• Nenhum resultado encontrado

Resistência de genótipos de batata ao vírus Y

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Resistência de genótipos de batata ao vírus Y"

Copied!
6
0
0

Texto

(1)

Resistência de genótipos de batata ao vírus Y

Julio Daniels; Arione da Silva Pereira

(Embrapa Clima Temperado, C. P. 403, 96001-970 Pelotas, RS) RESUMO

O vírus Y da batata (Potato virus Y - PVY) é uma das principais causas da degenerescência da batata no Brasil. Com o objetivo de determinar, nas condições do Rio Grande do Sul, a resistência de campo de genótipos de batata à infecção pelo PVY, testaram-se, na presença de infectores, durante três plantios consecutivos de primavera, 20 cultivares e clones de batata. A detecção de PVY foi efetuada através de testes sorológicos (DAS-ELISA). Conforme a taxa de infecção, os genótipos foram separados em quatro grupos pela análise de agrupamento, conforme o método de Scott & Knott (1974), sendo os materiais classifi cados da seguinte forma: Asterix, Astrid, Catucha, Cristal, Macaca, Monte Bonito, A-1139-12-92, C-1226-35-80 e C-1714-7-94, resistentes (R); Baronesa, Santo Amor, Monalisa, Panda e 2CRI-1149-1-78, resistentes intermediários (RI); Bintje, Atlantic, Elvira e Araucária, suscetíveis (S); e Achat e Eliza, muito suscetíveis (MS). Os grupos MS e S diferiram significativamente (P = 0,05) dos grupos RI e R.

Palavras chave: Solanum tuberosum L., Potato virus Y , PVY. ABSTRACT

Resistance of potato genotypes to Potato virus Y.

Potato virus Y (PVY) is considered one of the main causes of potato degenerescence in Brazil. For determining the field resistance of potato genotypes to PVY, in Rio Grande do Sul state, 20 lines and cultivars were tested during three consecutive spring cropping seasons. PVY detection was performed by serological tests (DAS-ELISA). According to the virus infection, the genotypes were separated in groups by the grouping analysis, through the method of Scott & Knott (1974), and were classified as follows: Asterix, Astrid, Catucha, Cristal, Macaca, Monte Bonito, A-1139-12-92, C-1226-35-80 and C-1714-7-94, resistant (R); Baronesa, Santo Amor, Monalisa, Panda and 2CRI-1149-1-78, intermediate resistant (IR); Bintje, Atlantic, Elvira and Araucária, sus ceptible (S); and Achat and Eliza very susceptible (VS). The VS and S groups differed significantly (P = 0,05) from the IR and R groups.

Keywords: Solanum tuberosum L., Potato virus Y, PVY.

Para que o cultivo de batata atinja alta produtividade, a sanidade das lavouras é fundamental. Nas principais regiões produtoras de batata do país, a batata-semente degenera

(2)

principal razão desse problema a infecção por vírus, com destaque para o vírus do enrolamento da folha da batata (Potato leafroll virus - PLRV) e para o vírus Y da batata (Potato virus Y - PVY) (Daniels, 1995). Este fato faz com que o custeio da lavoura de batata seja muito elevado, pois as ´sementes’ representam de 30 a 50% do seu valor, aumentando consideravelmente o custo de produção. Por outro lado, principalmente os produtores do segmento da agricultura familiar não fazem a renovação das ´sementes’ com a freqüência necessária, e utilizam para o plantio tubérculos com altos índices de infecção por viroses, resultando em baixas produtividades.

A infecção pelo PVY em lavouras de batata de Minas Gerais e de São Paulo vem crescendo em importância (Figueira, 1995; Souza -Dias, 1995) e, mesmo no Rio Grande do Sul, onde a incidência deste vírus era praticamente nula (Daniels & Castro, 1984), o problema vem aumentando consideravelmente (Daniels, 1996).

As estirpes de PVY podem ser divididas em três grupos principais, reconhecidos como PVY0, PVYN e PVYC. As estirpes de PVY0, ou comuns, porque são mundialmente disseminadas, causam sintomas típicos em batata, incluindo mosaico, necrose das nervuras, senescência e queda das folhas infectadas. As estirpes de PVYN, ou necróticas em fumo, são mais restritas na sua distribuição geográfica, e causam mosqueado leve nas folhas de batata, que passa muitas vezes despercebido aos erradicadores e certificadores de batata-semente. As estirpes de PVYC tem a sua distribuição mais reduzida do que os outros grupos citados e a sua caracte rização é ambígua. Alguns isolados de PVYC causam reações de hipersensibilidade em cultivares de batata e outros não são transmissíveis por afídeos, fatores que limitam sua disseminação, influenciando a epidemiologia desta virose (Ellis et al., 1997).

