• Nenhum resultado encontrado

O PÚBLICO E O PRIVADO NA CRÔNICA ESPORTIVA DO JORNAL OPINIÃO

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "O PÚBLICO E O PRIVADO NA CRÔNICA ESPORTIVA DO JORNAL OPINIÃO"

Copied!
28
0
0

Texto

(1)

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES

DEPARTAMENTO DE POLÍTICAS PÚBLICAS BACHARELADO EM GESTÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS

O PÚBLICO E O PRIVADO NA CRÔNICA ESPORTIVA DO JORNAL OPINIÃO (1972 – 1977)

ANDRÉ LUIZ NEGREIROS DA COSTA

NATAL – RN 2019

(2)

ANDRÉ LUIZ NEGREIROS DA COSTA

O PÚBLICO E O PRIVADO NA CRÔNICA ESPORTIVA DO JORNAL OPINIÃO (1972 – 1977)

Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado ao Departamento de Políticas Públicas da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, em cumprimento às exigências legais, como requisito parcial à obtenção do título de Bacharel em Gestão de Políticas Públicas.

Orientador: Prof. Dr. Cláudio Roberto de Jesus.

NATAL – RN 2019

(3)

ANDRÉ LUIZ NEGREIROS DA COSTA

O PÚBLICO E O PRIVADO NA CRÔNICA ESPORTIVA DO JORNAL OPINIÃO (1972 – 1977)

Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado ao Departamento de Políticas Públicas da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, em cumprimento às exigências legais, como requisito parcial à obtenção do título de Bacharel em Gestão de Políticas Públicas.

Aprovado em:______ /______/ 2019.

BANCA EXAMINADORA

________________________________________________________ Prof. Dr. Cláudio Roberto de Jesus

Presidente – UFRN/CCHLA/DPP

________________________________________________________ Prof. Dr. Anderson Cristopher dos Santos

Examinador interno - UFRN/CCHLA/DPP

________________________________________________________

SUGESTÃO: Prof. Dr. José Antônio Spinelli

(4)

RESUMO: O presente artigo busca analisar os conflitos entre o público e o privado na

crônica esportiva do Jornal Opinião, enfocado nas polêmicas em torno da Confederação Brasileira de Desporto (CBD). A entidade responsável pela regulação do desporto nacional foi objeto de debate no periódico em várias oportunidades, trazendo contribuições críticas entre 1972 e 1977, período que buscamos resgatar.

Palavras-chave: Campeonato nacional. CBD. João Havelange. Jornal Opinião.

The public and the private in the newspaper chronicle Opinião

ABSTRACT: The present article seeks to analyze the conflicts between the public and the

private n in the journalistic sports chronicle, focused on the controversies surrounding the Brazilian Confederation of Sports (CBD). The entity responsible for regulating national sport was the subject of debate in the journal on several occasions, critical contributions scattered between 1972 and 1977 that we seek to rescue.

(5)

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO...………...…...06

2. AS DESISGUALDADES ESTRUTURAIS NO FUTEBOL E NA SOCIEDADE...08

3. A CRÔNICA ESPORTIVA DO JORNAL OPINIÃO (1972 – 1977)...…...15

4. CONSIDERAÇÕES SOBRE O PÚBLICO E PRIVADO..………...24

(6)

1. INTRODUÇÃO

O futebol, importante manifestação de massas brasileira, tornou-se um objeto polêmico para as Ciências Sociais. Sua relação com o universo da política é objeto de diversos trabalhos, muitos destes tendo como pano de fundo a apropriação da vitória brasileira na Copa do Mundo da FIFA pela Ditadura Militar. A nona edição do torneio, em 1970, consagrou o Brasil como o primeiro tricampeão mundial, superando os bicampeões Itália e Uruguai, conquistando naquele momento um terço de todas as edições já realizadas do evento. Os impactos do feito futebolístico brasileiro na construção da identidade nacional estão no cerne de diversos debates, por se tratar até hoje da modalidade esportiva mais praticada, assistida e comentada em programas esportivos, ocupando o país de um papel de destaque no “mundo da bola”, seja pelo fornecimento de atletas para a elite global da modalidade, seja pelo reconhecimento como única seleção pentacampeã mundial.

Foi utilizado como procedimento metodológico, uma abordagem descritiva associada à pesquisa bibliográfica como artigos, teses, dissertações e eletronicamente através da internet.

Em face do exposto, o presente artigo busca analisar os conflitos entre o público e o privado na crônica esportiva do Jornal Opinião, enfocado nas polêmicas em torno da Confederação Brasileira de Desporto (CBD). A entidade responsável pela regulação do desporto nacional foi objeto de debate no periódico em diversas oportunidades, trazendo contribuições críticas entre 1972 e 1977, período que buscamos resgatar.

Opinião foi um semanário de circulação nacional, editado no Rio de Janeiro, que

contava com articulistas como Antônio Cândido, Celso Furtado, Chico de Oliveira, Fernando Henrique Cardoso e Paul Singer. O reconhecimento público da qualidade de seus colaboradores rendeu ao jornal prestígio em ambientes universitários, sendo essa provavelmente sua marca maior.

Agregando jornalistas e intelectuais das mais diversas tendências políticas, o Jornal sobreviveu a diversos mecanismos de censura durante toda sua existência, tendo vários presos, exilados políticos, e professores universitários aposentados compulsoriamente pelo regime entre seus colaboradores, destacando-se pela oposição sistemática à Ditadura Militar, instalada no Brasil a partir de 1964.

Ao tratar da pluralidade entre os articulistas do Opinião, Kensky (1990) afirma que este se caracterizava como uma "frente" de contestação ao regime, uma imposição da própria conjuntura política marcada pela repressão que obrigava as oposições a reduzirem seus

(7)

programas. Sua importância também é reconhecida por Kucinsky (1991), apontando-o como o mais importante jornal alternativo da década de 1970. Segundo o autor,

O Estado tendia a um autoritarismo crescente e à ampliação das esferas de controle da informação. Mais do que representar um risco a interesses econômicos ou ao poder, a proposta de um jornalismo crítico e analítico d’Opinião iria se chocar diretamente com a mentalidade antiliberal dominante no aparelho do Estado. Daí a contemporaneidade do projeto, seu enorme impacto e, ao mesmo tempo, o risco que corria. (KUCINSKI, 1991, p. 161).

Inviabilizado pela censura, o semanário anuncia o “Fim de uma etapa” na edição de primeiro de abril de 1977, cuja capa questionava: “Futebol: Alegria do povo ou alienação?”. Na crônica esportiva dispersa durante todo o período em que a publicação foi editada, estavam a CBD e seus dirigentes protagonizando os mais diversos conflitos.

Opinião surge em um momento dinâmico do desporto brasileiro, isto é, na

recém-conquistada Copa do Mundo de Futebol de 1970. Desse modo, o Jornal cobre um processo de expansão do futebol nacional, não só com ampliação e dispersão das competições pelo território, bem como a ampliação da atuação política da principal liderança desportiva nacional, João Havelange.

Após muitos anos como presidente da CBD, Havelange passou a ser também presidente da Federação Internacional de Futebol (FIFA). Posteriormente, já encerrada a cobertura d’Opinião, deixa de existir a CBD, transformando-se essa em Confederação Brasileira de Futebol (CBF). Segundo seu Artigo 1o: “uma associação de direito privado, de caráter desportivo, com organização e funcionamento autônomos”. (CBF, 2017, p. 03).

