E ZONAS ADJACENTES
COMPONENTE ÁGUAS SUBTERRÂNEAS
Fase 3: Proposta de Medidas de Gestão Ambiental
(Obra 607/541/5344)
João Paulo Lobo Ferreira Catarina Diamantino
Manuel de Oliveira Maria João Moinante
Objectivos:
Elaboração de um modelo de escoamento dos sistemas hidrogeológicos de porosidade intergranular (seleccionou-se pela sua maior importância como aquífero o sistema aquífero de Monte Gordo)
Estudo da posição actual da interface água doce - água salgada no sistema aquífero de Monte Gordo
Quantificação da quantidade de água subterrânea que escoa para o estuário na zona do sapal de Castro Marim
Quantificação da contribuição de nitratos transportados pelas águas subterrâneas para o estuário, através de balanço de massa e da modelação do transporte de massa em regime transitório
Sistema aquífero de Monte Gordo aquífero poroso não confinado
área total de cerca de 10 km2
em termos litológicos é constituído por:
- nível de areias de duna (espessura < 10 m)
- nível de areias de praia e de estuário (cerca de 12 m espessura) substracto impermeável – aluviões antigos
FEFLOW (Finite Element Subsurface Flow & Transport Simulation System)
Aplicado ao Sistema aquífero de Monte Gordo
determinar o fluxo subterrâneo e o transporte de massa em termos de salinidades
prever a posição da interface água doce/água salgada em estado estacionário
Mapa hidrogeológico do Sistema aquífero de Monte Gordo Esteiro da Carrasqueira Rio Gua dia na A re nitos do P li océ nic o Mar
Areias de duna Esteiro da Carrasqueira Mar -10 10 0.07 Z Substrato impermeavel N S Li m it e N do s is te m a Li m it e S do s is te m a d
agua doce Areias de praia
d agua doce s agua salgada zo na d e tra nsica o zona de t rans icao s agua salgada
Condição de fluxo imposto Condição de nível piezométrico imposto N Esteiro da Carrasqueira Ri o G uad ia na
Condições de fronteira para o modelo de fluxo
Condição de nível piezométrico imposto Condição de nível piezométrico imposto Mar
Parâmetros dos materiais para o modelo de fluxo
Condutividade hidráulica nos eixos dos xx, yy e zz:
Esteiro da Carrasqueira Ri o G ua di an a N Mar
valores variam entre 28 m/dia e 76 m/dia (Silva, 1984) interpolados por krigagem para a restante área
zona adjacente à linha de costa e zonas aluvionares adjacentes ao esteiro e ao rio
adoptaram-se valores mais baixos
mapa final da distribuição de condutividades após a calibração do modelo de fluxo
Recarga
valores adoptados foram de 134, 150 e 328 mm/ano para três zonas distintas do aquífero (Fase 2; Leitão et al., 2001)
nas zonas aluvionares adjacentes ao esteiro e ao rio e nas zonas de aglomerados populacionais adoptaram-se valores mais baixos
Ri o G ua di an a Esteiro da Carrasqueira N
mapa final da distribuição de recarga após a calibração do modelo de fluxo
Condições de fronteira para o modelo de transporte
(para os seis planos)
Condição de concentração imposta C = 0 mg/l Todos os planos N
Condição de concentração oufluxo imposto
plano1 plano2 plano3 plano4 plano5 plano6 C ≈ 0 mg/l Q= 0 m3/d C = 5000 mg/l Condição de concentração ou fluxo imposto plano1 C ≈ 0 mg/l plano2 plano3 Q = 0 m3/d plano4 plano5 C = 5000 mg/l plano6 Ri o G ua di an a Esteiro da Carrasqueira
Condição de concentração ou fluxo imposto
plano1 plano2 plano3 plano4 plano5 plano6 C ≈ 0 mg/l Q=0 m3/d C = 36400 mg/l
Resultados preliminares do modelo em regime de equilíbrio Esteiro da Carrasqueira Rio Gua dia na N
Resultados preliminares do modelo em regime de equilíbrio Esteiro da Carrasqueira Rio Gua dia na N Mar outflow inflow
Ri o G ua dia na Esteiro da Carrasqueira Mar N
Resultados do modelo em regime de equilíbrio
Distribuição da concentração de cloretos
Nitratos de origem agrícola nas águas subterrâneas que
escoam para o estuário do Guadiana
Metodologia:
Definição das áreas agrícolas onde se preconize a existência de fertilização com azoto
Definição da carga de azoto sazonal aplicada em função do tipo de cultura Assunção de uma percentagem de azoto que não é integrado pelo desenvolvimento da planta e que permanece no solo infiltrando-se para as águas subterrâneas
Cálculo da quantidade total de azoto que se infiltra nas águas subterrâneas
Reunião com técnicos da Direcção de Serviços de Agricultura
da Direcção Regional de Agricultura do Algarve:
Dificuldades na aplicação da metodologia:
não existe cartografia das culturas utilizadas;
não existe informação relativamente às quantidades de azoto aplicadas por tipo de cultura na área em causa;
por isso, também não é possível dispor de um calendário de fertilizações seguido pelos agricultores da zona.
