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O esporte como ferramenta de desenvolvimento das forças pessoais

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA DANIEL LOPES RAMOS

O ESPORTE COMO FERRAMENTA DE DESENVOLVIMENTO DAS FORÇAS PESSOAIS

Palhoça 2013

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DANIEL LOPES RAMOS

O ESPORTE COMO FERRAMENTA DE DESENVOLVIMENTO DAS FORÇAS PESSOAIS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em Educação Física da Universidade do Sul de Santa Catarina como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Educação Física.

Professor Orientador: Maria Letícia Knorr Pinto da Luz, Msc

Palhoça 2013

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AGRADECIMENTOS

Este trabalho de pesquisa contou com a ajuda de pessoas que acreditam que as relações humanas são a principal fonte de desenvolvimento do ser humano.

Agradeço profundamente a minha mãe Margareth da Silva Nogueira que desde cedo me mostrou que o trabalho focado no desenvolvimento do ser humano

também trazer satisfação e sentido para a vida. Agradeço também ao meu pai Emílio Cesar de Araújo Ramos que durante toda a minha vida demonstrou exemplos de comprometimento, gosto pela aprendizagem e perseverança qualidades estas primordiais para que esta pesquisa se concretizasse.

Faz-se importante também agradecer a minha irmã Camila Ramos que sempre escutou meus devaneios e acreditou que eu poderia realiza-los, ajudou também nos processos de organização das ideias e qualidade dos conceitos desta pesquisa.

Ainda no contexto familiar não posso deixar de registrar meus agradecimentos a Mirela Micheri Leonello. Seu amor, carinho e compreensão me deram suporte para concluir esta importante etapa da minha vida.

Tenho de demonstrar minha Gratidão também aos professores do curso de Educação Física da Universidade do Sul de Santa Catarina que potencializaram minhas qualidades e me estimularam a vencer minhas fraquezas.

Agradeço com este trabalho ao Esporte que transformou a minha vida por diversas vezes e hoje é a ferramenta que utilizo para auxiliar outras pessoas a florescerem.

E por fim, agradeço a Psicologia Positiva e a todos os pesquisadores que a sustentam. Por mostrarem o caminho agradável e engrandecedor que é a busca do Bem estar para si e para os outros.

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Todos somos como semente do carvalho. Só temos de regar carinhosamente este embrião de gigante que carregamos dentro de nós. Bem alimentada, essa plantinha interior explodirá para vida, alcançando também fatores de crescimento social e econômico que virão por acréscimo.

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RESUMO

O esporte é visto como ferramenta facilitadora do processo de desenvolvimento mental com sua aplicação consolidada em diversas populações. Os novos conceitos desenvolvidos através da Psicologia Positiva possibilitam abordagens diferenciadas envolvendo a prática regular de modalidades esportivas e a promoção das potencialidades e saúde mental em seus praticantes. O propósito desta pesquisa foi identificar e classificar as forças pessoais dos praticantes, assim como também verificar a percepção dos mesmos a cerca das forças mais requisitadas durante a prática de cada uma das modalidades. Este trabalho tem natureza básica e aborda de forma quantitativa a prática regular de esportes e as forças pessoais mentais em pessoas que tenham praticado Surfe, Jiu-Jítsu ou Tênis por 10 anos ou mais ininterruptamente. Foram classificadas as forças pessoais dos sujeitos (n=45) praticantes das modalidades, Surfe (n=15), Jiu-Jítsu (n=15) e Tênis (n=15), com idade entre 25 a 40 anos. O instrumento utilizado foi o questionário abreviado VIA -IS (Values in Action Inventory of Strenthg) que mede e classifica as forças mentais. Os dados foram analisados através da estatística básica e discutidos a luz da literatura corrente estruturada principalmente na Psicologia Positiva. Observou-se que existem algumas diferenças na classificação de forças pessoais entre os praticantes de diferentes modalidades esportivas, porém estas diferenças não devem ser supervalorizadas. Quanto a percepção dos sujeitos em relação as forças mais solicitadas durante a prática das modalidades os dados mostraram que os praticantes de Surfe entendem que o entusiasmo é a força que se destaca enquanto os praticantes de Jiu-jítsu e Tênis elegeram o autocontrole como força mais solicitada. Sugeriu-se estudos qualitativos que incorporem também as reflexões dos sujeitos quanto as forças que lhe parecem parte de sua personalidade. Sendo assim, destacou-se o potencial de se trabalhar as forças pessoais de forma concreta dentro das modalidades esportivas.

Palavras chave:Forças pessoais. Valores do Esporte. Psicologia do Esporte.rte. Psicologia Positiva.

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 - Força mais solicitada no Surfe ... 35 Gráfico 2 - Força mais solicitada no Jiu-jítsu...36 Gráfico 3 - Força mais solicita no Tênis ...37

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Pontuação de forças pessoais entre brasileiros ...18

Tabela 2 Faixa etária dos sujeitos da pesquisa ...27

Tabela 3 Tempo de prática ...28

Tabela 4 Pontuação das forças pessoais de todos os participantes ...30

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 Elementos do Bem estar ...15 Quadro 2 Classificação VIA de Virtudes e forças pessoais ...17 Quadro 3 Valores Olímpicos ... 20

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ... 10

1.1ONTEXTUALIZAÇÃO DO TEMA E PROBLEMA ... 10

1.2OBJETIVO GERAL ... 11

1.3 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ... 11

1.4JUSTIFICATIVA ... 11

2 REVISÃO DE LITERATURA ... 14

2.1 ESTUDO DAS MENTES SAUDÁVEIS ... 14

2.2 TEORIA DO BEM ESTAR ... 15

2.3 VIRTUDES E FORÇAS MENTAIS ...16

2.4 VALORES NO ESPORTE ... 19

2.5 FORÇAS PESSOAIS NO CONTEXTO DO ESPORTE ...22

2.6 MODALIDADES ESPORTIVAS E SEUS ÍCONES ... 23

2.6.1 Surfe ... 24 2.6.2 Jiu-Jitsu ...24 2.6.3 Tênis ... 25 3 MÉTODO ... 27 3.1 TIPO DE PESQUISA ... 27 3.2 PARTICIPANTES DA PESQUISA ...27 3.3 INSTRUMENTOS DA PESQUISA ...28 3.4 PROCEDIMENTOS DA COLETA ...29

3.5 ANÁLISE DOS DADOS ...29

4 APRESENTAÇÂO E DISCUSSÂO DOS RESULTADOS ...30

5 CONCLUSÃO E SUGESTÕES ... 39

REFERÊNCIAS ...40

ANEXO ... 43

ANEXO A ... 44

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1. INTRODUÇÃO

1.1CONTEXTUALIZAÇÃO DO TEMA E PROBLEMA

O meio esportivo sempre despertou o interesse das pessoas ao trazer a tona exemplos de superação, determinação, maestria, derrotas e vitorias. Perseverança, gosto pela aprendizagem, inteligência emocional, autocontrole e otimismo são exemplos de qualidades encontradas em muitos campeões do esporte. Identificar, compreender e utilizar as virtudes usadas por estes grandes seres humanos pode facilitar o processo de desenvolvimento mental, trazer sucesso a vida pessoal e matrimonial, além de gerar muita gratificação (SELIGMAN, 2009).

A Psicologia Positiva é um movimento recente dentro da Psicologia que visa identificar e desenvolver habilidades mentais, caracterizar o sentimento de bem estar além de esclarecer todas as variáveis em torno do funcionamento pleno da mente humana (PALUDO;KOLLER, 2007).

Há muito o esporte é visto como instrumento facilitador do crescimento pessoal com aplicação em diversas populações. Porém os novos conceitos desenvolvidos através da Psicologia Positiva podem possibilitar novas abordagens dentro e fora do meio esportivo (SANCHES ; DIAS, 2008).