Seguindo o decreto da FIFA, já sob o comando do próprio Havelange, todas as entidades nacionais de futebol deveriam ser voltadas unicamente para o desenvolvimento deste esporte. Dessa forma, em 24 de setembro de 1979, após sofrer modificações em sua estrutura, a CBD passou a se chamar CBF e comandar única e exclusivamente o futebol, passando a ter personalidade jurídica e patrimônio próprios.

Naquele momento, a fundação da CBF representava a busca de autonomia quanto à organização e funcionamento da entidade, evitando ingerências estatais ou privadas, tendo o próprio Havelange uma conflituosa relação com os militares, passando inclusive a ser acompanhado por agentes do Serviço Nacional de Informações ao retornar ao país com a comissão técnica derrotada na Copa do Mundo da Inglaterra, em 1966. (SARMENTO, 2006).

A exigência de retratação pública por parte de jogadores e dirigentes, bem como tentativa de instauração de Inquérito Parlamentar para investigar as razões da derrota no

(8)

Mundial são resgatadas por Sarmento (2006) para ilustrar o ambiente político quando ainda se consolidava o regime autoritário:

Em um regime discricionário, em processo de gradativo endurecimento, o denuncismo, a devassa e a busca obsessiva de “culpados” eram ferramentas retóricas de ação política. Além disso, a noção crescente entre os agentes do SNI era a de que o futebol, por seu potencial de mobilização das massas, deveria ser mantido sob estreita e severa observação. Nesse quadro, assumia importância ainda maior a gestão da seleção, mais uma vez compreendida como símbolo da representação nacional. Como todo símbolo, ela poderia ter os mais distintos usos, interpretações e manipulações. (SARMENTO, 2006, p. 123).

A proposta de analisar os conflitos entre o público e o privado na crônica esportiva do

Jornal Opinião objetivou resgatar conflitos políticos que perpassaram a regulação do desporto

nacional, enfocando nas polêmicas dos dirigentes com o regime autoritário e ressaltando as questões que envolvem a distribuição de recursos financeiros ou atuação da justiça desportiva, potenciais reprodutoras de desigualdades.

Para tanto, o primeiro capítulo reflete sobre as desigualdades estruturais no futebol brasileiro, partindo das polêmicas em torno da profissionalização do esporte no Brasil e da fundação da instituição responsável pela sua regulação até os dias atuais. Na sequência, o segundo capítulo resgata publicações d’Opinião que abordem a temática, e, posteriormente, o terceiro e último capítulo, contendo as considerações sobre o público e o privado na crônica esportiva do Jornal, analisa os atores que influenciaram nas mudanças institucionais no mundo do futebol, quais as consequências dessas mudanças e como colaboraram para a reprodução das desigualdades estruturais.

O material primário foi retirado do acervo do Jornal Opinião, disponível no sítio da Hemeroteca Nacional, sendo selecionado de acordo com a densidade e relevância temáticas ou conjunturais, organizado cronologicamente, tendo em vista a conflituosa vida política nacional durante a Ditadura Militar e a importância adquirida pelo futebol naquele contexto.

2. AS DESIGUALDADES ESTRUTURAIS NO FUTEBOL E NA SOCIEDADE

As desigualdades estruturais no mundo do futebol e no esporte, em geral, refletem as desigualdades estruturais presentes em nossa sociedade. Para além das paixões, a complexa problemática tem sido objeto polêmico nas ciências sociais, cuja produção brasileira é

(9)

dividida por Souza e Marchi (2016) em quatro linhagens distintas, que, apesar de reunirem produções bibliográficas de diferentes momentos histórico-sociais, remetem a semelhantes ideias-força.

Entre as quatro linhagens, estão duas de inspiração antropológica. A primeira destaca a singularidade cultural brasileira e tem o futebol como “aula de democracia”, utilizando como referência as ideias de Roberto DaMatta; a segunda linhagem, contrapondo-se à primeira, apresenta o dilema racial brasileiro e aponta o futebol como lócus de reprodução do conflito social, tomando como principal referência as contribuições de Florestan Fernandes (SOUZA e MARCHI, 2016).

Outro par de linhagens, também contraposta, é composto por uma de caráter liberal, que se ampara na noção de patrimonialismo e corrobora com a tese do atraso do futebol brasileiro; e pela crítica cultural de esquerda, que aponta o futebol como “ópio do povo” (SOUZA e MARCHI, 2016). A primeira, considerando a corrupção um mal genético da formação social brasileira, seria responsável por constatar o atraso no processo de modernização do esporte no Brasil em relação à Europa. A crítica de esquerda, por sua vez, é plano de fundo de discussões sobre a utilização do esporte, em especial, do futebol como elemento de dominação das massas.

A exposição dos confrontos entre as interpretações da sociedade brasileira feita por Souza e Marchi (2016) nos apresenta um panorama do complexo debate em que está inserido o futebol no Brasil, abordando desde questões como conflito racial até sua utilização pelo Estado como aparelho ideológico. As linhagens descritas se inserem em interpretações mais amplas sobre o Brasil e demonstram a importância do futebol como elemento cultural em nossa sociedade.

Os debates sobre o “atraso” do futebol e seu uso político no Brasil são panos de fundo para uma discussão sobre o papel do Estado na promoção do desporto nacional, sendo necessária uma reconstrução histórica das instituições e atores envolvidos nos processos decisórios, bem como os conflitos políticos e contextos em que estes se inserem. A compreensão de determinadas articulações se faz necessária, por exemplo, para entender a projeção adquirida pelo desporto brasileiro em nível regional, nacional e internacional, observando-se o papel da regulamentação no padrão de organização esportiva em geral.

O campeonato brasileiro de futebol é um exemplo desse processo, obtendo dimensões de competição nacional, com formatação mais próxima do que conhecemos hoje, apenas a partir de 1971. Uma maior integração entre as diferentes regiões do país foi a justificativa da

(10)

ampliação, até então, de campeonatos estaduais, mais populares que competições de caráter nacional, recebendo maior atenção tanto dos clubes quanto dos torcedores.

O protagonismo de determinadas unidades da federação na modalidade esportiva fica claro em Sarmento (2006), narrando a intervenção do ministro das Relações Exteriores, Lauro Müller, na criação da Confederação Brasileira de Desportos. A Regra do Jogo: Uma História

Institucional da CBF (2006), elaborada com apoio financeiro e documental da própria

instituição, destaca o papel assumido pessoalmente pelo chanceler na unificação do comando do futebol no brasileiro.

O confronto político entre dirigentes do futebol paulista e carioca fez necessária a mediação da diplomacia na fundação da CBD, na madrugada de 19 de junho de 1916, respondendo às exigências internacionais para a participação em competições esportivas. A prolongada dificuldade em estabelecer consensos se apresentou como barreira à organização do esporte brasileiro, em especial nas deliberações sobre participações internacionais, tornando-se tarefa do governo no período do Estado Novo “buscar medidas que solucionassem os impasses que a cada momento surgiam”. (MURAD, 2007, p. 16).

A intervenção estatal no início do século XX representava mais que uma preocupação em regulamentar ou difundir o desporto, o envolvimento estratégico da diplomacia sinalizava a construção de uma linguagem comum, de uma nova forma de sociabilidade e de valores civilizatórios das elites, que envolvia a “legitimação do esporte como um ideal superior de expressão das qualidades humanas” (SARMENTO, 2006, p. 1).

O processo de profissionalização dos atletas foi, desde a década de 1930, motivo de polêmica. Enquanto as associações regionais de clubes requisitavam a formalização de contratos que previam a remuneração regular dos jogadores, a postura da CBD era firme em reconhecer a atividade como amadora, “não passível de qualquer forma de remuneração que viesse a caracterizar o exercício esportivo como uma espécie de trabalho formal”. (SARMENTO, 2006, p. 44).

