO MODELO:

VINCULADOS

(CHEQUE E DUPLICATA)

LIVRES

(NP e LC)

QUANTO Á ESTRUTURA:

ORDEM DE PAGAMENTO

(CHEQUE, DUPLICATA E LETRA DE CÂMBIO)

PROMESSA DE PAGAMENTO

(NOTA PROMISSÓRIA)

QUANTO Á HIPÓTESE DE EMISSÃO:

CAUSAIS

(DUPLICATAS)

LIMITADOS

(LETRA DE CÂMBIO)

NÃO CAUSAIS

(CHEQUE E NP)

QUANTO Á CIRCULAÇÃO:

AO PORTADOR

(SIMPLES TRADIÇÃO)

NOMINATIVOS À ORDEM

(ENDOSSO)

NOMINATIVOS NÃO À ORDEM

(CESSÃO CIVIL)

NOMINAIS

TÍTULOS DE CRÉDITO PRÓPRIOS

OBEDECEM ÀS REGRAS O DIREITO CAMBIAL

TÍTULOS DE CRÉDITO IMPRÓPRIOS :

DE LEGITIMAÇÃO

(PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS)

=

NÃO SÃO EXECUTÁVEIS

LOTERIAS, PASSAGEM DE AVIÃO, PASSE DE METRÔ, ENTRADA DE CINEMA

DE INVESTIMENTO

LETRA IMOBILIÁRIA

LETRA DE CÂMBIO FINANCEIRA CDB DEBÊNTURES

DE FINANCIAMENTO

CÉDULA DE CRÉDITO NOTA DE CRÉDITO

REPRESENTATIVOS

CONHECIMENTO DE TRANSPORTE

CONHECIMENTO DE DEPÓSITO E WARRANT

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TÍTULOS DE CRÉDITO Página 9

OUTRA FORMA DE CLASSIFICAÇÃO

MODELO :

⇒ livre - letra de câmbio, nota promissória ⇒ vinculado - cheque, duplicata

ESTRUTURA :

⇒ ordem de pagamento = cheque

⇒ promessa de pagamento = nota promissória

⇒ reconhecimento de obrigação = letra de câmbio, duplicata

CONTEÚDO :

⇒ direito real = cédula pignoratícia ⇒ direito pessoal = ações

⇒ serviços = passagem aérea, vale refeição

NATUREZA (hipótese de emissão) :

⇒ causais = duplicatas, ações

⇒ abstratos = cheque, letra de câmbio

⇒ simples = duplicatas, cheques, nota promissória ⇒ complexos = ações, debêntures

MODO DE EMISSÃO :

⇒ singulares = cheque, nota promissória ⇒ seriais = duplicatas, debêntures, ações

CIRCULAÇÃO :

⇒ ao portador

⇒ nominativos (não à ordem)

⇒ nominativos endossáveis (à ordem)

QUANTO AO PRAZO

⇒ à vista ⇒ à prazo certo

⇒ à prazo de vista (à termo da vista) ⇒ à prazo da data (à termo da data)

EMITENTE

⇒ públicos ⇒ privados

COBRANÇA

⇒ “querable” (quesíveis)= devedor aguarda cobrança (todos) ⇒ “portable” (portáveis) = devedor deve ir pagar

ÁREA DA ECONOMIA : ⇒ comerciais, ⇒ industriais ⇒ rurais ⇒ de serviços ⇒ financeiros, etc.

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TÍTULOS DE CRÉDITO Página 10

CLASSIFICAÇÃO DO CÓDIGO CIVIL

QUANTO À NATUREZA:

ABSTRATOS: são os mais perfeitos como títulos de crédito, pois deles, não se indaga a origem, vale o crédito que na cártula foi escrito;

CAUSAIS: aqueles que estão vinculados à sua origem.

Como tais, são imperfeitos ou impróprios. São considerados títulos de crédi-to, pois são suscetíveis de circulação por endosso, e levam neles corporifica-da a obrigação (ex.: duplicata, conhecimento de transporte).

QUANTO AO MODO DE CIRCULAÇÃO:

TÍTULOS AO PORTADOR: não revelam o nome da pessoa beneficiada, têm inserida

a cláusula “ao portador” ou mantêm em branco o nome do beneficiário ou tomador, que é o titular do crédito; a sua circulação se processa com extrema facilidade, pela simples tradição manual;

Art. 904. A transferência de título ao portador se faz por simples tradição. Art. 905. O possuidor de título ao portador tem direito à prestação nele indi-cada, mediante a sua simples apresentação ao devedor.

Parágrafo único. A prestação é devida ainda que o título tenha entrado em circulação contra a vontade do emitente.

Art. 906. O devedor só poderá opor ao portador exceção fundada em direito pessoal, ou em nulidade de sua obrigação.

Art. 907. É nulo o título ao portador emitido sem autorização de lei especial. Art. 908. O possuidor de título dilacerado, porém identificável, tem direito a obter do emitente a substituição do anterior, mediante a restituição do pri-meiro e o pagamento das despesas.

Art. 909. O proprietário, que perder ou extraviar título, ou for injustamente desapossado dele, poderá obter novo título em juízo, bem como impedir se-jam pagos a outrem capital e rendimentos.

Parágrafo único. O pagamento, feito antes de ter ciência da ação referida neste artigo, exonera o devedor, salvo se se provar que ele tinha conheci-mento do fato.

TÍTULOS NOMINATIVOS: são aqueles emitidos em favor de pessoa cujo nome

conste no registro do emitente e este não está obrigado a reconhecer como proprie-tário senão quem figure no registro nessa condição; os títulos nominativos somente podem ser transferidos através de endosso em preto, efetuada a averbação no livro do emitente;

Art. 921. É título nominativo o emitido em favor de pessoa cujo nome conste no registro do emitente.

Art. 922. Transfere-se o título nominativo mediante termo, em registro do emitente, assinado pelo proprietário e pelo adquirente.

Art. 923. O título nominativo também pode ser transferido por endosso que contenha o nome do endossatário.

§ 1o A transferência mediante endosso só tem eficácia perante o emitente,

uma vez feita a competente averbação em seu registro, podendo o emi-tente exigir do endossatário que comprove a autenticidade da assinatura do endossante.

§ 2o O endossatário, legitimado por série regular e ininterrupta de endossos,

tem o direito de obter a averbação no registro do emitente, comprovada a autenticidade das assinaturas de todos os endossantes.

§ 3o Caso o título original contenha o nome do primitivo proprietário, tem

di-reito o adquirente a obter do emitente novo título, em seu nome, devendo a emissão do novo título constar no registro do emitente.

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TÍTULOS DE CRÉDITO Página 11 Art. 924. Ressalvada proibição legal, pode o título nominativo ser transfor-mado em à ordem ou ao portador, a pedido do proprietário e à sua custa. Art. 925. Fica desonerado de responsabilidade o emitente que de boa-fé fi-zer a transferência pelos modos indicados nos artigos antecedentes.

