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CPM - Programa de Certificação de Pessoal de Manutenção
Instrumentação
Procedimento de Segurança
e Higiene do Trabalho
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2 Companhia Siderúrgica de Tubarão
Procedimento de Segurança e Higiene do Trabalho - Instrumentação
© SENAI - ES, 1999
Trabalho realizado em parceria SENAI / CST (Companhia Siderúrgica de Tubarão)
SENAI - Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial
CETEC-AF – Centro de Educação e Tecnologia Arivaldo Fontes Departamento Regional do Espírito Santo
Av. Marechal Mascarenhas de Moraes, 2235 Bento Ferreira - Vitória - ES.
CEP 29052-121
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CST - Companhia Siderúrgica de Tubarão Departamento de Recursos Humanos
AV. Brigadeiro Eduardo Gomes, s/n, Jardim Limoeiro - Serra - ES. CEP 29160-972
Telefone: (027) 348-1286 Telefax: (027) 348-1077
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Sumário
Segurança e Higiene do Trabalho... 05
• Introdução ... 05
Acidente do Trabalho ... 06
• Definição ... 06
• Por que o Acidente do Trabalho deve ser evitado ... 07
• Identificação das Causas do Acidente ... 08
• Classificação do Acidente... 11
• Padrão Operacional... 12
Equipamento de Proteção... 13
• Introdução ... 13
• Equipamento de Proteção Coletiva... 13
• Equipamento de Proteção Individual ... 14
Riscos Ambientais... 21
• Introdução ... 21
• Classificação dos Riscos ... 21
• Fatores que Colaboram para que os Produtos ou Agentes causem danos à Saúde ... 22
• Vias de Entrada dos Materiais Tóxicos no Organismo... 23
• Riscos Químicos... 24
• Riscos Físicos... 26
• Riscos Biológicos... 28
• Principais Medidas e Controle dos Riscos Ambientais... 29
• Medidas Relativas ao ambiente ... 29
• Medidas Relativas ao pessoal ... 31
Riscos de Eletricidade... 33
• Introdução ... 33
• O que é Eletricidade ... 33
• Lei de OHM ... 34
• Efeitos da Corrente Elétrica ... 35
• Principais Sintomas Causados pelo Choque ... 36
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• Medidas Preventivas em Instalações Elétricas ... 39
• Aterramento Elétrico ... 40
Noções Básicas de Demarcações de Segurança ... ...41
• Introdução... ...41
• Cores e Sinalização na Segurança do Trabalho...41
Noções Básicas de Combate à Incêndio.. ... ...49
• Princípios Básicos do Fogo... ...49
• Condições Propícias para a Combustão ... ...52
• Combustão ... ...56
• Combate à Incêndio... ...66
• Tipos de Equipamentos para Combate à Incêndios...69
Primeiros Socorros ... ...79
• Introdução... ...79
• Material necessário para Emergência... ...80
• Ferimentos... ...81 • Hemorragias ... ...85 • Queimaduras ... ...88 • Choque Elétrico ... ...89 • Calor ... ...90 • Frio ... ...92 • Estado de Choque ... ...93 • Desmaios... ...94 • Convulsão... ...95 • Intoxicações e Envenenamentos ... ...96 • Corpos Estranhos ... ...98
• Fraturas e Lesões de Articulação ... ...99
• Acidentes por Animais Peçonhentos... ...101
• Parada Cardíaca - Massagem Cardíaca ...103
• Parada Respiratória - Respiração Artificial ...105
• Resgate e Transporte de Pessoas Acidentadas...107
Controle Ambiental ...115 • Meio Ambiente...115 • Poluição...115 • Controle Ambiental na CST ...118 • Padronização Ambiental ...118 • Responsabilidade Ambiental ...119
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Segurança e Higiene do Trabalho
Introdução
É sabido que o brasileiro, tradicionalmente, não se apega à Prevenção, seja ela de acidentes do trabalho ou não.
A nossa formação escolar não nos enseja qualquer contato com técnicas de Prevenção de Acidentes, nem ao menos com a sua necessidade. Assim, até o nosso ingresso no mercado de trabalho e, assim mesmo, dependendo do setor de atividade e, pior ainda, da empresa em que trabalharemos, é que teremos o primeiro contato com a Prevenção de Acidentes, isso, já na idade adulta!
