PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO ACÓRDÃO/DECISÃO MONOCRATICA
REGISTRADO(A) SOB N°
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Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelação n° 992.09.040752-0, da Comarca de São Paulo, em que é apelante ITORORO VEÍCULOS E PEÇAS LTDA. sendo apelado CAROLINA DOS SANTOS LAZARI.
ACORDAM, em 3 1a Câmara de Direito Privado do
Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: "DERAM PROVIMENTO EM PARTE AO RECURSO. V. U.", de conformidade com o voto do Relator, que integra este acórdão.
O julgamento teve a participação dos Desembargadores ANTÔNIO RIGOLIN (Presidente sem v o t o ) , LUÍS FERNANDO NISHI E FRANCISCO CASCONI.
São Paulo,23 de fevereiro de 2010.
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ADILSON DE ARAÚJO / RELATOR ^~"-~~
Apelação com Revisão n° 992.09.040752-0 (antigo n° 1 252.531-0/0) Comarca : São Paulo - 1a Vara Cível do Foro Reg. de Pinheiros
Apelante: ITORORÓ VEÍCULOS E PEÇAS LTDA. Apelada: CAROLINA DOS SANTOS LAZARI
Voto n° 7.471
BEM MÓVEL. MEDIDA CAUTELAR DE PRODUÇÃO ANTECIPADA DE PROVAS. PROVA PERICIAL. EXISTÊNCIA DE LITIGIOSIDADE. CONDENAÇÃO DA RÉ AO PAGAMENTO DE HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. NECESSIDADE. RECURSO
IMPROVIDO. A ré apresentou defesa e se contrapôs à
pretensão da autora, na qual se alegou, dentre outras questões, decadência e desnecessidade da produção da prova pericial. Oferecida resistência, caracterizada está a sucumbência, dando causa à sua condenação ao pagamento do ônus sucumbencial
BEM MÓVEL. MEDIDA CAUTELAR DE PRODUÇÃO ANTECIPADA DE PROVAS. INSURGÊNCIA QUANTO À CONDENAÇÃO NA VERBA HONORÁRIA. ALEGAÇÃO DE VALOR EXCESSIVO. OCORRÊNCIA. RECURSO NESTA PARTE PROVIDO. O arbitramento de honorários advocatícios é atribuição do Juiz que deve se pautar pelos regramentos contidos no artigo 20 do CPC. Oportuno lembrar que a verba honorária deve recompensar condignamente o trabalho realizado, de preferência guardando parâmetro com o valor atribuído à causa, tendo, contudo, o cuidado de não se aviltar o valor da remuneração do advogado
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CAROLINA DOS SANTOS LAZARI
ajuizou ação cautelar de produção antecipada de provas em face de ITORORÓ VEÍCULOS E PEÇAS LTDA.
O ilustre magistrado a quo, por r. sentença de fls. 160/161, cujo relatório adoto, julgou procedente a ação para homologar o laudo pericial, com base no artigo 269, inciso I, do CPC. Condenou a ré ao pagamento de custas, despesas processuais e honorários de advogado arbitrados por equidade em R$ 3.000,00, com correção monetária desde o ajuizamento da ação e juros legais de 1% ao mês desde a citação.
Irresignada, insurge-se a ré com pedido de reforma do r. decisum, sustentando que: em 05/03/2007 a autora tomou ciência dos defeitos do veículo; aplicando-se o preceito legal de que o prazo decadencial de 90 dias é contado a partir da ciência do vício, há que se reconhecer que o prazo fatal para que a autora exercitasse seu direito era o dia 03/06/2007; a notificação extrajudicial foi recebida somente em 23/07/2007, de modo que não houve qualquer motivo para interrupção ou suspensão da prescrição; não pode ser condenada ao pagamento de honorários, pois a contestação apresentada não pode ser interpretada como "negativa"; os honorários advocatícios devem ser reduzidos (fls. 170/181).