Algumas recomendações:
no âmbito do apoio técnico aos agricultores, os serviços da agricultura recomendam quantidades de fertilizantes e calendários de aplicação;
Quantidade de azoto recomendado por cultura
idade (anos) 1-2 3-4 5-6 7-8 9-10 >10 Azoto (g/árvore) 40-80 120-160 240-320 410-500 550-600 400-700 Produção esperada (t/ha) 5 15 20 25
Azoto (kg/ha) 50 60 80 100 Produção esperada (t/ha) 1500 3000 4500
Azoto (kg/ha) 20-30 20-30 20-30 Produção esperada (t/ha) 20 25 35
Azoto (kg/ha) 70 90 135
Produção esperada (t/ha) 20 25 35 40 50 Azoto (kg/ha) 70 90 135 150 160 Produção esperada (t/ha) 25 30 35
Azoto (kg/ha) 80 110 120
Produção esperada (t/ha) 20 30 40 50 Azoto (kg/ha) 100 125 150 175
Produção esperada (t/ha) 50 60 70 80 90 100 120 Azoto (kg/ha) 135 160 180 200 220 240 280 Níveis foliares determinados em análise
Azoto (kg/ha) Níveis foliares determinados em análise Azoto (kg/ha) Níveis foliares determinados em análise Azoto (kg/ha) Níveis foliares determinados em análise Azoto (kg/ha) Fonte: (A): Guerreiro (2000); (B) "Manual de Fertilização das Culturas"
excesso 80-100 60 -excesso 50-65 40 -vinha(B) vinho insuficiente suficiente uva de mesa insuficiente suficiente olival (B)
insuficiente suficiente excesso
60-80 40 -suficiente excesso 100-150 50-75 -pimento (B) tomate (B) amendoeira (B) insuficiente feijão seco, tremoço, tremocilha,
grão de bico, fava (B)
melancia, pepino (B)
melão (B)
morangueiro (B)
Cultura (fonte) Descritor
Citrinos (A)
Devido à dificuldade em organizar a informação necessária para a aplicação da metodologia descrita, nomeadamente:
não existir cartografia exacta das culturas;
por cultura não se saber a quantidade de N aplicada;
não se saber se a aplicação é ou não feita fora dos períodos de precipitação;
a quantificação da aplicação do N no solo é extremamente difícil.
A solução é fazer um estudo que é apenas indicativo, das possíveis quantidades de N aplicadas na agricultura.
Estudo indicativo
PressupostosConsidera-se um valor que se pretende médio de N por área agrícola: 100 kg N/ha.
Considera-se que este valor é aplicado e distribui-se uniformemente por todas as áreas onde pode haver fertilização.
Assume-se que 90 % do N é absorvido e 10 % mantém-se no solo acabando por ser dissolvido na água de recarga, passando para a água subterrânea. Ou seja, fica-se com uma entrada de N à superfície de 10 kg /ha = 1 g /m2.
Esse valor é dividido pela recarga para se estimar a concentração de N na água. Por exemplo,
recarga = 1 mm/a = 1 L/m2, concentração de N de 1 g/L;
Áreas onde pode haver fertilização
(Fonte: Corine Land Cover)vinhas, pomares, culturas anuais + permanentes, sistemas culturais complexos, territórios agro-florestais.