Na verdade, embora de forma precária, a única vez em que normalmente temos alguma noção de prevenção é no lar, através da mãe, ao nos puxar a orelha, dar-nos umas palmadas por alguma travessura, mas, incoerentemente, é, também, no próprio lar que somos desafiados, pela primeira vez, a demonstrar coragem, praticando o Ato Inseguro, juntamente, pelo próprio pai.
Daí, a grande necessidade que a empresa moderna tem de aplicar recursos, investir em treinamento, em equipamentos e em métodos de trabalho para incutir em seu pessoal o Espírito Prevencionista e, através de técnicas e de sensibilização, combater em seu meio o Acidentes do Trabalho que, conforme tem sido demonstrado, atinge forte e danosamente a Qualidade, a Produção e o Custo.
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Definição
O Acidente é toda e qualquer ocorrência imprevista e indesejável, instantânea ou não, que provoca lesão pessoal ou de que decorre risco próximo ou remoto dessa lesão. Se tal ocorrência estiver relacionada com o exercício do trabalho, estará, então, caracterizado o Acidente de Trabalho. Trocando o conceito em miúdos:
A ocorrência é imprevista por não ter um momento pré-determinado (dia ou hora) para acontecer. É preciso distinguir previsto/imprevisto de previsível/imprevisível.
O "previsto" significa programa, enquanto o "previsível" sugere possibilidade. Assim, pode-se dizer que o acidente é previsível em função de circunstâncias (uma escada de degraus defeituosos, um mecânico esmerilhando sem óculos, por exemplo), isto é, existe a possibilidade, clara, de ocorrer o acidente. No entanto, a ocorrência não está prevista, por não estar programada.
O indesejável, é óbvio, é por não se querer o acidente. Daí, se alguém, intencionalmente, joga, por exemplo, um alicate contra outro e o atinge, caracteriza-se o acidente, apesar de o indivíduo ter desejado atingir o outro. Isso se dá porque a ocorrência é caracterizada em função da vítima (ou vítima potencial) e é claro que ela não queria ser atacada.
O "instantânea ou não" faz a diferença entre o acidente típico, como o conhecemos (queda, impacto sofrido, aprisionamento, etc.) e a doença ocupacional ou do trabalho (asbestose, saturnismo, silicose, etc.). Esclarecendo: o acidente propriamente dito é a ocorrência que tem conseqüência (lesão) imediata em relação ao momento da ocorrência (queda = fratura, luxação, escoriações). A Doença Ocupacional é conseqüência mediata em relação à exposição ao risco (exposição ao vapor de chumbo hoje, saturnismo após algum tempo).
O acidente, não implica, necessariamente em lesão, podendo ficar somente no risco de provocá-la (acidente sem vítima). Assim, a queda de uma marreta, por exemplo, é o acidente que pode ser com vítima (provoca lesão) ou sem vítima (não atinge ninguém). A ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas), em sua NB 18 (Norma Brasileira no 18) focaliza o acidente sob os seguintes aspectos:
Tipo: Classifica o acidente quanto à sua espécie, como Impacto de Pessoa Contra (que se aplica aos casos em que a lesão foi produzida por impacto do acidentado contra um objeto parado, exceto em casos de queda); Impacto Sofrido (o movimento é de objeto);
Queda com Diferença de Nível (ação da gravidade, com o objeto de contato estando
abaixo da superfície em que se encontra o acidentado); Queda em Mesmo Nível (movimentado devido à perda de equilíbrio, com o objeto de contato estando no mesmo nível ou acima da superfície de apoio do acidentado); Atrito ou Abrasão;
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Por que o Acidente do Trabalho deve ser evitado
Sob todos os ângulos em que possa ser analisado, o acidente do trabalho apresenta fatores altamente negativos no que se refere ao aspecto humano, social e econômico, cujas conseqüências se constituem num forte argumento de apoio a qualquer ações de controle e prevenção dos infortúnios ocasionais.
Aspecto Humano
Bastaria a consulta as estatísticas oficiais, que registram os acidentes que prejudicam a integridade física do empregado, para conhecimento do grande índice de pessoas incapacitadas para o trabalho e de tantas vidas truncadas, tendo como conseqüência a desestruturação do ambiente familiar, onde tais infortúnios repercutem por tempo indeterminado.
Aspecto Social
Em referência a este aspecto, vamos analisar o acidente do trabalho e suas conseqüências sociais, visando a estes dois aspectos:
• o acidente do trabalho como efeito;
• o acidente do trabalho como causa.
