02/10/2018
Número: 0601325-72.2018.6.27.0000
Classe: REPRESENTAÇÃO
Órgão julgador colegiado: Colegiado do Tribunal Regional Eleitoral Órgão julgador: Juiz Auxiliar - Antiógenes Ferreira de Souza Última distribuição : 02/10/2018
Valor da causa: R$ 0,00
Assuntos: Propaganda Política - Propaganda Eleitoral - Distribuição de Tempo de Propaganda Objeto do processo: Trata-se de REPRESENTAÇÃO ELEITORAL COM PEDIDO DE TUTELA DE
URGÊNCIA INAUDITA ALTERA PARS formulado por RUBEN RITTER, em face da Coligação "RENOVA TOCANTINS" (MDB/PODE/PSC/PR/PSB/PSDB) em virtude da falta de tratamento
isonômico entre os candidatos na veiculação de Propaganda Eleitoral em horário gratuito de Rádio e Televisão NESTA RETA FINAL DE CAMPANHA ELEITORAL. (Art. 96 da Lei nº 9.504/1997 e art. 3º da Resolução nº 23.547/2017).
Segredo de justiça? NÃO Justiça gratuita? NÃO
Pedido de liminar ou antecipação de tutela? SIM Tribunal Regional Eleitoral do Tocantins PJe - Processo Judicial Eletrônico
Partes Procurador/Terceiro vinculado
RUBEN RITTER (REPRESENTANTE) LUIZ RENATO DE CAMPOS PROVENZANO (ADVOGADO) JANDER ARAUJO RODRIGUES (ADVOGADO)
RENOVA TOCANTINS 40-PSB / 45-PSDB / 22-PR / 19-PODE / 15-MDB / 20-PSC (REPRESENTADO)
Procuradoria Regional Eleitoral de Tocantins (FISCAL DA LEI)
Documentos Id. Data da
Assinatura
Documento Tipo
LUIZ RENATODE CAMPOS PROVENZANO– OAB/TO 4.876 JANDER ARAÚJO RODRIGUES– OAB/TO 5.574 EXCELENTÍSSIMO SENHOR PRESIDENTE DO EGRÉGIO TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DO ESTADO DO TOCANTINS / TRE-TO
URGENTE
Pedido Liminar Tutela Provisória de Urgência (Art. 300 CPC)
RUBEN RITTER, brasileiro, casado, agricultor, advogado, inscrito no CPF 359.671.610-15, residente e domiciliado na Quadra 204 Sul, Al. 03, lote 01, em Palmas/TO, Candidato a Deputado Federal nas Eleições Gerais de 2018 sob o nº 4555 e inscrito no CNPJ 31.209.280/0001-76, vem, à presença de Vossa Excelência, representado legalmente, com fulcro no dispositivo legal contido no artigo 96 da Lei nº 9.504/1997 e artigo 3ª da Resolução nº 23.547/2017 do TSE, propor
REPRESENTAÇÃO ELEITORAL COM PEDIDO TUTELA DE URGÊNCIA INAUDITA ALTERA PARS
Em desfavor da COLIGAÇÃO “RENOVA TOCANTINS” (MDB, PODE, PSC, PR, PSB, PSDB), em virtude da falta de tratamento isonômico entre os candidatos na veiculação de Propaganda Eleitoral em horário gratuito de Rádio e Televisão NESTA RETA FINAL DE CAMPANHA ELEITORAL, caracterizando flagrante abuso, pelos motivos de fatos e de direito a seguir.
BREVE RELATO DOS FATOS:
1. O Representante filiou-se ao Partido da Social
Democracia Brasileira (PSDB) em 07.04.2018 a convite do Senador Ataídes de Oliveira e está fazendo uma campanha totalmente diferente dos demais candidatos, de baixo custo e sem utilização do Fundo Partidário, ou seja, sua campanha não tem aporte de dinheiro público.
