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Artigo Original. Técnica endoscópica para colocação secundária de prótese vocal em pacientes laringectomizados

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Academic year: 2021

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1) Doutor em Medicina pelo Curso de Pós-graduação em Otorrinolaringologia e Cirurgia de Cabeça e Pescoço da Universidade Federal de São Paulo – Escola Paulista de Medicina. Cirurgião de Cabeça e Pescoço do Instituto de Angiologia de Goiânia, Goiânia/GO, Brasil.

2) Doutor em Medicina pelo Curso de Pós-graduação em Otorrinolaringologia e Cirurgia de Cabeça e Pescoço da Universidade Federal de São Paulo – Escola Paulista de Medicina. Chefe do Serviço de Cirurgia de Cabeça e Pescoço da Pontifícia Universidade Católica de Campinas – PUC-Campinas, Campinas/SP, Brasil.

3) Médico Assistente do Serviço de Cirurgia de Cabeça e Pescoço da Pontifícia Universidade Católica de Campinas – PUC-Campinas, Campinas/SP, Brasil. 4) Médico Residente do Serviço de Cirurgia de Cabeça e Pescoço da Pontifícia Universidade Católica de Campinas – PUC-Campinas, Campinas/SP, Brasil.

Instituição: Serviço de Cirurgia de Cabeça e Pescoço do Hospital e Maternidade Celso Pierro da Pontifícia Universidade Católica de Campinas e Instituto de Angiologia de Goiânia-GO. Correspondência: Claudiney Candido Costa, Rua Paracatu, Qd. 40, Lt. 05, Jardim Ana Lúcia – 74315-240 Goiânia,GO, Brasil. E-mail: orlccp@ig.com.br

Recebido em: 01/10/2008; aceito para publicação em: 06/01/2009; publicado online em: 10/03/2009. Conflito de interesse: nenhum. Fonte de fomento: nenhuma.

Artigo Original

Endoscopic technique for secondary prosthesis

placement in laryngectomized patients

RESUMO

ABSTRACT

Introdução: A primeira laringectomia total data de 1873 descrita

por Billroth, e foi acompanhada pela tentativa de reabilitação vocal com a prótese externa de Gussenbauer. Nos últimos anos as formas de reabilitação vocal evoluíram e a utilização da fístula traqueoesofágica com uma prótese valvulada foi proposta por Blom e Singer, em 1980. A colocação da prótese após a laringecto-mia é denominada de secundária e, apesar das evoluções referente à prótese vocal, a colocação secundária utilizando anestesia geral e esofagoscópio rígido pode levar a complicações como mediastinite, celulite cervical, fratura de vértebra cervical e perfuração esofágica. Objetivo: Apresentar técnica endoscópica

de passagem secundária dessa prótese. Métodos: Esse trabalho

foi realizado em 72 pacientes laringectomizados reabilitados com prótese vocal do tipo Blom-Singer Indwelling low pressure com

colocação secundária através de técnica cirúrgica por endoscopia digestiva alta e sedação com midazolan, no período de junho de 1999 a julho de 2006, dispensando o uso de anestesia geral e internação. Resultados: Todos os pacientes foram reabilitados

com a prótese tráqueo-esofágica, sem complicações relacionadas com a técnica cirúrgica. As vantagens dessa nova técnica em relação à convencional são: 1) dispensa a anestesia geral; 2) não é necessário internação do paciente; 3) menor riscos de complica-ções, como: hemorragia digestiva alta; mediastinite; fratura de vértebras cervicais; perfuração esofágica; 4) visibilização direta do posicionamento da prótese no esôfago.

Descritores: Fístula Traqueoesofágica. Voz Alaríngea.

Laringectomia. Endoscopia. Distúrbios da Voz. Procedimentos Cirúrgicos Otorrinolaringológicos.