A postura pró-amadorismo da CBD e dos tribunais representava, na prática, uma disponibilidade dos jogadores brasileiros para clubes estrangeiros, sendo necessária a formalização dos vínculos empregatícios como forma de evitar potenciais concorrentes. Os clubes interessados na regularização dos contratos buscavam se proteger não só dos Europeus, mas de uma gradativa profissionalização do futebol que ocorria na América do Sul e estava retirando expoentes dos principais clubes do Sudeste brasileiro.

Clubes do Rio de Janeiro e de São Paulo seriam os principais interessados na profissionalização, travando uma batalha política que tem como auge a fundação de uma

(11)

entidade paralela à CBD, a Federação Brasileira de Futebol, responsável pela criação de um campeonato nacional profissional. Mesmo contando apenas com equipes cariocas e paulistas, o projeto foi capaz de colocar em cheque a hegemonia política da CBD e conseguir a profissionalização da modalidade (SARMENTO, 2006).

O principal interesse dos clubes na profissionalização não era a concessão de direitos trabalhistas, mas sim a política varguista de valorização do trabalhador que seria relevante em alguma medida nesse processo, visto que a extensão da profissionalização a outras modalidades era uma das preocupações centrais da CDB para resistir à modernização do futebol.

A problemática da concorrência estrangeira persiste até hoje, sendo o Brasil, inclusive, um notável fornecedor de atletas para a elite do futebol mundial. A presença de brasileiros jogando em ligas europeias, motivo de orgulho e venda de camisas no Brasil, representa uma impotência do futebol nacional na competição por esses atletas, que passam a receber cifras astronômicas em clubes dos países centrais.

A força econômica dos clubes europeus permite a busca de jovens que se destaquem nos países mais pobres, para “garantir exclusividade no acesso a estes futuros craques, chegam mesmo a comprar participação majoritária no capital de clubes de vários pontos do mundo” (BARRINHA e NUNES, 2004, p. 132). Tal processo não é uma particularidade do Brasil periférico, em que o futebol é amplamente difundido. Barrinha e Nunes (2004) afirmam que

Os clubes que conseguem efetivamente globalizar-se tornam-se marcas com a capacidade de vender produtos – transmissões dos jogos, mas também camisolas e outros elementos de merchandising – numa escala quase universal. Estes clubes têm adeptos, e mesmo associações de adeptos, espalhados até por países onde historicamente o futebol nunca teve grande implantação (BARRINHA e NUNES, 2004, p. 132)

A exibição de partidas dos campeonatos europeus na periferia do mundo capitalista consagra as desigualdades no futebol mundial, limitando-os ao fornecimento de atletas e consumo das marcas oriundas de países centrais. Barrinha e Nunes (2004), analisando essa transformação do futebol em uma indústria global, apontam três fases do processo de expansão mundial da modalidade: a primeira seria caracterizada pela difusão do esporte; a segunda pela internacionalização das competições; e a terceira em que passaria a atividade a estar de mãos dadas com a televisão.

(12)

Entre as consequências desse processo, está o desligamento dos campeonatos locais, na medida em que os “países futebolisticamente periféricos veem partir os seus melhores jogadores e são invadidos pelos clubes globais através da televisão” (BARRINHA e NUNES, 2004, p. 132). O esvaziamento dos estádios e a dependência cada vez maior da renda proporcionada pela televisão são problemáticas encaradas pela maioria dos clubes brasileiros.

A globalização não é uma exclusividade do futebol. A expressão costuma se referir a um conjunto de transformações socioeconômicas em escala mundial que promovem uma crescente interdependência entre os países ao redor do globo. A interação cada vez maior entre as sociedades contemporâneas em questões políticas, econômicas e sociais, tem como consequência o esvaziamento de categorias territoriais, desvinculando-se as relações humanas das contingências do espaço.

O desenvolvimento das tecnologias da informação e as políticas de desregulamentação econômica praticadas por governos e instituições internacionais são as marcas desse processo de reestruturação do capitalismo, viabilizando uma flexibilidade nunca antes vista no gerenciamento e descentralização do capital, concorrendo, dessa forma, os diferentes cenários disponíveis para acumulação.

No Brasil, a título de exemplo dessa desregulamentação no esporte, a Lei Pelé1, que se apresenta como uma garantia às liberdades individuais dos jogadores, entre suas consequências tem uma maior flexibilidade nas possibilidades de contratação, representando a antiga Lei do Passe2, uma barreira ao atleta em busca dos melhores contratos profissionais.

Consagradas as desigualdades entre os países, podemos verificar internamente a manutenção das desigualdades entre as regiões no universo do futebol, reproduzindo as desigualdades econômicas e sociais no mundo da bola, na medida em que se concentra no Sudeste e no Sul a maioria dos clubes da elite do futebol nacional.

A composição das duas principais divisões do Campeonato Brasileiro, no ano de 2019, apresenta-nos um panorama dessas desigualdades regionais: na Série A, dos vinte participantes, dez são do Sudeste, cinco do Sul, quatro do Nordeste e um do Centro-Oeste; na

1

A Lei 9.615 de 24 de março de 1998, mais conhecida como Lei Pelé ou Lei do passe livre , é uma norma jurídica brasileira sobre desporto, com base nos princípios presentes na Constituição, e cujo efeito mais conhecido foi ter mudado a legislação sobre o passe de jogadores de futebol, revogando a chamada Lei Zico (Lei nº 8.672, de 6 de julho de 1993). Enquanto a Lei Zico era uma lei sugestiva, a Lei Pelé é mandatória. Foi idealizada quando Pelé era Ministro do Esporte e presidente do Conselho do INDESP (Instituto Nacional de Desenvolvimento do Desporto), e Hélio Viana de Freitas era vice-presidente do Conselho Deliberativo do Instituto, cargo correspondente ao de Secretário Executivo do Ministério. Além de ter sido o mentor e coordenador do projeto da lei, Hélio Viana de Freitas teve ainda o apoio e supervisão do jurista Gilmar Mendes, hoje Ministro do STF e à época subchefe jurídico da Casa Civil do então Presidente Fernando Henrique Cardoso. Foi aprovada na Câmara e no Senado por unanimidade, porém vários dos seus artigos foram depois modificados ou retirados, tais como os referentes à profissionalização dos clubes e à fiscalização dessas entidades por parte do Ministério Público.

2

Lei do passe, regulamentada pela lei de n°6.354, de 2 de setembro de 1976, dispõe sobre as relações de trabalho do atleta profissional de futebol e dá outras providencias.

(13)

Série B, dos vinte participantes, sete são do Sudeste, sete do Sul, três do Nordeste e três do Centro-Oeste.

A Região Norte, apesar possuir cidades com grande desenvolvimento urbano e econômico como Manaus – AM e Belém – PA, entre as divisões do país, não obteve representação alguma nas principais divisões do Campeonato Nacional em 2019. Cabe relativizar o dado, visto que as agremiações esportivas costumam se concentrar em centros urbanos, regiões que tendem a favorecer clubes na busca por patrocínios e torcedores, devido à densidade populacional.

Fonte: Adaptado de https://www.cbf.com.br/a-cbf Acesso em: 10 de nov. 2019.

As desigualdades regionais tendem a se reproduzir diante da maior exposição obtida por alguns clubes, ou seja, quanto mais visibilidade se obtém, mais direitos sobre os recursos gerados pela transmissão em televisões abertas e fechadas, sendo reservada a possibilidade de auferir rendas com as transmissões a um pequeno número de clubes.

