• Nenhum resultado encontrado

O impacto da valorização do salário mínimo nas finanças municipais

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "O impacto da valorização do salário mínimo nas finanças municipais"

Copied!
15
0
0

Texto

(1)

Estudos Técnicos/Finanças/CNM1 – Fevereiro/2021

O impacto da valorização do salário mínimo nas finanças municipais

No Brasil, o salário mínimo cumpre duas funções principais. É utilizado como piso salarial, pelo menos para os empregados formais (funcionários públicos e trabalhadores com carteira de trabalho assinada), e como piso para aposentadorias e outros benefícios sociais. A manutenção da regra de reajuste do mínimo vem sempre acompanhada de debates, que enfatizam o seu impacto sobre a distribuição de renda e a redução da pobreza; sobre as finanças públicas; e sobre o mercado de trabalho.

O governo brasileiro apresenta, atualmente, uma política salarial ativa que aumenta o salário mínimo de acordo com o índice do INPC até novembro de 2020. Segundo a mais recente projeção do Boletim Focus, divulgado pelo Banco Central, a inflação IPCA de 2020 deve ficar em 4,39%. Com isso, os 5,26% de reajuste do salário mínimo devem ficar acima da inflação, gerando um aumento real.

No entanto, como o aumento do INPC em 2020 foi de 5,45%, o reajuste dado pelo Governo Federal no fim do ano passado foi inferior. Sendo assim, para que não haja perda de poder de compra, o valor do salário mínimo deverá ser de ser reajustado para R$ 1.101,95 em 2021.

Conforme a Lei 12.382/2011, que regulamenta o salário mínimo, a atual fórmula de atualização tem prazo de vigência até 2015. Em março de 2015, o governo editou uma medida provisória mantendo a fórmula para os reajustes do mínimo de 2016 a 2019, mas o texto precisa ser aprovado pelo Congresso Nacional. Sem uma nova legislação sobre o tema, o salário mínimo passa a ser definido exclusivamente pela Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e pelo Orçamento Geral da União, porém os valores precisam ser negociados com os parlamentares ano a ano.

A valorização do mínimo pode causar grande impacto para as finanças públicas municipais. Inicialmente, porque todas as aposentadorias e benefícios sociais têm como piso o salário mínimo. Sua valorização também provoca um aumento de custos do Estado com esses beneficiários. Além disso, as prefeituras, principalmente as de Municípios de menor

1Publicação da Confederação Nacional de Municípios (CNM) | http://www.cnm.org.br | Presidente: Glademir Aroldi | Área de Estudos Técnicos | Consultor: Eduardo Stranz | Supervisora: Elisiane Beltrame Mangrich | Equipe: Alessandra dos Santos Ferreira, Hilton Leal Silva, Wanderson Silva Rocha | Coordenação de Divulgação: Área de Comunicação | Supervisora: Viviane Cruz | Atendimento Institucional - Fone: (61) 2101- 6000 - email: atendimento@cnm.org.br | Autorizada a reprodução desde que citada a fonte

(2)

porte, têm um grande número de funcionários que recebem até um e meio salário mínimo e, com tal política, têm suas despesas com pessoal aumentadas progressivamente. É importante ressaltar ainda que o impacto fiscal ocorre de maneira permanente, pois é vedada qualquer possível redução nominal de remuneração.

Visando a mensurar o impacto da valorização do salário mínimo nas diferentes realidades municipais brasileiras, a Confederação Nacional de Municípios (CNM) desenvolve este estudo com seis seções, além desta introdução. A primeira seção aborda a recente política de valorização do salário mínimo. A seção seguinte descreve a metodologia utilizada para a limpeza dos dados retirados da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS) do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). Na terceira seção, é desenvolvida uma análise da dimensão do quadro do funcionalismo público municipal em cada uma das regiões brasileiras. Em seguida, o estudo avalia os impactos da valorização do salário mínimo nas finanças dos Municípios brasileiros. Por fim, o trabalho conta com uma seção de conclusão e uma seção com tabelas anexas ao estudo.

