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OS GASTOS DO GOVERNO FEDERAL EM EDUCAÇÃO NO PERÍODO 1995/2010 E O DESAFIO ATUAL PARA O PAÍS

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OS GASTOS DO GOVERNO FEDERAL EM EDUCAÇÃO NO PERÍODO 1995/2010

E O DESAFIO ATUAL PARA O PAÍS

José Lúcio Alves Silveira1

RESUMO

O trabalho apresenta que o importante desafio para o País consiste na União elevar as despesas em educação e reduzir a taxa de juros real da economia.

Palavras-chave: Despesas em educação. Taxa de juros real.

Governo Federal.

ABSTRACT

The work shows that the major challenge for the country is the federal government to raise spending on education and reduce the real interest rate.

Keysword: Expenditure on education. Real interest rate.

Federal Government.

1. INTRODUÇÃO

O Estado pode desempenhar importantes funções na sociedade, dentre elas destaca-se o gasto em educação, considerado elemento essencial para elevar o bem-estar de uma sociedade. Nesse sentido, o objetivo desse trabalho consiste em analisar a evolução da despesa em educação pelo Governo Federal ocorrida após o declínio dos níveis de inflação em meados dos anos 1990.

E para a sua consecução, o mesmo está dividido em duas seções, além da introdução. Na segunda seção é feita, primeiramente, uma sucinta apresentação sobre o papel do Estado na economia. Em seguida, analisa-se a evolução da despesa do Governo Federal em educação no período 1995/2010, procurando identificar as variáveis determinantes de seu declínio ocorrido após 2000. Finamente, na terceira seção são feitas as considerações finais.

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2. O ESTADO E OS GASTOS DO GOVERNO FEDERAL EM EDUCAÇÃO 2.1 O papel do Estado na economia

Uma importante justificativa para a intervenção do Estado na economia reside na existência de falhas de mercado. Estas aparecem quando o sistema de mercado não cumpre a função de alocar eficientemente os recursos. A teoria econômica enumera quatro (4) razões para o surgimento de falhas de mercado que são: monopólio natural; informação incompleta; bens públicos e; externalidades [Varian (2006) e Pindyck e Rubinfeld (2010)].

O monopólio natural ocorre quando determinada firma apresenta economias de escala em seu processo produtivo, significando que é capaz de duplicar sua produção sem a necessidade de dobrar seus custos. Como a firma apresenta um custo médio e marginal decrescentes ao longo de uma faixa significativa de produção, suas concorrentes ou rivais) não conseguem produzir com estes custos baixos e acabam saindo do mercado. A intervenção do Estado, neste caso, pode ser realizada por duas formas. A primeira através da regulação, impedindo que a firma monopolista obtenha lucros abusivos através da fixação de seus preços de mercado. A segunda alternativa seria o Estado assumir diretamente a produção do bem ou serviço.

Quanto à informação assimétrica, esta consiste em uma situação na qual o vendedor ou comprador possui mais informações do que a outra parte. Um exemplo dessa situação ocorre no mercado de seguros. As pessoas quando adquirem um seguro de saúde sabem mais a respeito de seu estado de saúde do que a seguradora. Assim, existe a possibilidade que determinado indivíduo com uma doença preexistente, mas omitida a seguradora, possa adquirir um seguro saúde, unicamente para tratar-se e logo depois rescindir o contrato com a seguradora. Por outro lado, as seguradoras poderiam não aceitar determinados grupos sociais como os idosos, por acharem que estes têm maior probabilidade de adquirirem doenças. Neste caso, a intervenção do Estado torna-se necessária através da regulação dos contratos firmados entre os clientes e as seguradoras, como forma de evitar abusos entre as partes envolvidas.

Já os bens públicos são aqueles que possuem duas características: a não-rivalidade e a não-exclusividade. Uma mercadoria é considerada não rival quando ao ser consumida por determinado indivíduo A, por exemplo, não elimina a possibilidade que outras pessoas desfrutem de seus benefícios. Além disso, para qualquer nível de produção ocorre um custo marginal zero para um consumidor adicional. Por outro lado, uma mercadoria apresenta a característica de não-exclusividade quando os indivíduos não podem ser excluídos dos benefícios de seu consumo. A implicação dessa propriedade é que

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torna-se difícil ou mesmo impossível cobrar pela utilização dessas mercadorias. Os consumidores não fazem, portanto, nenhum pagamento direto quando usufruem dos benefícios desses bens.

