Unidade III
METODOLOGIA E PRÁTICA
ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA
ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA
Um começo de conversa
Para discutir estratégias de leitura, imaginemos a seguinte situação:
Você está numa livraria com a missão de escolher um livro para dar de presente a alguém.
Que critérios utiliza para essa escolha? Quais são os indicadores de uma boa
Critérios de seleção e estratégias
precisam ser ensinados na escola
Apesar de sua importância no cotidiano
de qualquer leitor, podemos dizer que, dificilmente, o aprendizado de critérios para a escolha de uma obra, por
exemplo, ocorre no ambiente escolar.
Na maioria das vezes, isso é aprendido na prática, na troca de experiências com parceiros (amigos, familiares etc.).
Leitura: atividade complexa
Toda atividade que envolve a leitura e a escrita é complexa, pois se articula com aspectos práticos (como a seleção do texto e a leitura propriamente dita), cognitivos (como o que sabemos sobre o que será lido e sobre o autor) e com as nossas
e sobre o autor) e com as nossas experiências pessoais (como as
expectativas em relação à leitura e as nossas preferências).
O uso de estratégias de leitura
No caso da leitura, há procedimentos e
estratégias que são utilizados na prática, mas não os ensinamos aos leitores
iniciantes porque desconhecemos sua relevância na formação do aluno.
Além disso, há o fato de que tais
estratégias, na maioria das vezes, são utilizadas quase que intuitivamente.
Mas, afinal, o que são estratégias?
São procedimentos que contribuem para
a fluência da leitura, aumentando a compreensão que se tem a respeito do assunto, tema ou conteúdo que está sendo lido.
Que estratégias devo ensinar?
As mais usadas são:
Previsão/antecipação: Análise prévia de
elementos como título, subtítulo, ilustrações, nome do autor etc., com vistas a aproximar-se do assunto.
Inferência: ler o que não está escrito,
obter informações contidas nas
entrelinhas, compreender para além do texto.
Verificação: Análise de elementos queVerificação: Análise de elementos que permitem o confronto entre as previsões e as inferências realizadas no decorrer da leitura e a apresentação dos
Interatividade
As estratégias de leitura utilizadas por leitores proficientes revelam que:
a) o leitor não domina procedimentos de leitura.
b) possivelmente o leitor está realizando b) possivelmente o leitor está realizando
uma decodificação.
c) há interação durante a leitura (autor-texto-leitor).
d) ainda não há autonomia por parte do leitor
leitor.
e) provavelmente o texto lido já era conhecido pelo leitor.
Um começo de conversa
São questionamentos do nosso cotidiano:
O que fazer depois que o aluno começa a
escrever alfabeticamente?
Como, a partir de então, é possível
contribuir para que ele continue contribuir para que ele continue avançando em suas aprendizagens?
O que dizem os PCNs
A conquista da escrita alfabética não garante ao aluno a possibilidade de compreender e produzir textos em linguagem escrita. Essa aprendizagem
exige um trabalho pedagógico sistemático .
O que ensinar ao aluno alfabético?
É só quando o aluno entende que o
nosso sistema de escrita tem uma organização alfabética que podemos propor outras reflexões.
Esse é o momento para propor desafios
de ordem ortográfica e iniciá-lo nas reflexões sobre a gramática, além da escrita cursiva.
Só para lembrar
Gramática – refere-se às regras que
regulam a nossa língua (falada e escrita)
Ortografia – refere-se ao modo correto
Competência leitora
O desenvolvimento da competência
leitora ocorre por meio de situações em que o aluno reflete sobre o sistema de escrita.
Na medida em que aprende determinado
aspecto da língua, outros desafios devem lhe ser propostos.
O trabalho coletivo
É importante destacar que o trabalho em
grupo ou o trabalho coletivo continua propício para o desenvolvimento e aprendizagem dos alunos.
É nele que as interações se intensificam
e a troca dos diferentes saberes contribuem para que todos reflitam
Interatividade
O trabalho sistematizado sobre a gramática e a ortografia deve ter início quando o
aluno escreve alfabeticamente porque: a) essa é uma divisão que facilita o
trabalho do professor junto aos alunos. b) nessa fase o aluno tem mais maturidade
para aprender.
c) não se deve tratar de assuntos
complexos com os alunos antes dessa fase.
fase.
d) é quando as crianças demonstram interesse por essas questões.
e) antes dessa compreensão tais reflexões não têm sentido para o aluno.
Um começo de conversa
Suponhamos que você acabou de
ingressar numa escola para lecionar numa classe de 2º ano do EF, por exemplo. Ao final do 1º mês o seu coordenador solicita que a redação de um relatório sobre as impressões iniciais um relatório sobre as impressões iniciais do aprendizado dos alunos.
Por onde começar essa redação? Qual
estrutura utilizar? Os comentários devem ser breves ou extensos?
Um parceiro mais experiente
Nessas situações costumamos recorrer
a alguém mais experiente, não é mesmo? Alguém que sabemos já ter executado essa tarefa ou que julgamos ter
conhecimento suficiente para nos orientar a respeito
orientar a respeito.