1) Política de Valorização de Salário Mínimo

Instituído no Brasil pelo Decreto-Lei 2.162/1940, por Getúlio Vargas, o salário mínimo visava a garantir a subsistência de uma família de quatro pessoas. Com a divisão do país em regiões e sub-regiões, o mínimo entrou em vigor com valores distintos em diferentes localidades. A partir da Constituição Federal de 1988, passou a ser estabelecido e reajustado unicamente pelo governo federal, unificando o valor do salário mínimo praticado em todo o território brasileiro.

A metodologia utilizada para a atualização do salário mínimo atualmente é baseada na correção da inflação, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) acumulado nos 12 meses anteriores ao mês do reajuste. Tal mecanismo institui um critério objetivo, vinculado diretamente ao desempenho econômico. Nos últimos 10 anos, a valorização nominal do salário mínimo (descontada a inflação) foi de 102,2%. Como evidenciado na tabela a seguir, o mínimo passou do patamar de R$ 545 em 2011 para R$ 1.101,95 em 2021.

(3)

Tabela 1 – Evolução do Salário Mínimo Ano Salário Mínimo (R$) Reajuste Nominal (%) INPC (%) 2008 415,00 9,21 6,48 2009 465,00 12,05 4,11 2010 510,00 9,68 6,47 2011 545,00 6,86 6,08 2012 622,00 14,13 6,20 2013 678,00 9,00 5,56 2014 724,00 6,78 6,23 2015 788,00 8,84 11,28 2016 880,00 11,68 6,58 2017 937,00 6,48 2,07 2018 954,00 1,81 3,43 2019 998,00 4,61 4,48 2020 1.045,00 4,71 5,45 2021* 1.101,95 5,45 3,20

Fonte: Diesse e IBGE.

* O INPC acumulado até novembro de 2020. ** Estimativa do INPC para 2021.

Para calcular o percentual de reajuste do salário mínimo para o ano de 2021 é necessário utilizar o INPC acumulado até novembro de 2020. O valor do salário mínimo a ser praticado em 2021 será de R$ 1.101,95.

Até chegar ao atual valor, houve três alterações. No fim de agosto, com a publicação da Proposta da Lei do Orçamento Anual (Ploa), o valor estimado para o salário mínimo era de R$ 1.067. Quando o governo publicou o projeto da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) em dezembro, o salário mínimo já estava estimado em R$ 1.088. E com a publicação da medida provisória com o reajuste, o salário mínimo de 2021 foi oficializado em R$ 1.100. E quando foi dilvugado o INPC de 2020, de 5,45%, viu-se que o reajuste do salario mínimo não teve ganho real, e por esse motivo, é esperado que em fevereiro de 2021, haja um novo reajuste, elevando o salario mínimo para R$ 1.101,95.

(4)

A variação do salário mínimo em reais anualmente pode ser vista na tabela a seguir. Tabela 2 – Variação do Salário Mínimo (em R$)

Periodo Variação 2016/2015 R$ 92,00 2017/2016 R$ 57,00 2018/2017 R$ 17,00 2019/2018 R$ 44,00 2020/2019 R$ 47,00 2021/2020 R$ 55,00

Fonte: Elaboração própria.

É relevante ressaltar que essa política de valorização afeta diretamente apenas aqueles que ganham até um e meio salário mínimo. Os demais impactos são considerados marginais, ocorrendo somente quando, por exemplo, os salários são indexados ao mínimo. Neste estudo, o impacto dessa valorização será mensurado apenas para os funcionários públicos municipais que recebem até um e meio salário mínimo. Outro ponto importante a ser destacado é que a remuneração utilizada é a média da remuneração anual de cada indivíduo na base da Rais. A partir dessa informação, é possível separar a amostra de interesse por faixas de remuneração de acordo com o salário mínimo no ano da pesquisa.