A título de diagnóstico, um estudo sobre a condição financeira dos principais clubes brasileiros produzido pelo Itaú - BBA confirma a dependência, cada vez maior, das receitas televisivas. Fato que se agrava quando consideramos que os direitos de imagem, maior parcela da arrecadação dos clubes, é distribuída também a partir de critérios de desempenho, saindo na vantagem os clubes com mais torcedores e que conseguem avançar nas competições, consolidando, dessa forma, a hegemonia de equipes e regiões que historicamente protagonizam as disputas.

50% 25%

20% 5%

Participação dos Clubes da

Série A em 2019 por Região

Sudeste Sul Nordeste Centro Oeste 35% 35% 15% 15%

Participação dos Clubes

Série B em 2019 por Região

Sudeste Sul Nordeste Centro Oeste

(14)

Fonte: https://www.itau.com.br/_arquivosestaticos/itauBBA/Analise_Clubes_Brasileiros_Futebol_Itau_BBA.pdf Acesso em: 30 de out. 2019.

Sobre a composição do estudo, é válido ressaltar que foi construído a partir de informações estruturadas, disponibilizadas pelos próprios clubes, cabendo sempre a dúvida da credibilidade, para além das limitações na amostra, que considerou apenas 26 clubes que disputam as primeiras divisões do campeonato nacional.

O estudo produzido apenas com as informações públicas, fornecidas pelos clubes, revela uma questão contraditória e persistente no desporto nacional: a falta de transparência nas instituições. Tendo em vista os recursos públicos recebidos sob forma de patrocínio, a falta de transparência revela uma negligência por parte do Estado na distribuição dos recursos, independente do estatuto jurídico das instituições beneficiadas.

Apontadas as condições desiguais de competição entre os clubes, cabe a reflexão sobre as condições desiguais daqueles que, de fato, vivem do futebol: os jogadores, prevalecendo na grande maioria dos clubes, o amadorismo e condições questionáveis de sobrevivência para a maioria dos atletas, fato constatado de forma objetiva pela distribuição atual dos salários divulgada pela CBF em 2018.

Salário de um Jogador de Futebol no Brasil em 2018

FAIXA SALARIAL NÚMERO DE JOGADORES PERCENTUAL

ATÉ R$ 1.000,00 23.238 82,40%

R$ 1.000,01 ATÉ R$ 5.000,00 3.859 13,68%

R$ 5.000,01 ATÉ R$ 10.000,00 381 1,35%

R$ 10.000,01 ATÉ R$ 50.000,00 499 1,77%

(15)

R$ 100.000,01 ATÉ R$ 200.000,00 78 0,28%

R$ 200.000,01 ATÉ R$ 500.000,00 35 0,12%

ACIMA DE R$ 500.000,01 1 0,00%

TOTAL 28.203 100,00%

Fonte: Adaptado de https://www.cbf.com.br/a-cbf/informes/index/raio-x-do-futebol-salario-dos-jogadores. Acesso em: 10 de nov. 2019.

Chama atenção a disparidade na renda auferida pelos jogadores, questionando, de fato, o mito da ascensão social por meio do esporte, que mobiliza paixões e esperanças de milhares de jovens brasileiros. Rodrigues (2007), ao analisar a desigualdade na distribuição de renda utilizando critérios regionais e raciais, coloca em cheque o mito da democracia racial e o da mobilidade social entre pobres e negros por meio do futebol. Ao destacar as diferenças nos níveis salariais, o sociólogo aponta para uma preservação de desigualdades raciais históricas na sociedade brasileira, concluindo que “[...] o futebol não promove a igualdade, parece que somente reproduz a estrutura do trabalho e do emprego predominante na organização social capitalista que se caracteriza pelas diferenças”. (RODRIGUES, 2007, p. 188).

Diante do exposto e considerando a conflituosa vida política nacional durante a Ditadura Militar, cabe analisar a crônica esportiva do Jornal Opinião e responder as seguintes questões: Que atores influenciaram nas mudanças institucionais com influência no futebol? Como atuaram? Como influenciaram na reprodução das desigualdades estruturais no referido período? Qual a relação entre o Estado e o futebol? Quais as divergências entre interesses públicos e privados?

3. A CRÔNICA ESPORTIVA DO JORNAL OPINIÃO (1972 – 1977)

A interferência do Estado na justiça desportiva é a primeira polêmica levantada pelo

Opinião na área do esporte. Em Um tribunal no banco dos réus (Opinião, n° 3, 22 a

27/11/1972), João Máximo comenta a revogação por parte da justiça comum de uma decisão do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), ligado à CBD, fato inédito em 25 anos de existência dos tribunais de justiça desportiva. A matéria começa por chamar atenção para a decisão sobre o caso de César Augusto da Silva Lemos, jogador do Palmeiras que entrou em campo e agrediu o árbitro, recebendo sete meses de suspensão como punição.

(16)

Considerado gravíssimo pelo STJD, o caso poderia ter resultado, inclusive, na exclusão sumária do atleta da vida esportiva, no entanto, seus advogados recorreram à justiça comum, alegando que “ninguém pode ser privado do livre exercício da profissão” (JORNAL OPINIÃO, 1972, n° 3, p. 04), apelando para um direito constitucional. Acatada pela justiça, a decisão que suspende a punição do atleta abre um precedente para que casos semelhantes tenham o mesmo desfecho.

A criação de uma nova jurisprudência passa a colocar em cheque as leis desportivas nacionais, questionando as adequações à Constituição Federal de um tribunal que sequer exigia formação em Direito para compor a corte. Colocado o caso de César em segundo plano, a decisão é vista pelo articulista como uma possibilidade de modernização do tribunal, pois a CBD “terá de refazer suas leis, atualizá-las, colocá-las em ordem, constitucionalizá-las, tudo isso em tempo recorde” (JORNAL OPINIÃO, 1972, n°3, p. 4), sendo necessária a modificação na composição do tribunal e o diálogo com a justiça comum.

Ampliando as possibilidades de mudança, o articulista espera que os jogadores se mobilizem e passem a batalhar contra a lei do passe, mais inconstitucional do que qualquer outra, um instrumento de valor internacional responsável pela vinculação compulsória dos jogadores aos clubes. Segundo Máximo,

Graças ao passe, o jogador de futebol é o único profissional a que não é dado o direito de escolher o seu próprio emprego ou o seu próprio patrão. E é o único profissional, também, que pode ter sua carreira encerrada, de uma hora para outra, desde que não aceita as condições que lhe são oferecidas por um patrão nem sempre justo. O contrato entre o jogador e um clube pode terminar, mas o vínculo permanece assegurado pelo passe. (MÁXIMO, 1972, p. 23)

O articulista aponta uma convergência entres as questões relativas à autonomia da justiça desportiva e possibilidade de revisão da lei, onde figuraria a liberdade individual dos jogadores como decisiva, considerando que a lei do passe não se restringia às eventuais punições, sendo prejudicado o jogador, por exemplo, pela não aceitação de um determinado salário.

O reconhecimento dos jogadores de futebol, enquanto trabalhadores, é debatido, de fato, em De Batatais a Paulo Henrique (JORNAL OPINIÃO, nº 77, 29/04/1974), onde Maurício Azêdo começa por resgatar um pronunciamento de Evaristo de Moraes Filho, técnico do Grupo-Tarefa da Regulamentação da Atividade do Atleta Profissional, ligado ao Ministério da Educação e Cultura.