No que se refere às externalidades, estas dizem respeito às situações em que as ações de uma pessoa ou firma resultam em benefícios ou custos para a sociedade os quais não são compensados ou cobrados do consumidor ou produtor que os causou. Por exemplo, quando uma empresa química despeja seu lixo em determinado rio, poluindo suas águas e prejudicando o meio-ambiente, isto resulta numa externalidade negativa. Esta decorre do fato da firma não ter nenhum interesse em responder pelos custos externos que está impondo a sociedade quando decide produzir. A intervenção do Estado, através de multas e (ou) regulamentação, torna-se necessária para desestimular a externalidade negativa.

As despesas na infra-estrutura econômica (energia, telecomunicações e transportes) e social (bens “meritórios” como saúde e educação), por outro lado, se constituem em exemplos de externalidades positivas porque trazem benefícios para todos os setores da economia. A intervenção do Estado torna-se necessária, portanto, nestes setores. No caso específico da infra-estrutura econômica, apesar da privatização ocorrida na maior parte desse setor ao longo dos anos 1990, o Estado ainda tem um importante papel a desempenhar. Este deve assumir a co-responsabilidade pelo seu provimento, bem como ser um agente regulador do setor, com o objetivo de evitar a ocorrência de escassez desses serviços que são vitais para o crescimento econômico do País.

Em resumo, o Estado apresenta importantes funções na economia, as quais não deveriam ser negligenciadas, conforme destacado acima. No entanto, para o propósito desse trabalho, a seção seguinte se concentrará sobre o comportamento do gasto do governo federal brasileiro em educação para avaliar se este recebeu prioridade no período 1995/2010.

2.2 Os gastos federais em educação entre 1995 e 2010

Os gastos federais em educação entre 1995 e 2010 foram marcados por dois

momentos bastante distintos. O primeiro referente ao período 1995/1999, no qual as despesas em educação passaram de R$ 35,3 bilhões em 1995 para R$ 43,7 bilhões em 1999, registrando, assim, um crescimento de 23,8%. O segundo momento, correspondendo ao período 2000/2010, foi caracterizado pelo declínio nas despesas em educação, as quais passaram de R$ 43,7 bilhões em 1999 para R$ 25,4 bilhões em 2000, resultando em uma

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queda de 41,9%. E como agravante dessa situação, esse valor registrado em 2000 representou o teto dessas despesas até 2008. Além disso, não obstante a recuperação ocorrida entre 2009 e 2010, a despesa em educação pelo governo federal não alcançou o patamar registrado no final dos anos 1990 (Gráfico 1).

2010 2009 2008 2007 2006 2005 2004 2003 2002 2001 2000 1999 1998 1997 1996 1995 50 45 40 35 30 25 20 15 A no B ilh õ e s d e R $ 38,2 31,6 24,0 23,7 22,8 21,7 20,6 22,1 25,2 25,2 25,4 43,7 45,1 32,8 32,2 35,3

Gráfico 1: Despesas do Governo Federal em Educação

em R$ bilhões constantes (1): 1995-2010

Fonte: Minist ério da Fazenda. Elaboração do autor.

Not a 1: Valor atualizado pelo IGP-DI de dezembro de 2010 da Fundação Get úlio Vargas (FGV).

A evolução da despesa em educação também pode ser observada quando se analisa o quociente Despesa em Educação/Produto Interno Bruto – PIB, cuja trajetória é semelhante ao indicador discutido anteriormente. Assim, a despesa em educação passou de 1,20% do PIB em 1996 para 1,60% do PIB em 1999. Porém, no ano seguinte registrou-se um declínio de 43,8% nessa despesa, a qual chega a 0,9% do PIB em 2000. Além disso, como agravante, esse valor registrado em 2000, que já era reduzido em relação ao ano de 1999, será ultrapassado somente em 2010 (Gráfico 2).

