Vigilância de Saúde
na
Idade Adolescente e Jovem
“O termo adolescência traduz um
conceito lato, de difícil aplicação a um
grupo etário rigorosamente definido”
(Prazeres, 1998)
O que é ser Adolescente?
Helena Loureiro, 2007 3
“A OMS considera, na maioria dos seus
documentos, adolescência e juventude como
os períodos da vida que medeiam entre os 10
e os 19 anos e entre os 15 e os 24 anos,
respectivamente”
(Prazeres, 1998)
Onde começa e onde termina a
adolescência e a juventude?
Helena Loureiro, 2007 4
Helena Loureiro, 2007 5
O Crescimento…..
Na Rapariga
• aumento de estatura;
• desenvolvimento das mamas; • aparecimento de pêlos nos órgãos genitais e axilas (podendo também aumentar nos braços, pernas e cara);
• o corpo assume uma forma mais arredondada;
• aparecimento de um odor corporal mais acentuado;
• menarca (9-16 anos)
• maior sensibilidade nos órgãos genitais.
Na Rapaz
• aumento de estatura;
• aumento dos ombros em relação à anca;
• aparecimento de pêlos nos órgãos genitais, axilas, braços, pernas e cara;
•desenvolvimento dos órgãos sexuais (pénis e testículos aumentam de tamanho);
• alteração da voz (mais grave, rouca ou esganiçada);
•Suor e odores corporais; •Sonhos molhados
AUTO-ESTIMA
AUTO-CONCEITO
AUTO-IMAGEM
Processo de
IDENTIDADE
AUTONOMIA
O Desenvolvimento…..
Helena Loureiro, 2007 7
Avaliação que faz de
si próprio
Capacidade de acreditar
em si como pessoa de
boas qualidades e
acreditar que os outros
conhecem e apreciam
essas qualidades
“Imagem reflectida
no espelho”
AUTO-CONCEITO
AUTO-ESTIMA
(
Componente afectiva do auto-conceito)Helena Loureiro, 2007 8
Processo de desenvolvimento da
IDENTIDADE
• Experimentação de diferentes papéis;
• Desenvolvimento da capacidade de “convivência
íntima”;
• Experiências amorosas e romance;
• Experimentação sexual;
Helena Loureiro, 2007 9
• EMOCIONAL
– Abandono dos laços infantis (relação com os pais);
• COMPORTAMENTAL
– Comportamento e decisão autónomos;
• VALORES
– Capacidade de ter visão própria, assente em
considerações alternativas.
Processo de desenvolvimento da
AUTONOMIA
Alguns comportamentos/manifestações de
Autonomia
• Decorar o seu quarto como quiser • Usar a roupa ou penteado a seu gosto • Gastar o seu próprio dinheiro como quiser • Sair à noite
• Sair de casa sem dizer com quem e onde vai • Sair e entrar às horas que quer
• Passar os fins de semana fora de casa • Passar férias sem a companhia de familiares • Namorar
• Resolver os seus assuntos ou problemas sem interferência dos pais • Seguir as suas próprias convicções/ideologias (religiosas, políticas,
áreas de estudo)
Helena Loureiro, 2007 11
SEXUALIDADE
Afectos Significados Valores Representações sociaisTomada de decisão •Selecção •Tipo de relacionamento •Orientação sexual
Riscos:
Mais que um parceiro
Gravidez indesejada
IST
Helena Loureiro, 2007 12
IMPACTE DA GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA
•Aceitação da gravidez
•Papel materno
•Relação com companheiro
•Novas aprendizagens
Social
Cultural
Individual
Helena Loureiro, 2007 13
Adolescência…
• Aceitação da imagem corporal
• Aceitação da identidade sexual
• Desenvolvimento de sistema de valores
próprios
• Preparação para construir uma vida
• Independência dos pais desenvolvimento das
capacidades de tomada de decisão
• Desenvolvimento da identidade adulta
Helena Loureiro, 2007 15
“…processo contínuo através do qual os indivíduos
adquirem capacidade de satisfazer as suas
necessidades e de incrementar as habilidades e
competências pessoais, alargando as redes sociais de
pertença” (DGS, 2005:10).
Desenvolvimento na idade jovem…
Helena Loureiro, 2007 16
Desenvolvimento Juvenil:
• Crescimento – Expressão somática de interacção entre determinantes genéticas e ambientais.