2) Metodologia

Para mensurar o mercado de trabalho que é custeado pelas receitas municipais foi utilizada a Rais de 2016. A base do MTE é um banco de dados de grande porte com diversas informações trabalhistas, tais como remuneração média, mês de admissão e de desligamento, quantidades de horas trabalhadas, entre outros, de todos os trabalhadores formais no Brasil para o ano de 2016. Diante da dimensão da pesquisa, foram utilizados alguns critérios para a limpeza da base e a seleção de dados relevantes.

Inicialmente, foram desconsiderados da base todos os trabalhadores que apresentavam faixa de remuneração média ignorada, ou seja, sem tal informação disponível. Além disso, foram selecionados para o estudo apenas os trabalhadores contratados por mais de 20 horas semanais, excluindo do banco de dados possíveis contratos temporários e eventuais. Trabalhadores com remuneração média superior ao teto da administração pública (R$ 33.763) e inferiores a R$ 308,18 também foram excluídos da base.

(5)

Foram considerados trabalhadores públicos municipais aqueles que estavam vinculados aos estabelecimentos com as seguintes naturezas jurídicas: autarquia municipal, Poder Executivo municipal, fundação municipal, Poder Legislativo municipal e órgão autônomo municipal. Dada a defasagem temporal dos dados disponibilizados pelo MTE, o presente estudo assume que não houve variação no quadro de pessoal dos Municípios brasileiros de 2013 a 2015, desconsiderando assim possíveis admissões, exonerações e demissões nos mesmos. Essa simplificação se faz necessária para mensurar o impacto do aumento do salário mínimo nos últimos anos.

Diante das considerações feitas anteriormente, restaram na base final do estudo os funcionários públicos municipais de diferentes poderes que trabalham em qualquer ocupação com carga de trabalho semanal maior que 20 horas. Além disso, permaneceram aqueles que ganham mais que R$ 308,18 e menos que R$ 33.763. É importante destacar que a base trata apenas dos funcionários públicos municipais ativos, excluindo, portanto, os aposentados.

Acerca da mensuração do impacto, foram considerados férias, 13º salário e os encargos patronais incidentes no salário base. Para mensurar tais encargos, foi feita uma generalização: considerou-se que 100% dos trabalhadores públicos municipais são vinculados ao Regime Próprio de Previdência Social (RPPS). No cálculo dos encargos patronais, considera-se, segundo a STN, aqueles de responsabilidade do empregador, incidentes sobre a folha de pagamento dos servidores públicos ativos pertencentes aos órgãos e demais entidades do setor público municipal. A soma destes acresce em 16,05% sobre o salário base o custo do empregador.

3) Funcionários Públicos Municipais por Região

No Brasil, existem 6,1 milhões de servidores públicos municipais, sendo quase 1 milhão desses vinculados aos Municípios do Estado de São Paulo. Desse total, 30,1% ganham até um e meio salário mínimo por mês no país, equivalente a mais de 1,7 milhão de trabalhadores. Esse perfil concentra-se na região Nordeste, sendo 40,7% desses servidores nordestinos. Na região Sudeste estão 30% dos servidores municipais com esse padrão de remuneração. Os montantes de trabalhadores públicos municipais, de acordo com suas faixas médias de remuneração por unidade da Federação, estão disponíveis no Anexo I deste estudo.

(6)

Gráfico 1 – Funcionários públicos municipais que recebem até 1,5 SM (Brasil) 11,1% 40,7% 8,3% 30,1% 10,0%

Norte Nordeste Centro-oeste Sudeste Sul Fonte: Elaboração própria.

A região Sul possui 158.199 funcionários públicos municipais recebendo até um e meio salário mínimo, equivalente a 18,3% do total de funcionários públicos municipais da região (864.729). O Estado com o maior número de trabalhadores municipais nessa situação é o Paraná, com um total de 62.823, sendo 19% do total de servidores municipais no Estado.

