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O PROCESSO DE REATIVAÇÃO DA BASE OPERACIONAL DA TECHINT EM PONTAL DO PARANÁ: ANÁLISE DO PROCESSO DE LICENCIAMENTO AMBIENTAL

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Academic year: 2021

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Eixo Temático: Administrativas

O PROCESSO DE REATIVAÇÃO DA BASE OPERACIONAL DA

TECHINT EM PONTAL DO PARANÁ: ANÁLISE DO PROCESSO

DE LICENCIAMENTO AMBIENTAL

Ariane Maria Basilio Pigosso 1

Eduardo Vedor de Paula 2

RESUMO: O presente estudo analisou o processo de Licenciamento Ambiental da reativação

do canteiro de obras da Techint S.A, em Pontal do Paraná /PR. Em 2003, a empresa responsável pela construção de plataformas continentais necessitou reativar seu canteiro de obras no município, para o recebimento de novos contratos. O canteiro havia operado por alguns anos na década de 1980 quando foi implantado e permanecia inativo. Frente à necessidade de reativá-lo, foi necessário passar pelo processo de Licenciamento Ambiental, procedimento que regula a instalação e operação de atividades potencialmente poluidoras ou degradadoras do meio ambiente, que ainda não existia quando da primeira instalação da empresa no local. Através da análise da documentação processual junto ao órgão licenciador, pôde-se traçar uma linha do tempo das emissões das licenças e elencar quais foram os requerimentos, estudos e medidas compensatórias e mitigadoras requeridos para a emissão delas. Entendeu-se que o processo de licenciamento ocorreu de forma fragmentada e simplificada, de maneira que cada objeto de licenciamento parecesse único.

Palavras-chave: Licenciamento Ambiental. Reativação de Empreendimento. Pontal do

Paraná/PR.

1. INTRODUÇÃO

Este estudo analisou o processo de Licenciamento Ambiental da reativação do canteiro de obras, para montagem de plataformas continentais, da Techint S.A em Pontal do Paraná/PR. A empresa necessitou reativar seu canteiro de obras, que operou no início da década de 1980 e até então permanecia inativo, para o recebimento de novos contratos. Para tanto, foi necessário realizar o Licenciamento Ambiental, procedimento que regula a instalação e operação de atividades potencialmente poluidoras ou degradadoras do meio ambiente, importante instrumento de gestão territorial.

Por ser o primeiro a obter as licenças ambientais de uma série de empreendimentos industriais cogitados para o município e por não haver contado com licenciamento ambiental quando de sua instalação primeira, o empreendimento mostrou-se um interessante estudo de caso, cujas conclusões poderiam servir de precedente para estudos futuros. Assim, teve-se por objetivo geral descrever o processo de licenciamento ambiental da Techint. Especificamente objetivou-se listar os tipos de licenças e demais requisitos solicitados e analisar a consonância com a legislação ambiental estadual. Buscou-se ainda, determinar se houve solicitações de

1 Bacharela em Gestão Ambiental, UFPR. ariane.pigosso@gmail.com

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estudos e procedimentos complementares justificados pela especificidade da reativação, por se referir a uma área prioritária à conservação ambiental, pelo município apresentar elevado potencial turístico e por se constituir no primeiro empreendimento de um conjunto que se encontra em processo de licenciamento ambiental na localidade em análise.

2. MATERIAIS E MÉTODOS

Inicialmente realizou-se uma revisão na literatura relacionada aos princípios do direito ambiental e à Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos, a fim de se obter um panorama da estrutura da qual é proveniente a legislação referente ao licenciamento ambiental. As legislações referentes ao licenciamento ambiental no Brasil e no Estado do Paraná foram revisadas em maior nível de detalhe.

A lei federal 10.650/2003 garante o acesso público a informações relativas a processos de licenciamento ambiental, o que permitiu que pudessem ser requeridas vistas ao processo junto ao IAP (Instituto Ambiental do Paraná), órgão ambiental determinado competente para licenciar os processos analisados por este estudo. A análise se deu com base nos documentos administrativos, já que alguns dos planos não foram disponibilizados, como os Planos de Controle Ambiental. Os ofícios, memorandos, pareceres técnicos e demais documentos foram lidos, descritos e analisados, remontando cronologicamente o processo e descrevendo seus detalhes. Listadas as exigências do IAP, estas foram contrastadas com aquelas determinadas na legislação ambiental do Estado. Por último procurou-se por menções diretas ou indiretas dos temas da reativação, da área prioritária para conservação, do potencial turístico e do contexto do complexo industrial, relacionados ou não ao requerimento de estudos ou medidas.

