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PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO ACÓRDÃO

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Registro: 2013.0000423420

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos de Ação Rescisória nº 0088521-38.2011.8.26.0000, da Comarca de São Paulo, em que é autor PREFEITURA MUNICIPAL DE SÃO PAULO, é réu SINDICATO DOS HOSPITAIS CLÍNICAS CASAS DE SAÚDE LABORATÓRIOS DE PESQUISAS E ANÁLISES CLÍNICAS DO ESTADO DE SÃO PAULO.

ACORDAM, em 7º Grupo de Direito Público do

Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: "Por maioria, julgaram procedente a ação rescisória, denegando a segurança, vencidos os Desembargadores João Alberto Pezarini, Francisco Olavo, Octávio Machado de Barros e Carlos Giarusso Santos, farão declaração de voto os Desembargadores Erbetta Filho e Carlos Giarusso Santos.", de conformidade com o voto do Relator, que integra este acórdão.

O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores EUTÁLIO PORTO (Presidente), JOÃO ALBERTO PEZARINI, FRANCISCO OLAVO, ROBERTO MARTINS DE SOUZA, OCTAVIO MACHADO DE BARROS, ERBETTA FILHO, SILVA RUSSO, CARLOS GIARUSSO SANTOS E OSVALDO CAPRARO.

São Paulo,25 de julho de 2013.

RODRIGUES DE AGUIAR RELATOR

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VOTO : 18411

ARES.Nº: 0088521-38.2011.8.26.0000 COMARCA: SÃO PAULO

AUTOR : MUNICIPIO DE SÃO PAULO

RÉU : SINDICATO DOS HOSPITAIS CLÍNICAS CASAS DE SAÚDE LABORATÓRIOS DE PESQUISAS E ANÁLISES CLÍNICAS DO

ESTADO DE SÃO PAULO.

AÇÃO RESCISÓRIA de v. acórdão proferido em mandado de segurança Julgado que entendeu incabível a exigência de taxa de lixo por não observar os requisitos de especificidade e divisibilidade Entendimento em sentido contrário ao do STF Súmula Vinculante nº 19 AÇÂO PROCEDENTE para rescindir o v. acórdão e denegar a segurança.

1. Cuida-se de Ação Rescisória proposta pelo MUNICIPIO DE SÃO PAULO com base no art. 475, V, CPC, contra SINDICATO DOS HOSPITAIS CLÍNICAS CASAS DE SAÚDE LABORATÓRIOS DE PESQUISAS E ANÁLISES CLÍNICAS DO ESTADO DE SÃO PAULO.

2. Pretende o autor rescindir acórdão da 14ª Câmara de Direito Público que entendeu pela ilegalidade da exigência de taxa de resíduos sólidos do serviço de saúde, criada pela Lei Municipal 13.478/2002, por não observar os requisitos de especificidade e divisibilidade.

3. Alega o autor que ele figurou como réu no mandado de segurança, no qual o v. acórdão manteve a r. sentença concedendo a segurança para suspender a exigibilidade da referida taxa; requer que seja rescindido o v. acórdão para reconhecer a legitimidade da taxa de resíduos sólidos de serviço de saúde, já que foi violado o disposto no art. 145, II da

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CF e o art. 77 do CTN, do qual se depreende que compete ao Município instituir uma taxa de coleta de resíduos sólidos; aduz que a referida taxa atende os requisitos da especificidade e divisibilidade; sustenta que o v. acórdão contraria entendimento emitido pelo STF com a edição da súmula vinculante nº 19, a qual afirma que a taxa de remoção de lixo ou resíduos não viola o art. 145, II da CF. Aduz, por fim, que a Lei Municipal nº 13.478/02, que institui a taxa de resíduos sólidos de serviço de saúde, atende aos requisitos da especificidade e divisibilidade, previstos no art. 145, II da CF; no mais, informa que a referida taxa utiliza como critério de rateio do serviço o volume potencial de lixo coletado, transportado, tratado ou destinado, conforme art. 96 da Lei Municipal n°13.478/02, o que atende o critério da razoabilidade.

4. O indeferimento da inicial, ao fundamento de ausência de hipótese legal de rescisória, foi cassado pelo v. acordão de fls. 985/ss, que proveu respectivo agravo regimental.