(17)

Tratado quase como coisa, como bem patrimonial do clube, vê-se [o jogador de

futebol profissional] aderido à instituição, dissolvido nas suas engrenagens, sem a

menor autonomia de vida privada, própria e autêntica. A não ser o doméstico, nenhum trabalhador existe mais subordinado do que o jogador de futebol profissional. E, sob certos aspectos de sua vida privada, ainda o supera em alguns momentos. (MORAES FILHO apud AZÊDO1974, p. 02)

A fala tem como objetivo introduzir uma problemática que se arrasta ao longo dos anos sem solução efetiva em benefício dos jogadores, o reconhecimento do vínculo trabalhista e o direito a seguridade social. Azêdo remonta a saga de Algisto Lorenzato Domingos, mais conhecido como Batatais, ex-goleiro do Fluminense, em busca do reconhecimento da estabilidade e dos respectivos direitos. Doente de tuberculose, o atleta recorreu a todas as instâncias possíveis na justiça do trabalho em busca de algo além da glória pelos títulos conquistados em 11 anos de clube.

Paulo Henrique, por sua vez, foi dispensado do Flamengo por ser velho demais para ocupar sua posição de lateral, após 15 anos tendo conquistado vários títulos para a agremiação. Os dramas vividos pelos atletas são utilizados por Azêdo para exemplificar as dificuldades enfrentadas por uma categoria sem garantias e caracterizada pelas curtas e instáveis carreiras. As disputas judiciais de Batatais e Paulo Henrique são separadas por 25 anos, indicando a longevidade da problemática que se arrasta, reproduzindo a insegurança na romantizada profissão.

A redação é responsável pela cobertura da campanha que garantiu 60 dos 84 votos na disputa pela presidência da FIFA em O périplo de Havelange (JORNAL OPINIÃO, nº 84, 17/05/1974), de forma sucinta, narrando a visita aos 84 países no período dois anos. Sua viagem, que seria suficiente para dar mais de duas voltas ao mundo, foi considerada uma tarefa digna da melhor diplomacia, garantindo assim a presidência da instituição pouco antes da Copa de 1974.

O periódico descreve alguns dos arranjos feitos por Havelange para garantir o sucesso da campanha, articulando a participação de determinadas seleções em torneios, influenciando diretamente no resultado de partidas em prol de seus aliados. Durante o périplo, houve a distribuição de um luxuoso folheto, que continha informações sobre seu currículo em português, francês e inglês, motivo de espanto entre dirigentes e jornalistas pelo mundo.

No folheto que tem 11 fotografias do presidente da CBD distribuídas estrategicamente por seus 31 centímetros de altura por 76 de largura, Havelange informa a gregos e troianos que é diretor-presidente de quatro empresas (Viação Cometa, Orwec Química e Metalúrgica, Embradata, Cia. de Seguros Farroupilha de

(18)

São Paulo), diretor de outra (Grupo Atlântica-Boa Vista de Seguros) e de um colégio (Liceu Franco-Brasileiro), casado, católico, advogado, presidente de honra de inúmeros clubes e associações esportivas e “cidadão” de várias cidades brasileiras, entre elas Visconde do Rio Branco, Minas Gerais, o que deve ter impressionado vividamente os europeus arredios a sua candidatura. (AZÊDO, 1974, p.4)

Em publicação intitulada As ideias do vice-Havelange (JORNAL OPINIÃO, nº 93, 19/08/1974), o repórter Geraldo Pedroza entrevista Sílvio Correa Pacheco, presidente interino da CBD e provável sucessor de Havelange, então afastado para assumir suas competências como presidente da FIFA. Pacheco é descrito por Maurício Azêdo, a título de introdução, como oposto a Havelange, tratando-se de homem fechado, pouco comunicativo.

Ex-goleiro do América Futebol Clube, do Rio de Janeiro, Pacheco teria abandonado o futebol em 1933 como forma de protesto contra a profissionalização do esporte, no entanto continuaria ligado ao clube, sendo presidente em diversas oportunidades. Contestado pela possibilidade de sua efetivação na presidência da CBD, estaria o interino, segundo Azêdo, “sob o fogo dos ataques dos dirigentes do futebol paulista”. (AZÊDO, 1974, p. 17)

Abrindo a entrevista com o conflito sobre a sucessão de Havelange, Pacheco é perguntado sobre a exigência da sua substituição por parte dos dirigentes paulistas, sendo taxativo em responder que foi eleito vice-presidente para um mandato até 13 de janeiro de 1976, sugerindo cordialmente aos interessados que consultem o Estatuto da entidade. Uma nota de rodapé esclarece que Havelange só seria substituído pelo vice-presidente ou por outro diretor da CBD, se renunciasse no último ano de seu mandato, a saber, após 13 de Janeiro de 1975. Antes disso, a entidade deveria realizar novas eleições para ocupar a presidência.

Perguntado pela situação das demais modalidades no caso de transformação da CBD em CBF, Pacheco afirma que a tradição da CDB é de abrigar as modalidades até o momento em que essas sejam emancipadas, no entanto, o planejamento para que sejam criadas outras confederações depende também do Conselho Nacional de Desportos e das condições de sobrevivência independente das modalidades.

Seguindo a mesma linha, é indagado sobre os insucessos das demais modalidades em competições internacionais, problema que atribui a condição de amadorismo das modalidades, incapazes de competir com países como EUA, Alemanha Oriental, Alemanha Ocidental e União Soviética, cujos investimentos pesados no esporte por parte dos governos tem como finalidade a propaganda dos respectivos regimes políticos vigentes. Apesar de reconhecer a incapacidade de competir, o presidente interino vê com otimismo a injeção de recursos da Loteria Federal, capaz de dinamizar o esporte amador no país.

(19)

Em relação ao fracasso do Brasil em 1974 na última Copa do Mundo, Pacheco é questionado sobre os planos da CBD de reformulação do futebol no plano técnico, atribuindo a responsabilidade aos clubes e seus técnicos de se adequarem ao futebol veloz que venceu o Brasil na última edição. Entendendo que o Brasil reúne as condições necessárias para competir, só não está adaptado ao futebol dinâmico encontrado no último torneio.

Indagado acerca da sobreposição dos interesses da CBD em relação aos clubes, Pacheco nega o fato e rebate com um questionamento: “Se há problemas comuns, se há uma aflição comum, porque os interessados não se reúnem em congressos regionais e depois trazem uma tese final para que seja apreciada pela CBD e até mesmo pelo governo?”. (AZÊDO, 1974, p. 17). Ademais, aponta uma contradição entre as crises financeiras vivenciadas pelos clubes e as fortunas com novas contratações e “prêmios mirabolantes”, oferecidos pelos resultados.

Os altos custos da seleção brasileira de futebol também são utilizados como justificativa para a concentração de receitas na instituição: “Quanto custou à CBD o título do mundial de 1970? A CBD obteve lucro? Garanto que não. Agora, quanto de alegria, de satisfação, de orgulho ela proporcionou o povo brasileiro?” (AZÊDO, 1974, p. 18). Tais questionamentos feitos por adversários políticos e parte da opinião pública, indicam a impossibilidade de mensurar custos para as alegrias proporcionadas pela conquista.

Por último, questionado sobre a participação dos clubes nas receitas da Loteria Esportiva, Pacheco reconhece o papel fundamental dos clubes na base da arrecadação e entende que as autoridades responsáveis, reconhecendo essa importância, deveriam atribuir aos clubes uma parcela dos resultados, tendo em vista os recursos mobilizados e sua contribuição social.

Em O fim de uma oligarquia (Opinião, nº 113, 03/01/1975), Maurício Azêdo aponta o paradoxo no afastamento de Havelange da CBD, há apenas alguns meses eleito presidente da FIFA, era agora obrigado a renunciar ao comando da instituição onde era uma liderança consolidada, cujo cargo máximo ocupava há 16 anos. O fato teria ocorrido após reunião com o Ministro da Educação e Cultura, o senador Ney Braga.