Art. 926. Qualquer negócio ou medida judicial, que tenha por objeto o título, só produz efeito perante o emitente ou terceiros, uma vez feita a competen-te averbação no registro do emicompeten-tencompeten-te.

TÍTULOS À ORDEM: são os emitidos em favor de pessoa determinada, e podem ser

transferidos por endosso. (o endosso será visto adiante).

TÍTULOS “NÃO À ORDEM”: não podem ser transferidos por endosso. CONVERSIBILIDADE DOS TÍTULOS DE CRÉDITO:

Os títulos de crédito nascem com sua lei de circulação, dependente ou da intenção da lei, ou da vontade do emitente.

Quando é a lei que determina a forma do título, não é possível convertê-lo em outra (ex.: uma ação de sociedade, que a lei determina seja nominativa, não pode ser trans-formada pela vontade da sociedade ou do acionista em ação ao portador).

Quando a lei, entretanto, não impõe diretivas, a vontade do emitente ou do detentor prevalece. Se o título é omitido como nominativo, no caso do acionista pedir à sociedade a sua conversão em ação ao portador.

REGRAS GERAIS

O Código Civil estabelece regras gerais para os títulos de crédito. Não pretende, porém, regular cada um dos títulos de crédito existente no direito pátrio. Suas normas, de cará-ter geral, permanecem como fonte subsidiária, aplicáveis sempre que não houve disposi-ção específica a regulamentar a matéria.

No caso dos títulos atípicos (não regulados por lei), aplicam-se apenas as normas do Có-digo Civil.

Art. 903. Salvo disposição diversa em lei especial, regem-se os títulos de crédito pelo disposto neste Código.

LEI UNIFORME DE GENEBRA.

A Lei Uniforme de Genebra de 1930, adotada no Brasil pelo Decreto 57.663, traz uma sistematização de princípio e regras presentes em vários países, fixando normas inter-nacionais para os títulos de crédito. Deve-se analisar primeiro a Lei Uniforme e somente se esta não disciplinar a questão, aplicar as normas do Código Civil.

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TÍTULOS DE CRÉDITO Página 12

AS REGRAS DO CÓDIGO CIVIL

Art. 887. O título de crédito, documento necessário ao exercício do direito literal e autônomo nele contido, so-mente produz efeito quando preencha os requisitos da lei.

Art. 888. A omissão de qualquer requisito legal, que tire ao escrito a sua validade como título de crédito, não implica a invalidade do negócio jurídico que lhe deu origem.

Art. 889. Deve o título de crédito conter a data da emissão, a indicação precisa dos direitos que confere, e a assinatura do emitente.

§ 1º É à vista o título de crédito que não contenha indicação de vencimento.

§ 2º Considera-se lugar de emissão e de pagamento, quando não indicado no título, o domicílio do emitente. § 3º O título poderá ser emitido a partir dos caracteres criados em computador ou meio técnico equivalente e que constem da escrituração do emitente, observados os requisitos mínimos previstos neste artigo.

Art. 890. Consideram-se não escritas no título a cláusula de juros, a proibitiva de endosso, a excludente

de responsabilidade pelo pagamento ou por despesas, a que dispense a observância de termos e

formali-dade prescritas, e a que, além dos limites fixados em lei, exclua ou restrinja direitos e obrigações.

Art. 891. O título de crédito, incompleto ao tempo da emissão, deve ser preenchido de conformidade com os ajustes realizados.

Parágrafo único. O descumprimento dos ajustes previstos neste artigo pelos que deles participaram, não consti-tui motivo de oposição ao terceiro portador, salvo se este, ao adquirir o título, tiver agido de má-fé.

Art. 892. Aquele que, sem ter poderes, ou excedendo os que tem, lança a sua assinatura em título de crédito, como mandatário ou representante de outrem, fica pessoalmente obrigado, e, pagando o título, tem ele os mesmos direitos que teria o suposto mandante ou representado.

Art. 893. A transferência do título de crédito implica a de todos os direitos que lhe são inerentes.

Art. 894. O portador de título representativo de mercadoria tem o direito de transferi-lo, de conformidade com as normas que regulam a sua circulação, ou de receber aquela independentemente de quaisquer formalidades, além da entrega do título devidamente quitado.

Art. 895. Enquanto o título de crédito estiver em circulação, só ele poderá ser dado em garantia, ou ser objeto de medidas judiciais, e não, separadamente, os direitos ou mercadorias que representa.

Art. 896. O título de crédito não pode ser reivindicado do portador que o adquiriu de boa- fé e na conformidade das normas que disciplinam a sua circulação.

Art. 897. O pagamento de título de crédito, que contenha obrigação de pagar soma determinada, pode ser garantido por aval.

Parágrafo único. É vedado o aval parcial.

Art. 898. O aval deve ser dado no verso ou no anverso do próprio título.

§ 1º Para a validade do aval, dado no anverso do título, é suficiente a simples assinatura do avalista. § 2º Considera-se não escrito o aval cancelado.

Art. 899. O avalista equipara-se àquele cujo nome indicar; na falta de indicação, ao emitente ou devedor final. § 1º Pagando o título, tem o avalista ação de regresso contra o seu avalizado e demais coobrigados anteriores. § 2º Subsiste a responsabilidade do avalista, ainda que nula a obrigação daquele a quem se equipara, a menos que a nulidade decorra de vício de forma.

Art. 900. O aval posterior ao vencimento produz os mesmos efeitos do anteriormente dado.

Art. 901. Fica validamente desonerado o devedor que paga título de crédito ao legítimo portador, no vencimen-to, sem oposição, salvo se agiu de má-fé.

Parágrafo único. Pagando, pode o devedor exigir do credor, além da entrega do título, quitação regular. Art. 902. Não é o credor obrigado a receber o pagamento antes do vencimento do título, e aquele que o paga, antes do vencimento, fica responsável pela validade do pagamento.

§ 1º No vencimento, não pode o credor recusar pagamento, ainda que parcial.

§ 2º No caso de pagamento parcial, em que se não opera a tradição do título, além da quitação em separado, outra deverá ser firmada no próprio título.

Art. 903. Salvo disposição diversa em lei especial, regem-se os títulos de crédito pelo disposto neste Código.

Art. 904. A transferência de título ao portador se faz por simples tradição.

Art. 905. O possuidor de título ao portador tem direito à prestação nele indicada, mediante a sua simples apre-sentação ao devedor.

Parágrafo único. A prestação é devida ainda que o título tenha entrado em circulação contra a vontade do emi-tente.

Art. 906. O devedor só poderá opor ao portador exceção fundada em direito pessoal, ou em nulidade de sua obrigação.

Art. 907. É nulo o título ao portador emitido sem autorização de lei especial.