Introduction: The first total laryngectomy was performed in 1873

by Billroth, and it was accompanied by the attempt of vocal rehabilitation with the Gussenbauer's external prosthesis. In the last years the techniques of vocal rehabilitation developed and the use of the tracheoesophageal fistula with a valvuled prosthesis was proposed by Blom and Singer in 1980. The placement of the prosthesis after laryngectomy is called secondary, and in spite of the evolutions regarding the vocal prosthesis, the secondary placement using general anesthesia and rigid esophagoscopy can take complications as mediastinitis, cervical cellulitis, fracture of cervical vertebra, and esophageal perforation. Objective: To

present an endoscopic technique for the secondary placement of such prosthesis. Methods: This work was accomplished in 72

patients undergone total laryngectomy and rehabilitated with Blom-Singer Indwelling low pressure vocal prosthesis with secondary placement through new surgical technique by digestive endoscopy and mitigation with midazolan, in the period from June, 1999 to July, 2006, releasing this way the use of general anesthesia and hospitalization. Results: All patients were rehabilitated with

tracheoesophageal prosthesis, without complications related with the surgical technique. The advantages of this new technique in relation to the conventional are: 1) releases the general anesthesia; 2) it is not necessary patient hospitalization; 3) smaller risks of complications as high digestive hemorrhage; mediastinitis; fracture of cervical vertebras; esophageal perforation; 4) direct visualization of the positioning of the prosthesis in the esophagus.

Key words: Tracheoesophageal Fistula. Speech, Alaryngeal.

Laryngectomy. Endoscopy. Voice Disorders. Otorhinolaryngologic Surgical Procedures.

1

Claudiney Candido Costa

2

José Francisco de Salles Chagas

3

Maria Beatriz Nogueira Pascoal

3

José Luís Braga de Aquino

3

Lílian Diniz Martins

4

Luiz Antônio Brandi Filho

Técnica endoscópica para colocação secundária

de prótese vocal em pacientes laringectomizados

INTRODUÇÃO

A laringectomia é um procedimento cirúrgico que traz conse-qüências físicas para o paciente, sendo as mais importantes a presença permanente do traqueostoma e a perda da voz, que interferem no relacionamento interpessoal levando a altera-ções psicológicas para o paciente e seus familiares. A reabilita-ção vocal antecede a primeira laringectomia realizada em 1873 por Theodore Billroth, pois a voz esofágica já era conhecida

desde 1828 para o tratamento de estenoses laringotraqueais 1,2

decorrentes de doenças como a tuberculose e a sífilis .

A primeira laringectomia total revolucionou o tratamento dos tumores da laringe e a forma de reabilitação vocal, pois Carl Gussenbauer utilizou uma prótese vocal externa que comunica-va o traqueostoma com o faringostoma, orifícios resultantes da

1 cirurgia .

Uma nova modalidade de reabilitação nos pacientes laringecto-mizados foi desenvolvida por Singer e Blom, em 1980, através

(2)

de uma prótese que permitia a passagem unidirecional do ar impulsionado pelos pulmões para o esôfago, fazendo vibrar o esfíncter esofagiano superior e a mucosa das estruturas localizadas acima deste, produzindo uma voz de boa qualidade

3

e com tempo de aprendizado pequeno . No Brasil, o uso da prótese traqueoesofágica é pouco difundido em decorrência, principalmente, do seu custo, do desconhecimento do procedimento cirúrgico e dos cuidados pós-operatórios pelos profissionais da área, além da falta de informações quanto às

4 vantagens que podem oferecer quando bem indicadas . Nesse estudo, a escolha da prótese Blom-Singer (Inhealth, International Healthcare Technologies, CA) baseou-se na comodidade para manipulação pelo próprio paciente, por apresentar válvula com baixa resistência ao fluxo respiratório

5

(3 – 5mmH20) , o que permite uma fala sem esforço e com maior fluência, substituição fácil em ambulatório e custo, para os pacientes, menor que as outras comercializadas no Brasil. Uma técnica endoscópica de colocação secundária da prótese, sem a necessidade de anestesia geral, internação do paciente e uso de sonda nasogástrica para a maturação da fístula traqueoesofágica é avaliada, considerando: complicações decorrentes da colocação da prótese: tempo necessário para a reabilitação vocal; e viabilidade da técnica.