Em entrevista concedida no Rio de Janeiro um dia após a reunião com o Ministro, Havelange deixou claro que seu sucessor não tinha sido escolhido por ele, que tinha como intenção continuar no comando da instituição através de Sílvio Pacheco, então vice-presidente. Em seu lugar, foi colocado o Almirante Heleno Nunes, “[...] desportista de currículo longo, mas sem qualquer brilho especial [...]” (AZÊDO, 1975, p. 14 ), e ex-presidente da Federação Carioca de Pugilismo.

(20)

No mundo do esporte, o ex-deputado também havia trabalhado na CBD, ingressando pelas mãos do próprio Havelange, em 1967, sendo responsável pela criação da Taça de Prata, uma ampliação da Taça Roberto Gomes Pedrosa, projeto embrionário do atual campeonato brasileiro. Contudo, segundo Azêdo (1975), a indicação de Heleno Nunes para comandar a CBD derivava de seu prestígio dentro do governo militar. O então diretor de futebol do Vasco da Gama era irmão do ex-ministro da Marinha, Adalberto de Barros Nunes e do chefe de Relações Públicas da Petrobrás, o general Antônio Carlos de Barros Nunes.

Na visão de Azêdo (1975), a substituição do comando da CBD seria fato mais relevante para o desporto nacional que a derrota na Copa do Mundo de 1974, sinalizando uma tentativa de integração da instituição com o Conselho Nacional de Desporto, responsável pela promoção do esporte no país. O projeto do executivo federal visava à massificação do esporte a nível nacional e o planejamento para obtenção de melhores resultados nos Jogos Olímpicos de Montreal, em 1976, e competições futuras.

A proposta de reforma no esporte nacional estava sendo gestada, segundo Azêdo, em estudo liderado por Nélson Melo e Souza, um ex-funcionário da Organização dos Estados Americanos (OEA). Reconhecendo a ingerência do grupo técnico responsável pelo estudo na sua deposição, Havelange teria feito declarações pouco amistosas antes da substituição: “É um jovem que já passou pela CBD, um homem a quem já fiz favores. Quando ele precisou encontrou em mim um amigo para ajudá-lo.”(AZÊDO, 1975, p.14)

Pessimista com a “revolução” proposta pelos militares, que em tese teria a importante tarefa de redistribuir a atenção dada ao futebol para outras 22 modalidades, Azêdo conclui que “[...] só o tempo dirá se tal revolução conseguirá ir além da destituição do presidente e mergulhar fundo na estrutura que permite a criação de Havelanges tanto no topo como na base, na entidade mais poderosa e no mais modesto e despretensioso clube.” (AZÊDO, 1975, p. 14).

Maurício Azêdo aponta em Mudando as moscas (JORNAL OPINIÃO, nº 116, 24/01/1975) que o afastamento de Havelange foi apenas o mais notório de uma série de substituições entre os dirigentes do desporto nacional, relatando a substituição de Roberto Moreira Calçada da presidência da Confederação Brasileira de Vôlei (CBV), após 14 anos no comando da instituição e prevendo a substituição do Almirante Paulo Martins Meira após mais de três décadas no comando Confederação Brasileira de Basquete (CBB).

O articulista defende que as substituições não representariam, de fato, mudanças profundas no desporto, tendo em vista as relações estabelecidas entre os novos dirigentes e as velhas elites, sob o comando do desporto, que seriam a base do questionamento sob as

(21)

mudanças no rumo das políticas esportivas. Azêdo (1975) prevê uma titulação de presidente honorário da CBB, após a futura destituição do Almirante, seguindo o padrão de Havelange na CBD e Calçada CBV.

Ainda que aponte a limitada atuação da instituição para estruturação e expansão do esporte, a titulação seria justificada pela projeção do país, enquanto potência no basquete a nível mundial no referente período. Crítico da gestão da CBB, Azêdo (1975) atribui os méritos da projeção internacional do país à capacidade técnica e longevidade de toda uma geração de atletas, responsáveis pelos resultados que renderiam a honraria ao dirigente.

Segundo o articulista, os “cortadores de cabeças” (AZÊDO, 1975, p. 5) teriam suavizado o modus faciendi ao exigir a renúncia voluntária de Havelange, em virtude de sua ascensão à presidência da FIFA, sendo ele cotado para o afastamento desde a Copa do Mundo. A presidência honorária apenas se somava à influência de Havelange, que havia construído a sede da CBD em área nobre do Rio de Janeiro e batizado o prédio com o próprio nome. A renúncia voluntária seria em troca do silêncio na aprovação das contas da instituição, que revelariam “[...] uma infinidade de exemplos da malversação dos dinheiros da entidade”. (AZÊDO, 1975, p. 5 )

Sobre o processo de substituição na CBV, Azêdo (1975) é incisivo ao destacar a influência de um antigo dirigente da CBD na articulação de um processo eleitoral com cartas marcadas. A inovação proposta pela votação secreta seria fundamental para evitar que os compromissos com os dirigentes estaduais garantissem a reeleição de Calçada.

A renovação, no entanto, é vista com pessimismo, afirmando que Morzart di Giogio, articulador do processo eleitoral, “[...] sempre foi da comanga de Havelange, afastado da CBD pelo líder maior ao perceber que ele concentrava poderes (manipulação de verbas, organização de excursões, contatos com federações, elaboração de calendários) capazes de um dia transformá-lo num concorrente importante”. (AZÊDO, 1975, p. 5)

Afastado e posto no ostracismo, Morzart di Giogio teria encontrado ali “[...] a oportunidade de acertar as contas com Havelange, Calçada, e quantos mais sejam necessários liquidar para afirmar sua própria influência [...]”, não passando Giorgio de um profiteur da alta cartolagem. Azêdo conclui que não há comemorações para o esporte, nem boas expectativas em relação à próxima substituição, “[...] a decapitação próxima não autoriza nenhum otimismo. Mudam-se as moscas, mas o monturo continua o mesmo.” (AZÊDO, 1975, p. 5)

A expansão do campeonato nacional de futebol é o objeto de João Máximo em Uma

(22)

questionando a grandiosidade dos números apresentados pela CBD sobre o maior campeonato do mundo, uma competição experimental que contava com a participação de 42 clubes de 25 cidades diferentes, mas que apresentava limitações técnicas, financeira e emocionais.

A princípio, o articulista faz uma breve reconstrução da história da competição, que, no início, contava apenas com times de São Paulo e do Rio de Janeiro e foi gradativamente ampliada em nome da integração nacional. Segundo Máximo (JORNAL OPINIÃO, 1975), tal política de expansão se reproduziu na gestão de Havelange como mecanismo de ampliação de seu domínio político, obervando que a inclusão de novos participantes na competição somente garantia apoios para perpetuação do mandatário, não seguindo critérios técnicos.

O resultado da inclusão aleatória de clubes para atender a compromissos com dirigentes estaduais seria um campeonato inchado, que, apesar dos números comemorados pelos idealizadores, carregava uma série de problemáticas associadas a suas dimensões continentais. Enquanto aspecto técnico, as longas viagens estariam no cerne das queixas, ocasionando a desmotivação dos atletas que passavam mais tempo em hotéis e aeroportos do que, em treinamentos, com sérias consequências tanto musculares quanto psicológicas.

A tendência à ampliação do campeonato nacional seria consequência da “estrutura falida”, herdada por Heleno Nunes, ao assumir a CBD, assim como “um punhado de dívidas”, vícios e filosofias superadas. Segundo Máximo (JORNAL OPINIÃO, 1975), mesmo que os motivos não fossem tão políticos quanto os de Havelange, a justificativa da integração nacional continuaria sendo responsável por aquele modelo de crescimento da competição com consequências nocivas.