Tabela 3 – Funcionários públicos municipais (região Sul)

Até 0,5 SM 0,5 a 1,0 SM 1 a 1,5 SM Até 0,5 SM 0,5 a 1,0 SM 1 a 1,5 SM PR 2.303 5.098 62.823 330.172 0,7% 1,5% 19,0% RS 210 4.607 55.969 308.567 0,1% 1,5% 18,1% SC 600 6.030 39.407 225.990 0,3% 2,7% 17,4% Total 3.113 15.735 158.199 864.729 0,4% 1,8% 18,3% Total de Servidores (Munic 19)

Quantidade de servidores em relação a remuneração

UF

Quantidade de servidores Municipais

Fonte: Elaboração própria.

O Sudeste brasileiro tem 2,1 milhões de servidores municipais. Destes, 27% recebem até um e meio salário mínimo. Os Estados de São Paulo e Minas Gerais possuem as maiores quantidades proporcionais de funcionários municipais com remuneração de até um e meio salário mínimo. Os dois Estados concentram mais de 75% do total do quadro de trabalhadores municipais na região.

(7)

Tabela 4 – % de servidores municipais até 1,5 SM (região Sudeste) Até 0,5 SM 0,5 a 1,0 SM 1 a 1,5 SM Até 0,5 SM 0,5 a 1,0 SM 1 a 1,5 SM ES 312 9.856 39.234 138.182 0,2% 7,1% 28,4% MG 2.762 40.670 270.676 673.016 0,4% 6,0% 40,2% RJ 1.010 26.579 102.803 397.644 0,3% 6,7% 25,9% SP 7.934 57.991 179.283 981.738 0,8% 5,9% 18,3% Total 12.018 135.096 591.996 2.190.580 0,5% 6,2% 27,0% UF

Quantidade de servidores Municipais Total de Servidores (Munic 19)

Quantidade de servidores em relação a remuneração

Fonte: Elaboração própria.

Entretanto, quando a análise é sobre o montante de servidores municipais com remuneração até um e meio salário mínimo, Minas Gerais se destaca. O Estado concentra 40,2%, equivalente a 270.676 dos trabalhadores com tal perfil na região, seguido por Espírito Santo, com 28,4%, como demonstrado no Gráfico 2.

Gráfico 2 – Funcionários públicos municipais que recebem até 1,5 SM (região Sudeste)

28,4%

40,2% 25,9%

18,3%

ES MG RJ SP

Fonte: Elaboração própria.

No Centro-Oeste brasileiro existem mais de 424 mil funcionários públicos da esfera municipal – esse número não inclui o Distrito Federal, pois esses são classificados como servidores públicos estaduais. Neste montante, 30,6% ganham até um e meio salário mínimo. Dos 129.949 servidores nessa faixa de remuneração, mais da metade está no Estado do Goiás (74.267), que tem também o maior número agregado de servidores municipais (203.986).

(8)

Tabela 5 – Funcionários públicos municipais que recebem até 1,5 SM (região Centro-Oeste) Até 0,5 SM 0,5 a 1,0 SM 1 a 1,5 SM Até 0,5 SM 0,5 a 1,0 SM 1 a 1,5 SM GO 503 15.073 74.267 203.986 0,2% 7,4% 36,4% MS 267 2.898 22.011 110.835 0,2% 2,6% 19,9% MT 1.711 6.267 33.671 110.118 1,6% 5,7% 30,6% Total 2.481 24.238 129.949 424.939 0,6% 5,7% 30,6% UF

Quantidade de servidores Municipais Total de Servidores

(Munic 19)

Quantidade de servidores em relação a remuneração

Fonte: Elaboração própria.

A região Nordeste apresenta o maior contingente de servidores públicos recebendo até um e meio salário mínimo (33,8% dos servidores municipais em todo o país), como abordado no Gráfico 1. Do montante de 2 milhões de funcionários públicos municipais nordestinos, 35,8% encontram-se nessa categoria.

