• Nenhum resultado encontrado

O acesso a moradia adequada como um direito humano fundamental

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "O acesso a moradia adequada como um direito humano fundamental"

Copied!
42
0
0

Texto

(1)

UNIJUÍ - UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

SIONARA DA SILVA

O ACESSO A MORADIA ADEQUADA COMO UM DIREITO HUMANO FUNDAMENTAL

IJUÍ (RS) 2018

(2)

SIONARA DA SILVA

O ACESSO A MORADIA ADEQUADA COMO UM DIREITO HUMANO FUNDAMENTAL

Primeiro capítulo da monografia final do Curso de Graduação em Direito da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul – UNIJUI, como requisito para a aprovação no componente curricular Metodologia da Pesquisa Jurídica.

Departamento de Estudos Jurídicos.

Orientadora: Dra. Anna Paula Bagetti Zeifert

IJUÍ (RS) 2018

(3)

Dedico este trabalho à minha família, por completa, a família de sangue que sempre me apoiou e incentivou para que cursasse este grandioso curso, a minha família que passei a constituir depois de casada e a família que ganhei após esse fato.

(4)

AGRADECIMENTOS

Primeiramente o meu muito obrigada não poderia deixar de ir para meu bondoso e paciente Pai Celestial, este que me concedeu forças quando pensei em desistir, me concedeu sabedoria e entendimento nos momentos em que mais precisei. Por ser religiosa acredito e tenho plena fé nisso de que tudo só foi possível por causa Dele.

Agradeço a minha mãe que mesmo com tantas dificuldades e tendo que dar atenção para minhas irmãs mais novas, sempre apoiou meus estudos e se sacrificou para que eu tivesse uma oportunidade. Minha mãe que sempre foi e ainda é uma guerreira que sempre lutou para que tivéssemos o que ela não conseguiu obter, conhecimento e estudo. Que sempre trabalhou duro para que eu não precisasse trabalhar e pudesse somente me concentrar em meus estudos. Obrigada minha mãe por tudo!

O meu agradecimento também para meu padrasto Gilberto que afinal sempre me ajudou e também me incentivou a cursar Direito, sem o empurrão dele nada disso seria possível. Agradeço as minhas irmãs, Graziele, Gabriele e Nathalia, que para elas sempre fui um exemplo, uma segunda mãe e que foi por elas inicialmente que passei por tantas adversidades de cabeça erguida para poder oferecer a elas e a minha querida mãe Cinara uma vida melhor, em vários aspectos.

A minha ilustre orientadora Dra. Anna Paula Bagetti Zeifert, que após a troca de Universidade, ainda meio perdida ela me acolheu para me ajudar nessa etapa tão aguardada por nós estudantes de Direito. Obrigada por conceder aquela última vaga para mim, mesmo sem nem nos conhecermos. Agradeço-lhe por sempre realmente me orientar, responder aos meus chamados e me ajudar em todo esse processo, saiba que isso foi de suma importância em minha vida, todo esse carinho, ajuda, compreensão e paciência. Sim me senti realmente acolhida nesta Universidade quando aceitou ser minha orientadora, mais uma vez obrigada e receba todo meu carinho.

E agora quero agradecer a pessoa mais importante da minha vida, o meu excelentíssimo esposo Anderson. Ah ele tem me ajudado desde o

(5)

momento em que ele entrou para valer em minha vida, sempre me incentivou a ir atrás dos meus sonhos e objetivos, jamais ignorou o fato de que eu poderia ser uma esposa, estudante, trabalhar fora de casa e ainda cuidar dele e da nossa casa. Obrigada por sempre me incentivar e muitas vezes me cobrar para que eu estudasse mais, para que não colocasse fora essa oportunidade que tinha em minhas mãos. Obrigada por adiar os seus sonhos para que eu concluísse os meus, por nunca ter se ofuscado muito pelo contrário por se orgulhar de que sua esposa “faz Direito”. Te agradeço por sempre me suportar, principalmente nessa etapa final tão estressante em que muitas vezes descontei em você, mas esse trabalho de conclusão de curso é para mostrar que tudo que passamos até agora valeu a pena que nossos esforços serão reconhecidos. Te amo eternamente e sim te agradeço Anderson Luís Griebler Bueno por tudo e também dedico a você esse trabalho, porque sei que esse nome estará estampado para a eternidade, não fomos somente ligados aqui na Terra mas nos Céus também.

Agradeço a minha sogra e ao meu sogro que são meus segundos pais, que sempre se importaram comigo e sempre buscaram me ajudar desde que comecei a fazer parte dessa louca e feliz família. Obrigada minha sogra Maria e meu sogro João.

Agradecer aqueles verdadeiros amigos que estiveram nessa jornada comigo, sem citar nomes, mas agradeço aos verdadeiros amigos que quando eu olhar para trás e ver esse agradecimento eu saberei que foram e ainda serão os grandes amigos do coração.

(6)

“...Por meio de coisas pequenas e simples que as grandes são realizadas...” Alma 37:6 – O Livro de Mórmon.

(7)

RESUMO

O presente trabalho aborda as questões relativas ao tema da moradia, seu acesso e relação com a observância dos direitos humanos. E ainda, traz conceitos históricos consoantes aos direitos humanos, o que é ser cidadão e sua ligação com tais direitos, ou seja, inicialmente, a abordagem vai remeter o leitor aos pontos cruciais e históricos desse tema, como ele se desenvolveu com o passar do tempo e a interferência da mudança de mais pessoas para a zona urbana. O direito à moradia como um direito humano fundamental que precisa ser garantido pelo Estado de maneira adequada. Para tanto, o estudo analisa as políticas públicas promovidas para garantir o acesso à moradia, melhorando a vida dos cidadãos, mais ainda dos que necessitam do auxílio governamental para ver seu direito garantido. Traz também no que diz respeito às políticas públicas, as que estão sendo implementadas atualmente, ou que existem há anos e não estão sendo postas em práticas, já que o projeto governamental que é de conhecimento nacional é o Minha Casa Minha Vida (MCMV), e por se pensar que este é uma das únicas soluções que tal projeto não consegue suportar tais demandas. O que a Constituição Federal de 1988 nos diz a respeito desse direito tão essencial a vida de cada ser humano, com relação aos direitos sociais. E mais, por encontrar-se presente na Declaração Universal dos Direitos Humanos, qual impacto isso gera nas criações de leis, emendas, projetos e políticas públicas consoantes ao tema. E será abordado quais meios são utilizados, pelos Municípios, Estados e União para gerar recursos e auxílio à sociedade, como por exemplo, a criação da Política Nacional de Habitação (PNH) que gera recursos para que moradias possam se tornar realidades. Nesse sentido, interpretar os números que dizem respeito ao acesso a casa própria ou ter uma moradia adequada, quanto ter acesso a esse direito torna-se fundamental. Por fim, verificar a importância do projeto Minha Casa Minha Vida, seu impacto e cumprimento das diretrizes traçadas inicialmente.

Palavras-Chave: Moradia adequada. Direito fundamental. Políticas Públicas. Direitos humanos.

(8)

ABSTRACT

The present work addresses the issues related to housing, its access and relation with the observance of human rights. Moreover, it brings historical concepts consonant with human rights, what it means to be citizen and its connection with such rights, that is, initially, the approach will refer the reader to the crucial and historical points of this theme, as it developed with the passing of the time and the interference of moving more people to the urban area. The right to housing as a fundamental human right that needs to be adequately guaranteed by the state.

To do so, the study analyzes the public policies promoted to guarantee access to housing, improving the lives of citizens, more so than those who need government assistance to see their rights guaranteed. It also brings with regard to public policies, those that are currently being implemented, or that have existed for years and are not being put into practice, since the government project that is nationally known is My House My Life (MCMV) and for thinking that this is one of the only solutions that such a project can not withstand such demands. What the Federal Constitution of 1988 tells us about this essential right the life of every human being, with respect to social rights. Moreover, because it is present in the Universal Declaration of Human Rights, what impact does this generate in the creation of laws, amendments, projects and public policies depending on the theme. And it will be approached which means are used by Municipalities, States and the Union to generate resources and help to society, such as the creation of the National Housing Policy (HNP) that generates resources so that housing can become realities. In this sense, to interpret the numbers that relate to access to own house or to have adequate housing, how to have access to this right becomes fundamental. Finally, check the importance of the My Home My Life project, its impact and compliance with the guidelines outlined initially.