O formato da competição também seria um potencial agravante da situação financeira dos clubes brasileiros, tendo ampliado os custos com deslocamentos, hospedagem e manutenção das atividades de jogadores e comissões técnicas. As receitas, por sua vez, seriam significativas apenas para as agremiações mais bem posicionadas no campeonato, entre outras coisas pela capacidade de mobilizar torcedores, à medida que avançam no torneio. Tal capacidade de mobilizar torcedores completaria, segundo Máximo (JORNAL OPINIÃO, 1975), o tripé que sustenta o futebol, em conjunto com as questões técnicas e financeiras, significando a ausência de clássicos e de rivalidade entre os clubes uma deficiência daquele modelo de competição.

O debate sobre o clube empresa tem provavelmente sua maior projeção em uma publicação assinada por José Augusto Guilhon de Albuquerque, cientista político e professor da Universidade de São Paulo. Em Zagalo & Cia (Opinião, nº 87, 08/07/1974), o articulista tronou-se um colaborador frequente da coluna de política começa por recordar seu desamor a

(23)

primeira vista ao ver Zagalo jogar pela primeira vez, “prendendo a bola em uma série de dribles curtos e inúteis, num vaivém obsessivo”. (ALBUQUERQUE, 1974, p. 03).

A recordação sobre seu estilo é o ponto de partida do articulista para compreender as transformações vividas pelo futebol no Brasil, cujas condições teriam tornado possível a Zagalo e sua comissão técnica liquidar com um das raras oportunidades de iniciativa de massa e identificação popular existente. Tal transformação teria como aspecto decisivo um progressivo abandono, e naquela altura definitivo, da lógica da obra pela lógica do resultado.

Reconhecendo a mudança, Guilhon aponta uma incompatibilidade entre a concepção sul-americana de futebol, em que cada partida é uma obra-prima, assim como o artesanato, e a eficiência utilitária no futebol. A busca da vitória a qualquer custo, apregoada pela concepção utilitária, não permitiria que times pequenos tivessem torcidas tão fanáticas quanto de equipes grandes como Flamengo e Vasco. Segundo o autor,

É verdade que há uma ambiguidade nisso tudo, que aliás não está ausente do próprio sistema artesanal. É que o caráter único, o valor não econômico da obra artesanal, tem que ser reconhecido e só pode sê-lo por uma instituição. Assim como o artesão só pode fazer como se ignorasse qualquer lógica econômica em sua produção, e deve ter o caráter o único de sua obra ser reconhecido pela Corporação, também o clube de futebol não pode deixar de ganhar partidas, eventualmente campeonatos, e, em última análise concorrer, ser reconhecido como adversário, não caindo irremediavelmente em divisões inferiores, por exemplo. (GUILHON, ano 1974 ).

A penetração da lógica dos resultados no domínio do futebol artesanal é apontada como responsável pela transformação em futebol empresarial, seguindo a lógica da produção de transformação do artesanato em indústria, cuja necessária competitividade leva a “concessões que o entregam de mãos atadas ao círculo empresarial”. Diante dessa lógica, o necessário recrutamento também levaria à profissionalização, tendo em vista a incapacidade do mecenato de segurar os melhores atletas, mobilizando a modalidade cada vez mais interesse do capital.

Sobre esse processo de transição do modelo de administração do futebol, Guilhon (1972) afirma que a organização industrial regida pelos cálculos econômicos veio “transplantar-se sobre a instituição do clube”, “com suas tradições de identificação popular, seus ritos de iniciação e de exclusão, seus atos de soberania e vassalagem”.

Guilhon (1974) aponta também para as consequências psicológicas da implantação da ordem competitiva, afirmando que, entre as engrenagens das lógicas em disputa, “mói-se, até extrair-se todo o sangue, a massa que não tem controle da situação nem solução alternativa, a massa irmã de craques e torcedores”. Tais consequências da coexistência de modelos de

(24)

organização em disputa são colocadas de forma ainda mais clara na indagação do próprio articulista

Como explicar, de outra maneira, a sobrevivência de práticas tais como verdadeiros campos de concentração, o paternalismo e infantilização dos jogadores, ombreando com o cálculo utilitário que preside à contratação e à venda (de passes) de jogadores, sem nenhuma consideração para com a filiação dos craques às cores do clube ou para com sua maior ou menor dedicação a camisa? (GUILHON, ano1974 )

A constatação da mudança nos mecanismos gerenciais do futebol é simultânea à constatação da falência do novo modelo de organização, cujo espetáculo comemorado tem como consequência o endividamento dos clubes. Questionando a contraditória decadência das empresas enquanto a modalidade movimenta cifras cada vez maiores, Guilhon levanta algumas hipóteses para compreensão da problemática, a começar pela origem dos empresários que comandam os clubes.

Embora sejam bem sucedidos em seus negócios particulares, enxergam sua função no futebol como mecenato, encarnando assim o dirigente esportivo, o notável, mais do que de diretor de uma empresa, tornando-se com frequência “doublés de homens políticos”. Sendo sua desvinculação dos torcedores, por exemplo, algo complexo, tendo em vista que as receitas dependem do público, que representa tanto o sustento quanto uma limitação para a gestão. As funções contraditórias dos dirigentes se devem ao fato de representar torcedores, associados e jogadores, diferenciando-se dos empresários voltados unicamente para a racionalidade econômica e a expansão.

Por último, Guilhon questiona a segunda conquista da Taça Jules Rimet, afirmando que “não se tratava nem do Brasil, nem do mundo”, evento que teria lançado as bases para a CBD, entidade com alto poder de identificação nacional, que se torna também uma grande empresa. A transformação da entidade é vista como tarefa mais fácil que a transformação do futebol em uma empresa de fato, sujeita à CBD, à pressão dos clubes, da imprensa e do grande público.

As condições para execução da tarefa só surgiriam com a transformação do futebol brasileiro em negócio de Estado, capaz de conter as pressões e potencializar o poder de identificação nacional ligado ao esporte de massas. Tal concentração da máquina governamental na modalidade representou, segundo Guilhon, a negligência com outros meios de identificação e participação.

Ficando as decisões a critério de um grupo cada vez mais restrito de dirigentes e autoridades ministeriais ligadas ao CND, a combinação entre apoio estatal e controle da

(25)

informação seria responsável pela “ascensão das mediocridades”, fortalecendo os cartolas e descaracterizando o futebol brasileiro, ao podar as possibilidades reais de mudança.

4. ALGUMAS CONSIDERAÇÕES SOBRE O PÚBLICO E O PRIVADO

A historia do esporte, em especial o futebol, é um processo de varias determinações objetivas e subjetivas, emocionais, existenciais, culturais, sociais, históricas, sendo assim a cultura humana e o seu período histórico esta inserido a essência de cada povo e sociedade. sendo assim, o futebol tornou se mais que uma simples modalidade esportiva praticada, tornando se em grande parte do mundo parte de um produto de elevado valor econômico, político e social. as relações do estado com o futebol é bastante questionável entre políticos e seus dirigentes.

O resgate das publicações d’Opinião nos revela uma confusa relação entre Estado, entidades responsáveis pela regulação do desporto, atletas e agremiações esportivas, cumprindo o Jornal a importante tarefa da denúncia, tanto das condições históricas vivenciadas pelos atletas e pelo desporto nacional em geral, quanto pela cobertura das mudanças no desporto em meio a conjuntura política de forte repressão.

