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PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO RIO DE JANEIROJUÍZO DE DIREITO DO XI JUIZADO ESPECIAL CÍVELProcesso n Autora: Dorvalina Rosa da

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PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO RIO DE JANEIROJUÍZO DE DIREITO DO XI JUIZADO ESPECIAL CÍVELProcesso n° 2007.800.118332-6Autora: Dorvalina Rosa da SilvaRéu: Ricardo Perez CruzPROJETO DE SENTENÇAA autora alega, em síntese, que o réu, na qualidade de corretor de imóveis, ofereceu o imóvel descrito na inicial, a titulo de compra, tendo manifestado o interesse na aquisição. Esclarece que o preço ajustado para alienação do imóvel, foi de R$ 57.000,00 ( cinqüenta e sete mil reais ), sendo que no ato da assinatura da proposta de venda, que deveria ocorrer em 13.04.07, deveria pagar ao réu, a quantia de R$ 6.000,00 ( seis mil reais ), a título de sinal, e o restante do preço, no momento da lavratura da Escritura Pública que atestaria a aquisição, arcando, ainda, as despesas com a obtenção de certidões negativas, lavratura e ITBI. Afirma que não obstante o ajustado, no momento da assinatura da proposta, além de pagar a quantia convencionada a título de sinal pelo preço do imóvel, teve ainda que arcar com o preço de R$ 850,00 ( oitocentos e cinqüenta reais ), a título de despesas, para obtenção de certidões negtivas. Informa que em 18.04.07, quando compareceu perante o Cartório, para assinar Escritura de Compra e Venda do referido imóvel, teve ainda que pagar a quantia de R$ 2.150,00 ( dois mil cento e cinqüenta reais ), a título de serviços cartorários, certidões, e imposto de transmissão. Acrescenta que após ter pago esse preço, foi informado que apenas poderia ser lavrada Escritura de Cessão de Direitos Hereditários, que poderia ser pré-notada, no Registro de Imóveis da circunscrição do referido imóvel, que estava em Inventário. Requer a rescisão do contrato de compra e venda, cumulada com a restituição da quantia paga, além de compensação por danos morais.Em contestação, o réu argüi as preliminares de incompetência funcional do Juízo, em razão do valor da causa e inépcia da inicial, pois o valor do contrato é de R$ 57.000,00 ( cinqüenta e sete mil reais ), extrapolando o teto máximo previsto, além do que a autora não elencou

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entre os pedidos formulados na inicial, a declaração de nulidade do contrato celebrado, dotando de incoerência os demais pedidos, não havendo ainda, qualquer causa que justifique o pedido de dano moral. No mérito, sustenta que foi procurado pela autora que pretendia adquirir um imóvel cujo preço estivesse no âmbito de suas possibilidades financeiras. Esclarece que por conta de sua avançada idade, a autora foi acompanhada por suas filhas e parentes, que a auxiliaram na escolha do imóvel. Afirma que todas as informações necessárias a realização do negócio jurídico foram prestadas adequadamente. Informa que autora estava plenamente ciente acerca da situação jurídica do imóvel, conforme se infere pelos documentos acostados aos autos. Acrescenta que o negócio jurídico se desenvolveu dentro da plena lisura, tendo a autora arcado com as despesas necessárias, para a sua concretização, sendo descabida a pretensão autoral.É O RELATÓRIO. PASSO A DECIDIR.Rejeito a preliminar de incompetência funcional do Juízo, em razão do valor atribuído á causa, pois, o valor considerado para efeitos de competência dos Juizados Especiais Cíveis, se traduz naquele imediatamente objetivado pelo autor.Dessa forma, considerando que a autora objetiva indenização, cujo valor não extrapola a quantia de R$ 14.000,00 ( quatorze mil reais ), não há que se falar em incompetência deste Juízo, para apreciar a questão.Rejeito a preliminar de inépcia da inicial, pois o réu apresentou contestação escrita nos legítimos limites conferidos pelos princípios do contraditório e da ampla defesa, não estando identificada qualquer ininteligilidade na relação jurídica deduzida na inicial, devendo ainda ser ressaltado, que para efeitos de intepretação do pedido inicial, recomenda-se àquela abrangente e teleológica.No mérito, a hipótese é de ação de procedimento especial, na qual a autora objetiva rescisão de contratual, cumulada com indenização, estando a questão disciplinada pelos artigos 422 e seguintes do Código Civil.Depreende-se pelo documento de fl. 08, traduzido em proposta de