Foram, ainda, utilizadas imagens do canteiro de obras dos anos de 2002, 2013 e 2014, obtidas através do software Google Earth Pro. A sobreposição das imagens permitiu verificar a real expansão do canteiro durante os anos, contrastando os valores mencionados nos documentos do processo de licenciamento. A análise das imagens possibilitou a determinação de alterações ou impactos não previstos nos estudos que embasaram as licenças ambientais concedidas.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

3.1. Descrição do objeto de estudo e região

O litoral do Paraná, composto por sete municípios, é, segundo Andriguetto e Marchioro (2002), marcado pela heterogeneidade ambiental e econômica. Possui grande variedade de

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ecossistemas, apresenta diversidade de atividades econômicas em diferentes graus de desenvolvimento, variedade cultural e desigualdade social. É uma região de valiosos remanescente naturais, que apesar dos diversos dispositivos legais de proteção sofre com o alto nível de degradação. Constitui-se como sendo uma das últimas fronteiras de ocupação do Estado, atraindo imigrantes devido ao seu potencial econômico.

O município de Pontal do Paraná localiza-se no domínio da Mata Atlântica, cuja biodiversidade e alto grau de ameaça fazem com que seja considerada área prioritária para conservação como dispõe a Lei n° 11.428, conhecida como Lei da Mata Atlântica. Este município apresenta 22 km de praias, dos 50 km presentes no litoral do Paraná, sendo que a economia se baseia nas atividades relacionadas ao turismo, que emprega a maioria da população fixa. (PONTAL DO PARANÁ, 2004).

O canteiro de obras da Techint S.A em Pontal do Paraná destina-se à montagem de plataformas petrolíferas no todo ou em partes. A empresa multinacional teve seu canteiro instalado durante a década de 1980, sendo, desta forma, anterior à legislação que requere o processo de licenciamento ambiental. O canteiro permaneceu inativo até que, no ano de 2003, houve a necessidade de reativá-lo.

A Techint é o primeiro de uma série de empreendimentos que deram início a seus processos de licenciamento ambiental na região. O Porto de Pontal, vizinho imediato do canteiro da Techint, já obteve Licença de Instalação, a qual está condicionada à construção de uma nova rodovia, cujo EIA/RIMA encontra-se em processo de elaboração. Os Terminais Marítimos da Melport, distantes 1 km da Techint, já realizaram audiência pública e aguardam o término da avaliação do EIA/RIMA pelo IAP, visando a Licença Prévia. É cabível salientar que os impactos causados por um empreendimento tomam diferentes proporções, quando em acúmulo ou interação com os impactos dos demais empreendimentos a serem instalados. Seria pertinente uma análise dos empreendimentos do ponto de vista do conjunto que vão formar, buscando consenso e complementaridade entre os estudos, medidas e programas.

3.2. Documentos

Relacionados ao processo de reativação do canteiro foram encontrados Relatório Ambiental Prévio, Projeto de Controle de Poluição Ambiental, no qual constava o Projeto Arquitetônico completo, Plano de Preparação e Atendimento às Emergências, Planos Emergenciais e Saúde Ocupacional e Parecer Técnico a respeito da erosão costeira da área na frente estuarina de terreno próximo ao canteiro. Encontravam-se anexos ao processo apenas os planos emergenciais e de saúde e o Parecer Técnico sobre o processo de erosão.

Para o processo de ampliação do canteiro e retroárea foi analisado um Plano de Controle Ambiental e Memorial Descritivo de Atracação e Pátio de Retaguarda. Foi solicitado que apresentassem relatório de acompanhamento de programa de monitoramento contínuo da fauna aquática e terrestre; plano com medidas mitigadoras e recomendações contidas nos estudos

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apresentados; cumprissem com as diretrizes apontadas pelo IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) e secretaria estadual da cultura relativa aos sambaquis; promovessem educação ambiental e comunicação social em relação à comunidade; elaborassem inventário de vegetação e solicitassem a supressão ao órgão competente; implementassem plano de monitoramento da biota aquática, qualidade da água e características locais e programa de monitoramento Sócio Econômico Cultural.