Art. 908. O possuidor de título dilacerado, porém identificável, tem direito a obter do emitente a substituição do anterior, mediante a restituição do primeiro e o pagamento das despesas.

Art. 909. O proprietário, que perder ou extraviar título, ou for injustamente desapossado dele, poderá obter novo título em juízo, bem como impedir sejam pagos a outrem capital e rendimentos.

Parágrafo único. O pagamento, feito antes de ter ciência da ação referida neste artigo, exonera o devedor, salvo se se provar que ele tinha conhecimento do fato.

Art. 910. O endosso deve ser lançado pelo endossante no verso ou anverso do próprio título. § 1º Pode o endossante designar o endossatário, e para validade do endosso, dado no verso do título, é sufici-ente a simples assinatura do endossante.

§ 2º A transferência por endosso completa-se com a tradição do título. § 3º Considera-se não escrito o endosso cancelado, total ou parcialmente.

(13)

TÍTULOS DE CRÉDITO Página 13 Art. 911. Considera-se legítimo possuidor o portador do título à ordem com série regular e ininterrupta de en-dossos, ainda que o último seja em branco.

Parágrafo único. Aquele que paga o título está obrigado a verificar a regularidade da série de endossos, mas não a autenticidade das assinaturas.

Art. 912. Considera-se não escrita no endosso qualquer condição a que o subordine o endossante. Parágrafo único. É nulo o endosso parcial.

Art. 913. O endossatário de endosso em branco pode mudá-lo para endosso em preto, completando-o com o seu nome ou de terceiro; pode endossar novamente o título, embranco ou em preto; ou pode transferi-lo sem novo endosso.

Art. 914. Ressalvada cláusula expressa em contrário, constante do endosso, não responde o

endos-sante pelo cumprimento da prestação constante do título.

§ 1º Assumindo responsabilidade pelo pagamento, o endossante se torna devedor solidário.

§ 2º Pagando o título, tem o endossante ação de regresso contra os coobrigados anteriores. Art. 915. O devedor, além das exceções fundadas nas relações pessoais que tiver com o portador, só poderá opor a este as exceções relativas à forma do título e ao seu conteúdo literal, à falsidade da própria assinatura, a defeito de capacidade ou de representação no momento da subscrição, e à falta de requisito necessário ao exercício da ação.

Art. 916. As exceções, fundadas em relação do devedor com os portadores precedentes, somente poderão ser por ele opostas ao portador, se este, ao adquirir o título, tiver agido de má-fé.

Art. 917. A cláusula constitutiva de mandato, lançada no endosso, confere ao endossatário o exercício dos direi-tos inerentes ao título, salvo restrição expressamente estatuída.

§ 1º O endossatário de endosso-mandato só pode endossar novamente o título na qualidade de procurador, com os mesmos poderes que recebeu.

§ 2º Com a morte ou a superveniente incapacidade do endossante, não perde eficácia o endosso-mandato. § 3º Pode o devedor opor ao endossatário de endosso-mandato somente as exceções que tiver contra o endos-sante.

Art. 918. A cláusula constitutiva de penhor, lançada no endosso, confere ao endossatário o exercício dos direi-tos inerentes ao título.

§ 1º O endossatário de endosso-penhor só pode endossar novamente o título na qualidade de procurador. § 2º Não pode o devedor opor ao endossatário de endosso-penhor as exceções que tinha contra o endossante, salvo se aquele tiver agido de má-fé.

Art. 919. A aquisição de título à ordem, por meio diverso do endosso, tem efeito de cessão civil.

Art. 920. O endosso posterior ao vencimento produz os mesmos efeitos do anterior.

Art. 921. É título nominativo o emitido em favor de pessoa cujo nome conste no registro do emitente.

Art. 922. Transfere-se o título nominativo mediante termo, em registro do emitente, assinado pelo proprietário e pelo adquirente.

Art. 923. O título nominativo também pode ser transferido por endosso que contenha o nome do endossatário. § 1º A transferência mediante endosso só tem eficácia perante o emitente, uma vez feita a competente averba-ção em seu registro, podendo o emitente exigir do endossatário que comprove a autenticidade da assinatura do endossante.

§ 2º O endossatário, legitimado por série regular e ininterrupta de endossos, tem o direito de obter a averba-ção no registro do emitente, comprovada a autenticidade das assinaturas de todos os endossantes.

§ 3º Caso o título original contenha o nome do primitivo proprietário, tem direito o adquirente a obter do emi-tente novo título, em seu nome, devendo a emissão do novo título constar no registro do emiemi-tente.

Art. 924. Ressalvada proibição legal, pode o título nominativo ser transformado em à ordem ou ao portador, a pedido do proprietário e à sua custa.

Art. 925. Fica desonerado de responsabilidade o emitente que de boa-fé fizer a transferência pelos modos indi-cados nos artigos antecedentes.

Art. 926. Qualquer negócio ou medida judicial, que tenha por objeto o título, só produz efeito perante o emiten-te ou emiten-terceiros, uma vez feita a compeemiten-tenemiten-te averbação no registro do emiemiten-tenemiten-te.

OBSERVAÇÕES

1. SÓ É APLICÁVEL AOS TÍTULOS NÃO REGIDOS POR LEI ESPECIAL ou POSTE-RIORES A 2002 (ART. 903 DO C.CIV.)

(EXEMPLO : Lei n. 11.076/2004 – títulos de agronegócio)

2. CLÁUSULAS ILEGAIS:

– cláusula de juros

- proibição de endosso (não à ordem) - cláusula sem despesas

3. TÍTULOS AO PORTADOR (arts. 907 e 905) 4. RESPONSABILIDADE DO ENDOSSANTE 5. AVAL PARCIAL

6. NOMINATIVOS (registro do emitente – art. 921) 7. TÍTULOS ATÍPICOS (contrato FICA)

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TÍTULOS DE CRÉDITO Página 14

DIFERENÇAS ENTRE A LEI UNIFORME E O CÓDIGO CIVIL

JUROS

LU – Art. 5 – Numa letra pagável a vista ou a um certo tempo de vista, pode o

saca-dor estipular que a sua importância vencerá juros.

CCiv. - Art. 890 – Consideram-se não escritas as cláusulas de juros...

RESPONSABILIDADE DO ENDOSSANTE

LU – Art. 15. O endossante, salvo cláusula em contrário, é garante tanto da

aceita-ção como do pagamento da letra.

CCiv. Art. 914. Ressalvada cláusula expressa em contrário, constante do endosso,

não responde o endossante pelo cumprimento da obrigação constante do título.

CLAUSULA “NÃO A ORDEM”

LU – Art. 11. Toda letra de câmbio, mesmo que não envolva expressamente a

cláu-sula á ordem, é transmissível por via de endosso. Quando o sacador tiver inserido as

palavras “não a ordem” ou uma expressão equivalente, a letra só é transmissível

pela forma e com os efeitos de uma cessão ordinária de créditos.