A resistência ao PVY é baseada nos genes N e R, que conferem reações de hipersensibilidade ao hospedeiro. Os genes Ny são de expressão variável e parecem ser dependentes da estirpe do vírus, ao contrário do gene Ry que confere imunidade (Foxe, 1992).

O controle das viroses da batata, no Brasil, é dificultado pela ausência de invernos rigorosos, que favorece a multiplicação dos afídeos vetores durante todo o ano e, especialmente, nas épocas propícias ao cultivo de batata. Como não se encontram, no país, regiões e épocas livres destes vetores, e como o seu combate, em geral, não é efetivo no controle das viroses, além de ser deletério ao meio ambiente, outras estratégias devem ser pesquisadas. Entre estas,

(3)

Este trabalho foi realizado na Microrregião de Pelotas (RS) e teve como objetivo determinar a resistência relativa, também chamada de resistência de campo, de 20 cultivares e clones de batata ao PVY.

MATERIAL E MÉTODOS

Os tubérculos das cultivares e clones utilizados nesta pesquisa (Tabela 1), isentos de infecção pelo PVY, foram obtidos na Embrapa Clima Temperado, conforme tecnologia descrita por Costa et al. (1989) e Daniels (!994), multiplicados em áreas isoladas e armazenados por cerca de oito meses em câmara fria (4ºC, 85% de umidade relativa), para equilíbrio do estado fisiológico. Como fonte de inóculo foram utilizados tubérculos infectados obtidos de experimentos realizados previamente para testes de alguns genótipos (Daniels, 2000).

A metodologia de Bagnall & Tai (1986) foi utilizada para a avaliação da resistência de campo de batata à infecção pelo PVY, com algumas modificações. Os experimentos foram instalados nos períodos de primavera (setembro a dezembro) dos anos 2000, 2001 e 2002, em campo da Embrapa Clima Temperado, em áreas isoladas (distantes de outros plantios de batata). Cada parcela foi constituída por 20 tubérculos em uma linha de seis metros. O delineamento experimental, compreendendo quatro repetições, foi inteiramente casualizado. A cada duas linhas de plantio, distanciadas de 80 cm, e nas externas, foram plantados os tubérculos infectados. O plantio e o manejo dos experimentos foram efetuados conforme Bisognin (1996), exceto o controle de pragas, para favorecer a proliferação de insetos.

No final de cada ciclo de cultivo foi efetuada uma amostragem, colhendo-se, aleatoriamente, uma folha central, de cinco plantas por parcela, para análise sorológica através de DAS-ELISA (Clark & Adams, 1977), com anti-soro para detecção do PVY disponível na Embrapa Clima Temperado (Daniels et al., 1987). Os tubérculos foram colhidos, classificados e armazenados por cerca de oito meses em câmara fria (4ºC, 85% de umidade relativa), para o plantio seguinte. A avaliação dos percentuais de infecção foi realizada no terceiro ano de plantio, após dois dos genótipos analisados terem atingido o limite máximo de 100%. Usou-se a análise da variância dos percentuais de infecção, transformados em arco seno da raiz de X/100, e a análise de agrupamentos, conforme Scott & Knott (1974). Os genótipos assim agrupados foram denominados de resistente (R), resistente intermediário (RI), suscetível (S) e muito suscetível (MS) (Reifschneider et al., 1989).

(4)

RESU LTADOS E DISCUSSÃO

A metodologia testada revelou-se eficaz para acessar a resistência de genótipos de batata ao PVY. As cultivares e os clones testados reagiram-se da seguinte forma: Asterix, C-1226-35-80, Monte Bonito, A-1139-12-92, Macaca, Astrid, Cristal, Catucha e C-1714-7-94, resistentes; Baronesa, Santo Amor, Monalisa, Panda e 2CRI-1149-1-78, resistentes intermediários; Bintje, Atlantic, Elvira e Araucária, suscetíveis; e Eliza e Achat, muito suscetíveis (Tabela 1).

