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PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO PARÁ CONSULTA DE PROCESSOS DE 1º GRAU SISTEMA LIBRA - INTERNET

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DADOS DO PROCESSO

Número do Processo: 0004276-90.2013.814.0022 Processo Prevento: -Instância: 1º GRAU Comarca: IGARAPÉ-MIRI Situação: EM ANDAMENTO Área: CÍVEL Data da Distribuição: 20/09/2013

Vara: VARA UNICA DE IGARAPE MIRI

Gabinete: GABINETE DA VARA UNICA DE IGARAPE MIRI Secretaria: SECRETARIA DA VARA UNICA DE IGARAPE MIRI Magistrado: ALAN RODRIGO CAMPOS MEIRELES

Competência:

-Classe: Procedimento Ordinário

Assunto: Antecipação de Tutela / Tutela Específica Instituição:

Número do Inquérito Policial:

-Valor da Causa: $ 1,000.00 Data de Autuação: 24/09/2013 Segredo de Justiça: NÃO

Volume: Número de Páginas: -Prioridade: SIM Gratuidade: NÃO Fundamentação Legal:

-PARTES E ADVOGADOS

MUNICIPIO DE IGARAPEMIRI PREFEITURA MUNICIPAL REQUERENTE

AMADEU PINHEIRO CORREA FILHO ADVOGADO

SINDCATO DOS TRABALHADORES EM EDUCACAO PUBLICA SINTEPP

REQUERIDO

DESPACHOS E DECISÕES

Data: 24/09/2013 DECISÃO INTERLOCUTÓRIA

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Autor: Município de Igarapé ¿ Miri.

Réu: SINTEPP ¿ Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Estado do Pará. Decisão Interlocutória.

VISTOS ETC.

Trata ¿ se de Ação declaratória de Ilegalidade de Greve c/c Interdito Proibitório e Obrigação de fazer interposta pelo Município de Igarapé ¿ Miri contra o SINTEPP ¿ Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Estado do Pará.

Alega o autor, em síntese, que o réu é entidade sindical representativa dos trabalhadores em educação do município de Igarapé ¿ Miri e nesta condição formulou várias reinvidicações, tais quais: melhoria na qualidade da merenda e do transporte escolar, fim dos cortes das jornadas de trabalho e imediata devolução aos

professores penalizados, regularização dos repasses das contribuições previdenciárias, aprovação do Plano de Carreira dos Funcionários de apoio, Criação do Conselho Municipal de Educação, complementação do piso salarial, dentre outras.

Informa que todos os canais de diálogo encontravam ¿ se abertos, encontrando ¿ se as partes em pleno processo de negociação coletiva. Entretanto, surpreendentemente, no dia 20/09/2013, o requerido deflagrou movimento grevista sem que fosse exaurida a tentativa de conciliação. Informa ainda que o movimento é organizado por uma ínfima minoria ligada ao ex ¿ Prefeito Municipal e que a grave teria cariz político.

Aponta as seguintes irregularidade na deflagração do movimento paredista: i ¿ não exaurimento dos canais de negociação; ii ¿ ausência de comunicação tempestiva da deflagração da greve; iii ¿ não comprovação da aprovação da greve em Assembléia Geral; iv ¿ motivação política do movimento grevista; v - realização de ¿piquetes¿ violentos em frente às escolas impedindo a entrada de alunos e professores contrários à greve. Após dissertar sobre a relevância constitucional do direito à educação e sobre os prejuízos causados aos alunos, requer o autor, em sede de antecipação de tutela, a declaração de abusividade da greve para impedir a paralisação dos servidores abrangidos pelo Sindicato ¿ réu, pena de multa diária e autorização de desconto dos dias parados ao servidor faltoso; bem como liminar de interdito proibitório para impedir que o Sindicato vede, limite ou impeça o acesso às escolas de trabalhadores que não aderiram ao movimento.

Juntou documentos. Relatei. Decido.

A greve, um dos meios mais importantes para a realização da igualdade substancial, como direito público subjetivo da classe trabalhadora, é previsto na Constituição nos seguintes termos: art. 9º É assegurado o direito de greve, competindo aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e sobre os interesses que devam por meio dele defender. § 1º - A lei definirá os serviços ou atividades essenciais e disporá sobre o atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade. § 2º - Os abusos cometidos sujeitam os

responsáveis às penas da lei.

Quanto ao direito de greve pelos servidores públicos, condicionou a Constituição Federal, no art. 37, inciso VII , o seu exercício à edição de lei específica, ainda não promulgada. Frente a este vácuo legislativo,

determinou o STF no s MIs 670, 708 e 712, a aplicação, no que couber, da Lei n. 7.783/89 ao setor público. Pela sua natureza jurídica de direito público subjetivo, o direito de greve sofre condicionamentos e

limitações, tanto sob o aspecto formal, quanto em face da natural colidência de direitos e princípios do sistema jurídico constitucional.