A participação do hábito da prática esportiva na formação do conjunto de qualidades mentais e no caráter de uma pessoa já se apresenta como assunto de interesse de alguns pesquisadores da área da educação física e da psicologia do esporte. No entanto, muitas são as variáveis que se aplicam a todo o processo que envolve o desenvolvimento dessas habilidades mentais assim como também referentes a prática esportiva em si (HOLT ; NELLY, 2011).

Ciente de que existem particularidades entre modalidades esportivas. Nesta pesquisa optou-se por estudar três modalidades esportivas individuais:

a) Surfe: modalidade náutica mais praticada no mundo (BITENCOURT et al., 2005);

b) Jiu-Jítsu: arte marcial reestruturada no Brasil pela família Gracie e consolidada mundialmente por sua eficiência (GRACIE, 2011);

c) Tênis: modalidade de raiz europeia que possui grande participação dentro e fora do Brasil (MUELLER;MIRANDA, 2005)

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A fim de buscar maiores informações sobre o crescimento pessoal através do esporte, este trabalho pretende responder a seguinte pergunta:

Qual o perfil de forças pessoais nos praticantes de Surfe, Jiu-jítsu e Tênis?

1.2OBJETIVO GERAL

Avaliar o perfil de forças mentais de praticantes de três modalidades esportivas (Surfe, Jiu-Jítsu e Tênis).

1.3OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Classificar as forças pessoais mentais em praticantes de Surfe, Jiu-jítsu e Tênis;

Classificar as forças pessoais dos sujeitos da pesquisa, dentro do contexto dos seis grupos de virtudes;

Verificar a percepção dos sujeitos da pesquisa a cerca da utilização das forças pessoais, durante a prática de cada modalidade esportiva;

Verificar se as três modalidades esportivas estimulam o desenvolvimento diferenciado das forças pessoais mentais;

1.4JUSTIFICATIVA

O que esperar da vida? O que realmente faz com que a vida seja boa? Quais são os caminhos para encontrar satisfação? Perguntas simples, porém com difíceis respostas. Ao estudar milhares de mentes saudáveis os psicólogos e outros profissionais da saúde começam a apontar em que direção deve-se caminhar para encontrar mais bem estar e o sentimento de felicidade.

Estar ciente das próprias habilidades, produzir e contribuir com a sociedade e ainda superar o estresse do dia a dia faz parte do conceito de saúde mental, assim como a ausência de doenças (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE, 2007).

Observa-se, no entanto, que o número de pesquisas que abordam as patologias da mente e suas características, supera em muito o número de pesquisas que pretendem entender sobre o desenvolvimento das habilidades mentais,

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promoção de resiliência perante o estresse ou até o estímulo da produção mental (SELIGAMN, 2011).

O ambiente descontraído e lúdico que representa o meio esportivo faz com que as pessoas exercitem suas forças físicas e também seu caráter com maior afinco e de forma autêntica. Sartori (2000), identifica ainda a consciência no uso das habilidades mentais pessoais, como forma de oportunidade de execução de papéis previamente não explorados, ou seja, utilizar habilidades mentais de forma diferente da habitual em busca do crescimento pessoal e profissional.

É importante trazer a atenção dos profissionais encarregados de conduzir as atividades esportivas, a importância da identificação e valorização dos aspectos positivos dos praticantes, onde de forma consciente, discutem-se os pontos positivos de cada situação vivenciada pelo individuo ou grupo projetando soluções para problemas e estimulando novas atitudes, ao invés apenas de lamentar dificuldades e metas não alcançadas (SANCHES ; DIAS, 2008).

Variáveis como o ambiente, parentes, parceiros de treino, professor ou técnico da modalidade podem interferir no processo de desenvolvimento mental das pessoas através do esporte. Esta constatação representa um grande desafio para os profissionais que visam utilizar desta ferramenta para estimular mentalmente as pessoas (HOLT; NELLY, 2011).

Diante deste desafio, o estudo das potencialidades mentais não pode se afastar da ciência. Pelo contrário, os pesquisadores devem utilizar de métodos sólidos para encontrar o caminho do bem estar e da saúde mental (SELIGMAN, 2011).

A caracterização das forças e virtudes relacionadas e inerentes à prática de cada modalidade esportiva pode nortear crianças, jovens e adultos na escolha de que esporte praticar em seu dia a dia, com o intuito de tornar mais frequente os momentos de utilização de seus traços positivos.

Estudos começam a apontar na direção de que a utilização com frequência das forças pessoais seja no trabalho, lazer ou atividades sistematizadas como o esporte leva ao sentimento de bem estar duradouro assim como também o melhor funcionamento da mente como um todo (WOOD et. al., 2010).

Além disso, a análise dos perfis mais comuns de forças de caráter encontradas no ambiente de diferentes modalidades esportivas possibilita o convívio proposital com pessoas que desfrutam de qualidades mentais similares. De forma

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consciente, todo o grupo de pessoas ao redor da modalidade, pode usufruir de uma ótima fonte de referência acerca de forças mentais, pois cada individuo utiliza de forma singular suas potencialidades.

A Educação Física assim como seus gestores e profissionais envolvidos, podem usufruir muito de novas formas de abordagem ao ser humano. Seja na escola no clube ou academia o corpo pode ser utilizado para desenvolvimento mental valorizando ainda mais o papel dos profissionais e das modalidades que o cercam.

O grande potencial do esporte como ferramenta de desenvolvimento mental assim como a complexidade de todo o processo em torno deste objetivo gera a necessidade de estudos aprofundados que utilizem os conceitos modernos, porém consolidados da Psicologia Positiva a fim de maximizar e massificar o crescimento mental através do esporte (HOLT;NELLY, 2011).

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2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1ESTUDO DAS MENTES SAUDÁVEIS

Compreender as mentes saudáveis passou a ser o novo foco de alguns pesquisadores da área da psicologia, que antes se ocupavam em estudar as patologias mentais humanas. Estudos relacionados as causas da depressão, por exemplo, deram espaço a estudos que buscam as causas do sentimento de satisfação com a vida (SELIGMAN, 2009, 2011 ; PALUDO;KOLLER, 2007).

Em 1998, Martin Seligman psicólogo e então presidente da Associação Americana de Psicologia (APA) decidiu iniciar um movimento científico chamado Psicologia Positiva. O objetivo era trazer a atenção do meio acadêmico para o potencial do ser humano de se desenvolver de forma saudável (PALUDO;KOLLER, 2007).

Em seu livro Felicidade Autêntica (2009, p.53), Seligman traz sua opinião a cerca dos benefícios e aplicações deste novo foco de estudo:

[...] na minha opinião, a terapia chega tarde demais; agindo quando o indivíduo ainda estivesse bem, economizaríamos um rio de lágrimas. [...] a cura é incerta, mas a prevenção é maciçamente eficaz.

Outras áreas da ciência seguem uma linha similar de trabalho investindo e estudando variadas formas de agir antes que os problemas apareçam. Basta observar o crescimento de pesquisas com foco em elementos preventivos como o exercício cardiovascular e doenças cardíacas ou alimentação saudável e câncer (NAHAS, 2010).

Para Levy (2013), a psicologia positiva atua em três diferentes níveis: subjetivo, individual e grupo. O subjetivo refere-se ao sentir-se bem, satisfação com a vida ou bem estar. Nível individual refere-se as qualidades e virtudes individuais, estas características psicológicas que fazem uma pessoa ser considerada uma pessoa de valor ou virtuosa. Por fim, o terceiro nível trata das virtudes ligadas a responsabilidade social, cidadania e desenvolvimento das instituições e comunidades.

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2.2 TEORIA DO BEM ESTAR

Seligman (2011) aponta cinco elementos chaves como base para que o ser humano tenha um equilíbrio pleno de emoções positivas e satisfação ao longo da vida. Cada elemento do Bem estar deve seguir três exigências para que seja considerado um elemento:

a) Contribuir para formação de bem estar;

b) Deve ser perseguido por ele próprio e não para alcançar um outro elemento;

c) Deve ser mensurável de forma independente dos outros elementos. Quadro 1 - Elementos do Bem estar

Elementos Caracterização

Emoção positiva Relacionado com a felicidade e asatisfação com a vida, é mensurado apenas subjetivamente.