MÉTODOS

Foram estudados 72 pacientes submetidos à laringectomomia total ou faringolaringectomia, com ou sem esvaziamento cervical e reconstrução do trânsito digestivo superior com retalho quando necessário, em decorrência de câncer de laringe ou hipofaringe. A laringectomia total foi indicada em um paciente que apresentou pneumonias aspirativas após hemiglossectomia e bucofaringectomia. Todos os pacientes eram provenientes do Serviço de Cirurgia de Cabeça e Pescoço do Hospital e Maternidade Celso Pierro da Pontifícia Universidade Católica de Campinas (HMCP PUCCAMP), Campinas/SP e do Instituto de Angiologia de Goiânia, Goiânia/GO. Foram reabilitados do ponto de vista vocal pela colocação de prótese tráqueo-esofágica do tipo Blom-Singer Indwelling Low Pressure Voice Prosthesis, após esclarecimen-to sobre vantagens e desvantagens em relação às outras formas de reabilitação vocal. A colocação da prótese foi realizada de junho de 1999 a julho de 2006. A população estudada foi composta por três pacientes do gênero feminino e 69 do masculino. Em relação à faixa etária, o paciente mais jovem tinha 23 anos e o mais idoso 81anos, com média de 64 anos e mediana de 60,5 anos.

Os pacientes receberam as informações referentes ao custo da prótese, outras técnicas de reabilitação vocal (voz esofágica, laringe artificial), vantagens e desvantagens em relação à prótese traqueoesofágica. Esse estudo foi realizado após ser avaliado e aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade Federal de São Paulo.

A escolha da forma de reabilitação vocal foi realizada pelo paciente após explicação minuciosa das formas de reabilita-ção. Os critérios de inclusão foram: paciente motivado; compreensão sobre o funcionamento da prótese; habilidade manual para manutenção da prótese e oclusão do traqueosto-ma; ausência de estenose do traqueostotraqueosto-ma; diâmetro do traqueostoma que pudesse ser ocluído; ausência de doenças mentais e de estenose importante do hipofaringe. Além desses

critérios, incluiu-se a possibilidade de aquisição da prótese tráqueo-esofágica pelo paciente.

A colocação secundária por endoscopia digestiva alta foi realizada com equipamento Vídeo Gastro Endoscópio Fujinon Eve Série 400 (Fujinon, Saitama, Japão) e monitor Sony Triniton Color. O procedimento era realizado na sala de endoscopia com o paciente na posição de decúbito dorsal sedado com 5mg de midazolan intravenoso e monitoramento da oxigenação com oxímetro de pulso. Após aplicação de duas

instilações de lidocaína spray a 10% no traqueostoma e na orofaringe do paciente, o endoscópio flexível era introduzido através da cavidade oral em direção ao esôfago até a identifica-ção deste, por transiluminaidentifica-ção, na parede posterior da traquéia (Figura 1).

Figura 1 – Identificação, por transiluminação, do local da punção na

parede posterior da traquéia.

Com uma agulha de 2,1mm de diâmetro por 5,1cm de compri-mento, realizava-se a punção na parede posterior da traquéia a meio centímetro abaixo da borda superior do traqueostoma (Figura 2). A perfuração da parede anterior do esôfago era facilmente identificada através do monitor conectado ao endoscópio (Figura 3).

Figura 2 – Punção traqueoesofágica a meio centímetro abaixo da borda

superior do traqueostoma.

Figura 3 – Identificação da ponta da agulha na luz do esôfago.