As cultivares que obtiveram, na Europa, os seguintes índices, entre parênteses, Elvira (8), Atlantic (3), Bintje (5 e 51/2), Panda (8), Monalisa (9) e Asterix (51/2 e 6), conforme classificação que varia de 9 (para resistente) a 1 ou 2 (para muito suscetível) (NIVAA, 1991 e 1997; Swiezynskil et al., 2002), comportaram -se, neste estudo, como S, as três primeiras, como RI, as duas seguintes, e como R, a última, demonstrando-se discrepâncias entre as avaliações. O mesmo aconteceu, quando foram confrontadas as classificações obtidas neste trabalho com aquelas divulgadas por Reifschneider et al. (1989), em relação às cultivares Achat (MS e R) e Elvira (S e R).

Conforme Solomon-Blackburn & Barker (1993), a comparação de resultados de diferentes experimentos de infecção por vírus a campo é difícil, porque a pressão de infecção varia entre diferentes lugares e entre diferentes épocas. Inconsistências na comparação de dados de avaliação da resistência de campo à vírus de alguns genótipos de batata, em diferentes anos, foram reportadas por Gallo et al. (1994). É possível que as diferenças observadas na comparação dos dados deste trabalho em relação a outros, sejam, também, devidas aos métodos de avaliação da incidência de infecção utilizados. Alguns genótipos podem mostrar somente sintomas fracos, difíceis de reconhecer sem o auxílio de testes sorológicos. Portanto, em experimentos de campo em que a taxa de infecção é avaliada visualmente, é possível que a informação obtida não seja correta.

AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem aos colegas Vera Osório, pela análise estatística dos resultados, Claiton Amaral Kuhn e José Idalino do Amaral, pelo apoio técnico na execução dos experimentos a campo e nos testes sorológicos, respectivamente.

LITERATURA CITADA

(5)

CLARK, M. F.; ADAMS, A. N. Characteristics of the microplate method of enzyme-linked immunosorbent assay (ELISA) for the detection of plant viruses. Journal of General Virology , v. 34, p. 475-83, 1977. COSTA, D. M. da; CASTRO, L. A. S. de; PETERS, J. A. Batata: a busca de maior produtividade. Horti Sul , Pelotas, v. 1, n. 0, p. 40-42, 1989.

DANIELS, J. Produção de batata-semente no Rio Grande do Sul. Horti Sul, Pelotas, v. 3, n. 1, p. 12-15, 1994.

DANIELS, J. Viroses da batata e suas implicações na produção de batata-semente no Rio Grande do Sul. Summa Phytopathologica, Piracicaba, v. 21, n. 3-4, p. 269-270, 1995.

DANIELS, J. Incidência do vírus Y da batata (PVY) em lavouras e em lotes de tubérculos-semente de produtores de São Joaquim, SC e de Bom Jesus, RS, no período 1995/6. In: REUNIÃO TÉCNICA ANUAL DE PESQUISA E EXTENSÃO DA CULTURA DA BATATA NO RIO GRANDE DO SUL E SANTA CATARINA, 3., 1996, Santa Maria, RS. Anais ... Santa Maria, RS, 1996. p. 40 (Resumo).

DANIELS, J. Avaliação de genótipos de batata para resistência ao vírus Y. Horticultura Brasileira , Brasília, v. 18, n. 2, p. 145-147, 2000.

DANIELS, J. & CASTRO, L. A. S. Incidência de viroses em lavouras de batata do Rio Grande do Sul. Fitopatologia Brasileira, Brasília, v. 9, p. 398, 1984. (Res. 178).

DANIELS, J.; CASTRO, L. A. S. de; PAIVA, E.; KULCZYNSKI, S. M. Obtenção e utilização de anti-soro para diagnose do vírus Y da batata. Pelotas, RS: EMBRAPA-CNPFT, 1987. 15 p. (Boletim de Pesquisa, 14).

ELLIS, P.; STACE-SMITH, R.; VILLIERS, G. Identification and geographic distribution of serotypes of potato virus Y. Plant Disease, St. Paul, v. 81, n. 5, p. 481-484, 1997.

FOXE, M. J. Breeding for viral resistance: conventional methods. Netherland Journal of Plant Pathology , v. 98, p. 13-20, 1992. (Suppl. 2).