2. Durante o período de confecção de material para a
Propaganda Eleitoral gratuita, o Representante optou por outro meio de gravação dos seus programas eleitorais em relação àquele contratado pela Coligação Renova Tocantins (Agência Public - CNPJ nº 06.170.766/0001-09),
LUIZ RENATODE CAMPOS PROVENZANO– OAB/TO 4.876 JANDER ARAÚJO RODRIGUES– OAB/TO 5.574 firmando contrato com a empresa MZN Filmes - CNPJ nº 18.130.655/0001-40) de Palmas/TO.
3. Contudo, mesmo sendo produzido pela empresa MZN
Filmes, o material era sempre enviado à Agência Public para a inclusão da logo marca do candidato à Majoritária (CARLOS ENRIQUE FRANCO AMASTHA) e, depois disso, enviado pelo responsável da Coligação às empresas de Rádio e Televisão geradoras.
4. Acontece que durante a primeira e segunda
produção, as quais foram enviadas à Agência Public, houve por parte da agência a exigência de que os Candidatos fizessem menção de voto ao cabeça de chapa, Carlos Enrique Franco Amastha.
5. Ficou evidente, a partir disso, que as lideranças da
Coligação estavam desconfortáveis com a independência do candidato e fariam o possível para minar a aparição da Propaganda Eleitoral do Representante nos meios de comunicação que, conforme a lei, são obrigados a transmitir aquilo que a Coligação os manda. Logo, quem escolhe e monta a programação é a Coligação Renova Tocantins com auxílio da Agência Public.
6. Corroborando com os fatos acima narrados, no dia
05.09.2018, o candidato a deputado federal Tiago Andrino foi beneficiado pela Coligação Representada e apareceu 02 duas vezes seguidas na mesma sequência de candidatos, como primeira e última aparição da Coligação Renova Tocantins em rede, ocupando o tempo do Representante, Ruben Ritter, que sequer apareceu naquela programação (prova em pen drive depositado em secretaria). Além disso, o candidato Tiago Andrino é o que mais aparece nas inserções ao longo da programação de TV, o que demonstra que a exclusão do Representante do horário eleitoral tem o objetivo de beneficiar o candidato preferido do senhor Carlos Amastha (candidato ao cargo de governador do Estado do Tocantins pela Coligação Renova Tocantins).
7. Nesta semana que se passou, entre os dias 24 e 30 de
setembro, o candidato RUBEN RITTER nº 4555, ora representante, TAMBÉM NÃO APARECEU em nenhuma programação de Rádio e TV (pen drive e HD depositados em secretaria).
8. Referida Informação foi confirmada pelos técnicos da
TV Anhanguera (emissora que recebe o material e que apenas transmite aquilo que é entregue pelo responsável da Coligação Renova Tocantins) e também pela
empresa PRECISA ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO E CLIPPING, no relatório a seguir (doc. original anexo).
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9. Atualmente, se tem a certeza de que está ocorrendo um boicote ao candidato, pela postura independente que tem mantido, não aceitando sequer dinheiro público oriundo do Fundo Partidário.
10. Na última sexta-feira (28/09/2018), o Representante
notificou a Coligação Representada para inserir sua Propaganda Eleitoral na Programação de Rádio e TV, todavia não obteve sucesso (doc anexo).
11. Desta forma, diante da quebra do princípio da
isonomia esculpido em nossa Constituição e do desiquilíbrio eleitoral, que caracteriza abuso por parte da COLIGAÇÃO RENOVA TOCANTINS, outra alternativo não há ao Representante, senão buscar a tutela do Poder Judiciário. DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS
12. De início, cumpre destacar a norma de regência, in
casu, o artigo 70, da Resolução 23.551/2017 do TSE, a qual dispõe que:
“Art. 70. Competirá aos partidos políticos e às coligações distribuir
entre os candidatos registrados os horários que lhe forem destinados pela Justiça Eleitoral”.
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13. Nesse ponto, se observa, que prevalece a autonomia
partidária para definir a distribuição do horário, sendo um daqueles temas considerados como “interna corporis”, ou seja, não cabe, em princípio a intervenção do Poder Judiciário.