Tabela 6 – Faixas de Remuneração Média (região Nordeste)

Até 0,5 SM 0,5 a 1,0 SM 1 a 1,5 SM Até 0,5 SM 0,5 a 1,0 SM 1 a 1,5 SM AL 282 15.326 44.891 128.161 0,2% 12,0% 35,0% BA 932 41.673 173.794 515.754 0,2% 8,1% 33,7% CE 8.710 48.354 123.623 317.006 2,7% 15,3% 39,0% MA 89 29.430 72.658 291.461 0,0% 10,1% 24,9% PB 434 43.197 80.941 167.477 0,3% 25,8% 48,3% PE 1.428 33.993 105.901 275.490 0,5% 12,3% 38,4% PI 190 14.878 51.251 114.171 0,2% 13,0% 44,9% RN 719 13.721 41.999 125.963 0,6% 10,9% 33,3% SE 292 8.507 26.259 76.629 0,4% 11,1% 34,3% Total 13.076 249.079 721.317 2.012.112 0,6% 12,4% 35,8%

UF Quantidade de servidores Municipais

Total de Servidores

(Munic 19)

Quantidade de servidores em relação a remuneração

Fonte: Elaboração própria.

Na região Norte, por sua vez, dos 577.107 servidores municipais, 238.399 recebem até um e meio salário mínimo – ou seja, 41,3% do total do quadro municipal do Norte do país. O Pará é o Estado que apresenta o maior número de servidores municipais com essa faixa de remuneração, totalizando 112.092, o que corresponde a 47% do total de funcionários municipais no Estado nessa categoria. Além do Pará, Tocantins também tem 15,1% de seus servidores municipais em tal situação.

(9)

Tabela 7 – Funcionários públicos municipais (região Norte) Até 0,5 SM 0,5 a 1,0 SM 1 a 1,5 SM Até 0,5 SM 0,5 a 1,0 SM 1 a 1,5 SM AC 14 1.411 8.972 22.881 0,1% 6,2% 39,2% AM 76 14.969 40.700 98.084 0,1% 15,3% 41,5% AP 288 2.741 6.831 20.193 1,4% 13,6% 33,8% PA 572 22.947 112.092 293.783 0,2% 7,8% 38,2% RO 224 3.887 24.578 52.476 0,4% 7,4% 46,8% RR 127 2.119 9.260 19.390 0,7% 10,9% 47,8% TO 61 8.203 35.966 70.300 0,1% 11,7% 51,2% Total 1.362 56.277 238.399 577.107 0,2% 9,8% 41,3% UF

Quantidade de servidores Municipais Total de Servidores

(Munic 19)

Quantidade de servidores em relação a remuneração

Fonte: Elaboração própria.

4) Impacto do salário mínimo nas finanças municipais

Depois de visualizar a realidade dos quadros municipais do funcionalismo público nas diferentes regiões do país, é possível mensurar os impactos da política de valorização do salário mínimo nas finanças municipais. O impacto direto ocorre quando considera-se apenas os servidores públicos municipais que recebem até um e meio salário mínimo. O acréscimo em reais na folha de pagamento, consequência da valorização do salário mínimo, somado aos gastos com encargos trabalhistas, a partir de agora, serão chamados de impacto total.

O impacto total inclui os custos com encargos patronais, 13º salário e férias daqueles que recebem até um e meio salário mínimo. A análise é regionalizada, dando continuidade à abordagem da seção anterior. Mas uma tabela completa, segregada por unidades da Federação, está disponível no Anexo II deste texto.

O acréscimo à folha de pagamento dos Municípios brasileiros previsto para 2021, conforme a tabela 8, é de pouco mais de R$ 2,8 bilhões por ano. Desse montante, R$ 781,5 milhões são gastos com encargos trabalhistas. O maior impacto ocorre na região Nordeste, consequência da grande concentração de servidores públicos municipais com baixa remuneração, onde os Municípios desembolsarão R$ 831,2 milhões com salários e R$ 319,8 milhões com encargos em 2021.