Pode-se considerar o acidente do trabalho como efeito quando ele resulta de uma ação imprudente ou de condições inadequadas, isto é, quando ele resulta de uma inobservância das normas de segurança; pode-se considerá-lo como causa quando se tem em vista as conseqüências dele advindas.
Como se deduz, são imensuráveis, em termos de extensão e proporção, as conseqüências dos acidentes do trabalho. Mas, o importante diante de todos os aspectos que possam ser apresentados, é que as pessoas se inteiram dessa realidade, interessando-se pela aplicação correta das medidas de prevenção do acidente, para não se tornarem vítimas do mesmo.
Aspecto Econômico
Um dos fatores altamente negativos, resultante dos acidentes do trabalho, é o prejuízo econômico cujas conseqüências atingem ao empregado, a empresa, a sociedade e, em uma concepção mas ampla, a própria nação.
Quanto ao empregado, apesar de toda a assistência e das indenizações recebidas por ele ou por seus familiares através da Previdência Social, no caso de acidentar-se, os prejuízos econômicos fazem-se sentir na medida em que a indenização não lhe garante necessariamente o mesmo padrão de vida mantido até então. E, dependendo do tipo de lesão sofrida, tais benefícios, por melhores que sejam, não repararão uma invalidez ou a perda de uma vida.
Na empresa, os prejuízos econômicos derivados dos acidentes variam em função da importância que ela dedica à prevenção de acidentes. A perda ainda que de alguns
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danificação de máquinas, equipamentos, perda de materiais etc. Outro tipo de prejuízo econômico refere-se ao acidente que atinge o empregado, variando as proporções quanto ao tempo de afastamento do mesmo, devido à gravidade da lesão.
As conseqüências podem ser, dentre outras: a paralisação do trabalho por tempo indeterminado, devido à impossibilidade de substituição do acidentado por um elemento treinado para aquele tipo de trabalho e, ainda, a influência psicológica negativa que atinge os demais empregados e que interfere no rítmo normal do trabalho, levando sempre a uma grande queda da produção.
Em termos gerais, esses são alguns fatores que muito contribuem para os prejuízos econômicos tanto do empregado quanto da empresa.
Identificação das Causas do Acidente
É fundamental que se entenda que a busca da causa de um acidente não tem, absolutamente, o objetivo de punição, mas, sim, o de encontrar a partir das causas, as medidas que possibilitem impedir ocorrências semelhantes.
A causa do acidente pode estar em fatores hereditários (herança sangüínea) ou de meio-ambiente (cultura). Pode, também, originar-se de falha pessoal. Clareando: a Hereditariedade, processo de transmissão de características físicas e mentais dos ascendentes (pais, avós, etc.) para os descendentes (filhos, netos, etc.), quando o ambiente é propício, manifesta-se sob a forma de fobias, principalmente as claustrofobia ( medo de lugares fechados), acrofobia (medo de altura), etc., e de outras formas. Tal manifestação interfere na formação do homem, dando oportunidade ao afloramento das falhas pessoais (atitudes impróprias, inadequadas, por exemplo: imprudência, negligência, exibicionismo, insubordinação, etc.).
A falha pessoal, por sua vez, leva o homem a cometer Atos Inseguros ou criar/permitir Condições Inseguras.
Resumindo: o acidente tem origem nos antecedentes hereditários e no meio-ambiente da primeira infância do homem. As características indesejáveis, herdadas (hereditariedade) ou adquiridas (meio-ambiente) manifestam-se através da falha pessoal que, por sua vez, induz o homem a criar ou permitir a condição insegura e/ou praticar o ato inseguro, que são as causas aparentes do acidente que pode, ou não, resultar em lesão pessoal.
Para esclarecer, imaginemos uma situação: a companhia admite um novo empregado que terá a ocupação de escarfador. O candidato selecionado é jovem e a CST é sua primeira empresa. Até então, trabalhará no quiosque do pai, na praia de Camburi, o dia todo, à vontade, de sunga, vez por outra tomando uma aguinha de coco, enquanto inspecionava biquínis e similares. Pois bem, esse rapaz começa a trabalhar na CST e, após treinamento, se vê todo equipado para o trabalho; possivelmente, não se adaptará, sentir-se-á agoniado, preso: A SITUAÇÃO É MUITO DIFERENTE E A
_________________________________________________________________________________________________ Ato Inseguro
O Ato Inseguro é a desobediência a um procedimento seguro, comumente aceito. Não é necessariamente a desobediência a norma ou procedimento escrito, mas também àquelas normas de conduta ditadas pelo bom senso, tacitamente aceitas. Na caracterização do Ato Inseguro cabe a seguinte questão: nas mesmas circunstâncias uma pessoa prudente agiria da mesma maneira?