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2 0 1 0 2 0 0 9 2 0 0 8 2 0 0 7 2 0 0 6 2 0 0 5 2 0 0 4 2 0 0 3 2 0 0 2 2 0 0 1 2 0 0 0 1 9 9 9 1 9 9 8 1 9 9 7 1 9 9 6 1 9 9 5 1 , 8 1 , 6 1 , 4 1 , 2 1 , 0 0 , 8 0 , 6 A n o % d o P IB 1 , 0 4 0 , 8 9 0 , 7 2 0 , 7 1 0 , 7 4 0 , 7 5 0 , 7 4 0 , 8 3 0 , 8 9 0 , 8 9 0 , 9 0 1 , 6 0 1 , 6 0 1 , 2 0 1 , 2 0 1 , 4 0 G r á fico 2 : D e s p e s a s e m E d u c a çã o d o G o v e rn o F e d e r a l % d o P IB: 1 9 9 5 - 2 0 1 0 F o n te : M in is té r io d a F a z e n d a e IBGE . E la b o r a ç ã o d o a u to r .

Quanto à explicação para a trajetória da despesa em educação pelo governo federal no período 1995/2010, reside no ajuste fiscal que o País começa a implementar após o acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI) no final de 1998 para obtenção de um empréstimo, no valor de US$ 42,0 bilhões, junto à comunidade financeira internacional. Esse acordo estabelecia que o setor público consolidado (Governo Federal + Estados e Municípios + Empresas Estatais) deveria gerar, a partir de 1999, recorrentes superávits primários (receitas não financeiras – despesas não financeiras) como forma de evitar o aumento de sua dívida pública líquida. E uma variável de ajuste para a consecução desse objetivo, a nível federal, foi a redução nas despesas em educação, com severas implicações negativas para a sociedade. Afinal, gastos em educação se constituem em determinante fundamental para o crescimento da produtividade do trabalhador, elemento chave para o crescimento econômico das nações.

Por outro lado, a taxa de juros real fixada pelo Banco Central do Brasil (BACEN), a qual incide sobre o estoque da dívida pública, tem sido bastante elevada desde 1992, com dois efeitos nocivos para o bem estar da sociedade. Primeiro, reduz a demanda por investimento, constituindo, assim, em obstáculo para o crescimento econômico do País. Segundo, aumenta as despesas financeiras do setor público, obrigando-o a diminuir recursos para a educação.

Portanto, o grande desafio para o atual governo brasileiro está em tornar a educação brasileira uma prioridade nacional. No entanto, esse novo cenário requer a mudança na trajetória dos gastos em educação iniciada em 2000. Nesse sentido, uma medida necessária relaciona-se com a redução da taxa de juros real praticada pelo BACEN,

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atitude na qual diminuiria as despesas financeiras no orçamento federal e ampliaria os recursos para a área social.

3. CONCLUSÃO

Ao analisar o comportamento da despesa em educação pelo Governo Federal

no período 1995/2010, constatou-se que a partir do final dos anos 1990 ocorreu um expressivo declínio nesta rubrica, a qual passou de R$ 43,7 bilhões em 1999 para apenas R$ 25,4 bilhões em 2000, cujo valor se estabiliza até 2008. Essa tendência também é constatada pelo exame da relação despesas em educação/PIB, que transita de 1,60% do PIB em 1999 para 0,90% do PIB em 2000, e se mantém nesse patamar até 2009. Portanto, apesar da importância da educação para o crescimento econômico de um país, esta ainda não foi prioridade pelo Governo Federal no século XXI. E para a consecução dessa meta é necessário diminuir urgentemente as despesas financeiras da União mediante o declínio da taxa de juros real praticada pelo BACEN, permitindo, assim, ampliar o orçamento para a educação. Portanto, este é o desafio fundamental do País atualmente.

4. BIBLIOGRAFIA

BRASIL. IBGE. Disponível em: <htpp://www.ibge.gov.br>. Acesso em: 15 de março de 2011. BRASIL. Ministério da Fazenda. Disponível em: <htpp://www.fazenda.gov.br>. Acesso em: 04 de março de 2011.

PINDYCK, Robert S. & RUBINFELD, Daniel L. Microeconomia, 7ª. ed. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2010.

Referências

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