(9)

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ... 10 1 ASPECTOS HISTÓRICOS RELATIVOS AO ACESSO À MORADIA ... 12 1.1 O conceito de moradia e a sua relação com o princípio da dignidade humana ... 12 1.2 O acesso à moradia enquanto direito humano

fundamental... 14 1.3 O direito humano a moradia

adequada ... 18 2 A POLÍTICA HABITACIONAL NO ESTADO BRASILEIRO ... 23 2.1 As políticas habitacionais e a construção do conceito de cidadania no Brasil no século XX. ... 23 2.2 As políticas públicas de acesso à moradia

adequada ... 28 2.3 A análise da política pública "Minha casa minha vida" ... 32

(10)

INTRODUÇÃO

O presente trabalho apresenta uma abordagem acerca da temática que versa sobre moradia, como ela deve ser garantida enquanto direito fundamental e sua relação com os direitos humanos.

O primeiro capítulo remete a um contexto histórico que tem por princípio buscar a contextualização dos aspectos ligados ao acesso a moradia que vem sendo moldado com o passar do tempo. Busca entender como esse tema foi tratado pelo país no decorrer da sua formação e como vem sendo tratado na contemporaneidade, enquanto direito fundamental de qualquer cidadão. Tão logo, busca-se nesses aspectos contextuais um conceito do que seria uma moradia adequada, diferente do que muitos pensam, não se restringe ter uma casa para residir.

Já no segundo capítulo analisa-se o termo cidadania no século XX, como este adquiriu seu espaço em um período onde ainda não se sabia bem o que é ser um cidadão e ter direitos adquiridos. E com relação às políticas habitacionais no Brasil como estão sendo postas em práticas e como estão sendo colocadas, se no papel há projetos de melhorias pensando no bem estar de cada cidadão e como se pode melhorar a vida de quem ainda não possui, saneamento básico, por exemplo, que é uma das características de se ter uma moradia adequada.

Um pouco mais a frente pode se observar que será abordado referente às políticas públicas habitacionais, que neste ponto nos remete ao que o Governo está fazendo, quais leis estão sendo criadas, planejamentos, emendas, entre outros. Verifica-se os números consoantes às populações que não possuem sua casa própria, muito pelo contrário vivem aglomerados em

(11)

residências com pouca ou quase nenhuma estrutura, em povoados, vilas, favelas, sem nenhuma atenção recebida por parte dos entes públicos.

E por fim, será feito uma análise do projeto “Minha casa, Minha vida”, que é o mais importante projeto que o Governo Federal instaurou para ajudar as famílias de baixa renda a ter sua casa própria a um custo ínfimo. E quais são os seus resultados desde a sua implantação até atualmente.

Para seu delineamento o trabalho utilizou o método de abordagem hipotético-dedutivo, centrado na pesquisa bibliográfica, documental e em sites que fazem abordagem da temática, compartilhando dados e informações relevantes sobre o tema.

(12)

1 ASPECTOS HISTÓRICOS CONCEITUAIS RELATIVOS AO ACESSO À MORADIA

Nesse primeiro capítulo será feito uma análise mais voltada para o ser como pessoa humana que possuem direitos, dentre estes direitos o principal foco desse trabalho, o acesso à moradia. Sendo ela tratada como um direito humano fundamental que traz mais dignidade a cada pessoa.

Será tratado o que é o princípio da dignidade da pessoa humana e como isso se torna real no cotidiano de cada ser ao possuir uma residência com condições de ser tratado como tal. E como cada tema está interligado entre si para a obtenção de direitos. Já que atualmente encontramos grandes déficits de moradias, aqui vale discutir o porquê esse direito deve ser tratado como de suma importância para a sobrevivência do ser humano seja individualmente ou em família.

1.1 O conceito de moradia e a sua relação com o princípio da dignidade humana

Sabe-se que a sociedade está em um crescimento constante dia após dia, que esse desencadeamento, gera impactos que por muitas vezes o Estado não consegue controlar e garantir os direitos individuais e coletivos a todos. Um dos principais direitos que deveriam ser assegurados é o direito a moradia, que gera o mínimo de dignidade ao ser humano, que vai além de apenas ter um uma casa de quatros paredes, mas sim que após este direito garantido vem outros através dele, que possuem também uma importância significativa para obter uma sobrevivência de acordo com os regulamentos, estatutos e acordos, tanto nacionais, como internacionais.

A moradia é um direito de todo cidadão brasileiro, segundo é garantido através do artigo 6º da Constituição Federal, e mais, a Declaração Universal dos Direitos Humanos da ONU. É de competência de todos os cidadãos exigirem um local seguro para viver, sendo assim caberá ao Estado, através de medidas programáticas, criar condições para assegurá-lo a todos.

(13)

Contextualizando um pouco, o homem desde a antiguidade já lutava para ter uma moradia adequada, onde poderia constituir uma família e dar um pouco de conforto a esta. Outro ponto importante da moradia, é que lá nos primórdios, e ainda continua ocorrendo esse pensamento e visão, de que dependendo do lugar que reside demonstra a classe social que aquela pessoa está inserida.

Portanto, a identificação de uma família com a sua casa, é antiga, por exemplo, quem residia em castelos e palácios, eram reis ou governantes de suma importância para a comunidade, já quem morava em locais de quilombos, demonstravam fragilidade e dependência do seu próximo.

Com esses aspectos históricos pode-se perceber que a premência de obter para si e seus dependentes um lar, era e continua, sendo de extremamente importante para sua identidade. Conforme, o crescimento populacional e os tempos iam mudando, as pessoas foram se adequando a isso, sendo assim, houve períodos em que se precisou de terra para plantio, outros tempos em que a necessidade era a caça e a pesca, atualmente muitos resolvem ter uma residência nos centros urbanos, e até mesmo por isso percebe-se uma alta aglomeração de pessoas em muitas comunidades, pois é onde possuem mais oportunidades de crescimento, de todas as formas possíveis, ou que deveriam existir.

O que se quer esclarecer com esses contextos históricos, é que o conceito de moradia, embora, com muitas definições sempre foi prioridade na vida do ser humano. E muitos ainda dependem de auxílio do governo, para conseguir ter sua casa própria.

Sendo assim, precisam-se oportunizar moradias, e não qualquer moradia ao cidadão, que tem em sua casa, um refúgio para os seus dissabores, que necessita para conceder uma boa qualidade de vida a sua família.

E o direito a moradia muito tem a ver com um princípio fundamental expresso em lei maior que é o da dignidade da pessoa humana, e através da

(14)

Declaração Universal dos Direitos do Homem (1948), os direitos sociais passaram a serem expostos juntamente com os direitos civis, políticos e humanos. Na Declaração, os direitos humanos são considerados como direitos naturais, quer dizer que são essenciais à pessoa humana, inseparáveis, faz parte dela. Os direitos humanos são baseados na dignidade e liberdade da pessoa humana, e são norteados por alguns princípios morais universais.

Os direitos por si só visam aproximar os cidadãos dos princípios da dignidade da pessoa humana, pois eles têm como objetivo diminuir as desigualdades, que por muitas vezes são impostas as pessoas, por seus governantes, contribuindo com a sua omissão, principalmente nas políticas públicas, ou até mesmo pela sociedade, que como já mencionado anteriormente, dependendo do que você tem é o que você é.

Diante disto, o direito à moradia adequada, a ser garantido por todos os entes federados, nos traz a importância, corroborando, ainda, o disposto no art. XXV, da Declaração Universal dos Direitos Humanos, ao resguardar que “toda pessoa tem direito a um padrão de vida capaz de assegurar a si e a sua família, saúde e bem-estar, inclusive alimentação, vestuário, habitação, cuidados médicos e os serviços sociais indispensáveis.” (UNESCO, 1998).