• Identidade, autonomia e pertença – O indivíduo assume-se como sujeito singular que se encontra ligado a diversos grupos sociais, detendo um certo grau de controlo sobre os seus próprios actos em vários contextos de vida (nomeadamente a possibilidade de criar novas afiliações).
• Projecção no futuro – O individuo adquire a capacidade de perspectivar o futuro, estabelecendo planos de vida a curto, a médio e a longo prazo e de produzir acções visando a respectiva consecução. • Auto-estima e relações interpessoais – O individuo desenvolve
habilidades para realizar projectos, concretizar iniciativas entendidas como úteis e merecer o reconhecimento e a estima dos outros, conseguindo estabelecer relações interpessoais gratificantes, no contexto familiar e doutros grupos de pertença.
• Relações íntimas – O individuo adquire a capacidade de estabelecer vínculos afectivos mais aprofundados, complexos e duradoiros e íntimos, no âmbito das relações diádicas.
Helena Loureiro, 2007 17
Vigilância de saúde dos
Adolescentes e Jovens
Dec 60 – A OMS começa a dar uma particular atenção a este
grupo etário.
Dec 70 / 80 – Em Portugal reconhece-se a necessidade de
começar a vigiar, de uma forma mais particularizada, a saúde
dos adolescentes.
1984 – Surgem em Portugal as primeiras directivas legais
dirigidas a este grupo etário (Lei 3/84 – Educação Sexual e
Planeamento Familiar).
Como foi evoluindo a prática de
1990 – A Lei de Bases da Saúde (alínea a, n.º1,Base II) particulariza
os adolescentes como sendo um dos “grupos sujeitos a maiores
riscos” para os quais deverão ser tomadas medidas especiais.
1997 – O documento “Saúde em Portugal – Uma estratégia para o
virar do século”, indica os adolescentes como sendo um grupo de
actuação prioritária no campo da protecção e da promoção da saúde.
1998 – As orientações emanadas pela DGS apresentam, pela
primeira vez, alguns indicadores muito específicos dirigidos a esta
faixa etária (ex.: gravidez na adolescência e nível de saúde global).
2004 - O “Plano Nacional de Saúde, 2004”, aponta para a
necessidade da criação de um Programa Nacional de Saúde dos
Jovens
…………..
Helena Loureiro, 2007 20
Outras medidas….
1996 - Programa-tipo em Saúde Escolar, de âmbito nacional.
1999 - Lei nº 120/99, que reforça as garantias do direito à saúde reprodutiva.
2000 - Decreto-Lei nº 259/2000, que fixa condições de promoção da educação sexual e de acesso dos jovens a cuidados de saúde no âmbito da sexualidade e do
planeamento familiar.
2001 - No documento Ganhos de Saúde em Portugal são apresentados alguns dados epidemiológicos sobre a evolução das principais causas de mortalidade na segunda década da vida, sendo apontada a necessidade de reforçar o estabelecimento de parcerias estratégicas e o desenvolvimento da investigação na área da saúde dos adolescentes.
2003 - A DGS publicou o documento Saúde Juvenil no Masculino, em que são enfatizadas as questões de género e a necessidade de desenvolver mecanismos compensadores de diversas iniquidades ligadas ao sexo no âmbito da prestação de cuidados de saúde.
2004 - No domínio da saúde sexual e reprodutiva, com realce particular nos jovens, foi aprovada, a Resolução da Assembleia da República nº28/2004, a respeito de medidas de prevenção no domínio da interrupção voluntária da gravidez
“Como estão, de saúde, os nossos
Adolescentes e Jovens ?”
“Que utilização fazem eles dos
Serviços de Saúde?”
... representam a forma mais facilitada de
acesso à promoção de saúde e aos
cuidados antecipatórios;
...constituem instâncias privilegiadas em
termos de desenvolvimento da
intersectorialidade e da participação juvenil.
DGS, 1998
Helena Loureiro, 2007 23
Promover a adopção estilos de vida saudáveis;
Desenvolver actividades de prevenção primária e secundária;
Identificar precocemente desvios do desenvolvimento;
Detectar precocemente a adopção de comportamentos de risco; Sinalizar e apoiar, continuamente, casos de patologia crónica e/ou
deficiência, no âmbito familiar e comunitário;
Detectar, apoiar e orientar situações de disfunção familiar.
