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O AGRONEGÓCIO DO ALGODÃO NO MUNDO. II - CASO DA ARGENTINA

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O AGRONEGÓCIO DO ALGODÃO NO MUNDO. II - CASO DA ARGENTINA

Napoleão Esberard de Macedo Beltrão1, Gleibson Dionízio Cardoso2. (1) Embrapa Algodão, Rua Osvaldo Cruz, 1143, Centenário, 58107720, Campina Grande, PB. e-mail: nbeltrao@cnpa.embrapa.br, (2) Embrapa Algodão, Rua Osvaldo Cruz, 1143, Centenário, 58107720, Campina Grande, PB.e-mail: gleibson@cnpa.embrapa.br

RESUMO

Na América do Sul, alguns países produzem algodão economicamente, destacando-se o Brasil, maior produtor, Argentina e o Paraguai, sendo que os dois últimos são exportadores de pluma, tendo reduzidos níveis de consumo industrial. Na safra de 2001/2002, a Argentina teve um consumo industrial de pluma de 60.000t, produzindo somente 72.000t, com área plantada de 170.000ha, contra 1,1milhão de hectares plantados na safra de 1997/1998, quando a produção atingiu 425.000t de pluma, igualando ao Brasil. Cerca de 60% da produção vem da região do Chaco e aproximadamente 37.000 produtores cultivam o algodão neste pais, com área média da propriedade de 70ha, dos quais uma parte é cultivada com esta Malvaceae. Praticamente não se irriga o algodão, a colheita é quase toda mecânica, quase que não se usa fertilizantes, em especial nitrogenado, chegando a ter mais de 125 descaroçadoras e mais de 700 colheitadeiras. Atualmente na Argentina são plantadas cultivares tradicionais, sintetizadas no país pelo INTA (Instituto Nacional de Tecnologia Agropecuária), como a Guazuncho 2, que tem 42,6% de fibra, uma das maiores do mundo, e cultivares modernas Bt, transgênicas como a NC 33 B. Na Argentina há poucos anos atras chegou a ser um dos cinco maiores exportadores mundiais de algodão.

INTRODUÇÃO

O Agronegócio do algodão na Argentina já teve grande importância para a economia deste pais, representando muito na pauta das exportações, em especial para o Brasil (Sempronii, 1997), que chegou mais de 355.000t de pluma/ano, como na safra de 1995/1996, e até mais em outros anos. A Argentina no século 20 teve vários momentos na produção de algodão, sendo que entre 1935 a 1940, 53% da produção se destinava ao mercado interno, chegando ao máximo de 90% no período de 1943 a 1960, com a produção baseada em minifúndios (Sempronii, 1997). Atualmente devido a baixa produtividade obtida, entre 350 a 450kg de fibra/ha. Abaixo da media mundial que na mais recente safra computada, de 2001/2002 foi de 624kg de fibra/ha, problemas de clima, em especial na região de produção mais chuvosa, media anual superior a 1500mm (Poisson, 1997), na fase de colheita, promovendo acentuada redução na qualidade da fibra e outros fatores ligados aspectos internacionais, como o incremento dos subsídios dados aos produtores em outros países. A conjunção desses fatores fizeram a cotonicultura Argentina despencar. que em passado recente chegou a ter fabrica de colheitadeiras de algodão, fato que a esmagadora maioria dos países produtores tradicionais de algodão não tem, incluindo o Brasil. Como este trabalho, objetivou-se fazer uma analise das possíveis causas (hipóteses prováveis) das oscilações da cotonicultura Argentina e da mais recente redução acentuada, com praticamente saída deste pais da produção e principalmente da exportação de fibra de algodão para vários países do mundo, em especial para o Brasil.

