• Nenhum resultado encontrado

AO ILUSTRÍSSIMO SECRETÁRIO ESTADUAL DE SEGURANÇA PÚBLICA DE SÃO PAULO - Sr. Fernando Grella

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "AO ILUSTRÍSSIMO SECRETÁRIO ESTADUAL DE SEGURANÇA PÚBLICA DE SÃO PAULO - Sr. Fernando Grella"

Copied!
6
0
0

Texto

(1)

1

AO ILUSTRÍSSIMO SECRETÁRIO ESTADUAL DE SEGURANÇA PÚBLICA DE SÃO PAULO - Sr. Fernando Grella

Ref.: Pedido Acesso à Informação nº 605521412697

CONECTAS DIREITOS HUMANOS, já qualificada no pedido de acesso à informação em referência, representada neste ato por seu diretor adjunto, Marcos Fuchs, vêm, respeitosamente, com fundamento no artigo 15 da Lei Federal nº 12.527/2011 e no artigo 19 do Decreto Estadual de São Paulo nº 58.052/2012, interpor o presente

RECURSO

em face da omissão de resposta ao pedido de informações solicitado à Secretaria de Segurança Pública, pelas razões que passaremos a expor.

I – TEMPESTIVIDADE

De início, verifica-se que o presente recurso preenche o requisito da tempestividade, uma vez que o prazo para resposta da Secretaria de Segurança Pública encerrou-se em 28 de outubro de 2014, sem que houvesse nenhuma manifestação por parte da recorrida, nem mesmo uma justificativa expressa da razão de não ter dado resposta ao pedido.

É cediço que o Decreto estadual nº 58.052/2012 estabelece o prazo de 10 (dez) dias para interposição de recurso, como se vê em seu artigo 19:

(2)

2

informações ou às razões da negativa do acesso, bem como o não atendimento do pedido, poderá o interessado interpor recurso contra a decisão no prazo de 10 (dez) dias a contar da sua ciência.”

Nesse sentido, uma vez que os pedidos de acesso à informação foram protocolados em 26/09/2014, a resposta deveria ter sido apresentada até o último 28 de outubro, já contando a possibilidade de prorrogação de dez dias prevista no art. 15, § 3º, do referido Decreto. Como não houve resposta, entende-se que a ciência da ora Recorrente ocorreu a partir do dia seguinte após transcorrer o prazo legal, 08/05/2013.

No mais, o artigo 92 da Lei Estadual 10.177/1998, que regula o processo administrativo no âmbito da Administração Pública Estadual e tem aplicação subsidiária (art. 2º), determina que “os prazos serão computados excluindo-se o dia do começo e incluindo-se o do vencimento”, tornando-se válido apresentar o recurso na data de hoje, 07 de novembro de 2014.

Portanto, a apresentação deste recurso obedece ao prazo de dez dias exigido pela legislação que disciplina o tema sendo tempestivo.

II – OS FATOS

No dia 26 de setembro de 2014, se valendo da Lei de Acesso à Informação Pública, as recorrentes enviaram a Secretaria de Segurança Pública pedido de acesso à informação relativo aos fatos envolvendo as forças policiais militares destacadas para lidar com as

manifestações ocorridas na cidade de São Paulo em 13 de junho de 2013.

Na ocasião, a entidade apresentou, nos termos da Lei Federal n.º 12.527/2011 e do Decreto Estadual que a regulamenta no estado de São Paulo (Dec. Lei n.º 58.052/2012), um pedido de acesso à informação contendo 10 (dez) questões objetivas e diretas, que poderiam auxiliar na compreensão dos fatos. Foram essas as informações requeridas:

(3)

3

1. Considerando que as manifestações do dia 13 de junho de 2013 eram de conhecimento público, qual foi a ordem confiada pelo Sr. Governador do Estado de São Paulo e/ou pelo Sr. Secretário de Segurança Pública ao Comandante da Polícia Militar designado como responsável pela operação desencadeada?

2. Essa ordem foi formalizada em algum documento? Se a resposta for positiva, favor enviar cópia.

3. Considerando que as manifestações do dia 13 de junho eram de conhecimento público, qual foi o plano de operação do Poder Público paulista sobre a intervenção que seria desencadeada pela Polícia Militar?

4. Considerando que as manifestações do dia 13 de junho eram de conhecimento público, quais apoios foram solicitados pelo Governo para auxiliar a Polícia Militar durante as manifestações (como ambulâncias; CET; entre outros)?

5. Requer-se cópia do relatório da operação desencadeada pela Polícia Militar no dia 13 de junho, incluindo a quantidade de efetivo empregado, quantidade e tipos de munição utilizada (balas de borracha e gás lacrimogênio); número de vítimas identificadas; entre outros.

6. Requer-se cópia do POP (procedimento operacional padrão) que regulamente a atuação da PMESP em manifestações públicas, bem como daqueles relativos à utilização de gás lacrimogênio e balas de borracha.

7. Requer-se informações específicas a respeito do treinamento realizado à tropa de choque para atuação em manifestações (procedimentos; treinamento; tempo destinado; “instruções permanentes”; entre outras).

8. Requer-se informações a respeito da quantidade de procedimentos instaurados e penalidades aplicadas, com a respectiva quantidade de policiais militares e suas patentes, referentes aos abusos policiais cometidos na operação ocorrida em 13 de junho que tramitam perante a Corregedoria da Polícia Militar do estado de São Paulo.

9. Requer-se cópia integral de todos os procedimentos instaurados contra policias militares, referentes aos abusos cometidos na operação ocorrida em 13 de junho perante a Corregedoria da Polícia Militar do estado de São Paulo.