14. Nesse sentido, o precedente do TRE/MG:
Recursos em representação. Coligações. Eleições 2010. Propaganda eleitoral gratuita no rádio e na televisão. Horário destinado às candidaturas ao cargo de Senador. Concessão de tempo excessivo a um dos candidatos, em detrimento do outro. Infração aos arts. 34, inciso V, e 38 da Resolução nº 23.191/2009/TSE, com abuso da prerrogativa prevista no art. 47. Pedido da representação julgado improcedente. Primeiro recurso, interposto por candidato. Contra a decisão que desconsiderou peça de defesa apresentada por pessoa que não era parte na representação, assistente ou substituto processual. Manifesta ausência de interesse recursal. Ausência de sucumbência. Mérito favorável aos interesses do recorrente. Recurso não conhecido. Segundo recurso, interposto pela coligação representante. Pretensão de determinação, à coligação responsável pela propaganda para o cargo de Senador, de distribuição igualitária do tempo da propaganda eleitoral gratuita, em programas em bloco e inserções no rádio e na televisão, entre os seus candidatos ao cargo majoritário. Descabimento. Questão interna corporis das agremiações,
salvo abusos
. Precedentes. Ausência de previsão legal para a medida. Inteligência do art. 47 da Resolução nº 23.191/2009/TSE. Recurso desprovido.(TRE-MG - RP: 671373 MG, Relator: ANTÔNIO CARLOS CRUVINEL, Data de Julgamento: 21/09/2010, Data de Publicação: PSESS - Publicado em Sessão, Data 21/09/2010).
15. Discorrendo sobre o tema, o doutrinador José Jairo
Gomes (Direito Eleitoral, 14ª Edição, Editora Atlas, 2018, pg. 582) afirma que: “Cumpre aos partidos distribuir o horário gratuito a que tiver direito
entre seus respectivos candidatos majoritários e proporcionais, respeitados o tempo deferido a cada uma dessas eleições, cabendo à
Justiça Eleitoral dirimir eventuais conflitos e abusos”.
16. Da exegese do precedente jurisprudencial e da
doutrina acima transcritos, traduz-se duas regras, sendo a primeira, a autonomia partidária para distribuir o tempo, e a segunda, a vedação ao abuso.
17. Logo, se na distribuição do tempo não há abuso caracterizado por se privilegiar este ou aquele candidato não cabe ao Judiciário rever a decisão do partido ou da coligação; caso contrário, abre-se o espaço para o Judiciário revisar a decisão partidária ou da coligação.
18. Nesse sentido, colaciona-se a doutrina de Carlos
Neves Filho (Propaganda Eleitoral e o Princípio da Liberdade da Propaganda Política. Editora Fórum, 2012, pg. 85), que embora se refira à democracia interna do partido, também se aplica ao caso concreto:
“A distribuição interna partidária do tempo de propaganda
eleitoral só se discute quando há mais de um candidato por cargo, (...)
A aparente simplicidade da questão pode se atribuir a corriqueira interpretação de que é matéria interna corporis, e como tal só interessa ao partido, e apenas dentro de suas instâncias é que se pode resolvê-las – e assim a Justiça Eleitoral tem se afastado, sem resolver o problema.
Porém, os direitos fundamentais valem também nas relações entre os partidos e os seus membros, não podendo no seio da atividade partidária, tratar diferentemente os iguais. Assim, espera-se que os partidos, além de respeitarem os direitos fundamentais e os princípios constitucionais, estabeleçam, até por decorrência daqueles, a democraticidade interna”
(grifei).
19. Em uma análise perfunctória, feita com base nas
provas colacionadas pelo Representante, verifica-se a existência do fumus boni
iuris a amparar a pretensão.
20. Primeiro, porque não está se discutindo a forma de
divisão ou distribuição do tempo de propaganda eleitoral, mas a exclusão do Representante da programação da Coligação representada em benefício de outras candidaturas, o que caracteriza abuso.