Esses são alguns pontos claros que demonstram quando a dignidade da pessoa humana está protegida ou não. Muitos meios existem para que este possa ser preservado, as leis estão explicitas nos ordenamentos jurídicos, e devem ser cobrados e garantidos de modo mais amplo e concreto.

1.2 O acesso à moradia enquanto direito humano fundamental

O direito à moradia estampa a necessidade básica do homem, sendo requisito imprescindível para uma vida plena. Como bem disserta Nolasco (2008, p. 87) “[...] a casa é o asilo inviolável do cidadão, a base de sua indivisibilidade, é, acima de tudo, como apregoou Edwark Coke, no século XVI: „a casa de um homem é o seu castelo‟”.

(15)

O direito à moradia é direito de igualdade, em outras palavras, é direito social de acesso, consagrado pelo simples fato de o indivíduo existir. Através dele, faz-se a justiça distributiva, repassando bens à sociedade por meio do capital produzido pela mesma. (BARIN, 2006)

E ressalta ainda Sarlet (apud BONOTTO, 2006) que mencionado direito tem natureza prestacional, o que significa dizer que sua aplicabilidade plena está condicionada à intervenção do Poder Público e à realização de políticas públicas que garantam não só a imediatividade desse direito, como também sua eficácia.

Prosseguindo nos direitos sociais, que teve seu início normativo, ou seja, seu marco na esfera constitucional brasileira, na Constituição de 1934, existindo assim um novo conceito de direito de propriedade. (FRANCO, apud SOUZA, 2004).

Foi longo o caminho passando pelas outras Constituições em vigor, até chegarmos aos anos 80, com o grande marco da Constituição Federal de 1988, que desencadeou uma série de direitos individuais e coletivos, incluindo os direitos sociais, com um olhar aqui para o direito de moradia, com uma preocupação maior em proteger a dignidade da pessoa humana. Contudo, foi apenas em 2000 com a instituição de uma emenda constitucional, de n° 26, é que o direito a moradia fora garantido de uma forma mais objetiva. (SOUZA, 2004)

Pois, anteriormente os entendimentos desse direito, com referencial ao art. 5° e 6° da CF/88, deixavam em aberto uma lacuna tratando desse direito apenas de forma indireta. (SOUZA, 2004). Contudo, como já fora mencionado anteriormente, ocorre que o direito à moradia já era consagrado na Constituição Federal de 1988, em seu artigo 7º, inciso IV, ao estabelecer que o salário mínimo deveria ser suficiente para atender às necessidades primordiais do trabalhadores rurais e urbanos , juntamente com seus dependentes, incluindo- se aí o direito à moradia:

(16)

Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social:[...]

V - salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de atender a suas necessidades vitais básicas e às de sua família com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social, com reajustes periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculação para qualquer fim;

E desse pensamento, começa a surgir a real importância característica não só de direito social, como também de direito personalíssimo, humano e fundamental diante da evidente precisão desta para a sobrevivência do ser humano. (SOUZA, 2004).

Cabe ainda ressaltar, que o direito a moradia visando à dignidade da pessoa humana, não está somente prevista na legislação brasileira, sendo realizado em acordos e tratados internacionais em que o Brasil faz parte. Como por exemplo, a Declaração Universal dos Direitos do Homem, conforme retrata o art. XXV, item I, da dita Declaração:

Toda pessoa tem direito a um padrão de vida capaz de assegurar a si e a sua família saúde e bem-estar, inclusive alimentação, vestuário, habitação, cuidados médicos e os serviços sociais indispensáveis, o direito a segurança, em caso de desemprego, doença, invalidez, viuvez, velhice ou outros casos de perda dos meios de subsistência em circunstâncias fora de seu controle. (SOUZA, 2004, p.61).

Embora ainda fizesse uso do termo “habitação”, a moradia já era tratada como fundamental para obter uma vida completa, para desfrutar de seus direitos não apenas em sociedade, mas de forma individuam ou em âmbito familiar.

A proteção do direito à moradia como direito humano fundamental no âmbito internacional, refletiu como um plano de desenvolvimento social adotado pelo Brasil, o qual deve, através das medidas legislativas, permitir o acesso ao exercício da moradia, primordialmente. (SOUZA, 2004, p. 63).

(17)

Portanto, com o passar dos anos, o direito à moradia ganhou um status com mais credibilidade no âmbito internacional, visando melhorar a vida de milhares de pessoas, e porque não iniciar com uma moradia adequada.

O direito fundamental é um direito que está diretamente ligado aos direitos humanos. Como é o que acontece com o direito à moradia, e esses direitos por lógica se entrelaçam com o direito à vida, à educação, ao amparo social, à integridade física dentre outros, caracterizando a sua interdependência a outros direitos também fundamentais, não devendo ser interpretado isoladamente a fim de alcançar objetivos positivos. (SOUZA, 2004).

Nota-se que o direito à moradia, chama atenção para os outros direitos, como já supramencionado, trazendo aos indivíduos condições mínimas para o gozo da vida de forma a ser mais relevante e se obter maior aproveitamento, em tudo que se precisa para suprir as necessidades básicas que surgem no cotidiano de cada um, como é demonstrado a seguir:

Com efeito, sem um lugar adequado para proteger a si próprio e a sua família contra intempéries, sem um lugar para gozar de sua intimidade e privacidade, enfim, de um espaço essencial para viver com um mínimo de saúde e bem-estar, certamente a pessoa não terá assegurada a sua dignidade, alias, a depender das circunstancias, por vezes não terá sequer assegurado o direito a própria existência física, e, portanto, o seu direito a vida. Não é por outra razão que o direito a moradia, também entre nós- e de modo incensurável- tem sido incluído até mesmo no elenco dos assim designados direitos de subsistência, como expressão mínima do próprio direito a vida.” (SARLET, 2008, p.45).

Por conseguinte, quer com o direito à moradia, através dos direitos sociais, proteger o direito de sociedade sim, mas primeiramente observando-se as necessidades especificas de que cada indivíduo requer para viver dignamente, neste contexto:

A justificativa para o direito à moradia ser um direito social permite a possibilidade de maior estruturação da legislação infra-constitucional, no sentido de preservá-lo, a fim de proteger o indivíduo, sem que, sob pretexto de proteger a coletividade,

(18)

seja sacrificado. Ou seja, não se justifica o sacrifício do direto a moradia de uma pessoa ou de algumas delas, sob pretexto do beneficio social. Se o direito à moradia fosse incluído apenas como direito individual, teria fragilidade diante do interesse da função social que a limita”. (SOUZA, 2004, p.125).

Logo, o direito à moradia é um direito absoluto e fundamental, não restando discussões sobre isso, porém cabe implementar políticas públicas que obtenham maior tempo de utilidade, beneficiando a todos, sem distinção e sem tempo de validade, o que logicamente cabe aos governantes encontrar soluções para tais questões.

1.3 O direito humano a moradia adequada

Inicialmente cabe destacar o que o doutrinador Flávio Pansieri conceitua acerca do direito de moradia,

O direito a uma moradia adequada significa dispor de um lugar onde se possa asilar, caso o deseje, com espaço adequado, segurança, iluminação, ventilação, infraestrutura básica, uma situação adequada em relação ao trabalho e o acesso aos serviços básicos, todos a um custo razoável. (PANSIERI, 2008: 112).

Ou seja, precisa-se de mais do que apenas, ter uma casa, necessita-se de um lar, com condições para sobreviver, e referente ao que diz respeito ao custo baixo, com condições asseguradas igualmente a todos os indivíduos. E não é nada fora do normal que a sociedade exija isto, pois esse direito de moradia está garantido na lei, apenas tem de ser determinante em suas ações.