MATERIAL E MÉTODOS

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informações do International Cotton Advisory Committee (ICAC), publicações de julho e agosto de 2001 e de fevereiro de 2002, Aquino (2003), The ICAC Recorder (1997).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A Argentina já chegou a ser o país da América do Sul de maior área plantada com algodão herbáceo (Gossypium hirsutum L. Raça latifolium Hutch.) como foi verificado na safra de 1997/1998, quando foram semeados mais de 1,1 milhão de hectares com esta malvaceae, sendo mais de 60% da produção oriunda da região do Chaco, com cerca de quase 600.000ha, tendo em segundo lugar a província de Santiago del Estero com 216.400ha (The ICAC Recorder, 1997). No passado não muito distante a Argentina consumia praticamente todo algodão que produzia, cerca de 90% no período de 1943 a 1960 conforme informações de Sempronii (1997). Na atualidade esta produzindo muito pouco algodão, devido a uma série de fatores internos e externos, tais como deficiência no custeio das lavouras, inundações periódicas nos campos, trazendo reduções na produtividade que já e baixa e em especial na qualidade intrínseca da fibra, principalmente reduzindo a resistência e alterando a finura, engrossando a fibra, concorrência internacional, com subsídios na cultura em países produtores tradicionais, baixo uso de fertilizantes, em especial fósforo e potássio e outros fatores (The ICAC Recorder, 1997 e Aquino, 2003).

De acordo com o International Cotton Advisory Committee (2002) na mais recente safra computada, 2001/2002, na Argentina a área plantada com o algodão foi somente de 170.000ha, produtividade de 426kg de fibra/ha e produção de 70.000t de fibra, caindo as exportações para apenas 49.000t de pluma, ou seja praticamente 10% do que foi no passado recente, cerca de seis anos, quando chegou a ser o quinto exportador mundial de algodão. Podemos observar na Tabela 1, que a Argentina nas três últimas safras teve uma participação muito pequena (em termos de área, produção e exploração), bem inferior ao Brasil e muito mais ainda com relação aos Estados Unidos da América do Norte. Na safra de 1997/1998, a Argentina, foi o maior produtor da América do Sul, junto com o Brasil, porém com a maior área plantada com algodão, mais de 1,0 milhão de hectares plantados, embora com baixa produtividade, de somente 386kg de fibra/ha, como pode ser visualizado na Tabela 2.

Com relação aos custos de produção a maior parcela refere-se a colheita. O inseto-praga bicudo (Anthonomus grandis Bohem.) foi encontrado no território Argentino em 1993 na província de Misiones. Os insetos mais importantes como pragas são a Alabama argillacea, Horcias nobilellus, Eutinobothrus

brasiliensis, Aphis gossypii, Platyedra gossypiella e Helicoverpa sp. As doenças noa aso problemas da

Argentina e assim nenhum químico e usado para controle de enfermidades do algodão. As principais cultivares plantadas, alem da Guazuncho 2, são: Pora, Gringo, Mataco, Chaco 520, Cacique (International Cotton Advisory Committee, 1997, e Poisson, 1997). Recentemente cultivares transgênicas tem sido testadas e utilizadas por produtores da Argentina, como e o caso da cultivar Bt, NC 33 B (Elena, 2001). No tocante ao Mercosul na safra de 2001/2002, foram plantados cerca de 1,07 milhão de hectares com algodão, sendo que na Argentina foram plantados somente 173.100ha com previsão de redução para a safra de 2002/2003, conforme pode ser observado na Tabela 3, dados reunidos por Aquino (2003), denotando que a cotonicultura argentina esta em franco declínio e bastante diferente do que foi no passado recente quando chegou a ter inclusive fabrica de colheitadeira, a marca Sacay de duas linhas e motor de baixo consumo de somente 60 HP.

CONCLUSÕES

• A Argentina já foi recentemente, menos de sete anos, um dos 10 maiores produtores de algodão do mundo e um dos cinco maiores exportadores de algodão em pluma do Planeta e devido a uma serie de fatores internos e externos teve a sua participação no cenário do agronegócio do algodão no

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mundo bastante reduzida nos três mais recentes anos;

• A produção de algodão da Argentina historicamente vem de áreas não irrigadas, com propriedades de tamanho médio, cerca de 70ha, com uso de um bom nível de tecnologias, com mais de 90% de colheita mecânica, porem sem o uso de fertilizantes, em especial do fósforo e do potássio, e com baixo uso de fertilizantes nitrogenados.

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Tabela 1. Área plantada, rendimento, produção, estoque inicial, importação, exportação e estoque final de algodão em pluma no Mundo, Argentina, nos Estados Unidos da América do Norte (USA) e no Brasil, nas safras de 2000/2001, 2001/2002 e estimativas para 2002/2003.