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compra, que o imóvel descrito na inicial foi oferecido à autora, como objeto lícito da mencionada proposta de aquisição definitiva de sua propriedade. Seus delineamentos, traduzidos em verdadeiras disposições contratuais, não deixam dúvidas que a proposta refere-se a contrato preliminar de principal de compra e venda, no qual a autora deveria pagar o sinal de R$ 6.000,00 (seis mil reais ), ajustado o preço para venda, em R$ 57.000,00 (cinqüenta e sete mil reais ), além de despesas cartorárias, com impostos e certidões, ficando ressaltado que sobre o imóvel não recaíam qualquer gravame, estando livre e desembaraçado de qualquer ônus. Assim, conclui-se que a autora celebrou o referido negócio jurídico, crendo que se tratava de uma compra e venda, não concretizada porque no momento da lavratura da Escritura definitiva, foi informada que o imóvel integrava processe de Inventário de bens, condição confirmada pelo réu, ao prestar informações perante este Juízo, ressalvando que tal informação havia sido prestada à autora.Seguramente o réu não informou á autora que o imóvel estava sendo inventariado, bastando para tanto, atentarmos para o documento de fl. 08, traduzido no contrato preliminar de compra e venda, cujo conteúdo atestava que o imóvel estava livre e desembaraçado de qualquer ônus, constando, inclusive, preço de venda.Ficou igualmente evidente que a autora desistiu do referido negocio jurídico, quando tomou ciência da real situação jurídica do imóvel, quando já estava no Cartório, momento em que foi informada que somente poderia ser lavrada Escritura de Cessão de Direitos Hereditários, conforme declarações prestadas perante este Juízo, ratificando suas alegações iniciais, estando em consonância com o conjunto probatório carreado nestes autos.Assim, conclui-se que o réu agiu com dolo, ao omitir a real situação jurídica do imóvel, tão somente para objetivar lucro com o negócio, ferindo o princípio da boa-fé objetiva e função social do contrato, que não pode atender aos interesses particulares, de um ou ambos os contratantes,

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mas de toda a coletividade.Tal motivo, autoriza a rescisão do negócio jurídico preliminar daquele principal que deveria ser de compra e venda, sem qualquer ônus para a autora, que ainda faz jus a restituição de todo a quantia paga, traduzida em R$ 9.000,00 (nove mil reais ), referentes ao pagamento do sinal, além de despesas cartorárias, conforme confirmado pelo réu em sua contestação, e causalidade dos pagamentos, atrelados ao negócio jurídico rescindido. No que se refere ao dano moral, leciona o Ilustre Desembargador e Professor SÉRGIO CAVALIÉRI FILHO em sua obra ´Programa de Responsabilidade Civil´, editora Malheiros, p. 95: ´Dano moral, à luz da Constituição vigente, nada mais é do que violação do direito à dignidade (...). Este é , pois, o novo enfoque constitucional pelo qual deve ser examinado o dano moral, já que começou a ser assimilado pelo Judiciário, conforme se constata do aresto a seguir transcrito : ´Qualquer agressão à dignidade pessoal lesiona a honra, constitui dano moral e é por isso indenizável. Valores como a liberdade, a inteligência, o trabalho, a honestidade, aceitos pelo homem comum, formam a realidade axiológica a que todos estamos sujeitos. Ofensas a tais postulados exige compensação indenizatória.´ ( Ap. Cível 40.541, rel. Des. Xavier Vieira,. in ADCOAS144.749 ) É certo ainda que nas relações de consumo o dano moral não se configura apenas como lesão de sentimento, mas como forma de ressarcir a falta de cuidado com o consumidor, e prevenir situações semelhantes no futuro. O montante indenizatório deve considerar o que consta dos autos, não se olvidando do caráter pedagógico ressarcitório da condenação. A razoabilidade está contemplada, ante as conseqüências do fato e a duração do evento. Deve-se levar em conta, ainda, o fato de autora estar em débito com seu cartão de crédito, as condições sócio-econômicas das partes, e ser fixado em patamar capaz de produzir no causador do dano impacto bastante para dissuadi-lo de igual e novo atentado. Tendo em vista tais fatos e considerando que o valor pretendido pelo autor é

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exagerado, sendo certo que o mesmo não provou outras repercussões negativas de maior intensidade, ônus que lhe incumbia, tenho que a importância de R$ 1.500,00 ( hum mil e quinhentos reais ) é razoável ao episódio narrado. Isso posto, julgo procedente, em parte, o pedido para :a) Rescindir o contrato preliminar firmado entre as partes, sem qualquer ônus para a autora ;b) Condenar a réu a restituir à autora, a quantia de R$ 9.000,00 ( nove mil reais ), devidamente corrigida com base nos índices oficiais da CGJ desde o seu desembolso, acrescidas dos juros legais, a partir da citação, a título de dano material ;c) Condenar a ré a pagar à autora, a quantia de R$ 1.500,00 ( hum mil e quinhentos reais) a título de danos morais , acrescida de correção monetária com base nos índices oficiais da CGJ e juros de mora de 1% ao mês, a partir da publicação da presente. Sem custas e honorários advocatícios, na forma do artigo 55 da Lei n° 9.099/95. P.R.I. Certificado o trânsito em julgado, dê-se baixa e arquive-se.Cientes as partes do disposto no art. 52, inciso IV da Lei n° 9.099/95, quanto à necessidade de cumprimento voluntário da sentença, sob pena de penhora, dispensada nova citação.Ficam, ainda, as partes intimadas de que em se tratando de sentença condenatória ao pagamento de quantia certa, o prazo previsto no art. 475-J do CPC, para incidência da multa ali prevista ( 10%), contar-se-á do trânsito em julgado.Cientes as partes de que decorridos 180 dias da data do arquivamento definitivo os autos processuais serão eliminados, nos termos do artigo 1° do Ato Normativo Conjunto 01/2005, publicado no DORJ de 07/01/05.Rio de Janeiro, 07 de outubro de 2008.Alexandre Wagner de Souza Juiz LeigoProjeto de sentença sujeito à homologação pelo MM. Dr. Juiz de Direito.SENTENÇAHomologo o projeto de sentença acima apresentado, na forma do art. 40 da Lei nº 9099/95. Juiz de Direito

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