Através do lúmen da agulha, passava-se o cateter que era tracionado em direção à cavidade oral utilizando-se um pinça endoscópica de biópsia de estômago para sua apreensão (Figura 4).

(3)

Figura 4 – Cateter sendo tracionado por uma pinça de endoscopia

digestiva alta através do lúmen da agulha.

O cateter era fixado a uma sonda de aspiração número 12, utilizando fio de algodão número zero (Figura 5). Na outra extremidade da sonda, fixava-se a prótese tráqueo-esofágica (Figura 6).

Figura 5 – Cateter fixado na sonda de nelaton.

Figura 6 – Prótese vocal fixada na sonda de nelaton por três fios de

algodão número zero.

A sonda era tracionada pelo cateter da cavidade oral para o traqueostoma, até que a prótese fosse locada na fístula traqueoesofágica (Figura 7). Através da visão do monitor do endoscopista podia-se identificar o posicionamento da porção esofágica da prótese vocal (Figura 8).

O paciente recebia alta da sala de endoscopia após se recuperar da sedação promovida pela medicação. A alimenta-ção por via oral era liberada imediatamente após a colocaalimenta-ção da prótese e os pacientes retornavam no ambulatório de Cirurgia de Cabeça e Pescoço no terceiro e sétimo dias de pós-operatório, para avaliação de complicações que se relacionas-sem com a técnica de colocação da prótese. Os pacientes eram orientados a realizar limpeza da prótese tráqueesofágica com solução resultante da diluição de 3mL de nistatina oral em 10mL de soro fisiológico, instilada através do lúmen da prótese três vezes ao dia.

Figura 7 – Prótese vocal locada na fístula traqueoesofágica, visão

externa.

Figura 8 – Visão endoscópica da prótese traqueoesofágica (locada

no esôfago).

RESULTADOS

A prótese foi locada com sucesso em 70 (97,2%) dos 72 pacientes. O tempo do procedimento variou de sete a trinta minutos, com média de 12 minutos.

Em três pacientes, durante a tração da sonda de nelaton, a prótese escapou da sonda sendo resgatada utilizando a pinça de endoscopia, realizando-se nova fixação da prótese a sonda e locação na fístula tráqueo-esofágica. Em um paciente ocorreu sangramento no local da punção, que inviabilizou a colocação da prótese. Esse paciente havia recebido a prótese primaria-mente, porém, apresentou fístula faringocutânea, celulite e aspiração através da fístula, sendo necessária a retirada da prótese e encerramento da fístula tráqueo-esofágica. A outra falha na colocação utilizando a técnica de endoscopia digestiva ocorreu em um paciente que havia sido submetido a uma laringectomia horizontal com reconstrução por meio de cricohioideopexia seguida por totalização da laringectomia e radioterapia. Nesse paciente foi necessária a colocação da prótese vocal sob anestesia geral.

Dos pacientes que receberam a prótese, todos apresentaram capacidade de falar imediatamente após sua locação, receben-do alta da sala de enreceben-doscopia depois de melhorar da sedação promovida pelo midazolam. A alimentação oral foi liberada no mesmo dia da colocação da prótese.

No terceiro dia, após a colocação da prótese, um paciente apresentou mucosite no local da punção tráqueo-esofágica, que foi tratada com cuidados locais e antibioticoterapia por via oral, sem perder a capacidade de falar em nenhum momento.

DISCUSSÃO

A laringectomia total promove um profundo impacto na vida dos pacientes. A perda da laringe leva à ruptura abrupta da comuni-cação oral e da interação desses pacientes com outras

(4)

pessoas, resultando em mudanças importantes na vida social, econômica, familiar e psicológica do laringectomizado. Entre as repercussões psicológicas para o paciente laringectomiza-do, a mais dramática é a sensação de perda da voz. Entretanto, o acesso aos métodos de reabilitação, em especial às próteses

6 vocais, tem ajudado na superação dessa sequela .