(10)

Tabela 8 – Impacto do Salário Mínimo – 2021/2020 (Brasil)

Região Impacto Encargos Total

Norte 258.782.530 99.548.683 358.331.213 Nordeste 831.257.198 319.768.725 1.151.025.923 Centro-oeste 138.054.231 53.106.819 191.161.050 Sudeste 643.242.025 247.442.889 890.684.914 Sul 160.260.127 61.649.002 221.909.129 Total 2.031.596.111 781.516.118 2.813.112.230

Fonte: Elaboração própria.

Os Municípios da região Norte do país arcarão, em 2021, com o acréscimo de R$ 358 milhões anualmente nas contas municipais para o pagamento dos servidores públicos que ganham até um e meio salário mínimo. Com encargos trabalhistas, os Municípios do Norte desembolsarão anualmente R$ 99,5 milhões , como destacado na tabela 8.

Tabela 9 – Impacto do Salário Mínimo (região Nordeste)

UF Impacto Encargos Total

AC 9.322.472 3.586.176 12.908.648 AM 47.172.987 18.146.545 65.319.532 AP 8.152.062 3.135.942 11.288.005 PA 119.649.556 46.026.893 165.676.449 RO 25.620.903 9.855.871 35.476.774 RR 10.041.760 3.862.873 13.904.633 TO 38.822.788 14.934.383 53.757.172 Total 258.782.530 99.548.683 358.331.213

Fonte: Elaboração própria.

Quando somados os encargos patronais, os Municípios nordestinos desembolsarão juntos anualmente R$ 1,1 bilhão. Sergipe é o menor Estado em número de Municípios no Nordeste, com apenas 75, e também com o menor impacto total para as contas municipais: R$ 41,3 milhões por ano, incluindo encargos patronais.

(11)

Tabela 10 – Impacto do Salário Mínimo – 2021/2020 (região Nordeste)

UF Impacto Encargos Total

AL 49.670.363 19.108.676 68.779.039 BA 182.527.407 70.220.085 252.747.491 CE 143.073.673 55.041.846 198.115.519 MA 82.801.594 31.854.586 114.656.180 PB 98.088.872 37.735.752 135.824.623 PE 116.266.593 44.728.899 160.995.492 PI 55.218.842 21.243.230 76.462.072 RN 46.297.689 17.811.175 64.108.865 SE 28.849.453 11.098.668 39.948.120 Total 802.794.485 308.842.917 1.111.637.401

Fonte: Elaboração própria.

O Centro-Oeste é a região que sofrerá o menor impacto das políticas de valorização do mínimo, pois possui o menor número de funcionários públicos municipais recebendo até um e meio salário mínimo. Na região, os Municípios terão que arcar, em 2021, com um acréscimo de R$ 191,1 milhões nos custos totais com mão de obra. Entre os Estados da região, o que sofrerá maior impacto é Goiás, que terá despesa com trabalhadores municipais maior em R$ 109 milhões, sendo R$ 30,4 milhões só de encargos trabalhistas.

Tabela 11 – Impacto do Salário Mínimo – 2021/2020 (região Centro-oeste)

UF Impacto Encargos Total

GO 79.246.990 30.484.799 109.731.789

MS 22.638.229 8.708.493 31.346.722

MT 36.169.012 13.913.526 50.082.539

Total 138.054.231 53.106.819 191.161.050

Fonte: Elaboração própria.

O Sudeste, sendo a região com a maior massa de funcionários públicos municipais, arcará com o segundo maior acréscimo nas contas dos Municípios. Na região, haverá um aumento anual de R$ 643 milhões nas despesas com pessoal dos Municípios, mas o montante atinge R$ 890 milhões ao ano quando acrescentam-se os encargos patronais. Minas Gerais absorverá, sozinho, 43,7% desse efeito, desembolsando anualmente, a partir de 2021, o total de R$ 389,1 milhões. Os Municípios do Espírito Santo terão o menor acréscimo nos custos anuais da região, aumentando R$ 59,4 milhões, conforme a tabela 12.