GALLO, L. G.; SLACK, S. A.; LORIA, R. An approach to field screening potato genotypes for potato leaf roll virus resistance. American Potato Journal, v. 71, n. 1, p. 115-125, 1994.

NIVAA. Catálogo Holandês de Variedades de Batata. Boom-Ruygrok, Haarlem, Holanda, 1991. 230 p. NIVAA. Catálogo Holandês de Variedades de Batata. Boom-Planeta B. V., Haarlem, Holanda, 1997. 270 p.

REIFSCHNEIDER, F. J. B.; LOPES, C. A.; COBBE, R. V. Manejo integrado das doenças de batata. Brasília, DF: CNPHortaliças, 1989. 16 p. (Circular Técnica, 7).

SCOTT, A. J. & KNOTT, M. A cluster analysis method for grouping means in the analysis of variance. Biometrics, v. 30, p. 507-512, 1974.

SOLOMON-BLACKBURN, R. M.; BARKER, H. Resistance to potato leaf roll luteovirus can be greatly improved by combining two independent types of heritable resistance. Annals of Applied Biology, n. 122, p. 329-336, 1993.

(6)

SWIEZYNSKIL, K. M.; SIECZKA, M. T.; STYPA, I.; ZIMNOCH-GUZOWSKA, E. Characteristics of major potato varieties from Europe and North America. http:/www.ihar.edu.pl/gene-bank/potato, new/potato, html.

Tabela 1. Índices de infecção de genótipos de batata pelo vírus Y (Potato virus Y - PVY), após três plantios consecutivos de primavera, na presença de infectores, em Pelotas, RS. Embrapa Clima Temperado, 2002.

CULTIVAR INFECÇÃO DUNCAN2 SKCA3

OU CLONE p/PVY 1 (5%) ACHAT 90 a MS ELIZA 90 a MS ARAUCÁRIA 51 b S ELVIRA 43 c S ATLANTIC 25 d S BINTJE 25 d S 2CRI-1149-1-78 16 e RI PANDA 13 ef RI MONALISA 9 f RI SANTO AMOR 9 f RI BARONESA 7 fg RI ASTERIX 0 g R ASTRID 0 g R CATUCHA 0 g R CRISTAL 0 g R MACACA 0 g R MONTE BONITO 0 g R A-1139-12-92 0 g R C-1226-35-80 0 g R C-1714-7-94 0 g R 1

Índice com médias de infecção de quatro parcelas, com dados transformados em arco seno da raiz quadrada de X/100. Detecção efetuada por DAS-ELISA, em cinco amostras por parcela, coletadas no final do ciclo de cultivo. 2

Médias seguidas por letras distintas diferem entre si, ao nível de 5% de probabilidade, pelo teste de Duncan. 3

Análise de agrupamento das cultivares e clones de batata para resistência à infecção pelo PVY, conforme o método de Scott & Knott (1974). MS = Muito suscetível; S = Suscetível; RI = Resistente intermediário; R = Resistente.

Referências

Documentos relacionados

nào deu maior importtncia à sua rica imaginária. que se torna indivisivel destes e, de certo modo, invisivel.. valor para o conhecimento da cultura brasileira. Os

E, juntamente, com este processo de crescimento da cidade de Joinvile podemos destacar outra cidade que possivelmente também teve seu crescimento afetado

On the ot he r hand , s ignificant negative correlations may indicate that predators slO\vly respond to the variation of pest population , but the predation rate

Atendendo aos objectivos a que nos propusemos, iremos procurar explicar a existência e persistência dos descontos/prémios no contexto da teoria do sentimento do investidor,

It is possible to affirm, when conjunctly considering ILT, Knoop hardness and surface roughness, that Nb-MAS GCs with a temperature of crystallization lower than 880 °C and a time

Alguns dos exemplos que podem ser destaques são os de respeitar as leis que lhe são impostas; respeitar o direito do próximo, que assim como si mesmo possui direitos, e

Na fase de plateau, o corpo da mulher apresenta al- terações como: o clitóris deixa de ocupar sua posição normal; o canal vaginal aumenta em largura e

Expressar-se com clareza (dentro da concepção de escrita da época) e sem deturpar a língua padrão no que diz respeito ao emprego adequado das formas da língua