3.3. Análise do processo de licenciamento ambiental

O processo de reativação iniciado em março de 2003, teve sua licença prévia emitida em maio e a licença de instalação em dezembro do mesmo ano. Em junho de 2005 foi emitida a licença de operação. O processo de ampliação recebeu licença prévia em novembro de 2010, licença de instalação em junho de 2011 e licença de operação em dezembro de 2012.

Percebeu-se que os processos foram se seguindo de maneira que as alterações parecessem únicas. Os anteriores abrem precedentes para os seguintes e quando se somam todas as modificações realizadas tem-se algo muito maior. Esta dinâmica foi percebida em alguns momentos do estudo e pode ser exemplificada pela questão da área de ampliação. A consulta feita ao IAP tratava, em dezembro de 2005, de uma expansão do cais de cerca de 20m. Já em julho de 2006, o objeto de licenciamento aparece como reforma de cais existente numa extensão de 10 a 20m. Em outro momento, segundo o Memorial Descritivo da Estrutura de Atracação e Pátio de Retaguarda, datado de 12 de março de 2010, as obras seriam na estrutura de atracação, pátio de retaguarda e estrutura de contenção lateral do aterro. Na Informação Interna de 21 de outubro de 2010, do IAP, a ampliação seria de 35m na linha de água, o que necessitaria aterros, enroncamentos, dragagens e supressão de vegetação com influência fluvio-marinha. A dragagem necessária havia sido descartada durante o primeiro processo de licenciamento e a sobreposição das imagens identificou 25.017 m² de expansão do canteiro.

Assim, acredita-se que se o requerimento de licenciamento ambiental contemplasse todas as alterações ocorridas desde 2003 até a licença de operação de 2012, o entendimento do órgão ambiental seria outro.

Nenhum requerimento de estudos ou medidas foi justificado pela necessidade de avaliação frente ao contexto dos diversos empreendimentos previstos para o município, pelo potencial turístico ou por ser área prioritária para a conservação. Apenas o fator reativação foi mencionado, sendo considerado positivo. Em pareceres do IAP foi mencionado que poderiam ser constatados impactos positivos pela contratação de mão de obra local e que não haveria impactos sociais, estes já teriam ocorrido quando da primeira instalação. Por outro lado, não foram encontrados estudos que corroborassem essas afirmações.

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4. CONCLUSÃO

A análise documental mostrou-se satisfatória para atingir os objetivos determinados. Entretanto, apesar de ser possível afirmar que tanto a empresa quanto o órgão ambiental cumpriram as normas estabelecidas pela legislação, constatou-se uma abordagem simplista, que possivelmente se resume apenas ao cumprimento dos atos administrativos. Cabem então questionamentos acerca da ausência de EIA/RIMA, já que este não foi solicitado quando da primeira instalação dada a inexistência de legislação. A opção pelo estudo seria uma alternativa coerente não só para minimizar as chances de erro na previsão de impactos, mas também para permitir a análise integrada dos impactos quando relacionado aos dos demais empreendimentos em fase de licenciamento.

REFERÊNCIAS

ANDRIGUETTO FILHO, J. M.; MARCHIORO, N. P. X. 2002. Diagnóstico e problemática para a

pesquisa. In: RAYNAUT, C. et al (ed.). Desenvolvimento e meio ambiente: em busca da

interdisciplinaridade. Editora da UFPR. Curitiba, 2002.

BRASIL. Lei n° 10.650, de 16 de abril de 2003. Dispõe sobre o acesso público aos dados e informações existentes nos órgãos e entidades integrantes do Sisnama. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 17 abr. 2003. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/2003/L10.650.htm> Acesso em: 14 mar. 15.

GOOGLE EARTH PRO. Imagem do Canteiro de Obras da Techint S.A. 7 out. 2002. ______. Imagem do Canteiro de Obras da Techint S.A. 11 ago. 2013.

______. Imagem do Canteiro de Obras da Techint S.A. 24 ago. 2014. INSTITUTO AMBIENTAL DO PARANÁ. Informação Interna. 2010

PLANAVE S.A. Memorial Descritivo da Estrutura de Atracação e Pátio de Retaguarda

apresentado ao Instituto Ambiental do Paraná. Curitiba, março. 2010. 10p.

PONTAL DO PARANÁ. Projeto de Gestão Integrada da Orla Marítima PROJETO ORLA: Plano de

Intervenção na Orla Marítima de Pontal do Paraná. 2004. Disponível em: <http://goo.gl/FKyt1W> Acesso em: 08 jan. 2015.

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