CCiv. Art. 890 - Consideram-se não escritas as cláusulas de juros, a proibitiva de

endosso...

ENDOSSO PÓSTUMO

LU - Art. 20. O endosso posterior ao vencimento tem os mesmos efeitos que o

en-dosso anterior. Todavia, o enen-dosso posterior ao protesto por falta de pagamento, ou

feito depois de expirado o prazo fixado para se fazer o protesto, produz os efeitos de

uma cessão ordinária de créditos.

CCiv. - Art. 920. O endosso posterior ao vencimento produz os mesmos efeitos do

anterior.

AVAL PARCIAL

LU – Art. 30. O pagamento de uma letra pode ser no todo ou em parte garantido por

aval.

CCiv. – Art. 897 §único. É vedado o aval parcial.

OUTORGA UXÓRIA

LU – omisso

CCiv. Art. 1647. Ressalvado o disposto no art. 1.648, nenhum dos cônjuges pode,

sem autorização do outro, exceto no regime de separação absoluta.

III – prestar fiança ou aval.

SUMULA 332 DO STJ.

A fiança prestada sem autorização de um dos cônjuges implica a ineficácia total da

garantia.

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TÍTULOS DE CRÉDITO Página 15

INSTITUTOS CARACTERÍSTICOS DO DIREITO CAMBIAL

SUJEITOS DA RELAÇÃO CAMBIAL :

CREDOR = aquele ao qual é conferido o poder jurídico de exigir de alguém

o pagamento de um título de crédito.

DEVEDOR = aquele que tem a obrigação (dever jurídico) de pagar o título. EMITENTE (ou SACADOR) = aquele que dá origem a um título de crédito. SACADO = aquele contra o qual é emitido um título de crédito.

ACEITANTE = aquele que, pelo aceite, reconhece a legitimidade da emissão do

título de crédito.

COOBRIGADOS = denominação genérica de :

AVALISTA = aquele que garante o pagamento do título AVALIZADO = o beneficiário do aval

ENDOSSANTE = aquele que transfere a titularidade do título ENDOSSATÁRIO = o beneficiário do endosso.

ATOS CAMBIÁRIOS :

VENCIMENTO = data em que o título se torna exigível

PAGAMENTO = forma usual de extinção de obrigação cambial

PROTESTO = ato jurídico pelo qual o credor prova a falta de aceite ou de

pagamento de um título de crédito.

EMISSÃO (ou saque) = ato que dá nascimento a uma relação cambial

ACEITE = ato pelo qual o sacado reconhece a legitimidade do crédito descrito na

cambial.

ENDOSSO = ato pelo qual se transfere a titularidade de um título de crédito. AVAL = forma específica de garantia cambial, pela qual um terceiro assume a

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TÍTULOS DE CRÉDITO Página 16

VENCIMENTO

CONCEITO DE VENCIMENTO :

⇒ data em que o título se torna exigível

TIPOS DE VENCIMENTO :

ORDINÁRIO : data prevista no título ⇒ à vista

⇒ à prazo certo

⇒ à prazo de vista (à termo da vista) ⇒ à prazo da data (à termo da data) EXTRAORDINÁRIO : falta ou recusa de aceite

falência do aceitante

insuficiência de bens (art. 333 CCiv) EFEITOS DO VENCIMENTO :

⇒ torna o título exigível

⇒ perde a circulabilidade (só após o protesto do título)- art. 20 da LU. ⇒ inicia a contagem do prazo prescricional

Vencimento:

A época do vencimento, no qual o pagamento da letra de câmbio se torna exigível, deve ser preciso e único. A lei estabelece quatro modalidades de indicação da época de venci-mento:

a) vencimento à vista: vence na sua apresentação, isto é, na vista que dela se dá ao sacado para que, desde logo, efetue o pagamento;

b) vencimento a certo termo de vista: ocorre o vencimento quando o sacador emite a letra cujo prazo de vencimento se conta da data do aceite ou, na falta deste, do respectivo protesto;

c) vencimento a certo termo de data: o sacador pode determinar o prazo, a partir da emissão, em que se vencerá a letra, onde o tempo é que deverá decorrer para ve-rificar-se o vencimento;

d) vencimento a dia certo: o sacador emite a letra fixando data certa para seu ven-cimento, declarando a data fixa para tal.

Vencimento Antecipado:

A letra de câmbio se vence normalmente na data designada. Fatos relevantes, todavia, podem acarretar o seu vencimento antecipado:

a) na hipótese de falta ou recusa de aceite; b) nos casos de falência do sacado;

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TÍTULOS DE CRÉDITO Página 17

PAGAMENTO

CONCEITO DE PAGAMENTO:

⇒ forma normal de extinção das obrigações cambiais.

outras formas de extinção :

consignação, dação, novação, compensação, confusão e remissão (arts. 334 a 385 do Código Civil)

LEGISLAÇÃO

Art. 901. Fica validamente desonerado o devedor que paga título de crédito ao legítimo portador, no vencimento, sem oposição, salvo se agiu de má-fé. Parágrafo único. Pagando, pode o devedor exigir do credor, além da entrega do título, quitação regular.

Art. 902. Não é o credor obrigado a receber o pagamento antes do vencimen-to do título, e aquele que o paga, antes do vencimenvencimen-to, fica responsável pela validade do pagamento.

§ 1o No vencimento, não pode o credor recusar pagamento, ainda que parcial.

§ 2o No caso de pagamento parcial, em que se não opera a tradição do título,

além da quitação em separado, outra deverá ser firmada no próprio título.

TIPOS DE PAGAMENTOS :

⇒ ANTECIPADO : o credor não é obrigado a receber (anulabilidade) ⇒ EXTINTIVO : extingue a obrigação

⇒ RECUPERATÓRIO : desonera os coobrigados posteriores ⇒ POR INTERVENÇÃO : feito por terceiro

deve indicar quem pagou /na falta presume-se aceitante

Apresentação para Pagamento:

Vencida, a letra deve ser apresentada para pagamento. A apresentação do título é condi-ção essencial, pois o portador, exibindo-o, comprova, em princípio, sua qualidade de cre-dor. A apresentação do título pode ser feita ao aceitante ou ao sacado, ou a qualquer coobrigado cambiário, como endossante.

O portador que não apresentar a letra para pagamento, seja qual a modalidade de prazo de vencimento, na época determinada, perde em consequência o direito de regresso con-tra o sacador, endossantes e respectivos avalistas.

Entrega da Letra Quitada:

O sacado que pagou a letra pode exigir que ela lhe seja entregue, devidamente quitada. Desta forma, tira a letra de circulação, impedindo que lhe seja novamente exigido o pa-gamento por terceiro de boa-fé.