(12)

Tabela 12 – Impacto do Salário Mínimo – 2021/2020 (região Sudeste)

UF Impacto Encargos Total

ES 42.960.310 16.526.009 59.486.319

MG 281.056.559 108.117.076 389.173.635

RJ 113.069.110 43.495.521 156.564.632

SP 206.156.045 79.304.283 285.460.328

Total 643.242.025 247.442.889 890.684.914

Fonte: Elaboração própria.

Os Municípios da região Sul desembolsarão R$ 160,2 milhões por ano com a validação do novo valor do mínimo em 2021. Desse montante, R$ 24,3 milhões serão gastos com encargos trabalhistas. O Paraná desembolsará o maior montante na região, acrescentando R$ 87,7 milhões anuais nas despesas de seus Municípios, conforme evidenciado na tabela 11.

Tabela 13 – Impacto do Salário Mínimo – 2021/2020 (região Sul)

UF Impacto Encargos Total

PR 63.391.329 24.385.430 87.776.759

RS 55.813.369 21.470.334 77.283.703

SC 41.055.429 15.793.237 56.848.667

Total 160.260.127 61.649.002 221.909.129

(13)

5) Conclusão

O quadro de servidores públicos municipais no Brasil se mostra distinto nas diversas regiões, uma vez que elas possuem faixas de remuneração e tamanhos de seus quadros diferentes entre si. O Nordeste não é a região com o maior número de servidores municipais, mas tem o maior contingente que recebe até um e meio salário mínimo. Por isso, concentram-se no Nordeste brasileiro os maiores efeitos nas contas municipais, consequência da política de valorização do salário mínimo.

Os Municípios brasileiros passarão a desembolsar anualmente R$ 2,8 bilhões para custear o crescimento do salário mínimo de R$ 1.048,00 para R$ 1.101,95 em 2021. Apesar de incluir os encargos trabalhistas, R$ 781,5 milhões por ano, esse valor é subestimado, pois o valor real do gasto pode ser ainda maior, já que não estão incluídos no cálculo os servidores municipais aposentados e pensionistas. Essas informações não estão disponíveis na pesquisa Rais utilizada, por isso não foram incluídas no estudo.

A CNM enxerga os benefícios sociais causados pela política de valorização do salário mínimo e reconhece as melhorias na distribuição de renda e na redução da pobreza alcançadas. Mas, diante da realidade exposta no estudo, acredita que a política deveria ser acompanhada de uma fonte de financiamento, dado o tamanho do custo gerado. Sem uma fonte de custeio, recursos que seriam disponibilizados para investimentos passam a ser vinculados ao custeio da folha de pagamento. O acréscimo das despesas acaba prejudicando severamente as finanças públicas municipais, visto que as transferências constitucionais (principal receita de boa parte dos Municípios brasileiros) não têm crescido nas mesmas proporções.

(14)

6) Anexos

Anexo I – Quantidade de funcionários públicos municipais UF

de Municipios

Até 0,5 SM 0,5 a 1,0 SM 1 a 1,5 SM Total Geral

AC 22 14 1.411 8.972 22.881 AL 102 282 15.326 44.891 128.161 AM 62 76 14.969 40.700 98.084 AP 16 288 2.741 6.831 20.193 BA 417 932 41.673 173.794 515.754 CE 184 8.710 48.354 123.623 317.006 ES 78 312 9.856 39.234 138.182 GO 246 503 15.073 74.267 203.986 MA 217 89 29.430 72.658 291.461 MG 853 2.762 40.670 270.676 673.016 MS 79 267 2.898 22.011 110.835 MT 141 1.711 6.267 33.671 110.118 PA 144 572 22.947 112.092 293.783 PB 223 434 43.197 80.941 167.477 PE 184 1.428 33.993 105.901 275.490 PI 224 190 14.878 51.251 114.171 PR 399 2.303 5.098 62.823 330.172 RJ 92 1.010 26.579 102.803 397.644 RN 167 719 13.721 41.999 125.963 RO 52 224 3.887 24.578 52.476 RR 15 127 2.119 9.260 19.390 RS 497 210 4.607 55.969 308.567 SC 295 600 6.030 39.407 225.990 SE 75 292 8.507 26.259 76.629 SP 645 7.934 57.991 179.283 981.738 TO 139 61 8.203 35.966 70.300 BR 5.568 32.050 480.425 1.839.860 6.191.664