Aquífero de São Bartolomeu
Evolução da concentração em nitratos em diversos furos
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
May-64 Jun-68 Jul-72 Aug-76 Oct-80 Nov-84 Dec-88 Jan-93 Mar-97 Apr-01
C o n c e n tr a ç ã o (m g /l ) 600090001 600090033 600090036 600090059 600090060 600090061 600090062 600090063 600090068 600090187 600090196 Furos:
Aquífero de Monte Gordo
Evolução da concentração em nitratos em diversos furos
-10 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90
Jul-78 Nov-81 Feb-85 Jun-88 Sep-91 Jan-95 Apr-98 Jul-01
C o n c e n tr a ç ã o (m g /l ) 600071005 600071006 600090014 600090017 600090049 600090054 600090055 600090056 600090057 600090043 Furos/poços:
Área Recarga anual média
(ha) (mm/a)* (mg/L/a) (ton/a)
870 76 64 8.7
117 100 49 1.17
205 136 36 2.05
144 119 41 1.44
Entidades hidrogeológicas Saída = Entrada média de NO3 *
Carga de nitratos esperada anualmente na água subterrânea de descarga para o estuário
* calculado para as áreas ocupadas pela vinhas, pomares, culturas anuais + permanentes, sistemas culturais
complexos e territórios agro-florestais Aluviões de Castro Marim e Formações
Meso-Cenozóicas inclusas
Restantes Formações Meso-Cenozóicas Aquífero de Monte Gordo
Modelação do transporte de nitratos no
sistema aquífero de Monte Gordo
Metodologia:
Foi modelado o escoamento subterrâneo em regime transitório (FEFLOW)
Introduziu-se a variabilidade em termos sazonais no parâmetro recarga do aquífero
Foram modelados 3 cenários correspondentes a diferentes valores de recarga:
1º cenário - média da série de precipitação analisada 2º cenário - um ano em que a precipitação foi mínima (1980/1981 - 295mm)
3º cenário - um ano em que a precipitação foi máxima (1968/1969 - 896 mm).
Modelação do transporte de nitratos no
sistema aquífero de Monte Gordo
Determinou-se a distribuição da piezometria no aquífero em regime transitório
Obtiveram-se diferentes mapas de isolinhas para cada mês
exemplo: distribuição da piezometria e das linhas de fluxo obtidas para o mês de Setembro
Modelação do transporte de nitratos no
sistema aquífero de Monte Gordo
Com base nos resultados do modelo o volume de água proveniente
da recarga chega ao aquífero é de cerca de 5 710 m3/dia
Deste volume uma parte escoa para o Esteiro da Carrasqueira, outra para o rio Guadiana e outra para o mar
1 927 m3/dia
Modelação do transporte de nitratos no
sistema aquífero de Monte Gordo
Foi introduzida uma concentração de nitratos uniformemente pela
área das Hortas de 4.4 g/m2 (que equivale a 1 g/m2 de azoto)
Modelação do transporte de nitratos no
sistema aquífero de Monte Gordo
Este cenário foi modelado por um período de 10 anos, após o qual se obteve a seguinte distribuição das concentrações de nitrato no aquífero Verificou-se que todo o nitrato se propaga apenas para o esteiro da
Carrasqueira e que
existem duas zonas de saída preferencial
• as concentrações de
nitrato variam entre 0 e 25 mg/l
Modelação do transporte de nitratos no
sistema aquífero de Monte Gordo
Verificou-se que a distribuição das concentrações de nitrato na última camada modelada são mais baixas do que na camada mais superficial, como seria de esperar devido injecção de poluente ser feita à superfície da zona saturada
Modelação do transporte de nitratos no
sistema aquífero de Monte Gordo
Visualização tridimensional da distribuição de nitratos no aquífero ao fim de 10 anos
Modelação do transporte de nitratos no
sistema aquífero de Monte Gordo
O percurso das partículas é muito lento e algumas não chegam ao esteiro ao fim de 50 anos
Assim a modelação do transporte dos nitratos está a ser realizada para um tempo final de simulação superior aos 10 anos
inicialmente modelados (para 100 anos) 5 anos 10 anos 15 anos 20 anos 50 anos
Conclusões
Não são previstos problemas de intrusão salina devido ao aumento da salinidade da água do estuário.
Os valores de nitratos estimados são apenas indicativos. São estimados por excesso se se considerar que ainda não se atingiu o equilíbrio entre os nitratos na água de recarga e os nitratos na água de descarga (trata-se de um processo que pode demorar dezenas de anos). São estimados por defeito porque se utilizou (em média) um
valor óptimo de aplicação de 1 g/m2, e na realidade estes valores
podem ser bem superiores.
A descarga do sistema aquífero de Monte Gordo para a zona do sapal é de 1 927 m3/dia