Safras

Mundo Argentina USA Brasil

Indicadores

2000/2001 2001/2002 2002/2003 2000/2001 2001/2002 2002/2003 2000/2001 2001/2002 2002/2003 2000/2001 2001/2002 2002/2003

Área plantada (103 ha) 31.668 33.540 31.629 385 170 187 5.282 5.589 5.261 858 732 805

Rendimento (kg fibra/ha) 605 624 603 435 426 426 708 782 727 1000 990 990 Produção (103t) 18.173 20.945 19.076 168 72 80 3.742 4.373 3.825 858 725 798 Estoque inicial (103t) 8.774 8.682 9.978 152 128 93 854 1.307 2.019 341 635 531 Importação (103t) 5.700 6.113 6.256 10 2 2 7 2 2 140 200 150 Consumo (103t) 19.720 19.649 19.962 87 60 60 1.929 1.600 1.568 900 909 927 Exportação (103t) 5.700 6.113 6.256 100 49 51 1.459 2.063 2.056 130 120 150 Estoque final (103t) 8.238 9.978 9.092 142 93 63 1.215 2.019 2.222 500 531 401 Fonte: Cotton. International Ctton Advisory Committee July-August (2001) e International Ctton Advisory Committee January-February (2002).

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Tabela 2. Produção de algodão na América do Sul, safra 1997/1998.

Fonte:The ICAC Recorder (1997).

Países Produção (103t) Área plantada (103 ha) Rendimento (kg fibra/ha)

Argentina 425 1.100 386 Bolívia 37 65 572 Brasil 425 925 459 Colômbia 36 50 710 Equador 2 5 435 Paraguai 95 230 413 Peru 43 77 566 Venezuela 11 25 456 Total 1.074 2.477 423

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Tabela 3. Algodão no Mercosul. Comparativo de área, produção e produtividade, safras 2001/2002 e 2002/2003.

Fonte: Aquino (2003).

Produção (em mil t)

Área (em mil ha) Algodão em pluma Caroço de algodão Produtividade (kg/ha) Países 2001/02 2002/03 VAR (%) 2001/02 2002/03 VAR (%) 2001/02 2202/03 VAR (%) 2001/02 2002/03 VAR (%)

Brasil 750,3 715,4 -4,7 766,1 783,7 2,3 1.241,3 1.260,9 1,6 2.675 2.858 6,8

Argentina 173,1 167,0 -3,5 59,3 65,7 10,8 125,9 139,7 11,0 1.070 1.230 15,0

Paraguai 147,0 230,0 56,5 43,7 86,0 96,8 81,2 164,5 102,6 850 1.100 29,4

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AQUINO, D.F. de. Algodão. Panorama Internacional: avaliação da safra agrícola de 2002/2003. Brasília, DF. CONAB. 2003. 6p.

BOLSA DE MERCADORIAS & FUTURO. Estatísticas do mercado físico de algodão, Janeiro de

1990 a dezembro de 1996. Sao Paulo, SP. 1997. 72p.

ELENA, M.G. Vantajas economicas del algodon transgenico (Bt) en Argentina. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ALGODÃO ,III. 2001. Anais... Campo Grande , MS. EMBRAPA , UFMS. P. 179-183, 2001.

INTERNATIONAL COTTON ADVISORY COMMITTEE. Cotton: review of the world situation. Washington, USA. ICAC. v.54,n 6, july-august, 2001. 23p.

INTERNATIONAL COTTON ADVISORY COMMITTEE. Cotton: review of the world situation. Washington,USA. ICAC. v.55, n.3, january-february, 2002. 19p.

POISSON, J.A. El algodon en Argentina: ultima capana (96/97) y perspectivas. In: ACTAS DE LA VI REUNION DE COORDINACION DE LA INVESTIGACION ALGODONERA EN EL CONO SUR. 1997.

Anais... Campinas, SP. Instituto Agronomico de Campinas. p.6-11, 1997.

SEMPRONII, G. La produccion de algodon en la Argentina. In: REUNION DE LA ASOCIACION LATINOAMERICANA DE INVESTIGACION Y DESARROLLO DEL ALGODONERO (ALIDA). Informes dos países de la Alida. Situacion y perspectiva de la produccion algodonera. 1997. Anais... P.R. Saenz Pena, Argentina.1997. s.p.

THE ICAC RECORDER. International Cotton Advisory Committee. Washington, USA. v.15, n.4, p.3-5, December 1997.

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