5. Regularmente citado (fls. 1.003), em prol da improcedência da rescisória, o réu apresentou contestação (fls. 1.008/ss e 1073/ss), alegando, em preliminar, coisa julgada inatacável por rescisória, dado o teor da súmula 343 do STF. No mérito, aduz que o v. acórdão que se pretende rescindir foi publicado aos 31/07/2009, ao passo que a súmula vinculante em 10/11/2009, motivo pelo qual não há que se alegar, validamente, violação do julgado à aludida súmula, pois esta sequer fala em modulação de efeitos (CF, art. 103-A). Ainda tece argumento no sentido de que, caso atendida a pretensão do autor, a) a segurança jurídica que se espera da garantia constitucional da coisa julgada fica comprometida; b) haverá violação de princípios constitucionais expressos no art. 145, II, CF e no CTN, art. 77, isonomia tributária, capacidade contributiva, proibição do confisco.

É o relatório.

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unicamente de matéria de direito, passa-se ao julgamento antecipado. 6. Rejeita-se a preliminar de violação à coisa julgada, já que a ação rescisória é mecanismo previsto no CPC, justamente, para impugnar decisão judicial transitada em julgado, conforme arts. 485 e 495.

Frise-se que não se nega a existência da súmula 343 do STF, cujo teor é o seguinte:

Não cabe ação rescisória por ofensa a literal dispositivo de lei, quando a decisão rescindenda se tiver baseado em texto legal de interpretação controvertida nos tribunais”.

Todavia, tal súmula não tem o condão de impedir a presente rescisória, já que a matéria em debate é de índole constitucional, não de lei.

7. O mérito.

A questão é saber se deve ser rescindido v. acordão desta Corte que entendeu pela ilegalidade da exigência de taxa de lixo por não observar os requisitos de especificidade e divisibilidade.

A ação é procedente.

Os pedidos rescindendo e rescisório merecem ser acolhidos.

Com efeito, em autos de mandado de segurança, a 14ª Câmara de Direito Público, por meio de v. acórdão cuja cópia encontra-se acostada às fls. 857/ss destes autos, entendeu descabida a cobrança de taxa de coleta de resíduos sólidos do serviço de saúde instituída pela Lei Complementar Paulistana nº 13.478/2002, ao fundamento de que referida taxa abrange não só a coleta de lixo, mas também a manutenção de aterro sanitário, bem como destinação final do lixo hospitalar. Por tais razões, a taxa de serviços urbanos ou de lixo, não preencheria os requisitos de especificidade e divisibilidade a que se refere o artigo 145, II, da Constituição Federal. Referido acórdão teve a seguinte ementa:

TAXA DE COLETA DE RESÍDUOS SÓLIDOS DO SERVIÇO DE SAÚDE - TRSS Legitimidade do sindicato para impetração de mandado de segurança coletivo Preliminares rejeitadas Falta de divisibilidade e especificidade Cobrança descabida Apelação não provida.

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Ora, a Lei Complementar Municipal nº 13.478/2002, instituiu a taxa acima mencionada, sendo discriminada nos artigos 93 a 98/ss. Confira-se:

Art. 93. Fica instituída a Taxa de Resíduos Sólidos de Serviços de Saúde - TRSS destinada a custear os serviços divisíveis de coleta, transporte, tratamento e destinação final de resíduos sólidos de serviços de saúde, de fruição obrigatória, prestados em regime público nos limites territoriais do Município de São Paulo.

Art. 94. Constitui fato gerador da Taxa de Resíduos Sólidos de Serviços de Saúde - TRSS a utilização potencial do serviço público de coleta, transporte, tratamento e destinação final de resíduos sólidos de serviços de saúde, de fruição obrigatória, prestados em regime público.

§ 1º São considerados resíduos sólidos de serviços de saúde todos os produtos resultantes de atividades médico-assistenciais e de pesquisa na área de saúde, voltadas às populações humana e animal, compostos por materiais biológicos, químicos e perfurocortantes, contaminados por agentes patogênicos, representando risco potencial à saúde e ao meio ambiente, conforme definidos em resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente - CONAMA.

§ 2º São ainda considerados resíduos sólidos de serviços de saúde os animais mortos provenientes de estabelecimentos geradores de resíduos sólidos de serviços de saúde.

Art. 95. A utilização potencial dos serviços de que trata o artigo 93 ocorre no momento de sua colocação à disposição dos usuários, para fruição. 28/82.