Em consequência de o título ser documento essencial para o exercício do direito, a sua posse em mãos do devedor presume o pagamento. Essa presunção pode ser, todavia, elidida pela prova de que o título foi roubado ou extraviado quando em mãos do credor, cujo crédito não foi por ele recebido.

Pagamento Antecipado:

Aquele que paga a letra antes do respectivo vencimento fica responsável pela validade desse pagamento, porque pode ocorrer que o título tenha sido extraviado, e se encontre na posse ilegítima do portador; desta forma, não dando oportunidade legítima ao credor de se opor ao pagamento, o que poderia ocorrer até o vencimento.

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TÍTULOS DE CRÉDITO Página 18

Oposição ao Pagamento:

No caso de extravio da letra, no de falência do portador, ou de sua incapacidade, o síndi-co ou o curador podem exercer a oposição ao pagamento ao portador de má fé, ao falido ou ao incapaz.

O devedor, uma vez advertido pela declaração da oposição ao pagamento, perde a pre-sunção de boa-fé, e se efetuá-lo pode ser compelido a pagar uma segunda vez.

Efeitos do Pagamento:

O pagamento efetuado pelo aceitante ou pelos respectivos avalistas desonera da respon-sabilidade cambial os coobrigados. O avalista que pagou tem ação cambial para receber o que desembolsou, contra o aceitante.

EFEITOS DO PAGAMENTO :

⇒ pelo ACEITANTE = desonera todos os coobrigados

⇒ pelo AVALISTA DO ACEITANTE = regresso contra o aceitante ⇒ pelo SACADOR ou ENDOSSANTE = desonera os posteriores ⇒ por intervenção = desonera os posteriores

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TÍTULOS DE CRÉDITO Página 19

AVAL

CONCEITO

FORMA ESPECÍFICA DE GARANTIA CAMBIAL PELA QUAL UM TERCEIRO, INI-CIALMENTE ESTRANHO À RELAÇÃO JURÍDICA, ASSUME A RESPONSABILI-DADE PELA OBRIGAÇÃO.

LEGISLAÇÃO

Art. 897. O pagamento de título de crédito, que contenha obrigação de pagar soma determinada, pode ser garantido por aval.

Parágrafo único. É vedado o aval parcial.

Art. 898. O aval deve ser dado no verso ou no anverso do próprio título. § 1o Para a validade do aval, dado no anverso do título, é suficiente a simples

assinatura do avalista.

§ 2o Considera-se não escrito o aval cancelado.

Art. 899. O avalista equipara-se àquele cujo nome indicar; na falta de indica-ção, ao emitente ou devedor final.

§ 1° Pagando o título, tem o avalista ação de regresso contra o seu avalizado e demais coobrigados anteriores.

§ 2o Subsiste a responsabilidade do avalista, ainda que nula a obrigação

da-quele a quem se equipara, a menos que a nulidade decorra de vício de forma. Art. 900. O aval posterior ao vencimento produz os mesmos efeitos do anteri-ormente dado.

TIPOS :

SUCESSIVO : os avalistas obrigam-se entre si

SIMULTÂNEO : os avalistas obrigam-se apenas pelo avalizado

CARACTERÍSTICAS :

não admite limitação

obrigação autônoma

quando não designa beneficiário presume-se anterior

aval posterior ao vencimento é válido

PRESCRIÇÃO:

o avalista do ENDOSSANTE = 1 ano e/ou falta de protesto*

o avalista do SACADOR = 1 ano e/ou falta de protesto * o avalista do ACEITANTE = 3 anos

o avalista do ENDOSSANTE perante outros ENDOSSANTES = 6 meses

• o protesto deve ser tirado em 3 dias úteis após o vencimento do título e dado aviso ao avalista em 2 dias.

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TÍTULOS DE CRÉDITO Página 20

DIFERENÇAS ENTRE AVAL E FIANÇA

AVAL

FIANÇA

garantia cambial garantia contratual

deve ser dada no título pode ser dada a parte

obrigação autônoma obrigação subsidiária (acessória)

não admite benefício de ordem admite benefício de ordem

não pode ser limitada (CCiv)

pode ser limitada (LU) admite limite

não admite substituição admite substituição

autonomia dos avalistas solidariedade entre fiadores

não comporta divisão comporta divisão

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TÍTULOS DE CRÉDITO Página 21

ACEITE

CONCEITO :

é o ato pelo qual o sacado reconhece a dívida e se compromete a pagar a importância mencionada no título no seu vencimento nas condições nele fixadas

CARACTERÍSTICAS :

⇒ pode ser limitado (recusa parcial) ⇒ é irretratável

⇒ pode ser dado em separado

⇒ pode ser dado por mandatário com poderes especiais

pode ser recusado, se :

◊ não tiver havido entrega da mercadoria ◊ avaria na mercadoria

◊ ocorrer vícios, defeitos ou diferenças ◊ divergência de prazo ou preço

efeitos da recusa imotivada :

◊ vencimento antecipado ◊ protesto

prazo para devolução :

◊ letra de câmbio = 24 horas ◊ duplicata = 10 dias

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TÍTULOS DE CRÉDITO Página 22

ENDOSSO

CONCEITO

é o ato pelo qual se transfere a titularidade do crédito constante da cambial é a assinatura aposta pelo credor de título de crédito, pela qual ele transfere a

titularidade do mesmo para terceira pessoa

ORIGEM DA PALAVRA = “in dorso scriptum”

LEGISLAÇÃO (O Código Civil não se aplica aos títulos de crédito antigos)

Art. 910. O endosso deve ser lançado pelo endossante no verso ou anverso do próprio título. § 1o Pode o endossante designar o endossatário, e para validade do endosso, dado no verso do

tí-tulo, é suficiente a simples assinatura do endossante.

§ 2o A transferência por endosso completa-se com a tradição do título.

§ 3o Considera-se não escrito o endosso cancelado, total ou parcialmente.

Art. 911. Considera-se legítimo possuidor o portador do título à ordem com série regular e inin-terrupta de endossos, ainda que o último seja em branco.

Parágrafo único. Aquele que paga o título está obrigado a verificar a regularidade da série de en-dossos, mas não a autenticidade das assinaturas.

Art. 912. Considera-se não escrita no endosso qualquer condição a que o subordine o endossan-te.

Parágrafo único. É nulo o endosso parcial.

Art. 913. O endossatário de endosso em branco pode mudá-lo para endosso em preto, comple-tando-o com o seu nome ou de terceiro; pode endossar novamente o título, em branco ou em preto; ou pode transferi-lo sem novo endosso.

Art. 914. Ressalvada cláusula expressa em contrário, constante do endosso, não responde o en-dossante pelo cumprimento da prestação constante do título.

§ 1o Assumindo responsabilidade pelo pagamento, o endossante se torna devedor solidário.

§ 2o Pagando o título, tem o endossante ação de regresso contra os coobrigados anteriores.