Como os índices de sucesso, com a colocação secundária das 3 próteses, demonstraram reabilitação em 80 a 90% , várias modificações na técnica de colocação das próteses surgiram, entre as quais se destacou a colocação da prótese concomitan-te à laringectomia, denominada de colocação primária. Essa foi

7 realizada pela primeira vez por Maves & Lingeman em 1982 , que apresentaram estudo de onze pacientes submetidos à laringectomia total e colocação de prótese vocal do tipo Blom-Singer ou Panje no ato operatório, com reabilitação vocal em dez pacientes, em intervalo de duas a doze semanas após a cirurgia e média de 5,2 semanas.

Vários problemas e complicações têm sido relatados durante a colocação secundária, relacionados principalmente à dificulda-de dificulda-de atingir o local da punção tráqueo-esofágica com o esofagoscópio rígido, sendo representados por hemorragia digestiva alta resultante da ruptura de varizes esofágicas, abscesso paraesofágico, perfuração esofágica, mediastinite, mucosite, fratura de vértebra cervical e osteomielite quando há necessidade de uma força excessiva para introduzir o

esofa-8-11 goscópio rígido .

As dificuldades de atingir o nível no esôfago para a realização da punção tráqueo-esofágica estão relacionadas com a diminuição da extensão da região cervical após a laringectomia e radioterapia, osteoartrose da coluna cervical, presença de dentes na arcada dentária superior e traqueostoma baixo em

12

pacientes com pescoço longo . Na tentativa de superar esses problemas decorrentes das complicações resultantes do

12 posicionamento do esofagoscópio rígido, Rhys Evans utilizou uma pinça curva, denominada de fórceps para a punção tráqueo-esofágica, que era introduzida através da boca do paciente até o local da punção.

Em nosso estudo, um paciente apresentou hemorragia no local da punção, que impossibilitou a colocação da prótese, sendo solucionada com a colocação de uma cânula de traqueostomia com balonete (cuff). Esse paciente havia recebido a prótese primariamente, no pós-operatório apresentou fístula faringocu-tânea, celulite cervical e aspiração pela fístula tráqueo-esofágica, sendo necessária a retirada da prótese e encerra-mento da fístula. A punção a meio centímetro inferiormente à borda superior do traqueostoma, na linha média, a agulha penetra inicialmente a membrana e tecido conjuntivo da traquéia, posteriormente a parede muscular e mucosa do esôfago cervical. A linha média da parede posterior da traquéia é o local mais seguro para realizar-se a punção em relação aos riscos de complicações, como hemorragia e abscesso

para-13 esofágico .

Na colocação secundária da prótese vocal por endoscopia digestiva alta, não é necessário realizar extensão da cabeça e permite ao cirurgião, através da visão promovida pelo endoscó-pio, precisar o local da perfuração na parede anterior do esôfago diminuindo os riscos de lesar possíveis varizes esofágicas encontradas nesses pacientes, além de eliminar os riscos de complicações inerentes a utilização do esofagoscópio rígido. Assim como em nosso trabalho, outros autores apresen-taram a colocação da prótese vocal utilizando o esofagoscópio

14 flexível com as mesmas vantagens .

Na colocação, pela técnica proposta por nós, a prótese é locada imediatamente após a confecção da fístula, não havendo necessidade de manter uma sonda na mesma para que ocorra epitelização. A colocação da prótese por essa técnica foi realizada em pacientes após o décimo quarto dia de cirurgia, assim, optamos pela realização da colocação secundária da prótese, pois complicações advindas do procedimento cirúrgico terapêutico não interfeririam na

reabilitação vocal. Nas técnicas de colocações secundárias 14

com anestesia local apenas Bach et al. , assim como nós, não mantiveram uma sonda para que ocorresse a epitelização da fístula, locando a prótese imediatamente após sua confecção. Em uma série, foi encontrada uma incidência de espasmo faringo-esofágico de 12%, que ocorreu por estreitamento da luz faringo-esofágica durante o fechamento no intra-operatório da

9 musculatura constritora inferior da faringe .