Engajamento

Relacionado com um estado de envolvimento com algo que se esteja fazendo, é mensurado subjetivamente e acaba por ser retrospectivo já que quando se está engajado o pensamento e o

sentimento estão ausentes. Sentido

Servir a algo que se acredita ser maior do que si próprio. Subjetivo e é expresso na forma do sentimento de que a vida é valiosa e útil.

Realização

A conquista, a busca por ela própria. Uma vida realizadora. Não deve ser confundido com a ganância de se acumular dinheiro ou vitórias. A realização da qual se refere é aquela que se encontra facilmente no meio esportivo, a pessoa que propõem metas a si mesma e as realiza somente para sentir a sensação de se esforçar o máximo por algo, que a vezes pode até não ser valioso na vista de outros olhos. Exemplo: Viajar de bicicleta da América do sul à América do Norte.

Relacionamentos Positivos Relacionar com outras pessoas de formapositiva é fundamental para a vida do ser humano.

Fonte: Seligman, 2011.

O caminho para que se conquiste e mantenha os elementos do bem estar é através das vinte e quatro forças pessoais. As forças pessoais são traços do

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caráter pessoal e podem ser observados em diversas situações ao longo da vida (MUNHOZ, 2013; SELIGMAN, 2009, 2011).

2.3VIRTUDES E FORÇAS MENTAIS

Os valores de uma pessoa juntamente com as oportunidades que a mesma é exposta ao longo da vida, afetam suas atitudes habituais. Esta relação denominada de estilo de vida é composta de fatores positivos e negativos que influenciam a saúde e o bem estar, a curto e em longo prazo (NAHAS, 2010).

Uma grande pesquisa aos textos básicos de religiões, tradições filosóficas, instituições como o exército e associações esportivas levou os pesquisadores a seis virtudes valorizadas por quase todas as instituições e culturas do Ocidente ao Oriente. Encontrou-se também, virtudes citadas por apenas uma filosofia ou instituição, porém o que surpreendeu os cientistas foi a nítida e aceitável constância das virtudes relatadas na maioria dos documentos (SELIGMAN, 2009, 2011; PARK, PETERSON, SELIGMAN, 2006).

As virtudes encontradas foram:

1. Sabedoria e Conhecimento: grupo de forças cognitivas relacionadas

aquisição e uso de conhecimento.

2. Coragem: grupo de forças emocionais que envolvem o exercício da

vontade de atingir objetivos em frente a oposição externa e interna.

3. Humanidade: forças interpessoais que envolvem o cuidado e o

relacionamento com outros.

4. Justiça: forças cívicas que fundamentam uma comunidade saudável. 5. Moderação: forças que protegem contra o excesso.

6. Transcendência: estabelece conexões com o universo fornecendo

sentido (PARK, PETERSON, SELIGMAN, 2006).

Peterson e Seligman, (2004) constataram que as virtudes seriam conceitos muito abstratos para servirem como parâmetro ou ainda para serem mensurados. Os pesquisadores então decidiram desmembrar as virtudes, encontrando 24 forças mensuráveis.

O Quadro 2 apresenta de forma organizada as seis virtudes e suas forças, em anexo encontra-se uma caracterização mais detalhada das 24 forças.

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Quadro 2 Classificação VIA de Virtude e Forças pessoais.

Virtudes Forças

Sabedoria e

Conhecimento Criatividade: originalidade, fácil adaptação, habilidade.Curiosidade: Interesse pelo mundo, aberto a experiências. Discernimento: pensamento crítico, imparcialidade, mente

aberta.

Gosto pela aprendizagem: prazer em aprender coisas novas,

busca por conhecimento.

Perspectiva: capacidade de enxergar o todo.

Coragem Bravura: não render-se frente aos desafios e dificuldades,

também relacionada a ideais.

Perseverança: persistência, capacidade de assumir projetos

difíceis e os levar até o fim, porém não de forma obsessiva.

Integridade: autenticidade, capacidade de viver de forma

genuína, honestidade nas palavras e ações.

Entusiasmo: vitalidade, animação, paixão.

Humanidade e

Amor Bondade: generosidade, compaixão e altruísmo.Amor: capacidade de amar e ser amado, dar valor a

sentimentos íntimos.

Inteligência emocional/social: conhecimento de si e dos

outros, capacidade de se colocar em situações que potencializem suas habilidades.

Justiça Espírito de equipe: cidadania, responsabilidade social,

lealdade.

Imparcialidade: justo, capacidade de não deixar os

sentimentos influenciarem nas decisões.

Liderança: capacidade de organizar atividades em grupo com

eficiência,

Moderação Autocontrole: disciplina, facilidade em controlar desejos e

necessidades.

Prudência: cuidado, não fazer coisas que possam provocar

arrependimentos.

Humildade: modéstia, deixar as ações falarem por si.

Transcendência Apreciação da beleza: reconhecer o valor da natureza, da arte,

esporte etc...

Gratidão: capacidade de encontrar oportunidades de agradecer

as coisas boas.

Otimismo: esperar o melhor do futuro, esperança.

Espiritualidade:possuir uma filosofia de vida, religiosa ou não. Perdão: aceitação dos outros, capacidade de dar uma segunda

chance.

Bom humor: capacidade de rir e fazer os outros rirem.

Fonte: Seligman, 2009; Niemiec, 2013; Park; Peterson; Seligman, 2006.

Munhoz, (2013) identifica como um dos alicerces da psicologia positiva o estudo das forças pessoais mentais. O autor apresenta a ideia de que todo individuo possui uma variedade própria dessas virtudes e que ao usa-las, as pessoas agem de forma fluída, sentem bem estar e alcançam um melhor desempenho.

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As forças do caráter são os caminhos pelos quais as pessoas utilizam para alcançar ou exercer as virtudes. Destaca-se, porém que o grande desafio diante das forças pessoais não está no reconhecimento do valor e dos conceitos destas forças, e sim na utilização das mesmas em situações diárias e fora do contexto família, amigos ou grupo de convívio (SELIGMAN, 2009; PARK, PETERSON, SELIGMAN, 2006).

Ao reconhecer que o bom caráter é necessário para indivíduos e a sociedade prosperarem, pesquisadores conduziram grandes estudos ao redor do planeta para identificar particularidades em diferentes amostras (LINLEY et al., 2007; PARK, PETERSON, SELIGMAN, 2006).

A seguir serão apresentados dois estudos que se destacam pela qualidade da pesquisa e também pela grande quantidade de respondentes.

O primeiro estudo, foi conduzido por três universidades americanas e teve como objetivo verificar a prevalência de diferentes forças mentais em amostras de 54 países (incluindo o Brasil) e nos 50 estados americanos. As forças mais comuns dentro dos Estados Unidos foram: bondade, imparcialidade, integridade, gratidão e discernimento. Quando comparado a outros países constatou-se que apesar de algumas diferenças na pontuação as forças endossadas pelos americanos são praticamente as mesmas que em outros 54 países estudados. Salvo a Força Espiritualidade que apresentou maior variabilidade quando comparada a outros países (PARK, PETERSON, SELIGMAN, 2006).

Apesar de não especificado de forma detalhada as informações sobre a amostra em separado dos brasileiros, abaixo na Tabela 1, observa-se o ranking de forças mentais entre os 41 brasileiros que entendiam o idioma inglês e pela internet participaram do estudo (PARK, PETERSON, SELIGMAN, 2006).

Tabela 1 Ranking de Forças pessoais entre brasileiros.