(15)

Anexo II – Impacto do Salário Mínimo por UF – 2021/2020

Região UF Impacto Encargos Total

AL 51.431.403 19.784.676 71.216.078 BA 188.998.833 72.704.232 261.703.065 CE 148.146.285 56.989.039 205.135.323 MA 85.737.287 32.981.493 118.718.780 PB 101.566.568 39.070.714 140.637.282 PE 120.388.772 46.311.255 166.700.027 PI 57.176.601 21.994.743 79.171.344 RN 47.939.153 18.441.274 66.380.427 SE 29.872.297 11.491.300 41.363.597 Total 831.257.198 319.768.725 1.151.025.923

Região UF Impacto Encargos Total

AC 9.322.472 3.586.176 12.908.648 AM 47.172.987 18.146.545 65.319.532 AP 8.152.062 3.135.942 11.288.005 PA 119.649.556 46.026.893 165.676.449 RO 25.620.903 9.855.871 35.476.774 RR 10.041.760 3.862.873 13.904.633 TO 38.822.788 14.934.383 53.757.172 Total 258.782.530 99.548.683 358.331.213

Região UF Impacto Encargos Total

GO 79.246.990 30.484.799 109.731.789

MS 22.638.229 8.708.493 31.346.722

MT 36.169.012 13.913.526 50.082.539

Total 138.054.231 53.106.819 191.161.050

Região UF Impacto Encargos Total

PR 63.391.329 24.385.430 87.776.759

RS 55.813.369 21.470.334 77.283.703

SC 41.055.429 15.793.237 56.848.667

Total 160.260.127 61.649.002 221.909.129

Região UF Impacto Encargos Total

ES 42.960.310 16.526.009 59.486.319 MG 281.056.559 108.117.076 389.173.635 RJ 113.069.110 43.495.521 156.564.632 SP 206.156.045 79.304.283 285.460.328 Total 643.242.025 247.442.889 890.684.914 2.031.596.111 781.516.118 2.813.112.230 N o rd e s te N o rt e C e n tr o O e s te S u l S u d e s te Total

Referências

Documentos relacionados

Serão atribuídos 1,25 (um e vinte e cinco e cinco centésimos) por mês trabalhado em outra função, não ultrapassando o limite de 40 (quarenta) meses. XI - Não

Começando na semana 16, os pacientes do grupo placebo foram trocados para infliximabe e todos os pacientes subseqüentemente receberam 5 mg/kg de infliximabe a cada 8 semanas até

9.2.1. O processo de seleção interna será realizado integralmente pela Instituição de Ensino Superior do candidato, alinhado com o seu plano de internacionalização, sendo

Criar uma calendarização e plano de trabalho conjuntamente com os docentes das Áreas Curriculares Não Disciplinares para desenvolver com as turmas, dando prioridade aos alunos do 2º

Partindo do quadro da educação inclusiva no Brasil esse estudo justifica-se pela falta de informação e formação do docente diante da inclusão desses alunos em sala

O relaiório reúne informações referenies as manifesiações de ouvidoria e soliciiações de informações recebidas airavés da Plaiaforma Iniegrada de

DEMONSTRAÇÃO: Como as órbitas principais de G são variedades homogêneas e têm dimensão 2, segue-se que elas devem ter curvatura seccional constante. Por- tanto, a

Se o resultado eleitoral não for de ruptura, que é a maior probabilidade, as perspectivas para a renda variável e também para as taxas de juros de longo prazo são boas, na medida em