Outro ponto significativo da moradia, é que pensando no que precisamos para ter uma moradia adequada de se viver, é consoante com o que possuímos dentro dela e em seu exterior, portanto, o que deve ser determinante para tal aspecto, é ao menos ter luz, água, um ponto de esgoto, coletas de lixo, e ainda, ter a prestação de serviços públicos perto do cidadão para que possa usufruir modo que não seja prejudicado pelo transporte público, por exemplo, que tenha escolas, creches para as comunidades, que

(19)

tenha saúde ao seu alcance, portanto que possua perto da sua moradia, hospitais públicos e pronto atendimentos.

Isso é considerado ter uma moradia, não pode haver confusão ao pensar que é apenas uma casa, para apenas ter um abrigo, mas sim todos os direitos que englobam isto, logo,

Consagrada assim como direito social, a moradia deve ser implementada progressivamente pelo Poder Público, ao qual incumbe a adoção de posturas que efetivamente concretizem o referido direito, realizando, assim, além da justiça social, a justiça geral, em face dos deveres das pessoas em relação à sociedade, corrigindo-se os excessos da autonomia da vontade em benefício dos interesses comunitários (INÁCIO, 2002: 45).

É fundamental e constitucional a importância da moradia para o ser humano, pois dispõem de mecanismos básicos de amparo físico e moral de cada pessoa, como exemplos: abrigar do perigo, agentes da natureza e também garantir a cidadania. Além de ser vital à vida humana de forma particular, ela igualmente é importante para a vida em sociedade, de tal forma que se constitui o direito de todo cidadão, preservando sua dignidade.

A dignidade da pessoa humana como comando constitucional será observada quando os componentes de uma moradia adequada forem reconhecidos pelo Poder Público e pelos agentes privados, responsáveis pela execução de programas e projetos de habitação e interesse social, como elementos necessários à satisfação do direito à moradia.

A Declaração Universal dos Direitos Humanos garante o direito à propriedade, seja ela privada ou coletiva, é Direito abrangente também na Constituição Brasileira e no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), o que justifica a atribuição de uma habitação para a retidão do homem nas diversas fases da vida, sobretudo, no tocante à constituição familiar.

Contudo, ainda existem no Brasil indivíduos privados do direito de ter um lar, carentes da assistência física e moral. São inúmeros os cidadãos que residem em local que não possui nenhum tipo de privacidade ou cobertura

(20)

alguma para ser chamado de casa, que possui sua intimidade dividida com milhões de brasileiros, que não possui seus direitos assegurados, pois não possui o principal, um lar. Muitas pessoas ao longo do tempo por inúmeros motivos acabaram tendo que transformar as ruas, becos, pontes, instituições não governamentais, em suas casas. Sem ter observado os seus direitos, deixando a desejar na parte de manter o direito a moradia como fundamental, principal.

Portanto, se faz necessário urgentemente à construção e distribuição de casas populares com eficácia e menos burocracia, quer seja na doação ou no financiamento de lotes e materiais de construção para famílias necessitadas. Pois, como as informações da certidão de nascimento, RG, CPF e demais documentos básicos, são essenciais para tornar-se um indivíduo reconhecido na sua cidade, escola, emprego, no país, a moradia também é a garantia de dignidade, paz, abrigo e reconhecimento dos direitos humanos.

E ainda, conforme Flávio Pansieri (2008.p. 51),

O Direito à Moradia consolidado como Direito Fundamental e previsto expressamente como um Direito Social no artigo 6º da Constituição brasileira, em correspondência com os demais dispositivos constitucionais, tem como núcleo básico o direito de viver com segurança, paz e dignidade e, segundo Pisarello, somente com a observância dos seguintes componentes se encontrar plenamente satisfeito: segurança jurídica da posse; disponibilidade de serviços e infraestrutura; custo de moradia acessível; habitabilidade; acessibilidade; localização e adequação cultural.

Nesse contexto pode-se esclarecer o que é a moradia e como esse direito é assegurado através de Carta Magna, sendo ele um direito fundamental expresso em lei maior. Sendo assim, não devia ser um problema tão frequente no território brasileiro, o que instiga mais ainda os estudos sobre a temática, como e porque ela não é cumprida conforme deveria ser. Sendo que esta deveria ser implementada pelo Poder Público com mais afinco.

E é de conhecimento universal que todos os seres humanos possuem direitos e deveres, e isso se deve muito ao termo que no século XX teve um

(21)

novo conceito, que se refere ao termo cidadania, sendo este de origem etimológica no latim civitas, no qual significa "cidade". Estabelece um estatuto de pertencimento de um indivíduo a uma comunidade politicamente articulada – um país – e que lhe atribui um conjunto de direitos e obrigações, sob vigência de uma Constituição. Devido às demandas de pessoas que não possuem casa própria, de acordo com o histórico elaborado pela Caixa Econômica Federal o início das chamadas políticas habitacionais, ocorreu em 1964, com a criação desse tema de abrangência nacional, com fontes de recursos permanentes e mecanismos próprios de financiamento. Com a edição da Lei n° 4.380/1964. Esta Lei instituiu o Sistema Financeiro de Habitação (SFH), o Banco Nacional da Habitação (BNH) e a correção monetária nos Contratos Imobiliários de Interesse Social. A partir de então, o Governo Federal passou a ter as atribuições de formular a Política Nacional de Habitação e coordenar as ações públicas e privadas para estimular a construção e o financiamento para aquisição de habitações de interesse social.

Com o passar do tempo, novas políticas foram inseridas para que mais pessoas possam ter acesso à moradia de um modo que no papel deveria ser mais fácil e prático para a população que não possui renda suficiente para adquirir de um modo formal uma residência com qualidade para se morar.

Uma dessas inovações que apareceram é o projeto “Minha casa, minha vida”. Até março de 2015 o programa já havia beneficiado 3,857 milhões de famílias. Desde o início de 2009, os bancos haviam liberado R$ 139,6 bilhões em financiamento, principalmente a Caixa Econômica Federal. Logo, percebe- se que quando o Governo quer as políticas públicas funcionam, e este é um ótimo modo de se conseguir a tão sonhada casa própria, já que os juros são mais acessíveis e também entre outras facilidades que se deve encontrar na hora de contratar esse programa.

Porém, o País anda possui um grande déficit no que trata de resolver as questões habitacionais, estima-se segundo pesquisa recente que o Brasil possui cerca de 6,9 milhões de pessoas sem moradia, sem contar aquelas que

(22)

vivem em lugares precários onde não se deve levar em conta apenas o teto em que residem.

Portanto, sabe-se que é dever da União, dos Estados e dos Municípios garantir que estes direitos sejam assegurados a todos que deles necessitem que deve haver um comprometimento destes para que esses elevados índices, sejam nacionais ou falando mundialmente, possam diminuir de maneira significativa, dando maior ensejo aos direitos humanos, e sem discrimina-los, uma vez que, eles são para todos.

(23)

2 A POLÍTICA HABITACIONAL NO ESTADO BRASILEIRO

Após os conhecimentos adquiridos acerca da importância de se obter uma moradia adequada, e ainda, ser tratado com um direito fundamental, nesse capítulo irá se abordar o que o governo está realizando para concretizar o que está no papel e se há essa positivação, ou seja, essa preocupação e atenção com quem mais necessita de um acesso facilitado a ter uma moradia adequada.

Consoante irá se abordar uma contextualização do termo cidadania institui no século passado e até então como vem sendo tratado e posto e sendo posto na prática. E ainda, as políticas públicas que foram ou estão sendo introduzidas na sociedade, principalmente nas comunidades mais carentes e que necessitam de uma ajuda governamental para obter sua própria residência ou garantir que sua moradia seja adequada para viver dignamente.

2.1. As Políticas Habitacionais E A Construção Do Conceito De Cidadania No Brasil No Século XX.

Para que cada indivíduo possa exercer seus direitos, conviver socialmente, criar vínculos familiares e demais ações para uma vida salutar, é extremamente relevante ter uma casa para chamar de lar e fazer valer o que está positivado na lei. Mas ao exatamente se tem direito? Através do que e quem isto é garantido? Estas são algumas das indagações que serão respondidas ao longo deste capítulo.