3 Apelação cdrn Revisão iAg92 09 040752-0 Votonyf471
O recurso foi recebido em seus regulares efeitos (fls. 184), e a autora apresentou contrarrazões pugnando pelo improvimento do apelo (fls. 187/197).
É o relatório.
Da narrativa dos fatos, temos que a autora adquiriu junto à ré um automóvel Meriva, ano 2003, pelo valor de R$ 31.500,00. O veículo foi retirado em 02/03/2007. Em razão de falhas apresentadas no funcionamento do veículo, a autora o levou ao estabelecimento da ré para solução dos problemas (fls. 16). Por fim, em 20/06/2007, o automóvel foi levado a mecânico de sua confiança, ficando ciente dos defeitos constatados pelo profissional.
Segundo a autora, o veículo apresentou defeitos incompatíveis. Ante a inércia da ré, e em razão de se ver obrigada a consertar o automóvel para evitar maiores prejuízos, ajuizou a ação cautelar de produção antecipada de provas.
Nesse passo, como bem asseverou o ilustre sentenciante, o prazo decadencial somente começou a fluir em 21/06/2007, que foi interrompido com a notificação de fls. 21/28, conforme estabelece o artigo 26 do CDC:
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"Art 26 O direito de reclamar pelos vícios aparentes ou de fácil constatação caduca em.
I - trinta dias, tratando-se de fornecimento de serviço e de produtos não duráveis,
li - noventa dias, tratando-se de fornecimento de serviço e de produtos duráveis
§ 1° Inicia-se a contagem do prazo decadencial a partir da entrega efetiva do produto ou do término da execução dos serviços
§ 2° Obstam a decadência
I - a reclamação comprovadamente formulada pelo consumidor perante o fornecedor de produtos e serviços até a resposta negativa correspondente, que deve ser transmitida de forma inequívoca;"
No mais, não prospera o inconformismo da ré quanto à sua condenação no ônus sucumbencial. A ré apresentou defesa e se contrapôs à pretensão da autora, deixando claro o caráter de litigiosidade a teor da contestação de fls. 68/74, em que se alegou, dentre outras questões, decadência e desnecessidade da produção da prova pericial.
Oferecida resistência, caracterizada está a sucumbência, dando causa à sua condenação ao pagamento do ônus sucumbencial.
com Revisão n" 992 09 040752-0 "747I
Neste sentido:
"Medida cautelar de produção antecipada de provas -Laudo pericial homologado - Exame, apenas, da regularidade formal do processo - Inocorrência de coisa julgada material - Valoração da prova nos autos principais - Inexistência de nulidade ou cerceamento de defesa - Litigiosidade vislumbrada - Honorários advocatícios - Cabimento Distribuição dos ônus da sucumbência de acordo com o resultado da demanda - Sentença mantida - Recurso desprovido." (Apelação
com Revisão n° 971.890-0/6 - Relator Desembargador Andreatta Rizzo - Julgado em 12/08/2009.
Por derradeiro, analisando o que consta dos autos, é de se acolher o pedido da apelante que pugna pela redução da importância arbitrada a título de honorários advocatícios.
O arbitramento de honorários advocatícios é atribuição do Juiz que deve se pautar pelos regramentos contidos no artigo 20 do CPC. Oportuno lembrar que a verba honorária deve recompensar condignamente o trabalho realizado, de preferência guardando parâmetro com o valor atribuído à causa, tendo, contudo, o cuidado de não se aviltar o valor da remuneração do advogado.
com Revisão n° 992 09 040752-0 t o n ° 7 47l
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No presente caso, considero que houve certo excesso no aludido arbitramento. Como se pode observar, a causa não foi grande complexidade, motivo pelo qual reduzo os honorários advocatícios para R$ 1.800,00 (mil e oitocentos reais).
Ante o exposto, pelo meu voto, dou parcial provimento ao recurso apenas para reduzir os honorários advocatícios ao montante ora arbitrado. í\
ADILSON DE Al Relator
Apelação com Revisão n° 992 09 040752-0 Voto n° 7 471