Art. 915. O devedor, além das exceções fundadas nas relações pessoais que tiver com o porta-dor, só poderá opor a este as exceções relativas à forma do título e ao seu conteúdo literal, à fal-sidade da própria assinatura, a defeito de capacidade ou de representação no momento da subs-crição, e à falta de requisito necessário ao exercício da ação.

Art. 916. As exceções, fundadas em relação do devedor com os portadores precedentes, somente poderão ser por ele opostas ao portador, se este, ao adquirir o título, tiver agido de má-fé. Art. 917. A cláusula constitutiva de mandato, lançada no endosso, confere ao endossatário o exercício dos direitos inerentes ao título, salvo restrição expressamente estatuída.

§ 1o O endossatário de endosso-mandato só pode endossar novamente o título na qualidade de

procurador, com os mesmos poderes que recebeu.

§ 2o Com a morte ou a superveniente incapacidade do endossante, não perde eficácia o

endosso-mandato.

§ 3o Pode o devedor opor ao endossatário de endosso-mandato somente as exceções que tiver

contra o endossante.

Art. 918. A cláusula constitutiva de penhor, lançada no endosso, confere ao endossatário o exer-cício dos direitos inerentes ao título.

§ 1o O endossatário de endosso-penhor só pode endossar novamente o título na qualidade de

procurador.

§ 2o Não pode o devedor opor ao endossatário de endosso-penhor as exceções que tinha contra o

endossante, salvo se aquele tiver agido de má-fé.

Art. 919. A aquisição de título à ordem, por meio diverso do endosso, tem efeito de cessão civil. Art. 920. O endosso posterior ao vencimento produz os mesmos efeitos do anterior.

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TÍTULOS DE CRÉDITO Página 23 • EM BRANCO = o título torna-se “ao portador”

• EM PRETO = identifica o nome do endossatário • PÓSTUMO = tem o mesmo valor

• ENDOSSO-MANDATO = não transfere a titularidade • ENDOSSO-PENHOR = serve como garantia

• PER BONITAS = endossante responde pelo crédito • PER VERITAS = endossante não responde pelo crédito

CARACTERÍSTICAS :

• só vale se colocado no título • não pode ser parcial

• na série de endossos, quem paga não está obrigado a verificar a autenticidade das assinaturas - só a série

• o endossante tem ação de regresso contra os coobrigados anteriores

• a aquisição de título, por meio diverso do endosso, tem efeito de cessão civil

EFEITOS DO ENDOSSO:

O endossante, bem como o sacado, ficam vinculados para com o endossatário, cambial-mente. O endossatário pode dirigir contra eles a ação cambial.

ESPÉCIES DE ENDOSSO

a) ENDOSSO-PROCURAÇÃO: também chamado de endosso-mandato, tem como característica a inserção de cláusula no endosso que expresse a sua finalidade; b) ENDOSSO-CAUÇÃO: permite-se o endosso com cláusula valor em garantia ou

outra semelhante;

c) ENDOSSO-FIDUCIÁRIO: quando a letra for objeto de alienação fiduciária em garantia.

ENDOSSO SEM DATA:

No endosso sem data presume-se que tenha sido feito antes de expirado o prazo fixado para se fazer o protesto, salvo, evidentemente, prova em contrário.

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TÍTULOS DE CRÉDITO Página 24

PROTESTO

CONCEITO

⇒ é o ato formal e solene pelo qual se prova a inadimplência e o descumprimento de obrigação originada em títulos ou documentos de dívida.

⇒ ato formal, extrajudicial, que tem por objetivo conservar e resguardar direitos.

TIPOS :

CAMBIAL : (feito pelo Tabelião de Protesto de Títulos) tirado perante oficial público (cartórios de protesto) caracteriza a mora cambial

assegura o direito contra coobrigados JUDICIAL : (arts. 867 do CPCivil)

previne responsabilidades, conserva e ressalva direitos

FACULTATIVO :

o título de crédito não precisa ser protestado para ser proposta ação de execução contra os devedores principais

(RT. 238/436)

OBRIGATÓRIO :

ato essencial para o exercício de ação contra o sacador, endossantes e seus avalistas e

para requerimento de falência (art. 94, I § 3° da LF)

PRAZOS :

- facultativo = qualquer tempo até a prescrição - obrigatório = 30 dias do vencimento (duplicata)

= 3 dias (Letra de Câmbio e Nota Promissória)

LOCAL : = o indicado para pagamento INTIMAÇÃO :

- por carta ou aviso - por edital

SUSTAÇÃO DO PROTESTO : Lei n°. 9.492, de 10/09/97 (medida cautelar) CANCELAMENTO DO PROTESTO :

Lei n°. 9.492, de 10/09/97 = exibição do título pago ou anuência do credor protesto não pode ser perpétuo (RT. 236/217)

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TÍTULOS DE CRÉDITO Página 25

LETRA DE CÂMBIO

HISTÓRIA :

SEC. XII - Feira de Champagne

“Les foires de Champagne sont le domicile de change de toute L'Europe” (Houvelin)

fatores :

diversidade da moeda (cambium siccum)

distância (cambium trajecticium)

“cambia sicca non sunt cambia sed mutuum usurarium”

tipos :

MANUAL (real) (cambium siccum) = moedas diferentes

TRAJECTICIUM = distantia loci

pecunia praesenti/pecunia absenti

cambium per litteras - cautio - lettera di pagamento di cambio

tracta - cambiare tratta –

1368 - Estatuto de Pavia = Littera Cambii

participantes :

1. - banqueiro recebia a moeda e entregava a letra (sacador) 2. - aquele que dava o dinheiro e recebia a letra (tomador) 3. - a pessoa incumbida de pagar (sacado)

4. - a pessoa que deveria receber (mandatário do tomador)

períodos :

ITALIANO - até 1650 (trajecticium)

Letra de Câmbio é instrumento do contrato de câmbio = troca de moeda

FRANCÊS - de 1650 até 1848 (Ordenação do Comércio-1673)

Letra de Câmbio é meio de pagamento

surgem : endosso, autonomia, portador, mercadoria

ALEMÃO - a partir de 1848 (Ordenação de 26/11/1848)

Letra de Câmbio é título abstrato.

CONCEITO :

Letra de Câmbio é o título de crédito que representa uma ordem de pagamento de al-guém (sacador) contra outrem (sacado) a favor de um terceiro (tomador).