Forças Forças

1 Gosto pela aprendizagem 13 Liderança

2 Criatividade 14 Inteligência Emocional/Social

3 Curiosidade 15 Espírito de equipe

4 Imparcialidade 16 Prudência

5 Discernimento 17 Bom humor

6 Apreciação da beleza 18 Otimismo

7 Gratidão 19 Perseverança

8 Bravura 20 Perdão

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(conclusão) Forças Forças 9 Integridade 21 Espiritualidade 10 Perspectiva 22 Entusiasmo 11 Bondade 23 Autocontrole 12 Amor 24 Humildade

Fonte: (PARK, PETERSON, SELIGMAN, 2006)

Outro importante estudo teve como objetivo investigar as forças mentais entre os gêneros e também entre pessoas de diferentes faixas etárias. Esta pesquisa utilizou uma relevante amostra de 17.056 pessoas residentes do Reino Unido. Constatou-se que as mulheres tipicamente pontuaram mais alto que os homens, porém as quatro forças mentais mais pontuadas por homens e mulheres foram as mesmas: discernimento, imparcialidade, curiosidade e gosto pela aprendizagem (LINLEY et al., 2007).

Em relação a idade, os pesquisadores encontraram uma pequena porém significante variância na pontuação das forças curiosidade e gosto pela aprendizagem ligadas a virtude sabedoria e o conhecimento. Autocontrole força ligada a virtude moderação e o discernimento pertencente ao grupo da justiça também apresentaram variação com a idade, onde mais idade representa maior média de pontuação (LINLEY et al., 2007).

Por mais tentador que seja encontrar diferenças na personalidade e perfil de forças pessoais entre diferentes grupos de pessoas, países, e regiões, parece haver um consenso entre os pesquisadores de que não se deve fazer conclusões concretas assim como não se deve supervalorizar as diferenças. A complexidade das variáveis em torno da personalidade humana e também a forma singular com que cada indivíduo entende e responde os questionários são alguns dos pontos elencados pelos pesquisadores como dificuldades (LINLEY et al., 2007; PARK, PETERSON, SELIGMAN, 2006; SAMULSKI, 2002; BARA FILHO & RIBEIRO, 2005; BARA FILHO; RIBEIRO; GARCIA, 2005)

2.4VALORES NO ESPORTE

Segundo Samulski (2002), a prática de exercícios físicos regulares traz como benefícios a redução dos níveis de ansiedade, stress e depressão, melhoras no humor, bem estar psicológico, aumento da disposição física e mental além de um melhor funcionamento orgânico como um todo. O autor, porém afirma que os

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benefícios mentais assim como os físicos, podem variar de acordo com a pessoa que o pratica, o tipo de exercício realizado, o ambiente ou os instrutores que acompanham a atividade.

Além disso, pesquisas apontam que um bom condicionamento físico pode estar positivamente associado a saúde física e mental. Destaca-se também que os benefícios da atividade física regular, podem ser conquistados por pessoas de ambos os sexos e de todas as faixas etárias (WEINBERG & GOULD,2001).

Dentro do meio esportivo é comum a valorização de virtudes que muitas vezes são disseminadas pelas próprias instituições organizadoras. O Comitê Olímpico Canadense, por exemplo, traz como seus valores norteadores a alegria, honestidade, respeito, desenvolvimento humano, liderança e paz (DACOSTA et al., 2007).

De acordo com o Comitê Olímpico Internacional (COI), (2007) foram definidos valores da seguinte forma: o que as pessoas consideram importante na vida, o que faz valer a pena viver, ou ainda os conceitos que ajudam as pessoas decidirem o que é certo e errado (BINDER, 2007).

São muitas as estratégias do COI para disseminar os valores olímpicos. Ainda em 2007, o comitê lançou através do OVEP (Olimpinc Values Education Program) um manual destinado a auxiliar escolas, comunidades e profissionais de educação física a disseminar os valores olímpicos. Neste manual destacam-se cinco valores (BINDER, 2007).

O Quadro 3, descreve um resumo dos valores e suas características: Quadro 3 Valores Olímpicos.

Valores Características

Diversão no esforço Jovens desenvolvem qualidades físicas, comportamentais e intelectuais desafiando um ao outro em atividades físicas, jogos e esportes.

Fair Play É um conceito do esporte, porém aplicado em todo mundo de formas diferentes. Aprender o comportamento do Fair paly no esporte pode incentivar a aplicação do conceito na comunidade e na vida.

Respeito pelos

outros Pessoas que vivem em um mundo multicultural aprendem arespeitar a diferenças, praticam e promovem a paz. Busca da

excelência O foco na excelência pode ajudar os jovens fazeremescolhas saudáveis e lutar para ser o melhor que eles puderem em qualquer coisa que façam.

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(conclusão)

Valores Características

Equilíbrio entre

corpo e mente. Aprender abrange todo o corpo, não apenas a mente.Aprender através do movimento contribui para o desenvolvimento moral e intelectual.

Fonte: BINDER, 2007.

Da costa et al., (2007, p.15) afirmam

essenc tem no esporte e são também gerados a

O esporte acaba por ser um meio para promover positivamente a disposição para o comportamento e valores como, a estabilidade emocional, a motivação para o rendimento, autodisciplina e força de vontade (SAMULSKI, 2002).

Da costa et.al,, (2007), ressalta que existem diferenças nos valores promovidos se o esporte praticado tem ênfase na performance, na participação ou tem fim educacional. Porém abaixo estão os valores que os autores trazem comuns aos três âmbitos do esporte.

a) Trabalhar em grupo;

b) Encontrar respostas em momentos difíceis; c) Aprender a decidir;

d) Respeitar a diferença;

e) Aceitar o seu limite e o limite do outro; f) Sentir orgulho de representar o time; g) Aprender a ganhar e perder.

No entanto encontra-se também na literatura características negativas relacionadas a prática esportiva como por exemplo ansiedade, agressividade e irritabilidade. Os professores de educação física, os técnicos de modalidades específicas, os parentes no caso de jovens, o ambiente onde é praticado e ainda os parceiros de treino são as variáveis apontadas pelos pesquisadores como influenciadoras do processo como um todo (HOLT; NELLY, 2011).

Desenvolvimento Positivo de Jovens é o conceito recentemente estabelecido para definir o processo de promoção de habilidades mentais, valores, atitudes e conhecimento em crianças e adolescentes. O objetivo é proporcionar aos jovens todos os ingredientes necessários para desenvolver seu potencial como ser humano (DANISH; TAYLOR ; FAZIO, 2006).

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2.5FORÇAS PESSOAIS NO CONTEXTO DOS ESPORTES

Muitas das forças citadas anteriormente são necessárias para vencer uma competição, ou como se diz, vencer na vida. Por exemplo, usar a criatividade para criar uma nova jogada assemelha-se a resolver de forma diferente um problema no trabalho. Usar a honestidade para assumir uma falta que não foi marcada assemelha-se a dizer ao garçom que ele se esqueceu de cobrar um item em sua conta. Estas são apenas duas associações dentre muitas que se pode fazer entre as provações encontradas na prática esportiva e os desafios diários da vida (SELIGMAN, 2011; SARTORI, 2000; SAMULSKI, 2002).

É importante trazer a tona, que em muitas dessas situações citadas no parágrafo anterior os fatos se apresentam de maneira rápida e imprevisível, constituindo assim, um obstáculo para o uso apropriado de determinada qualidade física ou mental. Os atletas bem sucedidos possuem habilidades que funcionam quando eles mais precisam delas. A crença na própria capacidade e o encorajamento do técnico, familiares e amigos são variáveis que podem facilitar este processo (WEINBERG; GOULD,2001).

Seligman, (2009) chama a atenção para que as forças mentais não sejam confundidas com os talentos, pois estes são inatos e dificilmente podem ser construídos. Uma pessoa não pode escolher que tipo de talento ter, ela pode sim desenvolver algo já existente, porém um maratonista, por exemplo, nunca terá um rendimento de alto nível em uma competição de 100 metros rasos.