Inicialmente pode-se destacar o principal texto que se refere ao acesso a moradia, que é de conhecimento nacional, que está posto em nossa Carta Magna, mais especificamente em seu artigo 6°, caput, com o seguinte texto constitucional: “Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição.” (BRASIL, 2019, grifo nosso).

(24)

A Constituição Federal de 1988, já pensando nos direitos sociais e fundamentais que cada ser humano precisa para ter uma vida digna, os elencou em seu artigo descrito acima. Dentre esses direitos, cabe chamar a atenção para um em especial que é a moradia. Este direito não é somente de suma relevância por estar ele elencado nesse artigo, mas sim porque é através dele que outros direitos são garantidos e assegurados.

Na história o poder sempre esteve nas mãos de quem possuía maior renda, e menores dificuldades, já os menos favorecidos desde sempre precisaram de algum tipo de auxílio para conseguir encontrar o seu lugar na sociedade. E um grande avanço ocorreu em 1948, com a Declaração Universal dos Direitos Humanos, que como já supramencionado, no artigo 6 da CF/88, foi depois deste acontecimento que foi implantado neste artigo a Emenda Constitucional n° 26/00, com o referido texto, dando mais ênfase ao acesso a moradia como um direito social e fundamental. (FREITAS, 2015).

E embora após 1948, com esse grande passo, tenham sido implantados vários acordos e tratados internacionais, em que o Brasil faz parte, o direito e o acesso à moradia com mais facilidade ainda é um grande desafio tanto para os governantes como principalmente para quem necessita que esse direito seja posto em prática. (FREITAS, 2015).

Partindo para um ponto mais especifico que é parte do subtítulo “As políticas habitacionais”, existe a chamada Política Nacional de Habitação (PNH), que traz como foco principal trazer as famílias, principalmente as que possuem baixa renda, uma moradia mais digna. E considera como fator principal a integração entre a política habitacional e a política nacional de desenvolvimento urbano. (MARGUTI, 2018).

Está é uma política implantada pelo Ministério das Cidades no ano de 2004, e foi criado com o intuito de arrecadar recursos, contando com um determinado conjunto de instrumentos que foram criados para auxiliar o PNH nessa arrecadação de fundos, cada um desempenhando um papel fundamental para essas realizações. Sejam eles: o Sistema Nacional de

(25)

Habitação, o Desenvolvimento Institucional, o Sistema de Informação, Avaliação e Monitoramento da Habitação e o Plano Nacional de Habitação. (MARGUTI, 2018).

Pensando no ponto de arrecadação de recurso, o responsável por isto é o Sistema Nacional de Habitação, que tem como finalidade unir e fazer como que haja cooperação entre a União, os Estados, Distrito Federal e os Municípios, para um enfrentamento mais dinâmico com relação aos problemas enfrentados com relação ao déficit de moradias adequadas e de fundos moratórios para realização de melhoras através de programas, planos e políticas públicas. (MARGUTI, 2018).

Contudo, retomando para a década de 1990, tal período ficou marcado por ter lacunas não preenchidas com relação as condições habitacionais dos brasileiros. No entanto em 1995 quando começa a se pensar mais nesse quesito é criado a Secretaria de Política Urbana (SEPURB), vinculada ao atual Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão, está foi a originária do PNH já mencionado anteriormente e que abriu as portas para as políticas habitacionais a nível governamental. (MARGUTI, 2018).

Esse período fica marcado como um grande avanço no direito que concerne à moradia, pois os números começam a parecer e dar vida as moradias de milhares de brasileiros. Estes programas federais responsáveis por este avanço são chefiados pelo SEPURB Pró-Moradia e Habitar-Brasil (Habitar-Brasil-BID, a partir de 1999), sendo estes responsáveis pela elaboração de mais de 450 mil moradias (AZEVEDO, 2007). Dados do SEPURB destacam ainda a realização de 5.416 obras, por ambos os programas, com o contributo de R$ 2,162 milhões para o benefício de 722.524 famílias, no período de 1995 a 1998 (SANTOS, 1999).

Realizando ainda uma cronologia das políticas habitacionais no Brasil, em meados de 2003, como já se sabe foi criado o Ministério das Cidades, já supramencionado neste texto, e ainda, foi sancionado o Estatuto da Cidade (Lei n°10.257/2001). Alguns fatos que ocorreram em 1990 na esfera municipal

(26)

fizeram com que ações dos ministérios fossem tomadas, dentre elas está a criação do Conselho Nacional das Cidades. (MARGUTI, 2018).

Até o ano de 2007 estima-se que cerca de mais de 550 mil unidades haviam sido financiadas pelo FGTS e SBPE, o que somente ocorreu devido ao PNH que gerou recursos para tais fins e “otimização econômica dos recursos públicos e privados investidos no setor habitacional” (Brasil, 20043 apud Rolnik, 2015). O setor de empréstimos fez um giro de cerca de R$40 bilhões na economia, acondicionando ainda em torno de 200 mil unidades habitacionais. (MARGUTI, 2018).

Segundo Krause, Balbim e Lima Neto, fazendo uma análise do que evoluiu de uns anos trás até a atualidade, de que novos empreendimentos só são possíveis porque os terrenos para comercialização ficaram mais baratos, em suas palavras “parece dialogar exclusivamente com os interesses e anseios do mercado a ser dinamizado, segundo os preceitos de aceleração do crescimento e os princípios atuais do desenvolvimento” (KRAUSE, BALBIM; LIMA NETO, 2013, p. 16).

Deve o entendimento, principalmente, governamental de que a política habitacional é uma política social, e deve ser entendida como tal, pois do contrário o que era para ser um direito que minimiza os problemas relativos a habitação, com mais afinco aos mais necessitados financeiramente, irá se tornar apenas valores e que cada vez mais aumentará o preço do que seria uma moradia adequada, e obrigando muitas pessoas a compartilharem um espaço onde sua dignidade se torna afetada diretamente conciliados com os outros direitos sociais, tornando inviável a escolha de centros periféricos e favelas, que como bem já se sabe, o acumulo de pessoas nesses centros urbanos gera apenas falhas nos direitos adquiridos e positivados.

Todos esses debates nos rematem a um termo seja ele, cidadania. Mas o que vem a ser essa palavra? E o que ela traz de direitos? Neste ponto contextual irá se conceituar esta palavra e também transcrever alguns pontos históricos relevantes até o século XX e até mesmo atualmente.

(27)

Como segundo questionamento, inicialmente já cabe ressaltar que cidadania e direito estão vinculados um ao outro, em que tem seu bojo contextualizado no discurso jusnaturalista e formulado ainda no contexto libertário e revolucionário em que tange a época moderna. Um aspecto importante a ser ressalvado neste tópico é de que a origem moderna de cidadania está ligada aos direitos humanos. Por se tratar de direitos de cidadania.

Manifesta-se então primeiramente o conceito relativo a história da cidadania em sentido de modernidade, sendo ela, a cidadania como preceito de igualdade humana básica em termos de sociedade, sendo, portanto, concretizada através da conquista de direitos.

Após os tempos irem passando e a evolução acontecer quanto a cidadania, seu desenho de desenvolvimento acontece, segundo Marshall e outros, devido a uma ligação de três fases ou fundamentos dos direitos humanos, sendo eles: o elemento civil, condicionados aos direitos civis de liberdade individual; o elemento político consubstanciado pelos direitos interligados à participação no exercício do poder político; e o elemento social, concernente aos direitos ligados ao bem-estar econômico e à herança social. (CORRÊA, 2002).

Partindo para o século XX, falando em direitos sociais, aconteceu apenas nesse século o reconhecimento de tais direitos como fragmento da cidadania, ocorrendo após atuação mais ativa nas comunidades locais e nas associações funcionais. Tal avanço no século XX requereu com mais persistência a intervenção governamental com relação as políticas públicas que favorecesse a comunidade e seu bem-estar.