A primeira problemática que nos chama atenção diz respeito à confusão entre o futebol e as demais modalidades esportivas. Considerada a sub-representação histórica do desporto em detrimento do futebol, podemos perceber a relevância da disputa, tendo em vista a discrepância da modalidade na geração e no consumo de recursos financeiros. A confirmação da hegemonia histórica do futebol em relação às demais modalidades ocorre com as modificações na estrutura da CBD, transformando-se em CBF a partir de 1979.

Em relação à intervenção na direção da CBD por parte do Estado, por mais que seja sinalizada uma descontinuidade na hegemonia de Havelange, a cobertura d'Opinião é crítica dos que passam a ocupar seu espaço, verificando as relações pessoais dos novos dirigentes com autoridades do próprio Regime, e até com o próprio Havelange. Maurício Azêdo, responsável pela cobertura das sucessões e forte crítico dos cartolas, é pessimista em relação às intervenções, constatando a reprodução de práticas condenadas.

A formatação das competições nacionais é apontada como motivo de parte das dificuldades vivenciadas pelos clubes, considerada a inviabilidade técnica dos campeonatos. Assim, a crônica esportiva do Jornal é crítica das articulações políticas responsáveis por

(26)

determinados formatos, sendo a ampliação da competição por inclusão de novas equipes um mecanismo de sustentação da base política dos dirigentes de instituições reguladores e clubes.

As condições dos jogadores recebem um enfoque especial na cobertura da atuação da justiça desportiva, denunciando as precárias condições de trabalho e vida da grande maioria dos atletas; problemáticas que se arrastarão ao longo dos anos sem solução efetiva em benefício dos jogadores, tais como: o direito a seguridade social e uma série de garantias relativas ao reconhecido vínculo trabalhista.

A transformação do futebol brasileiro em negócio de Estado não significou necessariamente sua profissionalização em diversos aspectos, seja pelas dificuldades encontradas no reconhecimento profissional dos atletas, ou pela reprodução de fórmulas políticas conservadoras nas instâncias decisórias capazes de influenciar na gestão dos clubes. Se a "integração nacional" foi justificativa para a difusão da modalidade, faz-se necessária a reflexão acerca de todas as consequências dos modelos de gestão reproduzidos no país.

A crônica esportiva de Opinião corrobora com as discussões sobre a utilização do esporte como elemento de dominação das massas, pela colocação histórica de questões anteriores ao Regime Militar. Não se limitando à crítica do período, o Jornal aponta determinadas práticas como políticas de Estado, e não simplesmente de governo. A diferenciação entre "políticas de Estado" e "políticas de governo" também orienta nossa compressão acerca da gestão de clubes e entidades reguladoras do desporto, quando pensamos sobre posturas conservadoras e posturas inovadoras, considerando que a corrupção um mal genético da formação social brasileira seria responsável por constatar o atraso no processo de modernização do esporte no Brasil em relação a Europa e EUA. A projeção internacional obtida pelos resultados do Brasil no futebol e, posteriormente, por Havelange apenas ilustram a força institucional da CBD econômica, esportiva e politicamente. Se o esporte, em especial o futebol, chamava atenção do público, ele foi e é bastante utilizado como capital político.

A proposta de analisar os conflitos entre o público e o privado na crônica esportiva do

Jornal Opinião objetiva resgatar conflitos políticos que perpassem a regulação do desporto

nacional, enfocando nas polêmicas dos dirigentes com o regime autoritário e ressaltando as questões que envolvem a distribuição de recursos financeiros ou atuação da justiça desportiva, potenciais reprodutores de desigualdades.

(27)

5. REFERÊNCIAS

BARRINHA, André. NUNES, Ivan. O Futebol e a Globalização. Lisboa: IPRI-UNL, 2004. CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE FUTEBOL. Raio-X do futebol: salário dos

jogadores. Disponível em: https://www.cbf.com.br/a-cbf/informes/index/raio-x-do-futebol-salario-dos-jogadores. Acesso em: 10 de nov. 2019.

____. Estatuto. (2017) Disponível em:

https://conteudo.cbf.com.br/cdn/201904/20190409135630_807.pdf. Acesso em: 10 de nov. 2019.

DAMATTA, R. Universo do futebol. Esporte e sociedade brasileira. Rio de Janeiro: Pinakotheke, 1982.

HEMEROTECA DIGITAL BRASILEIRA. Jornal Opinião:

<http://memoria.bn.br/DocReader/DocReader.aspx?bib=123307&PagFis=56&Pesq=CBD> Aceso em: 01 de Março de 2019

ITAÚ. BBA. Análise Econômico-Financeira dos Clubes de Futebol Brasileiros de 2018.

Disponível em:

<https://www.itau.com.br/_arquivosestaticos/itauBBA/Analise_Clubes_Brasileiros_Futebol_I tau_BBA.pdf> Acesso em: 30 de Out. 2019.

JENNINGS, A. Um jogo cada vez mais sujo. O padrão FIFA de fazer negócios e manter tudo em silêncio. São Paulo: Panda Books, 2014.

KENSKI, V. M. O fascínio do Opinião. In: Resgate: Revista Interdisciplinar de Cultura. Campinas-SP: Papirus, 1990.

KUCINSKI, B. Jornalistas e revolucionários: Nos tempos da imprensa alternativa. 1. ed. [S.l.]: Editora Página Aberta Ltda., 1991.

LINDOZO, José Antônio Spineli. Prof. Doutor titular Departamento de Ciências Sociais, Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

MÁXIMO, J. João Saldanha. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 2005.

MURAD, M. A violência e o futebol: dos estudos clássicos aos dias de hoje. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2007.

RODRIGUES, F. X. F. O Fim do Passe e a Modernização Conservadora no Futebol

Brasileiro ( 2001 – 2006 ). Porto Alegre (RS):

SARMENTO, Carlos Eduardo. A regra do jogo: uma história institucional da CBF. Rio de Janeiro: CPDOC, 2006.

(28)

SOUZA, Juliano de. MARCHI, Wanderley. As Linhagens da Sociologia do Futebol

Brasileiro – Um Programa de Análise. Porto Alegre (RS): Movimento, revista de Educação

Física da UFRGS, 2016.

TUBINO, M. 500 anos de legislação esportiva brasileira. Do Brasil-Colônia ao início do século XXI. Rio de Janeiro: Shape, 2002.

Referências

Documentos relacionados

No primeiro capítulo a pesquisa se concentrou no levantamento de dados da escola no Projeto Político Pedagógico (PPP) e análise dos indicadores do SPAECE. No

De acordo com o Consed (2011), o cursista deve ter em mente os pressupostos básicos que sustentam a formulação do Progestão, tanto do ponto de vista do gerenciamento

Fonte: elaborado pelo autor. Como se pode ver no Quadro 7, acima, as fragilidades observadas após a coleta e a análise de dados da pesquisa nos levaram a elaborar

No final, os EUA viram a maioria das questões que tinham de ser resolvidas no sentido da criação de um tribunal que lhe fosse aceitável serem estabelecidas em sentido oposto, pelo

Apart from the two nuclear energy companies that were strongly hit by the earthquake effects (the Tokyo and Tohoku electric power companies), the remaining nine recorded a

Este era um estágio para o qual tinha grandes expetativas, não só pelo interesse que desenvolvi ao longo do curso pelas especialidades cirúrgicas por onde

Taking into account the theoretical framework we have presented as relevant for understanding the organization, expression and social impact of these civic movements, grounded on

O objetivo desse estudo é realizar uma revisão sobre as estratégias fisioterapêuticas utilizadas no tratamento da lesão de LLA - labrum acetabular, relacionada à traumas