21. E segundo, a autonomia partidária contida no
parágrafo 1º do artigo 17 da CF/88 não significa soberania para desrespeitar, direta ou indiretamente, valores e princípios constitucionais, entre eles, o princípio da igualdade.
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22. Evidente, Excelência, que o Partido ou Coligação tem
autonomia para montar a sua “grade de programação”, contudo, em hipóteses alguma, a legislação permite que tal faculdade seja usada para dirimir direitos, desequilibrar o tratamento entre candidatos, boicotar uns e outros, muito menos de excluir candidatos da programação eleitoral.
23. O periculum in mora também é nítido, uma vez que
o candidato tem apenas a terça-feira (02/10/2018) e a quinta-feira (04/10/2018) para transmitir em rede aos tocantinenses sua mensagem eleitoral e o pedido de voto. Por isso tal demanda é URGENTE!
24. Caso haja demora no provimento da liminar,
perder-se-á o objeto ora requerido causando mais prejuízos do que os já suportados pelo Representante.
25. Pelo exposto, justifica-se a concessão da liminar
requerida para GARANTIR que o candidato Ruben Ritter nº 4555 tenha seu material de Propaganda Eleitoral exibida EM TODO O ESTADO DO TOCANTINS até o dia limite permitido, conforme vinha sendo feito antes de sua exclusão. DOS PEDIDOS
26. Ante ao exposto, requer:
a) Seja a COLIGAÇÃO RENOVA TOCANTINS compelida, liminarmente e inaudita altera pars, a garantir a propaganda eleitoral gratuita em rede e em inserções ao longo da programação do Candidato a Deputado Federal RUBEN RITTER nº 4555, em TODO o Estado do Tocantins e em horário nobre, através da distribuição imediata às emissoras de Rádio e Televisão geradoras, nos moldes de como vinha sendo exibido na TV e Rádio, já nos dias 02/10/2018 até 04/10/2018, sob pena de multa diária no valor de R$100.000,00 (cem mil reais).
b) Seja a COLIGAÇÃO RENOVA TOCANTINS compelida, liminarmente e inaudita altera pars, a permitir o acesso a grade de programação encaminhada pela agência contratada pela coligação a emissora geradora;
c) Seja determinado a COLIGAÇÃO RENOVA TOCANTINS, liminarmente e inaudita altera pars, que se abstenha de expropriar
o direito do Representante a propaganda eleitoral gratuita no rádio e TV, mantendo a igualdade de tratamento entre os candidatos, preservando assim os princípios constitucionais da isonomia;
d) A citação da representada para, querendo, no prazo legal, apresentação contestação;
e) No mérito, seja garantido a propaganda eleitoral gratuita e inserções do Candidato a Deputado Federal RUBEN RITTER nº 4555, em TODO o Estado do Tocantins, através da distribuição imediata às emissoras de Rádio e Televisão geradoras, nos moldes de como vinha sendo exibido nas redes de TV e Rádio, já nos dias 02/10/2018 até 04/10/2018, a Propaganda Eleitoral, em TODO o Estado do Tocantins;
f) Por fim, protesta por todos os meios de prova em direito admitido, em especial pela juntada de documentos anexos e HD externo, a ser depositado na secretaria do TER-TO.
Termos em que, Requer deferimento.
Palmas/TO, 02 de outubro de 2018.
LUIZ RENATO DE CAMPOS PROVENZANO OAB/TO 4.876
JANDER ARAÚJO RODRIGUES OAB/TO 5.574
DOCUMENTOS ANEXOS Anexo 1. Representação Anexo 2. Documentos pessoais Anexo 3. Procuração
Anexo 4. Comprovante de endereço Anexo 5. Notificação extrajudicial Anexo 6. Relatório TV Fiscal
Anexo 7. Pen drive (depositado em Secretaria) Anexo 8. HD (depositado em Secretaria)