O mesmo autor apresenta ainda a ideia de que forças pessoais mentais, pelo contrário, podem ser adquiridas e principalmente potencializadas mesmo se a pessoa não nasceu com elas. Para isso é necessário treino e dedicação além de querer utilizar determinada força. Esta, é mais uma particularidade que distingue as forças de caráter dos talentos inatos, pois uma força pessoal tem de se escolher usar, enquanto o talento acaba por ser mais automático (SELIGMAN, 2009).

Samulski, (2002) destaca a criatividade como uma força apreciada no meio esportivo. O autor traz a ideia de que principalmente em modalidades coletivas, jogadores criativos muitas vezes são o diferencial entre a vitória e a derrota. Desta forma é desejo de clubes e técnicos encontrar os indivíduos capazes de solucionar problemas de ordem técnico-tática e de criar novas jogadas.

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A liderança também é comumente apreciada tanto no esporte quanto no meio profissional. Sartori, (2000) ressalta que a liderança deve estar vinculada a tarefa ou o desafio que se encontra pela frente. Onde se elege o líder mais apropriado para aquele momento. O técnico a frente de sua equipe, deve utilizar com sabedoria as forças pessoais de cada membro do grupo, estimulando que todos exercitem sua liderança.

A gestão correta dos potenciais mentais dos indivíduos do grupo pode fazer com que todos trabalhem motivados e desfrutem do processo como um todo, já que a utilização frequente das forças pessoais mentais traz um grande sentimento de satisfação com a própria vida (SELIGMAN, 2011).

2.6MODALIDADES ESPORTIVAS E SEUS ÍCONES

A enorme influencia que o esporte competitivo provoca no imaginário de crianças e adolescentes, pode trazer alterações em seu comportamento esportivo e social. Por isso os profissionais da área, incluindo os profissionais de educação física, devem refletir a cerca dos pilares orientadores da prática esportiva como meio de desenvolvimento moral de seus praticantes (DACOSTA et. al., 2007).

Seligman (2011), afirma que identificar as forças de caráter nos colegas, personalidades, atletas de alto nível ou até em figuras literárias e em seguida analisar a forma com que estas pessoas utilizaram suas forças para vencer desafios, pode despertar e promover a utilização das forças em situações futuras.

Muitos estudos tentaram identificar semelhanças e diferenças entre atletas de diferentes idades, níveis e modalidades (coletivas ou individuais). Uma forte inconsistência de resultados acabou por gerar dúvidas e incertezas sobre este tema de estudo (BARA FILHO & RIBEIRO, 2005). Os autores identificam ainda, indícios de que as características psicológicas de uma pessoa não interferem em sua escolha de qual modalidade praticar, mas sim no tipo de esporte que vão praticar. Por exemplo, a escolha entre esportes que permitem contato físico dos que não permitem.

Nos parágrafos a seguir, serão apresentados de forma breve, maiores informações sobre cada uma das modalidades que compõe esta pesquisa, assim como também uma contextualização dos benefícios gerais relacionados a prática destas modalidades esportivas.

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2.6.1 Surfe

Estima-se 17 milhões de praticantes de Surfe em todo mundo, no Brasil estes números giram em torno de 2,4 milhões. O grande número de praticantes deste esporte movimenta também números consideráveis na industria internacional e nacional. A entidade que administra o esporte em âmbito mundial é a International Surfing Association (ISA) (BITENCOURT et al., 2005).

Sua origem é dada a nativos da Polinésia, Perú e Havaí. Era praticado inicialmente como forma de expressão cultural e também de contato com a natureza. Em sua forma moderna o esporte hoje tem um consolidado circuito mundial e se destaca por ser o esporte náutico mais praticado no mundo (BITENCOURT et al., 2005).

Pessoas que praticam regularmente o Surfe por muito tempo em suas vidas conseguem manter bons níveis de massa corporal, capacidade cardiorrespiratória, flexibilidade e força. Além disso, a prática da modalidade pode atenuar problemas advindos da idade como diminuição do equilíbrio, consciência corporal, capacidade de termorregulação do corpo e a atrofia neural (STEINMAN, 2009).

Ao escrever um prefácio sobre um legendário surfista, Rico de Souza renomado surfista brasileiro define desta forma as características pessoais de seu sorriso franco e gentil, passando a impressão de ser tranquilo e humilde. [...] sempre

mostrava corage (COLEMAN, p. 9,10. 2004)

Em geral, surfistas de alto nível possuem uma forte disposição para a liderança, uma boa capacidade de comunicação, são organizados e disciplinados. Possuem ainda um alto nível de autoconfiança, resiliência, e um bom controle emocional. Porém assim como em outras modalidades alguns atletas de surfe apresentam distúrbios como ansiedade, o comportamento agressivo e tendência a depressão (STEINMAN, 2009).

2.6.2 Jiu-jítsu

O Jiu-jítsu nasceu de forma singular, pois tem raízes em diversos países asiáticos. Foi desenvolvido de forma mais concreta no Japão e no norte da Índia.

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Durante sua história moderna a modalidade quase desapareceu por conta do grande crescimento de outra modalidade, o Judô (GUIMARÃES, 2005).

No Brasil imigrantes japoneses em meados do século XIX, deram início a disseminação da modalidade. De forma mais exata um grande lutador chamado Mitsuyo Maeda, decidiu retribuir com os ensinamentos do Jiu-Jítsu, a hospitalidade de um brasileiro chamado Gastão Gracie. A família Gracie aprofundou a técnica criando o Gracie jiu-jítsu. Que décadas depois se consolidou mundialmente como Brazilian Jiu-Jitsu (BJJ) (GUIMARÃES, 2005).

Carlos Gracie, filho de Gastão usufruiu não só dos ensinamentos físicos e técnicos relacionados ao Jiu-Jítsu, mas também de valores como o cuidado com a saúde, determinação e o repeito ao adversário. Em um livro escrito sobre a vida do patriarca Gracie, ressalta-se que quando jovem e antes de conhecer a modalidade ele era um menino desorientado e agressivo. E que após iniciar a prática da modalidade foi perceptível o processo de mudança de atitude perante a vida apresentado por ele. Segundo a autora de sua biografia a modalidade foi o instrumento que Carlos utilizou para encontrar sentido na vida (GRACIE, 2011).

De forma geral as artes marciais como um todo principalmente as de raízes orientais valorizam a conexão do aprendizado corporal com o desenvolvimento das potencialidades mentais e da personalidade. Neste âmbito a discípulo na descoberta de si mesmo, ampliando seu mundo interno e tornando a atividade corporal uma forma de entender e expressar suas emoções (SUGAI, 2000).

2.6.3 Tênis

A modalidade Tênis tem sua raiz na Europa, e sua disseminação aconteceu de forma rápida por todos os continentes na década de 1870. O esporte hoje é administrado e organizado principalmente por três organizações mundiais: a International Tennis Federation (ITF), Associacion of Tennis Professionals (ATP) e World Tennis Association (WTA) (MUELLER; MIRANDA, 2005).

No Brasil, estima-se 728.313 praticantes da modalidade divididos por todos os estados. Em 1997, Gustavo Kuerten venceu de forma surpreendente o torneio de Roland Garros e assim iniciou uma trajetória de vitórias que o colocou no

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topo do ranking mundial por volta de seis anos. A grande exposição deste atleta na mídia e seu carisma junto aos torcedores trouxeram oscilações positivas tanto no número de praticantes quanto no mercado de equipamentos da modalidade no país (MUELLER ; MIRANDA, 2005).

Ao falar sobre aspectos psicológicos do Tênis, Gallwey (1996), identifica que são muitos os valores aprendidos dentro da modalidade que podem ser transferidos para vida. O autor cita como exemplo, que aprender a concentrar-se antes de uma determinada ação pode gerar diversos benefícios fora das quadras. Porém, para que o aprendizado transgrida as quatro linhas o praticante deve ter consciência de que ele não deve melhorar seu nível de concentração para executar melhor uma jogada e sim jogar Tênis para melhorar sua concentração.