Um exemplo: não se conhece nenhuma norma escrita que oriente para não se segurar, na palma da mão, um ferro elétrico aquecido, porém, se alguém o fizer, estará cometendo um Ato Inseguro.
O Ato Inseguro ocorre em três modalidades: Omissão: A pessoa Não Faz o que deveria fazer. Exemplo: Deixar de impedir equipamento.
Comissão: A pessoa faz o que Não Deveria Fazer
Exemplo: Operar equipamento sem estar capacitado e/ou autorizado.
Variação: A pessoa faz algo De Modo Diferente do que deveria fazer.
Exemplo: Para "encurtar caminho", salta da plataforma em lugar de descer pela escada.
É claro que a "Omissão" implica em existência/conhecimento de norma/procedimento específico. Quanto às "Comissão" e "Variação", a desobediência pode ocorrer ao próprio bom senso, não, necessariamente a normas/procedimentos/instruções.
Condição Insegura
A Condição Insegura são as condições de ambiente, cuja correção não são da alçada do acidentado. A Condição Insegura compreende máquinas, equipamentos, materiais, métodos de trabalho e deficiência administrativa.
Para efeito de maior clareza, podemos classificar a condição insegura em quatro classes:
Mecânica: máquina/ferramenta/equipamento defeituoso, sem proteção, inadequado, etc.
Física: "Lay-out" (arrumação, passagens, espaço, acesso, etc.). Ambiental: Ventilação, iluminação, poluição, ruído, etc.
Método: Procedimento de Trabalho inadequado, padrão inexistente, processo perigoso, método arriscado, supervisão deficiente, etc.
A Condição Insegura ocorre, também, em três modalidades, todas elas, derivadas das posições de comando:
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feito.
Exemplo: Deixar de reparar escada defeituosa. Permitir práticas inseguras.
Imperícia: derivada da falta de conhecimento/experiência específica. Mandar Fazer sem Estabelecer Procedimento
Exemplo: Não fixar padrão/procedimento de trabalho.
Imprudência: Mandar fazer de forma diferente do estabelecido. Exemplo: Mandar improvisar ferramenta.
É importante frisar que a Condição Insegura e Ato Inseguro são a causa final de um acidente, ou seja, a ação que deflagrou a ocorrência, a "gota d'água" que fez transbordar o conteúdo do copo, mas outros fatores concorreram para a ocorrência e esses fatores, "as causas de causa" precisam ser identificadas para a prevenção. Daí, a importância de estudar as "Hereditariedade e Meio-Ambiente" (muito difícil para a indústria comum) e as "Falhas Pessoais", estas mais visíveis, a partir das convivência e observação. Aliás, as convivência e observação precisam ser valorizadas. A observação é tão importante que a sua negligência tem o poder de alterar o Ato Inseguro para a Condição Insegura. É verdade, a norma diz que se um ato inseguro vem sendo cometido repetidas vezes, por tempo suficiente para ter sido "observado" e "corrigido" e não é, deixa de ser Ato para ser Condição Insegura, enquadrando-se como "Negligência" da supervisão.
Classificação do Acidente
O acidente pessoal, em termos de gravidade da lesão que provoca, é classificado de duas maneiras:
1º Se o acidente provoca lesão tal que impeça o acidentado de retornar ao trabalho, em suas funções, no dia imediato ao da ocorrência, ele é dito Com Lesão, Com Afastamento, o conhecido CPT (Com Perda de Tempo). Mesmo que o acidentado possa trabalhar, em suas funções, no dia seguinte ao da ocorrência, a lesão pode ser classificada de "Com Afastamento" (CPT), desde que dela resulte uma incapacidade permanente, por exemplo, a perda de uma falange (nó) de um dedo.
2º Se a lesão decorrente do acidente não impede o acidentado de trabalhar no dia seguinte ao da ocorrência, temos o conhecido SPT (Sem Perda de Tempo), oficialmente classificado de Lesão Sem Afastamento.
É importante frisar que tal classificação se refere unicamente à gravidade da lesão e do acidente. Podemos ter acidentes até mesmo impessoais de alta gravidade.
Padrão Operacional
É o estabelecimento do método correto e, consequentemente, seguro de execução do trabalho. Fundamentado no conhecimento do trabalho, exige constante