O que chama atenção ao estudar e abordar essa temática, cidadania, é que tanto Marshall como outros autores concordam, é que essa abordagem não está claramente definida, contudo está muito mais ligado ao direito, o que até mesmo confundem-se com o referente direitos humanos. Tem-se como base ou regra que os cidadãos são aqueles que portam direitos, dentre estes

(28)

os mais considerados são aqueles cuja discriminação acontece mais corriqueiramente. (CORRÊA,2002).

Vale ressaltar que todo cidadão possui sim direitos, mas possui também deveres. Dos quais devem ser cumpridos para se adquirir seus direitos. Alguns dos exemplos que podem ser destaques são os de respeitar as leis que lhe são impostas; respeitar o direito do próximo, que assim como si mesmo possui direitos, e o outro também os têm, há de se respeitar o limite que advém de onde termina o vosso direito e inicia o de outrem; a família como base de uma sociedade salutar deve ser dirigida por maiores e responsáveis, normalmente os pais, que precisam suprir as necessidades dos menores e incapazes, dentre esses direitos que os pais devem suprir a seus filhos, está essa temática de abordagem, a moradia; exercer o direito adquirido ainda no passado, por homens e mulheres que lutaram por uma democracia, votando, o voto é a palavra do cidadão sendo exercida, as mudanças podem ocorrer em um País de acordo com o voto de cada indivíduo.

São estes alguns dos exemplos que são importantes para que os direitos e deveres de cada cidadão possam ser exercidos de forma mais plena. Assim como no passado a cidadania se moldava, atualmente ocorre o mesmo e depende de cada um exercer a diferença em seus municípios, Estado ou País. Os direitos humanos como já mencionado anteriormente em muito se confunde com a cidadania, pois são direitos garantidos por nossa Lei Maior, a CF, que elenca também os deveres que possuímos ao sermos garantidores de direitos.

2.2 As políticas públicas de acesso à moradia adequada

A questão que ronda as políticas públicas em conjunto com a moradia adequada está além do que se pensa que é apenas o bem casa que norteia esse aspecto, há ainda a parte que diz respeito a ter uma rua asfaltada, saneamento básico, esgoto, transporte, entre tantas, que ao longo desse texto já foram e ainda serão mencionadas, pois se trata disso a moradia adequada e

(29)

o que as políticas públicas estão realizando para melhorar a condição de vida de cada cidadão, para se ter uma vida salutar digna. (MOTTA).

Quando fala-se em moradia, a população vai do diálogo aos extremos, ou seja, desde conversar com quem é responsável por criar políticas públicas que atendam as necessidades sociais até as ocupações clandestinas, se apropriando de terras que já teriam proprietários, e as moradias improvisadas em prédios abandonas, onde-se vê inúmeras notícias e informações, inclusive onde são cenários para grandes desastres. (MOTTA)

Sabe-se que esses meios de moradias, são ilegais, porém são resultados de um descaso que assola a história brasileira de desinteresse social com o próximo, sendo estes os de classe mais baixa, o que torna visível a ausência de condições acessíveis e de políticas públicas que visem solucionar esta faceta. Para Maricato (2000), há uma flexibilização na aplicação da lei, que permite ocupações ilegais como forma de “acomodar” os pobres nas cidades, ou seja, a ilegalidade foi e ainda é parte do modelo de desenvolvimento urbano brasileiro (CALDEIRA, 2000).

Conforme se percebe em noticiários, revistas, jornais ou qualquer meio de comunicação utilizado desde os primórdios até o presente momento, que os mais necessitados de moradia são pessoas de baixa renda e que sobrevivem pagando aluguel ou que vivem em situações precárias, como supramencionadas. Quer dizer-se com isto que uma grande parte da sociedade ainda não adquiriu seu bem imóvel próprio, conforme a estudiosa do tema e economista Ana Maria Castelo cerca de 91% das famílias atingidas por esta problemática possuem o extrato de até três salários mínimos e que são pouco atendidas pelo mercado imobiliário e até mesmo por programas habitacionais

De acordo com estudo realizado pela Fundação Getúlio Vargas, tendo como base informações mais recentes, do ano de 2015, da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), que indica que o país brasileiro possui uma carência de 7,757 milhões de moradias. A grande escassez que atinge o âmbito habitacional brasileiro é devido por famílias com grande comprometimento da renda com o pagamento de aluguel e pela coabitação,

(30)

que se trata de famílias que dividem o mesmo teto, as moradias precárias e ademais ao chamado adensamento excessivo ou muita gente morando no mesmo lugar, conforme gráfico demonstrado a seguir:

Tem-se consciência de que a problemática acerca da moradia no que tange ao Estado brasileiro é de grande proporção, pois ao estudar casos reais de quem não possui uma moradia, ou possui porém não está totalmente ou nada adequada a condição de viver dignamente, como por exemplo, a situação da Cracolândia é algo imensurável e que cresce gradativamente, e este problema além de afetar o ser humano, através das drogas, muitos passam a morar nas ruas dessa devasta região. Segundo dados encontrados no Portal do G1, nesses 25 anos em que existe a Cracolândia o número só tende a aumentar, em 2018 era de 56.710 mil usuários de drogas recebendo atendimento.

Mas a questão que interessa aqui, é que quando muitos desses usuários recebem atendimento, eles não têm um lar para retornar e voltar a ter uma vida normal e digna, onde acabam retornando para as ruas onde a droga circula a todo o momento. Posto isso, é preocupante o fator “casa”, “moradia”, “residência”, para se manter longe ao menos por um instante do mundo obscuro que muitas vezes nos assombram.

(31)

Outro ponto relevante é que todos sabem é que o Governo Federal juntamente com a União, Estados e Municípios, tem a necessidade de criar projetos, leis, emendas, enfim o que seja para que a todos seja garantido o direito a moradia adequada. Logo mais, no próximo tópico irá se abordar um dos grandes projetos governamentais que é o Minha casa, Minha vida.

Contudo, nesse momento é propício enfatizar um ponto interessante, que é a união do povo para mudar a situação tão emblemática que assola o Estado brasileiro referente à moradia, é o destaque que saiu recentemente em um programa televisivo acerca de mulheres que uniram forças para ter sua própria casa. Explicando melhor esse enredo, vale a pena destacar alguns trechos desta comovente história, a iniciativa é de uma arquiteta de Belo Horizonte, que uniu mulheres para transformar seus direitos de moradia digna em realidade. Mulheres viraram construtoras de seus próprios sonhos e direitos, fazendo acontecer.

O interessante nesse fato é de que mulheres que moram em periferias, a situação é de muita pobreza, o que inúmeras vezes acaba fazendo com muitos desistam de ter sua casa própria. E não foi o que aconteceu dessa vez, essas mulheres aceitaram o desafio de fazer com suas próprias mãos a sua casa. O projeto foi desenvolvido pela arquiteta Carina Guedes que desenvolveu o projeto Arquitetura da Periferia. O projeto ensinou mulheres a fazer de medidas, projetar, desenhar até construir, erguer tijolos.

O que parece uma loucura é realidade e deveria estar sendo realizado pelo Governo Brasileiro de acordo com a Lei n° 11.888 de 24 de dezembro de 2008, que diz o seguinte em seu bojo do Art. 2°:

As famílias com renda mensal de até 3 (três) salários mínimos, residentes em áreas urbanas ou rurais, têm o direito à assistência técnica pública e gratuita para o projeto e a construção de habitação de interesse social para sua própria moradia.

Ou seja, muitas vezes a falta de conhecimento por parte da população faz com que muitos dos seus sonhos e mais, seus direitos não sejam

(32)

concretizados. Existem sim leis e projetos para a realização de moradias adequadas, porém muitas vezes elas não são postas na prática e ficam somente no papel, e quando não sai do papel não se tem uma avaliação, seja ela positiva ou negativa, para ver se realmente estão dando resultados como esperado quando de sua criação, ou se necessita de melhorias, aperfeiçoamento, ou até mesmo para criação de novas leis ou projetos.