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3. MÉTODO

3.1TIPO DE PESQUISA

Quanto a natureza, esta pesquisa caracteriza-se como básica, pois busca gerar conhecimentos úteis para o avanço da ciência. (SILVA et. al., 2011)

Quanto a abordagem do problema, esta pesquisa apresenta-se como quantitativa, pois traduz em números informações refrentes aos sujeitos da pesquisa (SILVA et. al., 2011).

Quanto aos objetivos, o estudo em questão é descritivo-exploratório, pois busca identificar e descrever semelhanças e singularidades entre os praticantes de três modalidades esportivas (GAYA et al., 2008).

Quanto aos procedimentos técnicos, este estudo caracteriza-se como descritivo, pois através de comparação e análise busca descrever os fatores e/ou circunstâncias, que os acompanham e/ou contribuem para a ocorrência de certos eventos e condições que representam a realidade de um determinado grupo de sujeitos (MATTOS; ROSSETTO; BLECHER, 2004).

3.2PARTICIPANTES DA PESQUISA

Participaram da pesquisa 45 indivíduos de ambos os sexos, praticantes das modalidades Surfe (N=15), Jiu-Jítsu (N=15) e Tênis (N=15). Todos atenderam os dois critérios de inclusão citados a seguir:

a) Idade entre 25 e 40 anos;

b)Ter praticado uma das três modalidades citadas anteriormente por pelo menos dez anos ininterruptos.

Na Tabela 2, são apresentadas informações relativas as idades dos participantes da pesquisa separados por modalidades e também de forma geral. Tabela 2 Faixa etária

Idade Total Surf Jiu-Jítsu Tênis

Entre 25 e 30 anos 42,22% 27% 20% 80%

Entre 30 e 35 anos 35,55% 33% 33% 0%

Entre 35 e 40 anos 22,22% 40% 47% 20%

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Na Tabela 3 são apresentados informações relativas ao tempo de prática dos sujeitos divididos por modalidades e também de forma geral.

Tabela 3 Tempo de prática

Tempo de prática Total Surf Jiu-Jítsu Tênis

Entre 10 e 15 anos 60% 27% 73% 20%

Mais de 15 anos 40% 73% 27% 80%

Fonte: Elaboração do autor, 2013

3.3INSTRUMENTO DE PESQUISA

Para identificar as forças mentais dos sujeitos da pesquisa, foi utilizado o questionário VIA - IS (Values in action Inventory of Strengths) em seu formato abreviado (Anexo). O questionário VIA - IS é um sistema de medida e classificação das forças mentais humanas que em sua forma completa contém 240 questões. O questionário foi idealizado por Martin Seligman e desenvolvido por Chris Peterson (SELIGMAN, 2009, 2011).

Os participantes foram instruídos a responder cada afirmação encolhendo a resposta que mais se encaixava com a sua personalidade. Onde uma escala de cinco itens foi apresentada: tem tudo a ver comigo, tem a ver comigo, neutro, não tem muito a ver comigo e não tem nada a ver comigo.

Na forma abreviada existem no questionário duas afirmações referentes a cada força pessoal, para a classificação é utilizado um sistema de pontuação de 1 a 5 em cada questão. Ao fazer a soma das questões cada individuo pode pontuar no máximo 10 pontos em cada força e no mínimo 2 pontos. A pontuação pode ser feita tanto de forma individual onde a o individuo pode calcular ao final do processo seu perfil de forças pessoais. Como também, pode-se utilizar a pontuação de forma absoluta resultando em um ranking relacionado a um grupo de pessoas (SELIGMAN 2011; PARK, PETERSON, SELIGMAN, 2006).

Para que cada indivíduo tenha certeza de qual força deve ser realmente considerada sua força pessoal é necessária uma análise mais subjetiva em que o próprio individuo deve refletir a cerca da autenticidade do resultado encontrado. Ou seja, não é apenas a pontuação em si que dirá se o sujeito usufrui ou não de uma

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determinada força, e sim, a reflexão do individuo que deve utilizar o instrumento para aguçar sua sensibilidade perante suas qualidades e fraquezas (SELIGMAN, 2011).

Para esta pesquisa foi acrescida uma pergunta aberta ao final do documento com o intuito de verificar a percepção do praticante a cerca das forças pessoais mentais exigidas ao praticar cada modalidade. A pergunta foi feita da seguinte forma:

Em sua opinião e em ordem de importância, quais as três forças mentais mais solicitadas ao praticar a modalidade esportiva em questão?

3.4PROCEDIMENTOS DE COLETA

Esta pesquisa foi submetida ao Comitê de ética da Universidade do Sul de Santa Catarina (CEP UNISUL). Após sua aprovação perante ao CEP UNISUL o contato com os sujeitos foi realizado via telefone, emails e redes sociais. As informações para contatar os indivíduos foram fornecidas pelas federações de cada modalidade e por indicação de outros praticantes.

A coleta foi realizada via email e redes sociais onde uma versão digital do instrumento com o auxilio da ferramenta Googledocs foi enviada aos sujeitos de pesquisa, que durante duas semanas tiveram a oportunidade de realizar seu preenchimento. (em anexo)

Optou-se por realizar a coleta via internet devido aos diversos benefícios que este método proporciona aos pesquisadores e também aos sujeitos da pesquisa. Porém, é necessário esclarecer que, todos os cuidados previstos na literatura para a utilização consistente do método foram tomados. Dentre estes cuidados enfatiza-se o bloqueio de respostas duplicadas, diversidade e motivação dos sujeitos (GOSLING et al., 2004).

3.5ANÁLISE DE DADOS

Os dados quantitativos foram analisados através da estatística descritiva básica (frequência simples, percentual e médias) e discutidos à luz da literatura corrente, estruturada principalmente pelas novas áreas de conhecimento geradas pela Psicologia Positiva.

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4. APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DE RESULTADOS

Os dados serão apresentados da seguinte forma: em um primeiro momento, as médias alcançadas em cada força por todos os participantes da pesquisa; Em um segundo momento, será apresentado as médias dos praticantes separados por modalidade esportiva; e finalmente será apresentada a percepção dos sujeitos a cerca das forças pessoais mais solicitadas ao praticar as modalidades.

A Tabela 4 abaixo apresenta a média de pontuação alcançada por todos os participantes da pesquisa. Optou-se por organizar as forças em forma de ranking da maior para menor pontuação.

Tabela 4 Pontuação das forças pessoais de todos participantes da pesquisa.

Rank Forças Média

1 Bom humor 8,47 2 Integridade 8,42 3 Apreciação da beleza 8,29 4 Amor 8,22 5 Gratidão 8,00 6 Curiosidade 7,93 7 Criatividade 7,89 8 Espiritualidade 7,84 9 Perspectiva 7,71 10 Discernimento 7,62

11 Gosto pela aprendizagem 7,58

12 Liderança 7,53 13 Bondade 7,49 14 Inteligência Emocional/Social 7,40 15 Otimismo 7,40 16 Perseverança 7,33 17 Imparcialidade 7,33 18 Entusiasmo 7,31 18 Espírito de equipe 7,07 20 Autocontrole 6,91 21 Bravura 6,82 22 Perdão 6,67 23 Prudência 6,24 24 Humildade 6,02

Fonte: Elaboração do autor, 2013.

Pode se observar que a força que alcançou maior média dentre os participantes da pesquisa foi a força bom humor (8,47). As quatro forças seguintes: integridade, apreciação da beleza, amor e gratidão também obtiveram médias dentro

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da casa dos oitos pontos e formam assim o grupo das cinco forças mais bem pontuadas pelos sujeitos da pesquisa.