Em outro estudo, referiu-se que traqueostoma implantado próximo do manúbrio, em pacientes com pescoço longo, dificultaria a colocação secundária da prótese com endoscópio rígido, porém, em nosso estudo, essa característica facilitou a colocação secundária da prótese e permitiu uma voz, com a prótese traqueoesofágica, com menor tensão da musculatura na região cervical dos pacientes, pois a implantação da prótese

12 ficava abaixo do músculo cricofaríngeo .

Em nosso estudo, complicações como mediastinite, fratura de vértebra cervical, perfuração esofágica não foram observadas; são complicações graves e estão relacionadas à técnica de

15 colocação secundária com endoscópio rígido .

Em outro estudo que avaliou o tempo para ao início da reabilita-ção vocal, na colocareabilita-ção primária, obteve-se intervalo que

7 variou de 14 a 84 dias após a cirurgia e média de 36,4 dias . Na colocação por endoscopia digestiva, todos os pacientes que receberam a prótese apresentaram produção de fala ainda na sala de endoscopia. Acreditamos que essa reabilitação vocal imediata deva-se ao fato de o endoscópio flexível utilizado diminuir o traumatismo na mucosa do esôfago, possibilidade do médico escolher o melhor momento na evolução clínica do paciente para realizar a reabilitação vocal e o fato do paciente logo após a colocação da prótese estar acordado para tentar a fala. O pequeno tempo entre a colocação da prótese e a reabilitação vocal é fator importante para motivação dos pacientes e familiares, facilitando o acompanhamento pelo

16

médico e fonoaudiólogo. Assim como outros , acreditamos que o objetivo principal da reabilitação vocal é o eficiente retorno do paciente o mais rápido possível ao seu estado social e econômi-co anterior à cirurgia.

As desvantagens da colocação secundária da prótese tráqueo-esofágica em relação à primária consistia na necessidade de nova internação do paciente e o fato do procedimento ser

3,4,11

realizado com o paciente em anestesia geral . Com a colocação secundária utilizando endoscopia digestiva alta, não há necessidade de submeter o paciente à anestesia geral ou internação do paciente, além de evitar sinergismo de complica-ções decorrentes dos procedimentos cirúrgicos terapêuticos, assim como procedimentos reconstrutivos.

Sendo o ser humano vocal em sua essência e apresentando, desde o nascimento, manifestações vocais intencionais de comunicação, parece-nos inconcebível que, após boa parte de sua vida contando com sua voz, como meio estrutural subjacen-te para comunicar-se, passe a subjacen-ter que conviver com a realidade de não mais possuir tal voz e, a partir daí, iniciar uma vida de

17

silêncio e, muitas vezes, de isolamento social . Sabemos que essa é a situação vivenciada por muitos brasileiros, principal-mente com idade a partir de 40 anos, portadores de câncer de laringe e hipofaringe, que necessitam realizar laringectomia total.

Os fatores de riscos implicados com a técnica de colocação da prótese vocal devem ser avaliados e minimizados pelo médico que se dispõe a trabalhar na reabilitação vocal dos laringectomi-zados e o fato de existir uma técnica de colocação da prótese que dispensa a anestesia geral e a internação diminuindo complicações próprias das técnicas consagradas deve ser divulgada e assimilada, cabendo a cada profissional e ao paciente decidir qual será utilizada.

CONCLUSÕES

(5)

digestiva alta da prótese tráqueo-esofágica: 1) a anestesia geral foi substituída pela sedação dos pacientes; 2) não houve necessidade de internação; 3) complicações decorrentes da colocação não inviabilizaram o sucesso do método. 4) visibilização direta do posicionamento da prótese no esôfago; 5) todos os pacientes que receberam a prótese apresentaram reabilitação vocal imediatamente, ainda na sala de endoscopia.

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