Parágrafo único. O fato gerador da Taxa ocorre ao último dia de cada mês, sendo o seu vencimento no quinto dia útil do mês subseqüente, podendo esse prazo ser prorrogado na forma do regulamento.

Art. 96. A base de cálculo da Taxa de Resíduos Sólidos de Serviços de Saúde - TRSS é equivalente ao custo da prestação dos serviços referidos no artigo 93.

Parágrafo único. A base de cálculo a que se refere o "caput" deste artigo será rateada entre os contribuintes da Taxa, na proporção da quantidade de geração potencial de resíduos sólidos dos serviços de saúde gerados, transportados, tratados e objeto de destinação final, nos termos desta Seção.

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Art. 97. O contribuinte da Taxa de Resíduos Sólidos de Serviços de Saúde é o gerador de resíduos sólidos de saúde, entendido como o proprietário, possuidor ou titular de estabelecimento gerador de resíduos sólidos de serviços de saúde no Município de São Paulo.

Parágrafo único. Estabelecimento gerador de resíduos sólidos de serviços de saúde é aquele que, em função de suas atividades médico-assistenciais ou de ensino e pesquisa na área da saúde, voltadas às populações humana ou animal, produz os resíduos definidos no parágrafo anterior, entre os quais, necessariamente, os hospitais, farmácias, clínicas médicas, odontológicas e veterinárias, centros de saúde, laboratórios, ambulatórios, centros de zoonoses, prontos-socorros e casas de saúde.

Art. 98. Para cada estabelecimento gerador de resíduos sólidos de serviços de saúde - EGRS corresponderá um cadastro de contribuinte.

Todavia, o Colendo STF apreciou a questão, reiteradamente, decidindo pela constitucionalidade da referida taxa. No RE 576321, o plenário do Supremo asseverou que “a Corte entende como específicos e divisíveis os serviços de coleta, remoção e tratamento ou destinação de lixo ou resíduos provenientes de imóveis, desde que essas atividades sejam completamente dissociadas de outros serviços públicos de limpeza, realizados em benefício da população em geral (uti universi) e de forma indivisível, tais como os de conservação e limpeza de logradouros e bens públicos (praças, calçadas, vias, ruas, bueiros)”.

O entendimento supramencionado foi pacificado naquela Corte, editando-se a Súmula Vinculante nº 19, com a seguinte redação:

A taxa cobrada exclusivamente em razão dos serviços públicos de coleta, remoção e tratamento ou destinação de lixo ou resíduos provenientes de imóveis não viola o artigo 145, II, da Constituição Federal.

De fato, alegou o réu que o v. acórdão que se pretende rescindir foi publicado aos 31/07/2009, ao passo que a súmula vinculante

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em 10/11/2009, motivo pelo qual não há que se alegar, validamente, violação do julgado à aludida súmula, pois esta sequer fala em modulação de efeitos (CF, art. 103-A).

Contudo, a ideia prevalecente no legislador atual (CPC, arts. 475-L, § 1º, e 741, Parágrafo Único), é que não vingue decisão judicial fundada em lei ou ato normativo declarados inconstitucionais pelo Supremo Tribunal Federal, ou fundado em aplicação ou interpretação da lei ou ato normativo tidas pelo Supremo Tribunal Federal como incompatíveis com a Constituição Federa, tal como o v. acórdão rescindendo, já que contraria a súmula vinculante 19, a qual, direta ou indiretamente, rechaçou alegações destinadas a sustentar violação a a) segurança jurídica que se espera da garantia constitucional da coisa julgada fica comprometida; b) haverá violação de princípios constitucionais expressos no art. 145, II, CF e no CTN, art. 77, isonomia tributária, capacidade contributiva, proibição do confisco.

Assim, tem-se que o v. acórdão rescindendo é incompatível com o entendimento sedimentado no Colendo Supremo Tribunal Federal, motivo pelo qual julga-se procedente a ação rescisória para desconstituir o v. acórdão exarado pela 14ª Câmara de Direito Público do Tribunal de Justiça de São Paulo, proferido nos autos de mandado de segurança, denegando-se, por consequente, a pretendida segurança.

Pelo exposto, julga-se procedente a presente ação rescisória.

Ante a sucumbência, condena-se a ré ao pagamento de custas e despesas processuais, bem como honorários advocatícios de 10% sobre o valor da causa.

Pelo meu voto, julga-se procedente a ação, nos termos acima aduzidos.

RODRIGUES DE AGUIAR Des. Relator

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