10. Requer-se cópia integral dos Inquéritos Militares nºs 0020/312/13 e 0021/312/13.

Ocorre que, transcorrido o prazo para resposta da Secretaria de Segurança Pública, nenhuma das solicitações foram atendidas.

A omissão da Secretaria de Segurança Pública configura em flagrante violação à Lei de Acesso à Informação. Posto isto, visando dar cumprimento à legislação vigente faz cabível

(4)

4

a propositura do presente recurso, para que o direito constitucional de acesso à

informação finalmente seja efetivado. Assim vejamos. III – O DIREITO

Existência de Direito Líquido e Certo de Acesso à Informação.

O Direito à informação está previsto na Constituição Federal no art. 5º, XXXIII, que dispõe, in verbis:

Art. 5º, XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado.

Tal dispositivo regula o direito de todo cidadão de ter acesso à informação. Este direito inclui tanto a obrigação de disponibilizar certas informações, independentemente de requerimentos, quanto a necessidade de garantia do acesso a informações solicitadas.

A Lei de Acesso à Informação Pública (Lei nº 12.527/2011) foi promulgada com o intuito de regulamentar os dispositivos constitucionais supracitados garantindo, assim, o direito à informação, estabelecendo um novo marco paradigmático em que a transparência

é a regra, e o sigilo, exceção.

A recorrente se valeu dos procedimentos previstos tanto na Lei nº 12.527/2011 como no Decreto Estadual que a regulamenta1. Destacamos o artigo 15 do Decreto Estadual nº

58.052/2012:

Artigo 15 - O Serviço de Informações ao Cidadão - SIC do órgão ou entidade responsável pelas informações solicitadas deverá conceder o acesso imediato àquelas disponíveis.

1Segundo o art. 45 da Lei n.º 12527/2011, caberá aos Estados, Distrito Federal e Municípios criar legislação própria que

regulamente as regras específicas das normas elencadas pela Lei em questão. O decreto estadual nº 58.052/2012 foi promulgado a partir desta determinação, razão pela qual se utiliza dele neste pedido.

(5)

5

§ 1º - Na impossibilidade de conceder o acesso imediato, o Serviço de Informações ao Cidadão - SIC do órgão ou entidade, em prazo não superior a 20 (vinte) dias, deverá:

1. comunicar a data, local e modo para se realizar a consulta, efetuar a reprodução ou obter a certidão;

2. indicar as razões de fato ou de direito da recusa, total ou parcial, do acesso pretendido;

3. comunicar que não possui a informação, indicar, se for do seu conhecimento, o órgão ou a entidade que a detém, ou, ainda, remeter o requerimento a esse órgão ou entidade, cientificando o interessado da remessa de seu pedido de informação.

Como se vê, a ausência de qualquer tipo de resposta ao pedido de informação – como no caso em apreço – viola expressamente não somente a Lei de Acesso à Informação Pública, como também o próprio Decreto estadual regulamentador, promulgado justamente para especificar como o acesso à informação no Estado de São Paulo deve ser gerido.

Pior, viola no cerne alguns dos princípios mais caros à Constituição Federal de 1988, como já exposto.

Conclui-se, sem equívocos, ser cristalino o direito da signatária em obter as informações requeridas e, no mesmo sentido, é evidente o descumprimento das normas que disciplinam o tema por parte do órgão competente.

V – CONCLUSÃO E PEDIDO

Diante do exposto, no estrito cumprimento da legislação e dos princípios constitucionais do direito à informação (artigo 5º, inciso XXXIII) e da publicidade da Administração Pública (artigo 37, caput), urge que sejam devida e imediatamente disponibilizadas as informações referentes ao dia 13 de junho de 2013 e a atuação das forças de segurança paulistas, indicadas nas questões 1 a 10 do pedido de informação inicial, ora reiteradas.

(6)

6

que, no prazo de cinco dias, conforme previsto no parágrafo único do art. 19 do Decreto Estadual nº 58.052/2012, sejam fornecidas as informações solicitadas nas Questões 01 a 10 do Pedido de Informação realizado.

São Paulo, 07 de novembro de 2014.

MARCOS FUCHS

Diretor Adjunto da Conectas Direitos Humanos rafael.custodio@conectas.org

CPF: 049.823.058-97

Referências

Documentos relacionados

como enfoque o processo da reforma educativa em curso em Angola. Para isso, será realizada a análise à percepção dos professores e directores de escola face à

O Documento Orientador da CGEB de 2014 ressalta a importância do Professor Coordenador e sua atuação como forma- dor dos professores e que, para isso, o tempo e

Afinal de contas, tanto uma quanto a outra são ferramentas essenciais para a compreensão da realidade, além de ser o principal motivo da re- pulsa pela matemática, uma vez que é

Depois da abordagem teórica e empírica à problemática da utilização das Novas Tecnologias de Informação e Comunicação em contexto de sala de aula, pelos professores do

Nesse contexto, quando o indivíduo age de acordo com o princípio da utilidade, ele cuida de si mesmo através do cultivo da sua natureza humana esse cultivo é a expressão do amor

Criar um modelo de Política Nutricional e Alimentar em contexto escolar e desenvolver o Plano Estratégico de Intervenção Piloto (PEIP) que daí advém, em particular em

Um dos FH permanece na sala de trabalho, onde realiza várias tarefas: a validação das prescrições médicas informatizadas e manuais; a impressão dos mapas de

(IPO-Porto). Moreover, we attempted to understand how and in which patients sFLC can be used as a differential marker in early disease relapse. Despite the small cohort, and the