REQUISITOS :

 denominação = Letra de Câmbio

 soma de dinheiro a pagar e espécie de moeda  nome de quem deve pagar (sacado)

 nome a quem deve ser paga (tomador)  assinatura do sacador (ou mandatário)

 data de emissão (se não tiver o portador pode preencher)  local do saque (se não tiver o portador pode preencher)  data do vencimento( se não tiver = à vista)

 local do pagamento (se não tiver, o do sacado)

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TÍTULOS DE CRÉDITO Página 26

LETRA DE CÂMBIO COM ACEITE

REQUISITOS INTRÍNSECOS E EXTRÍNSECOS:

Sendo um documento formal, sua validade depende da existência de certos requisitos intrínsecos e extrínsecos, expressamente determinados na lei. Os requisitos intrínsecos referem-se à obrigação contida na letra. Os requisitos extrínsecos são o revestimento formal que caracteriza a letra, devendo o título conter os requisitos da lei. Tais requisitos podem ser essenciais ou acidentais

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TÍTULOS DE CRÉDITO Página 27

REQUISITOS ESSENCIAIS:

São aqueles que compõe a substância do título, a sua falta importa na descaracterização do título, ou seja, só será letra de câmbio o que tiver todos. São requisitos essenciais:

1) Denominação Letra de Câmbio:

Não basta intitular o documento de letra de câmbio, é necessário que esteja inserido em seu texto, para que qualquer pessoa perceba desde logo de que se trata de um título de crédito com rigor cambiário.

2) A Soma a Pagar:

Deve indicar em números no alto e em segundo lugar por extenso no corpo qual é o va-lor do título em moeda e de forma clara e precisa. Se houver diversidade entre o número e o valor por extenso há duas soluções:

a) para o título emitido em operação interna no caso de divergência prevalece o va-lor por extenso;

b) para operações internacionais: a lei uniforme estabelece o critério do menor valor.

3) Nome do Sacado:

A letra de câmbio, como ordem de pagamento, dirige-se a alguém, que deve pagá-la. Essa pessoa é o sacado, que, recebendo a ordem, pode aceitá-la ou não. Aceitando-a, apõe a sua assinatura, transformando-se, assim, em aceitante, e no dia do vencimento deverá cumprir a sua obrigação de pagar a letra. É o obrigado principal.

4) Nome do Credor:

O credor, também chamado de tomador ou beneficiário, é o primeiro portador. A cambial não pode ser ao portador.

5) A Assinatura do Sacador:

O sacador é a pessoa que emite a letra de câmbio, assinando a ordem nela contida para o sacado pagar. Assinando a ordem de pagamento, se vincula à letra, pois é garantia tanto da aceitação como de seu pagamento. A assinatura deve ser de próprio punho e se for pessoa jurídica, pelo seu representante legal, admite-se também procuração com poderes especiais.

REQUISITOS ACIDENTAIS:

São aqueles que complementam a obrigação, portanto a sua falta não altera a essencia-lidade do título.

1) A Época do Pagamento:

A letra de câmbio é uma ordem de pagamento, por isso ela pode ser: à vista, à prazo, à tempo de vista ou à tempo de data, e é isso que a diferencia da nota promissória e do cheque. Faltando esse elemento, o título é cobrado à vista.

2) Lugar do Pagamento:

É a indicação do lugar em que se deve efetuar o pagamento, e, na falta dessa indicação, será o lugar designado ao lado do nome e o lugar do domicílio do sacado.

3) A Data e o Lugar onde a Letra é Sacada:

A indicação da data em que foi sacada a letra permite determinar se na ocasião o saca-dor tinha capacidade de se obrigar. Nas letras emitidas a prazo, a certo termo de data, necessita-se saber o dia do saque para determinar a data do vencimento. Assim, por exemplo, uma letra de câmbio sacada a sessenta dias da data, requer a menção da data do saque para que se possa calcular a do vencimento. Na letra à vista, que se vence na data da apresentação ao sacado, é essencial a designação da data do saque para se cal-cular o prazo de um ano, após o qual não é mais exigível.

O lugar do saque, que sempre acompanha por hábito o da data, tem especial interesse para a solução de certos conflitos de leis entre países diferentes.

Se não for indicado, o portador fica autorizado a colocar os elementos que melhor lhe convier (elemento chamado mandato legal ou mandato tácito).

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TÍTULOS DE CRÉDITO Página 28

Nulidade:

O fato de a emissão da letra haver a assinatura de um incapaz, ou um vício de consenti-mento como no caso da adulteração ou falsificação de uma assinatura, seja a do sacador ou a do aceitante, não a torna nula. A lei extraiu as consequências da tese da indepen-dência das assinaturas e da autonomia das obrigações cambiárias, pois não fulmina de nulo o título sacado, por faltar-lhe um dos requisitos essenciais, que é a assinatura válida do sacador.

Procuração:

Na cambial não existem assinaturas inúteis. Se alguém se arrogando procurador, assinar uma letra sem que para tanto tenha mandato expresso, vincula-se pessoalmente.

Analfabeto:

O analfabeto não pode se obrigar na letra de câmbio, a não ser por procurador especial, em mandato lavrado em notas públicas, para maior segurança do título.

A Ilicitude da Causa:

A letra de câmbio é um título abstrato, que independe de sua causa. O item objeto lícito, para a validade da obrigação cambiária é, em consequência, muito relativo, a causa eco-nômica da letra será sempre o crédito. Assim, por exemplo, uma dívida de jogo, não vi-cia a letra, mas apenas a relação direta entre devedor e credor, não sendo oponível ao terceiro de boa-fé.

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A OPERAÇÃO DA LETRA DE CÂMBIO

Noções Gerais:

Figuram na letra de câmbio:

a) A: sacador (também subscritor ou emitente da letra);

b) B: sacado, pessoa a quem a ordem de pagamento é dirigida, recebendo em suas mãos a letra e se dispondo a cumprir a ordem nela contida, aceita-a, nela firman-do sua assinatura de reconhecimento: é a aceitação ou aceite que transforma o sacado em aceitante, que passa assim a ser o obrigado principal;

c) C: beneficiário da ordem de pagamento, chamado também de tomador e seu pri-meiro portador, é credor originário do título.

A Sacador  B Sacado ou Deve-dor Principal  C Credor

Suponhamos que A seja credor de B, mas por sua vez que A seja devedor de C. Se fos-sem proceder dentro das regras comuns de extinção da obrigação pelo pagamento, B pagaria o débito ao seu credor A, levantando o dinheiro, contando-o, conduzindo-o, e o credor iria conferi-lo e depositá-lo em seu cofre ou em Banco. Assim abonado, em segui-da iria A proceder segui-da mesma maneira levando o dinheiro para pagar o seu débito para com C, com a mesma cautela e dispêndio de tempo e serviço. Usando da letra de câm-bio, todas essas cautelas e esforços seriam superados. O sacador A saca uma ordem a favor de C, seu credor, para que o devedor B a pague. O beneficiário C apresenta a letra a B e a recebe, ficando assim extinta a obrigação de B e a de A para com C. Com um título apenas foram extintas duas dívidas e satisfeitos dois créditos.