Sob o aspecto formal, é bom que se ressalte que a greve atualmente não é submetida pela lei a um ritual de formalidades burocratizadas , como o era ao tempo de vigência da Lei n. 4.330/64, estando atualmente

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submetida a duas ordens de exigências: legal e estatutária.

Quanto à exigências legais, ensina Amauri Mascaro Nascimento que ¿As formalidades básicas e que não podem ser descumpridas são as seguintes: a prévia tentativa de negociação ou a verificação da possibilidade de arbitragem (art. 3º); a convocação de assembleia geral pelo sindicato (art. 4º); a definição, pela assembleia, das reinvidicações da categoria (art. 4º); o aviso prévio de greve à entidade patronal correspondente ou aos empregados diretamente interessados, com antecedência mínima de quarenta e oito horas, nas atividades não essenciais , e de setenta e duas horas, nas atividades e serviços essenciais (arts. 3º, parágrafo único, e 13); neste último caso, extensivo o aviso aos usuários dos serviços¿ ( COMPÊNDIO DE DIREITO SINDICAL, LTr, 7ª edição, p.559).

Quanto à convocação da Assembléia Geral da categoria e o quórum necessário para instalação da sessão e aprovação da deflagração da greve, são assuntos de estrita competência do sindicato que, respeitando o princípio democrático e a garantia de livre manifestação das minorias, goza de ampla liberdade para defini ¿ los em seu estatuto.

No caso, conforme relatado, reputa ¿ se abusiva a greve pelos seguintes motivos; i ¿ não exaurimento dos canais de negociação; ii ¿ ausência de comunicação tempestiva da deflagração da greve; iii ¿ não

comprovação da aprovação da greve em Assembléia Geral; iv ¿ motivação política do movimento grevista; v -realização de ¿piquetes¿ violentos em frente às escolas impedindo a entrada de alunos e professores

contrários à greve.

Quanto ao primeiro fundamento, o art. 3º, da Lei de Greve, dispõe que ¿Frustrada a negociação ou verificada a impossibilidade de recursos via arbitral, é facultada a cessação coletiva do trabalho ¿ . Pelo que se extrai de uma interpretação literal do dispositivo, suficiente ao caso, a norma abstraída exige apenas uma prévia tentativa de negociação e não exige o exaurimento dos canais de negociação , como pretende fazer crer o autor.

No que tange à ausência de comunicação tempestiva da deflagração da greve, requisito previsto no art. 3º, § único , e 13, da Lei de Greve, não há como aferir sua ocorrência, tendo em vista que não há como o autor comprovar de plano que não fora notificado da deflagração da greve. No mais, pelo documento de fls. 32, consistente no ofício n. 045/2013, de 17 de setembro de 2013, constata ¿ se primo ictu oculli que o sindicato requerido informou sim, que em Assembléia Geral realizada no dia 16/09/2013, foi decidido em Assembléia Geral pela deflagração da greve na rede pública municipal no prazo de setenta e duas horas, no dia 19/09/2013, portanto.

Quanto à aprovação da greve pela Assembléia Geral, deve ¿ se advertir que não se encontra o sindicato obrigado a demonstrar previamente ao empregador a legitimidade do procedimento interno de convocação da Assembleia Geral e aprovação para a deflagração da greve ; exsurgindo tal obrigação apenas a posteriori se for requerido judicialmente a declaração de abusividade, como é o caso dos autos. Entretanto, não havendo prova nos autos de descumprimento de normas estatutárias, deve ¿ se oportunizar ao sindicato o direito de comprovar a regularidade da convocação da Assembléia Geral e a aprovação da greve; o que não se pode é presumir a inobservância de normas estatutárias com base exclusivamente na ausência de apresentação ao empregador das referidas atas, procedimento não imposto por lei ao sindicato para a deflagração da greve. Quanto à alegação de motivação política do movimento grevista, mister se faz assentar que tal definição necessariamente passa pela opção valorativa do intérprete quanto ao direito de greve como instrumento de luta política ou exclusivamente como sob o prima juslaboralisa. Aquele gerando um modelo político ¿ trabalhista, que dá realce às funções políticas do Sindicato, como ente legitimado [ao lado dos partidos políticos e outros entes da sociedade civil organizada] a influir nas decisões do Governo e promovendo modificações na estrutura política e econômica. Este restringindo a função da greve a instrumento de equilíbrio das forças contratuais, admitindo apenas pautas reinvidicatórias atinentes às questões de relação de emprego strito

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sensu. Entretanto, em face da total anemia probatória da inicial quanto à motivação político ¿ partidária do movimento, desnecessário nesta fase qualquer definição ideológica deste juízo quanto às teorias estática e dinâmica do direito de greve.

Em relação ao último argumento [realização de piquetes violentos em frente às escolas], apesar de não ser suficiente para a declaração initio litis da abusividade da greve, tenho que a pretensão de concessão de interdito proibitório encontra guarida no ordenamento jurídico.

De fato, o direito de greve, por ser direito, traz em sua ontologia a idéia de limitação e colidência com outros direitos. Neste sentido, dispõe o art. 6º, § 1º, da Lei de Greve que, ¿em nenhuma hipótese, os meios adotados por empregados e empregadores poderão violar ou constranger os direitos e garantias fundamentais de outrem¿.