E com esse grande exemplo que fora mencionado dessas mulheres, há sim possibilidade de realizar e pôr a prova o que o Governo Federal idealiza para seu eleitorado.

2.3 A análise da política pública "Minha casa minha vida"

Como visto no tópico anterior existe ainda um grande número de famílias que fazem parte da modalidade que ainda vivem de aluguel, e pensando nisso e analisando a política pública Minha Casa Minha Vida (MCMV), após a sua criação em 2009 vê-se que esse programa se tornou um grande aliado para a diminuição de pessoas sem moradia ou para conseguir algo melhor, porém nem tudo é real, já que nos últimos anos a dependência de todos no MCMV tem deixado a desejar, já que mais nada parece ser criado ou o que já existe no papel vem sendo esquecido. (BALBIM; KRAUSE; LIMA NETO, 2019).

E é isto que será abordado nesse tópico, conhecer melhor essa política pública que inicialmente encheu os brasileiros de esperança e atualmente parece ser mais um sonho passageiro.

Como o exemplo ora citado no primeiro parágrafo desse tópico, as famílias que vivem subsidiariamente de aluguel, representa um modelo de moradia, porém existem outros como já mencionados anteriormente, porém o programa MCMV abrange certos princípios e diretrizes que não abrem margem para outros projetos, programas, outros tipos de soluções.

Partindo um pouco do ponto histórico, cabe aqui ressaltar essa linha do tempo desde a criação do MCMV até o presente momento, alguns pontos

(33)

relevantes sobre a sua existência. A partir do ano de 2009, para superar a crise econômica e ajudar famílias de baixa renda, mais precisamente, esse projeto fora criado com a intenção de suprir um grande déficit habitacional que tomava conta do país. Sendo que ocorreu um grande avanço nas criações das unidades habitacionais (UHs). (BALBIM; KRAUSE, NETO).

Já em um segundo momento, a partir do ano de 2011 o MCMV passou a fazer parte do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), que foi implantado com o objetivo criar mecanismos para gerar ações de cunho social e urbano, o que se incluía urbanizar as favelas. E um próximo passo, seriam mais criações de UHs, e cerca de bilhões sendo investidos para os próximos anos que seguem. (BALBIM; KRAUSE; LIMA NETO, 2015, p.9).

Vale aqui ressaltar como funciona o quadro de salários correspondente a taxa de juros e onde cada família se enquadra para conseguir ter acesso ao MCMV, vejam no quadro a seguir:

Fonte: R7 (2018).

Portanto, conforme demonstrado no referido quadro acima cabe algumas exemplificações acerca dessas faixas sobre a renda/salário de cada núcleo familiar. No que diz respeito a Faixa 1, pode receber um auxílio de até 90%, e as parcelas ficariam entre um valor de R$80,00 a R$270,00, e ainda conforme demonstrado acima não existe juros nessa faixa. (NORUITI,2018).

Já na segunda Faixa 1,5, funciona da seguinte forma, além do juro já exposto, teriam uma ajuda para financiar sua casa em um valor de até R$47.500,00 para aluir do financiamento do imóvel. As parcelas ficariam

(34)

dividas em um número de 360, ou seja, com um prazo de quitação de até 30 anos. (NORUITI,2018).

Na faixa 2, as famílias que se incluem nessa faixa, podem perceber um abatimento de até R$ 29.000,00, e com relação ao número de parcelas ficaria igualmente a faixa anterior. (NORUITI, 2018).

E por fim na última faixa 3, já são famílias com um pouco mais de rendimentos, mas que ainda podem receber essa ajuda do projeto MCMV, e mesmo nesta última faixa o valor do juro ainda é considerado baixo, em comparação com outros financiamentos de casas, e tem um diferencial das outras faixas, esta não recebe ajuda no subsídio, porém pode retirar do seu FGTS para o valor de entrada e financiar o restante no mesmo número de parcelas, na qual vai diminuindo o valor das parcelas. (NORUITI, 2018).

Por ter números tão atrativos que esse programa continua fazendo com que pessoas continuem sonhando com a casa própria que caiba no seu bolso, e fazendo com que aumente as suas expectativas nesse sonho em se tornar real.

Contudo, o plano para ser perfeito ainda se encontra distante, pois quando se fala em pôr em prática para os cidadãos, ainda há um déficit muito grande se for analisar, por exemplo, pelo ponto de vista na distribuição de acesso a esse projeto de moradia, no que tange aos municípios. Teria mais facilidades aqueles que se encontram residindo em locais centrais.

Em uma das fases, em que se encontra atualmente o MCMV, até o ano que passou (2018), o plano era de que fossem construídas dois milhões de moradias. Porém o problema passou a se intensificar desde 2016, pois ocorreu cortes nas verbas repassadas para esse destino, de criação de moradias, em 2017 o Presidente Michel Temer, que estava em posse no momento, paralisou cerca de 40 mil obras. (GONZAGA, 2019).

Nos últimos anos houve cortes bem significantes no programa, e no ano em que o programa MCMV, completa seus 10 anos, desde a sua criação em

(35)

2009, a verba que fora anunciada pela Comissão Mista de Orçamento (CMO) neste ano foi a menor historicamente falando, sendo o valor de R$4,6 bilhões, que nos remete ao ano de 2018, que obtinha 10% a mais, ou seja, se percebe a notável diferença que havia sido posta à disposição das construções de novas moradias. (GONZAGA, 2019).

Uma das preocupações que rodeiam o programa MCMV está no cerne da questão consoante à geografia, a localização onde ficam situadas as novas moradias, construídas através desse programa. Através de dados obtidos nos estudos referente ao tema e Segundo Rufino et al. (2015) As construções que fazem parte desse programa, por inúmeras vezes são feitas em lugares onde se estabeleceram a periferia, e a resposta para tal fato encontra-se devido ao valor, pois nessas regiões o terreno se torna mais barato, entrando uma questão relacionada a valores, que as instituições privadas, as grandes construtoras, apenas tem por foco o valor econômico, e não a preocupação com o bem-estar da moradia e da família que ali habitará. (PACHECO; ARAÚJO, 2017, p. 7).

E o resultado dessa situação está no que diz respeito, por ser regiões já carentes e com pouca infraestrutura, não se tem empregos facilmente, por exemplo, entre tantos outros aspectos que as famílias ali alocadas encontraram como dificuldades para viver com tranquilidade.

Consoante a isso, destacam Pacheco e Araújo (2019):

O PMCMV tem utilizado, para a produção dos conjuntos habitacionais, uma tipologia padrão e uniforme para as diversas regiões do país, tendo como referência um modelo padronizado proposto pela Caixa Econômica Federal, indo assim de encontro ao que está posto no Plano Nacional de Habitação (PlanHab), como o respeito às diferenças entre as regiões. Com vistas a destacar esta característica, Fix e Arantes (2009) classificam o Programa como “pacote habitacional”, o que nos remete aos imensos conjuntos habitacionais, com 2000 mil unidades ou mais, que vêm sendo construídos. Por consequência, os princípios e objetivos da PNH, tais como o controle social e a participação não são aplicados na implementação deste Programa.

(36)

Ou seja, uma das adversidades é as famílias poderem participar da construção do seu sonho, sendo que inúmeras vezes o que acontece é que depois de construídas, as famílias ainda gastam mais para dar seu toque especial, e não que isso seja uma crítica negativa, mas como é assegurado pelo PNH o controle social e a participação, estes poderiam ser cumpridos ficando a cargo de cada família idealizar o seu projeto, mas entre tantos esse seria o menos dos problemas.

Umas das preocupações relevantes acerca desse ponto nas construções de “conjuntos habitacionais” seria, que pode-se usar como exemplo, as famílias que se encaixam na faixa 1 são as mais carentes, sendo que na maioria os casos essas famílias são numerosas, com um núcleo família mais intenso, e as moradias construídas nessa faixa são suprimidas ao máximo no que tange a questão valores, sendo que são criadas em proporções pequenas e acabam não abarcando as , necessidades reais dessas pessoas. (PACHECO; ARAÚJO, 2017, p. 7).