Circulação:

Suponhamos que C, beneficiário da ordem de pagamento, tendo obtido o aceite de B tenha que aguardar o dia do vencimento. O beneficiário C tem o crédito representado pela letra, mas teria de aguardar o vencimento do título para exigi-lo do aceitante B. Imaginemos, por sua vez, que seja ele, C, devedor, de importância igual, a D, a quem deve logo pagar; basta-lhe transmitir a letra de câmbio, endossando-a no verso (pague-se a “D”). O beneficiário, que era C, passa em con(pague-sequência a (pague-ser endossante ou endos-sador, que são expressões sinônimas, e D ingressa na letra com a denominação de en-dossatário, e substitui C como detentor, portador, credor ou proprietário da letra.

O detentor D pode, por sua vez, endossar a letra de câmbio para transmiti-la a E, tor-nando-se endossante, passando o novo detentor a ser o segundo endossatário. O endos-satário E a endossa a F, e assim pode seguir indefinidamente a circulação do título. Essa sucessiva transmissão da letra de câmbio se chama cadeia de endossos, ou série de en-dossos.

Direito de Regresso:

No dia do vencimento, F o último endossatário da cadeia, que é o detentor do título, po-de exigir po-de seu antecessor E o pagamento, e assim sucessivamente até o beneficiário C exigi-lo de B que é o aceitante, extinguindo-se a letra pelo pagamento. A essa inversa circulação dá-se o nome de direito de regresso. Pode também F exigi-la diretamente de B, que, pagando, desonera a todos os que se obrigaram na cadeia de endossos. Por isso se diz que os endossantes são também coobrigados.

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Pluralidade de Exemplares Duplicação:

A letra de câmbio pode ser duplicada, por várias vias e cópias, devendo estas ser dife-rençadas no contexto, por número de ordem ou pela ressalva, das que se extraviarem. Paga uma das vias da letra esse pagamento libera as demais. O sacado fica, porém, res-ponsável por todas as vias que tenham o seu aceite e lhe não haja sido restituídas.

Cópias:

Admite-se que o portador de uma letra tire cópias dela para segurança em caso de ex-travio do título original. A cópia e espécie diferente da duplicata de letra de câmbio, a cópia é tirada pelo portador, enquanto que a duplicata o é pelo sacador; a cópia não permite ao portador exigir do sacado o pagamento da letra ao contrário da duplicata.

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NOTA PROMISSÓRIA

CONCEITO :

Nota Promissória é o título de crédito que representa uma promessa de pa-gamento

NOTA PROMISSÓRIA Noções Iniciais:

A nota promissória é uma promessa direta de pagamento do devedor ao credor. Integra o direito cambiário, pois é uma espécie de cambial. Constitui compromisso escrito e sole-ne, pelo qual alguém se obriga a pagar a outrem certa soma em dinheiro. O emitente é o obrigado principal. A nota promissória é, portanto, um título de crédito literal e abstrato, pelo qual o emitente se obriga, para com o beneficiário ou portador declarado no texto, a lhe pagar, ou à sua ordem, certa soma em dinheiro. É por definição legal uma promessa de pagamento.

Nota Promissória e Letra de Câmbio:

Difere a nota promissória da letra de câmbio. A nota promissória é uma promessa de pagamento, enquanto a letra de câmbio é uma ordem de pagamento. Nesta figuram três pessoas: o sacador que emite a letra dando ordem ao sacado, para este pagar a soma indicada ao beneficiário ou tomador. Na nota promissória a relação cambiária se estalece apenas entre duas pessoas: o emitente, devedor, que promete o pagamento ao be-neficiário, que é o credor.

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Aplicação dos Preceitos da Letra de Câmbio:

Como título cambiário a nota promissória segue a disciplina da letra de câmbio, não só legal como doutrinariamente. A lei é expressa ao determinar que lhe são aplicáveis, na parte em que não sejam contrárias à sua natureza, as disposições relativas às letras de câmbio e concernentes ao endosso, aval, vencimento, pagamento, direito de ação por falta de pagamento, pagamento por intervenção, cópias, alterações, prescrição, dias feri-ados, contagem de prazo e interdição de dias de perdão. A disciplina jurídica, portanto, é a mesma.

Requisitos Essenciais:

Título literal e formal, como título de crédito cambiário, a nota promissória tem seus ele-mentos determinados, tal como a letra de câmbio, pela lei. São requisitos essenciais, sem o que o título não será cambiário, os seguintes:

 denominação = Nota Promissória

 soma de dinheiro a pagar e espécie de moeda  nome do beneficiário (credor)

 assinatura do emitente (devedor)

 data de emissão (se não tiver o portador pode preencher)  local da emissão (se não tiver = domicílio do emitente)  data do vencimento( se não tiver = à vista)

 local do pagamento ( se não tiver = domicílio do emitente)

PRESCRIÇÃO :

3 (três) anos = contra o emitente e seu avalista 1 (um) ano = contra o endossante

6 (seis) meses = endossante contra endossante

OBS.: protesto deve ser tirado em 3 dias do vencimento (art. 32 do Decr. 2044/1908) decadência contra coobrigados.

JURISPRUDÊNCIA

“Quem emite nota promissória em branco celebra o que se costuma chamar de “contrato de preenchimento””.

(RT. 270/350)

SÚMULA n°. 387 do STF :

“A cambial emitida e aceita com omissões, ou em branco, pode ser completada pelo credor de boa-fé antes da cobrança ou do protesto.”

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CHEQUE

CONCEITO :

⇒ O cheque é o título de crédito que representa um saque de dinheiro contra depósito em estabelecimento bancário.

⇒ O cheque é o título de crédito que representa uma ordem de pagamento à vista, a favor próprio ou de terceiros.

PARTICIPANTES :

emitente = possuidor de saldo bancário (depósito) sacado = banco depositário

favorecido = a quem é dada a ordem de saque REQUISITOS : (modelo obrigatório pelo Banco Central)

 denominação = Cheque

 soma de dinheiro a pagar em algarismo e por extenso  assinatura do emitente

 nome do favorecido  local onde deve ser pago

 nome de quem deve pagar (banco)

FORMAS

⇒ ao portador (até o limite estabelecido pelo Banco Central) ⇒ nominativo

⇒ à ordem (pode ser endossado)

⇒ não à ordem (não pode ser endossado)

TIPOS

⇒ cruzado = em branco

em preto (cheque escritural)

⇒ marcado = data certa de pagamento (só o banco pode) ⇒ de viagem = “traveller check”

⇒ administrativo = o banco emite contra si próprio

PRESCRIÇÃO

execução = 30 (trinta) dias para a apresentação

120 dias em outra praça

6 (seis) meses da apresentação

ação ordinária = 5 (cinco) anos contra emitente

1 (um) ano contra endossante

internacional = 8 (oito) dias no país para apresentação

20 (vinte) dias em país do mesmo continente 70 (setenta) dias em outro continente

Referências

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