Objectivos da vigilância de saúde nos
Adolescentes e Jovens
Helena Loureiro, 2007 24
Consulta de Enfermagem
1. Crescimento e Desenvolvimento
• Avaliação dos parâmetros estato-ponderais • Avaliação do desenvolvimento
• Detecção de desvios
• Identificação de caracteres pubertários • …
Helena Loureiro, 2007 25
Consulta de Enfermagem
2. Nutrição
• Avaliação do estado nutricional • Inquérito sobre hábitos alimentares • Educação alimentar
• Identificação precoce de desvios do comportamento alimentar (anorexia, bulimia, ...)
• …
Consulta de Enfermagem
3. Sexualidade
• Avaliação do estado de sensibilização para temática • Anatomofisiologia
• Crenças e Valores da sexualidade • Medidas preventivas
Helena Loureiro, 2007 27
Consulta de Enfermagem
4. Imunização
• Avaliação do estado de imunização vacinal • Actualização oportuna
Helena Loureiro, 2007 28
5. Diagnóstico Precoce de Problemas de Saúde
Escoliose Acne Depressão Anorexia/Bulimia …Consulta de Enfermagem
Helena Loureiro, 2007 29
6. Comportamentos de Risco
Identificação de consumos tóxicos Prevenção rodoviária
Actividade sexual desprotegida Atitudes suicidas …
Consulta de Enfermagem
Programas de intervenção
na saúde dos
Adolescentes e Jovens
Helena Loureiro, 2007 31
Princípios de acção
• Devem promover o desenvolvimento global e integral
dos adolescentes e não restringir-se apenas à
prevenção e aos cuidados clínicos ligados à
morbilidade.
• Devem contemplar a condição cultural e
socioeconómica do meio onde os adolescentes se
encontram inseridos.
• Devem envolver a participação dos adolescentes
(intervenção inter-pares)
Helena Loureiro, 2007 32
Características dos programas
de intervenção
• Acessibilidade
• Visibilidade
• Qualidade
• Gratuitos
• Globais
• Contínuos
• Coordenados
• Flexíveis
• Participativos
• Confidenciais
Helena Loureiro, 2007 33
Estratégias de intervenção
• Participação intersectorial
acção concertada entre os diversos intervenientes da rede comunitária: educação, segurança social, autarquia, emprego, colectividades desportivas…
• Interligação dos cuidados
todos os contactos devem ser aproveitados como um momento privilegiado para veiculação de cuidados antecipatórios
• Intervenção multidisciplinar
saberes e formas de intervenção diferentes sustentam respostas mais adequadas e exercem um reforço mais promissor
Âmbito do desenvolvimento
de programas de saúde
nos adolescentes e jovens
Helena Loureiro, 2007 35
Crescimento vs desenvolvimento
• anatomofisiologia
• reforço da auto-estima (o “eu”) • capacidade de decisão • …
Estilos de vida saudáveis
• exercício físico e a prática desportiva equilibrada • uso construtivo do laser
• criação artística e cultural
• padrões alimentares equilibrados • consumos selectivos e críticos • gestão do stress
• utilização criteriosa da televisão e das novas tecnologias • sociabilidade
• cultura ecológica • …
Helena Loureiro, 2007 36
Condutas de risco
•
reflexão sobre as condutas de ensaio
•
consumos (álcool, tabaco, drogas, …)
•
violência (bullying, ..)
•
medidas protectoras
…
Sexualidade
•
valores
•
afectividade
•
…
Helena Loureiro, 2007 37
Saúde reprodutiva
•
protecção • capacidade de decisão • …Serviços de saúde
•
oferta de serviços • linhas de apoio• atitudes dos profissionais • …
…
Helena Loureiro, 2007 39
BIBLIOGRAFIA
• Portugal. Direcção Geral da Saúde. Divisão de Saúde Materna, Infantil e dos Adolescentes. Saúde Infantil e Juvenil: Programa-Tipo
de Actuação. Lisboa: DGS, 2002.
• Portugal. Direcção Geral da Saúde. Divisão de Saúde Materna, Infantil e dos Adolescentes. Bases do Programa Nacional de Saúde dos Jovens 2006/2010. Lisboa: DGS, 2005.
• PRAZERES, Vasco [et al.]. Saúde dos Jovens em Portugal: Elementos de caracterização 2005. - Lisboa: DGS, 2005.
• PRAZERES, Vasco. Saúde dos adolescentes: Princípios