Apesar da ociosidade do dispositivo, frente à imanente equipolência dos direito fundamentais num sistema pós ¿ positivista de normatividade dos princípios, a norma é importante para, num país de modernidade tardia como o Brasil em que é necessário provar o óbvio, fixar que nenhum direito é absoluto e que encontra natural limitação no direito do próximo.

De toda sorte, se ao exercer o direito de greve deve o sindicato respeitar os direitos e garantias fundamentais do próximo, trabalhador ou não, é evidente que se afigura abusiva a prática de ¿piquetes¿ violentos para impedir outros trabalhadores de trabalharem durante a greve. Tal prática, a meu ver, viola de plano o direito à livre locomoção (CF, art. 5º, XV), ao livre exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão (CF, art. 5º, XIII) e, o que reputo mais importante, à livre manifestação do pensamento daqueles que são contrários à greve (CF, art. 5º, IV).

De fato, considerando que direito de greve é titularizado e exercido pelos trabalhadores, ao Sindicato compete apenas declara ¿ la, não faze ¿ la, uma vez que só os trabalhadores de fato a podem exercer. Neste sentido ensina Amauri Mascaro Nascimento: ¿Lobo Xavier, em Iniciação ao Direito do Trabalho (1994), comentando a lei portuguesa ¿ nesse ponto semelhante à lei brasileira -, assim se posiciona: ¿Os sindicatos e organizações de trabalhadores podem decidir da greve, mas só os trabalhadores individualmente considerados a podem exercer. Assim se disse, já expressivamente, que os sindicatos não podem fazer a greve, mas apenas declará ¿ la. Com efeito, a greve decidida e não desconvocada pode afinal não se verificar. Se os

trabalhadores se negarem a acatar a ordem de greve do seu sindicato ou a acolher ao convite que a

organização sindical lhes está a dirigir, não se poderá falar com plena propriedade de situação de greve¿¿ (ob. Cit., p. 545).

Portanto, ao impedir o acesso de trabalhadores da categoria aos respectivos locais de trabalho, além de restringir o direito de liberdade do cidadão; impede a livre manifestação de descontentamento do trabalhador com a greve declarada por seu sindicato. Realmente, é direito do trabalhador descontente do comando grevista expressar seu descontentamento através da desconsideração da declaração de greve e livremente exercer seu trabalho.

Destarte, deve o Sindicato demonstrar sua força política através do aliciamento pacífico dos trabalhadores, alcançando a adesão às suas decisões pelo canal democrático do convencimento aos membros da categoria da legitimidade de suas propostas, jamais pela vis compulsiva de impedir o exercício do trabalho por aqueles descontentes com as diretrizes da cúpula sindical. Portanto, a ordem de interdito proibitório afigura ¿ se pertinente para evitar eventuais abusos do movimento grevista que, aparentemente, apresenta ¿ se como legítimo.

Outrossim, ad instar que a teor do art. 932 do CPC, para o deferimento da ordem de interdito, basta o justo receio do possuidor direto ou indireto, de ser molestado na sua posse, o que se afigura bastante plausível, e a história do sindicalismo demonstra, a possibilidade de turbação da posse, pela negativa de membros do sindicato de acesso aos prédios públicos por aqueles, tra balhadores da categoria ou não, que neles exercem suas funções. Nada obstante, não pode o desconto das astreintes ser feito no contra ¿ cheque dos grevistas, como quer o requerente, por se tratar de ato anti ¿ sindical não previsto em Lei.

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Isto posto, defiro em parte a tutela antecipada para, na forma do art. 273 e parágrafos do CPC, denegar a declaração liminar da abusividade da greve, frente à total ausência de comprovação de violação dos requisitos intrínsecos e extrínsecos ao exercício deste direito; e, na forma do art. 932, do CPC, conceder a ordem de interdito proibitório para proibir ao Sindicato ¿ réu que vede, limite ou impeça, por qualquer modo, o acesso de qualquer pessoa, trabalhadora ou não, mormente aqueles que não aderiram à greve, às escolas do município, pena de multa diária de R$ 10.000,00 (dez mil reais), sem prejuízo das sanções civis e penais cabíveis. Expeça ¿ se Mandado de Interdito Proibitório.

Cumprida a liminar, cite ¿ se o requerido para apresentar contestação no prazo legal, pena de confissão e revelia.

Ciência ao Ministério Público.

Igarapé ¿ Miri, 24 de setembro de 2013. Alan Rodrigo Campos Meireles, Juiz de Direito.

TRAMITAÇÕES

Documento Data Origem Destino Data Baixa

20130274377802 24/09/2013 GABINETE DA VARA

UNICA DE IGARAPE MIRI

SECRETARIA DA VARA UNICA DE IGARAPE MIRI

MANDADOS

Não há mandados cadastrados para este processo.

PROTOCOLOS

Não há protocolos cadastrados para este processo.

CUSTAS

Referências

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