Os resultados encontrados nesta análise geral corroboram em parte, com um grande estudo onde não foi utilizada uma população específica de praticantes de esportes. Contudo as forças a seguir também alcançaram boas pontuações entre brasileiros em geral: integridade, gratidão, criatividade, curiosidade (PARK, PETERSON, SELIGMAN, 2006).

Já entre as menos pontuadas pode-se observar que abaixo dos sete pontos encontram-se cinco forças: autocontrole, bravura, perdão, prudência e humildade. Este grupo de forças constitui as cinco menos pontuadas dentro as 24 forças.

A força autocontrole assim como o grupo de forças moderação já foram destacados em outro estudo, pela relação com a idade, onde mais idade resulta em maior pontuação. Esta constatação pode em parte ser verificada nesta pesquisa onde 77,7% da amostra têm idade entre 25 e 35 anos apenas, e a força autocontrole está entre as menos pontuadas (LINLEY et al., 2007).

A Tabela 5 apresenta a pontuação média alcançada pelos sujeitos da pesquisa em cada uma das 24 forças pessoais organizados por modalidade e dentro dos grupos de Virtudes para melhor visualização. Observa-se também que, o número indicado nos parênteses é relativo à posição alcançada pela força no ranking de pontuação dentro da mesma modalidade.

Tabela 5 Pontuação das forças pessoais, por modalidade e virtudes.

Modalidades

Virtudes Forças Surfe Jiu-Jítsu Tênis

Sabedoria e Conhecimento

Curiosidade 7,86 (9) 7,67 (7) 8,27 (5)

Gosto pela aprendizagem 7,73 (10) 7,27 (16) 7,73 (12)

Discernimento 8,13 (2) 7,40 (11) 7,33 (15)

Criatividade 7,93 (7) 7,67 (8) 8,07 (7)

Perspectiva 8,06 (4) 7,27 (17) 7,80 (11)

Média 7,94 7,45 7,84

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(conclusão) Modalidades

Virtudes Forças Surfe Jiu-Jítsu Tênis

Coragem Bravura 6,8 (20) 6,33 (22) 7,33 (16) Perseverança 7,26 (17) 6,80 (20) 7,93 (8) Integridade 8,4 (1) 7,80 (5) 9,07 (1) Entusiasmo 7,46 (13) 7,07 (18) 7,40 (14) Média 7,48 7 7,93 Humanidade e Amor Bondade 8,13 (3) 7,40 (13) 6,93 (22) Amor 7,93 (8) 8,33 (3) 8,40 (4) Inteligência Emocional/Social 7,33 (16) 7,73 (6) 7,13 (19) Média 7,79 7,82 7,48

Justiça Espírito de Equipe 6,93 (19) 6,93 (19) 7,33 (17)

Imparcialidade 7,46 (12) 7,33 (15) 7,20 (18) Liderança 7,4 (14) 7,67 (9) 7,53 (13) Média 7,7 7,3 7,35 Moderação Autocontrole 6,33 (22) 7,40 (14) 7,00 (21) Prudência 6 (23) 5,67 (23) 7,07 (20) Humildade 5,53 (24) 5,67 (24) 6,87 (23) Média 5,9 6,24 6,98

Transcendência Apreciação da beleza 8,0 (6) 8,13 (4) 8,67 (2)

Gratidão 7,4 (15) 8,67 (1) 7,93 (9) Otimismo 7,13 (18) 7,20 (12) 7,87 (10) Espiritualidade 7,73 (11) 7,60 (10) 8,20 (16) Perdão 6,6 (21) 6,6 (21) 6,80 (24) Bom Humor 8,06 (5) 8,67 (2) 8,67 (3) Média 7,48 7,81 8,02

Fonte: Elaboração do autor, 2013.

A tabela acima apresentou a média de pontuação de todos os participantes da pesquisa separados por modalidade onde os praticantes de Surfe obtiveram sua maior pontuação na força Integridade, que alcançou (8,4) de média.

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A mesma força também alcançou a maior média dentre os praticantes de Tênis, porém com pontuação (9,07). Ainda tratando da mesma força os praticantes de Jiu-Jítsu obtiveram (7,80), apenas o quinto maior valor dentro de suas médias.

Os praticantes de Jiu-Jítsu tiveram sua pontuação máxima na força gratidão (8,67). Dentre os praticantes de Tênis esta força alcançou apenas o nono lugar no ranking de pontuação com (7,93) de média, seguido então dos praticantes de Surfe que obtiveram nesta força pontuação média de (7,4) que em seu ranking representa apenas a décima quinta posição.

Por outro lado é possível observar que a força que alcançou menor pontuação dentro dos grupos (Surfe e Jiu-Jítsu) foi a humildade. Com resultado similar ao grupo do Tênis que teve a mesma força como segundo menor valor entre suas médias.

Apesar de encontradas algumas diferenças nas pontuações e no ranking de forças pessoais quando comparadas as modalidades, deve-se ter cautela ao afirmar que praticantes de modalidades distintas possuem forças mentais diferentes uns dos outros. Pois estudos comparativos entre pessoas de diferentes nacionalidades e gêneros e forças pessoais assim como estudos específicos relativos a personalidade e esportes não sustentam afirmações conclusivas até o momento (PARK, PETERSON, SELIGMAN, 2006; BARA FILHO; RIBEIRO, 2005; BARA FILHO; RIBEIRO; GARCIA, 2005).

Quando observado com mais atenção o contexto dos grupos de forças, nota-se que os praticantes de Surfe tem todas as forças da sabedoria e conhecimento classificadas entre as dez primeiras de seu ranking, porém tem as três forças da Moderação todas entre as últimas do mesmo ranking.

Outra análise interessante dentro deste contexto é que o grupo do Tênis teve pontuação superior nas forças da virtude coragem o que acaba por ser peculiar já que o Surfe considerado esporte radical e o Jiu-Jítsu esporte de combate teoricamente teriam pessoas com pontuação maior nesta virtude (GRACIE, 2011; STEINMAN, 2009).

Os níveis de pontuação referentes as forças pessoais em populações podem oscilar diante de infinitas variáveis. Sendo a cultura, o meio social, catástrofes naturais ou guerras e problemas de saúde exemplos de variáveis apontadas pelos pesquisadores como influentes neste processo (PARK, PETERSON, SELIGMAN, 2006; LINLEY et al., 2006).

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A seguir será apresentada de forma simplificada os dados referentes a pergunta sobre as três forças mais solicitadas durante a prática das modalidades.

Surfe: entusiasmo (22%), perseverança, autocontrole e gratidão

(11,1%), apreciação da beleza (8,8%), inteligência emocional (6,6%), gosto pela aprendizagem e humildade (4,4%), curiosidade, originalidade, bravura, prudência, otimismo e espiritualidade (2,2%);

Jiu-Jítsu: autocontrole (17,7%), bravura (13,3%), curiosidade (11,1%),

originalidade (8,8%), integridade, inteligência emocional, perseverança e gosto pela aprendizagem (4,4%), espírito de equipe, liderança, otimismo, espiritualidade e bom humor (2,2%);

Tênis: autocontrole (20%), perseverança e bravura (11,1%), gosto pela

aprendizagem, inteligência emocional e humildade (8,88%), integridade e otimismo (6,66%), originalidade e perspectiva (4,44%) curiosidade, discernimento, espírito de equipe e entusiasmo (2,22%).

Para facilitar a visualização a seguir serão apresentados gráficos que representam a opinião dos participantes quanto a força mais solicitada durante a prática das modalidades. Para esta análise levou-se em conta apenas as forças que Os grupos de Virtudes serão identificados através das cores: verde (sabedoria e conhecimento); amarelo (coragem); laranja (humanidade e amor); roxo (justiça); cinza (moderação); azul (transcendência).

O gráfico 1 representa a percepção dos praticantes de Surfe quanto a principal força de caráter utilizada durante a prática da modalidade.

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Gráfico 1 - Força mais solicitada no Surfe e respectivas Virtudes

Fonte: Elaboração do autor, 2013.