Se esse é um procedimento que
adotamos sempre que não sabemos realizar uma atividade, seria diferente para o desenvolvimento da competência escritora dos alunos dos anos iniciais do escritora dos alunos dos anos iniciais do Ensino Fundamental?
O papel do modelo no ensino
Existem várias formas de organizar um
texto. Entretanto, é preciso mostrar ao aluno um modo de fazê-lo.
Tal como na leitura, na escrita o
professor atua como referência a partir da qual o aluno organiza a sua escrita. Por isso é fundamental que ele possa observar como o professor escreve.
Repertoriar o aluno
Quando escrevemos, colocamos em jogo muitos saberes, especialmente aqueles que se referem:
ao conteúdo;
à organização do texto;à organização do texto;
à grafia das palavras.
Se nosso objetivo é que o aluno aprenda a escrever, utilizando as convenções da
nossa escrita, é fundamental que ele tenha “repertório” constituído por meio darepertório , constituído por meio da
Do coletivo ao individual
É recomendável que uma tarefa de escrita individual mais complexa, ocorra,
considerando-se algumas etapas anteriores, ou seja:
produção coletiva;
produção em pequenos grupos ou pares; produção individual.
A discussão dos assuntos tratados na
leitura de modo coletivo, permitindo a participação do aluno, solicitando a sua opinião, convidando-o a pensar como seria um final diferente para determinada história ou modificando um
história, ou modificando um
acontecimento ao imaginar que o enredo fosse diferente, contribui para a
construção do repertório que julgamos ser tão importante para a sua formação como escritor competente.
Interatividade
Os conhecimentos que o aluno constrói na interação com o material escrito facilitam a produção de texto porque:
a) originam muitas outras ideias sobre vários temas.
b) revelam um conhecimento que se superpõe aos aspectos da escrita. c) trazem à tona reflexões sobre o tema
sobre o qual escreve.
d) possibilitam que sua atenção fique d) possibilitam que sua atenção fique
centrada na estrutura do texto.
e) os conteúdos são mais importantes que os aspectos da escrita.
Falando sobre revisão
Depois que o aluno apresentou a sua produção textual, algumas dúvidas nos invadem:
devo corrigir todo o texto?
como realizar intervenções para que ocomo realizar intervenções para que o aluno, realmente, faça uma análise de sua produção e aprenda aspectos essenciais de uma produção escrita?
A correção do professor
Esse é o momento em que realiza seus
registros acerca daquilo que observa como uma constante nos textos; ou seja, sua análise sobre as produções redigidas pelos alunos deve ser norteada pelas seguintes questões:
questões:
Quais são as dificuldades que mais
aparecem nos textos?
Quais os recursos estudados que, de um
modo geral, não têm sido utilizados por eles?
O que será preciso resgatar e em que é
Uma escolha significativa
É importante que o professor considere
a seleção de uma das produções de seus alunos para discutir com a classe.
O anonimato do aluno pode ser
garantido com acordos estabelecidos.
Essa produção deve ser representativa
das dificuldades apresentadas pelo grupo.
Por que a revisão de apenas um
trecho de um único texto?
Em primeiro lugar, porque se, a cada vez
que os alunos produzirem um texto, nós, professores, solicitarmos que eles o
refaçam por inteiro, estaremos
indiretamente fazendo com que eles reduzam a quantidade produzida para reduzam a quantidade produzida para que, no caso de terem que revisá-la, não tenham muito trabalho.
Em segundo lugar, porque, na maioria
das vezes, as dificuldades apresentadas por um aluno se repetem para outros e por um aluno se repetem para outros e costumam aparecer em diferentes
produções; sendo assim, trabalhar coletivamente contribuirá para a aprendizagem de todos.
Por que a revisão de apenas um
trecho de um único texto?
Em terceiro lugar, porque essa é uma
forma de conseguirmos tempo suficiente para uma análise realmente aprofundada da produção escrita, sem exceder o
tempo de concentração e atenção dos alunos o que tornaria a atividade muito alunos, o que tornaria a atividade muito cansativa e, portanto, improdutiva.
A prática de revisão textual
Uma prática constante de revisão
coletiva de textos fará com que os
alunos se tornem produtores reflexivos, exigentes e coerentes.
O próprio processo de discussão coletiva fará com que desenvolvam o respeito pela opinião do colega, que compreendam a necessidade de esperar a vez de falar, que aceitem sugestões, que percebam o erro como constituinte do processo de aprendizagem e não do processo de aprendizagem e não como algo vexatório, enfim, que
desenvolvam comportamentos e atitudes indispensáveis para o convívio
Interatividade
Quando ao aluno é solicitada a produção de um texto e verifica-se a necessidade de
reformulação em muitos de seus aspectos, recomenda-se a seleção de apenas um deles porque:
a) deve-se facilitar a escrita para o aluno. b) é preciso focalizar um aspecto por vez. c) considera-se só o mais importante. d) não se deve interferir na produção do
aluno aluno.
e) nota-se que este é um procedimento muito complexo.
Uma reflexão para terminar
Não podemos perder de vista que, dentre outras, a finalidade da educação é “permitir a todos, sem exceção, a frutificação de
seus talentos e de suas capacidades de criação...”
(Informe da UNESCO presidido por J.Delors – 1996)