Outro fator gerador dessa grande economia por parte das construtoras é devido aos terrenos que se encontram em periferias, é porque estes já estão sob o poder da Caixa Econômica Federal, o que não traz gastos extras para ninguém, já que muitos cortes são feitos no repasse do dinheiro para essas moradias serem levantadas e ganharem vida. Na fase 1, por exemplo, as famílias pertencentes a esse grupo, em uma primeira fase do programa, não chegaram a beneficiar cerca de nem 10% dessas famílias, contudo nas faixas 2 e 3 o número é maior chega a 70% dos atendidos. (PACHECO; ARAÚJO, 2017, p.9).

Como bem estudado anteriormente, sabe-se que os três agentes governamentais deveriam ter seu ponto de contribuição nas construções dessas novas moradias, no entanto aos municípios restou apenas os cuidados pós-construção, já que em grande parte nesse programa se tornou capitalismo em primeiro lugar e bem-estar depois. Nesse sentido, destacam Cardoso e Aragão (2019), referente ao poder que deveria exercer esse poder público:

(37)

deixou de ter controle sobre a implantação dos empreendimentos habitacionais de interesse social. Os municípios pouco influenciam nos aspectos morfológicos e na localização dessa produção, já que a estrutura de provisão passou a seguir a estrutura de mercado. Em termos “ideais” seria possível se imaginar que o controle dos municípios sobre essa produção se desse através de mecanismos regulatórios, já que cabe a eles a responsabilidade pela aprovação dos projetos. No entanto, a pressão por resultados, a forte legitimidade do programa, aliados ao despreparo das administrações locais para controlar efetivamente os processos de organização e desenvolvimento do território, fizeram com que as administrações locais se tornassem meros coadjuvantes desse processo, atuando mais no sentido do relaxamento dos controles do que de uma regulação efetiva.

Resta então ao poder público tentar ao máximo combater as suas forças com as empreiteiras de grande porte, fora os outros pontos já mencionados.

Esses pontos trazidos nesse tópico são para conhecimento desse grande projeto que já beneficiou centenas de famílias sim, e que tem seu lado positivo tanto quanto tem o seu negativo. Já que as preocupações se tornaram meramente com relação a economizar, trazendo uma falsa ideia de que as famílias estão sendo atendidas em 100% do seu problema com a moradia.

Esse programa por si só tem um destaque nacional e que repercute em grande escala, gerando sim milhares de empregos, embora se tenha também preocupações de como e onde essas moradias estão sendo construídas e se realmente está sendo feito para se tornar um lar, uma moradia adequada.

Por muitas vezes as famílias que buscam esse tipo de auxílio, querem tanto ter sua casa própria que aceitam todas as propostas impostas a elas, mas não deveria funcionar assim, as pessoas primeiramente deveriam sim buscar informações acerca de todos os tipos de ajuda que elas podem e têm direito. Afinal o conhecimento é libertador, mas ter sua casa própria também o que faz com que essas ações das famílias sejam compreensíveis, mas o que não deve ser compreendido e aceitável é o governo dar qualquer coisa só porque se necessita dela imensamente.

Então pensando nisso, sim o MCMV já mudou a vida de inúmeras famílias e continua mudando, mas alguns pontos precisam ser revistos e as necessidades mais voltadas a quem realmente precisa, sem preocupações

(38)

meramente capitalistas. Não se pode regredir e sim decrescer, já que foram alcançados direitos anteriormente nunca idealizados que se tornariam palpáveis as nossas mãos. Basta então, pensarmos talvez um pouco mais de preocupação com nosso semelhante.

(39)

CONCLUSÃO

Partindo para o final do trabalho, o que se pode concluir, é que sim o Brasil como um país que deve ser garantidor dos direitos de todos os cidadãos sem distinção disto ou daquilo, fornece por meio de projetos, leis, programas, oportunidades para que toda pessoa tenha seu direito fundamental garantido e assegurado com relação a uma moradia adequada, a uma casa própria.

Então é o momento de se fazer uma auto análise do porque isso não acontece efetivamente, o que falta, o que está sobrando, e qual os posicionamentos no que dizem respeito a forma de como se é tratado esse assunto que é tão essencial na vida das famílias, e ultimamente vem sendo tratado como algo superficial.

O porquê de tantas pessoas ainda viverem em situações tão precárias, onde não se tem luz, água potável, esgoto e o mínimo para viver. E é algo que está tão perto de nossa realidade, porém não se consegue visualizar, pois em nosso pequeno universo tudo é perfeito porque ao nosso redor está.

Precisa-se urgentemente pensar em ideias que vão além daquele momento e daquela suposta necessidade que se têm. É preciso enxergar o que está distante de nossos olhos, e isso só acontecerá quando se iniciar uma verdadeira busca por soluções acerca das problemáticas nacionais.

Através desse trabalho pode-se conhecer mais do que o governo oferece e que não se trata apenas de números e sim de qualidade, bem-estar, são famílias sendo mais ativas em seus projetos e sonhos, obtendo voz. E para que isso aconteça precisa ser feito o que está positivado no papel, mas que na prática não acontece necessariamente nessa ordem.

(40)

Muitas das propostas governamentais precisam ser revistas e adequadas ao público que se pretende atingir, olhar a sua volta para que mais famílias sejam beneficiadas.

Entender que uma moradia adequada não consiste em apenas ter onde voltar no final do dia, mas sim ter um lar para o acolher no final do dia. Que as famílias ao decidirem obter ajuda do governo possam encontrar amparo e se sentir importantes que realmente as vidas dessas famílias serão mudadas e não apenas por um instante, pois quem precisa dessa ajuda é porque realmente tem necessidades especificas que não podem ser solucionadas sozinhas.

E para um bom andamento de todas essas leis estudadas, projetos e programas precisa-se pensar em algo a longo prazo que não vai satisfazer apenas naquele momento de sangria e necessidade intrafamiliar.

Reflitamos então que, em todo o Estado Nacional existem, ainda, milhares de pessoas precisando desse auxílio então o que será feito para mudar essas estatísticas que trazem tristeza quando analisadas profundamente?

Que uns com a ajuda de outros possam realizar benfeitorias que propiciaram a todos, que o governo possa escutar as vozes em clamam no silêncio de uma casa vazia, escura, com sede, cheirando mal e sem condições de habitação, ou até mesmo aqueles que clamam a noite por uma cama quente e confortável, por um alimento que sacie sua fome, por um telhado sem goteiras, por uma família unida no almoço, mas com espaço anoite para descansar.

Referências

Documentos relacionados

A mineração de criptomoedas, a grosso modo, é adicionar registros de novas transações no livro razão público da moeda (Bitcoin, por exemplo) em troca de pequenas taxas e

As TIC nas Escolas: Multimídia, hipermídia e redes nas escolas Programa Mídias na Educação (2005):. Convergência de distintas mídias para a tecnologia digital; Integração

(XIX EXAME DE ORDEM) O Governador do Distrito Federal, ao tomar conhecimento de que existe jurisprudência pacífica do Supremo Tribunal Federal a respeito da competência do

Tecle SHIFT TAB, utilize a seta para baixo e para cima para localizar a pasta em que o arquivo está gravado, tecle ENTER para abrir a pasta, TAB para ir para a lista de arquivos

Além disso, outras medidas de prevenção e controle são recomendadas para ambientes hospitalares, tais como identificação precoce do paciente colonizado ou com

 Para os agentes físicos: ruído, calor, radiações ionizantes, condições hiperbáricas, não ionizantes, vibração, frio, e umidade, sendo os mesmos avaliados

Relação entre as variáveis ambientais (altura, cota do rio, temperatura do ar média, temperatura do ar máxima, temperatura do ar mínima, umidade relativa do ar e precipitação e

Os dados contínuos ou de contagem geralmente podem ser convertidos para dados de classificação ou hierarquização, mas não na direção inversa. Por exemplo, as medições