O Gráfico acima apresentou a percepção dos praticantes de surfe quanto a solicitação das forças mentais durante a prática da modalidade. Pode-se observar que das 24 forças de caráter apenas seis foram citadas como mais solicitada.

A força entusiasmo novamente sobressaiu perante as outras com dois quintos das citações. Com menor expressão destaca-se a força gratidão que foi a opinião de um quinto dos participantes. As demais forças representaram um equilíbrio.

O entusiasmo é um traço positivo de uma pessoa que reflete a forma com que este individuo encara a vida e está relacionado com a animação e paixão em relação a tarefas e também ao dia de amanhã. Na literatura muito se tem pesquisado sobre o entusiasmo das pessoas, principalmente no contexto empresarial e local de trabalho. Pessoas com maior entusiasmo têm maior satisfação com o trabalho e a vida como um todo (PETERSON et al., 2009; SELIGMAN, 2011; JOSEPHSON; VINGARD, 2009).

Entusiasmo 40% Gratidão 20% Gosto pela aprendizagem 13% Inteligência emocional/socia 13% Apreciação da beleza e excelência 7% Autocontrole 7%

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O maior desafio relacionado ao entusiasmo esta na promoção e manutenção desta força em pessoas e equipes. E por isso merece a atenção dos pesquisadores em futuras pesquisas (PETERSON et al., 2009).

Dentro do contexto dos seis grupos de virtudes, pode-se observar que o grupo da virtude coragem cor amarela é representado pela força entusiasmo e também acaba por representar a maioria das opiniões (40%). gratidão e apreciação da beleza identificadas na cor azul pertencem ao grupo da virtude transcendência e juntas totalizam (27%) das opiniões. Observou-se um equilíbrio no restante das opiniões onde foram citados ainda os grupos de virtudes Sabedoria e Conhecimento (13%), humanidade e amor (13%) e moderação (7%).

O gráfico 2 representa a percepção dos praticantes de Jiu-Jítsu quanto a principal força de caráter utilizada durante a prática da modalidade.

Gráfico 2 - Força mais solicitada no Jiu-Jítsu e respectivas Virtudes

Fonte: Elaboração do autor, 2013.

Autocontrole 27% Criatividade 13% Integridade 13% Humildade 13% Curiosidade 6% Bravura 7% Espírito de equipe 7% Otimismo 7% Entusiasmo 7%

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O gráfico acima apresentou a percepção dos praticantes de Jiu-Jítsu quanto a solicitação das forças mentais durante a prática da modalidade. Nesta modalidade foi perceptível um equilíbrio de opiniões com nove forças citadas ao todo pelos praticantes.

A força Autocontrole novamente foi destaque com a maioria das opiniões. Três outras forças também foram citadas: criatividade, integridade e humildade.

Dentro do contexto dos seis grupos de virtudes, as forças autocontrole e humildade estão indicadas pela cor cinza totalizam juntas 40% das citações e fazem parte do grupo da virtude moderação. Equivalente a 27% das citações as forças integridade, bravura e entusiasmo indicadas pela cor laranja correspondem ao grupo de virtude coragem. Com 19% das citações na cor verde, o grupo da sabedoria e conhecimento é representado pelas forças curiosidade e criatividade.

O gráfico 3 representa a percepção dos praticantes de Tênis quanto a força de caráter mais solicitada durante a prática da modalidade.

Gráfico 3 - Força mais solicitada no Tênis e respectivas Virtudes

Fonte: Elaboração do autor, 2013.

Autocontrole 47% Perseverança 13% Integridade 13% Inteligência Emocional/Social 13% Perspectiva 7% Humildade 7%

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O gráfico acima apresentou a percepção dos praticantes de Tênis quanto a solicitação das forças mentais durante a prática da modalidade. Seis forças foram citadas pelos praticantes como a mais solicitada: autocontrole recebeu o maior número de votos totalizando quase a metade de todos os participantes.

Foi constato um relativo equilíbrio em relação a opinião dos demais participantes que citaram outras cinco forças como a mais solicitada durante a prática.

Dentro do contexto dos seis grupos de virtudes, pode-se observar que as forças autocontrole e humildade, indicadas pela cor cinza, pertencem ao grupo da moderação, e correspondem a opinião de 54% dos participantes.

Em segundo lugar pode-se observar o grupo da coragem identificado pela cor amarela representando 26% das opiniões. No restante percebe-se um equilíbrio de opiniões.

O autocontrole tem lugar de destaque dentro das 24 forças pessoais, e está relacionado com a facilidade em controlar desejos e necessidades, conter emoções, neutralizar sentimentos negativos além da capacidade de manter o ânimo mesmo em situações difíceis (SELIGMAN, 2011).

A importância dada a esta força vêm da constatação de que um baixo autocontrole é parte central da maioria dos problemas pessoais e sociais da sociedade Ocidental moderna (BAUMEISTER; HEATHERTON; TICE, 1994 apud MURAVEN; BAUMEISTER; TICE, 1999, p. 446).

Em um estudo longitudinal pesquisadores concluíram que exercícios de Autocontrole podem ao longo do tempo aumentar a capacidade das pessoas de se autocontrolar mesmo em situações que não estão relacionadas aos exercícios propriamente ditos (MURAVEN; BAUMEISTER; TICE, 1999).

Estes dados mostram como os praticantes das modalidades pesquisadas percebem a prática das mesmas.

Segundo Seligman, (2011) uma forma de intervenção dentro da Psicologia Positiva gira em torno do individuo identificar suas forças Pessoais e em seguida procurar situações onde o mesmo possa praticar essas forças de forma descontraída.

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5. CONCLUSÃO E SUGESTÕES

A investigação da personalidade de praticantes de modalidades esportivas a muito sustentada pela Psicologia do Esporte vem de encontro com os novos anseios da Psicologia Positiva que percebe como área importante de estudo os traços positivos dos seres humanos.

Dentro dos objetivos expostos no presente estudo observou-se pequenas diferenças nas pontuações de algumas forças pessoais entre as modalidades estudadas. Porém, a literatura preconiza cuidado e não supervalorização destas diferenças.

Em relação a percepção dos sujeitos foi observado que os praticantes de Surfe entendem que a força Entusiasmo é realmente solicitada durante a prática da modalidade. Já os praticantes de Jiu-Jítsu e Tênis pensam de forma diferente e citam o Autocontrole como força mais solicitada.

Neste sentido sugere-se que os profissionais encarregados das novas intervenções da Psicologia Positiva vejam as modalidades esportivas e o trabalho corporal como um importante nicho de atuação.

Sugere-se ainda, a continuação dos estudos em torno da personalidade e forças pessoais no âmbito dos Esportes. Pois conhecimentos advindos de novas pesquisas podem facilitar ainda mais a gestão das variáveis inerentes ao desenvolvimento mental através do Esporte, ampliando e consolidando a utilização da Forças pessoais em situações onde mais se precisa delas.

Sugere-se que outras pesquisas utilizem também uma análise mais qualitativa das forças pessoais onde seja levado em conta a reflexão dos sujeitos da pesquisa quanto as forças que realmente lhe parecem autênticas e parte de sua personalidade.

Sendo assim, se os resultados apresentados nesta pesquisa representarem de forma fiel a realidade, observa-se que o Surfe tem potencial de ser utilizado como ferramenta para desenvolver o entusiasmo assim como o Jiu-Jítsu e o Tênis podem ser utilizados para trabalhar o autocontrole.

Conclui-se então que muitas serão as vantagens se as pessoas encarregadas de conduzir as atividades esportivas estejam usufruindo das novas áreas de conhecimento geradas pela Psicologia Positiva assim como a Psicologia como um todo. Pois desenvolver o ser humano de forma integral sempre esteve nos olhos do Esporte, seja na sua versão performance, educacional ou participativa.

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REFERÊNCIAS

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