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INICIATIVA PRIORIZE CORONA ZERO NA MINHA COMUNIDADE - MABOTE

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Academic year: 2021

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O mundo vive uma das piores pandemias da sua história. O Corona vírus afecta globalmente cerca de 14 milhões de pessoas e já causou a morte de 585,727. Em Africa a pandemia já afectou 543,122

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pessoas e provocou a morte de 9,130 outras . Em Moçambique foram testados, até ao dia 17 de julho de 2020, 43,649 pessoas suspeitas das quais 1,402

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casos foram positivos . Projecções indicam que no pior cenário, poderão ser afectadas, no país, perto

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de 20 milhões de pessoas , o que apesar de

improvável, seria claramente catastrófico; em todo o caso isso chama a atenção para a necessidade de engajamento de todos na sociedade para evitar que tal aconteça. Apesar do país estar a ter um número considerado baixo e manejável tendo em conta as condições socioeconómicas e institucionais do país, muitos analistas acreditam que o pico da doença para Africa e para Moçambique em particular ainda está por vir. É em

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função disso que o director geral da OMS alertou

Learning Brief #8

CONTEXTUALIZAÇÃO

REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE

INICIATIVA PRIORIZE

CORONA ZERO NA MINHA COMUNIDADE - MABOTE

2 https://covid19.ins.gov.mz/ accessado a 18 de Julho de 2020

1 https://www.who.int/emergencies/diseases/novel-coronavirus-2019/situation-reports acessado a 18 de Julho de 2020 3

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A campanha ´CORONA ZERO NA MINHA COMUNIDADE/ BAIRRO´ usa uma abordagem que liga objectivos de resposta imediata a pandemia com iniciativas de desenvolvimento a longo prazo. É uma abordagem que olha para COVID-19 como um problema, mas, sobretudo como uma oportunidade de restruturar a maneira de ser e e s t a r d a s o c i e d a d e p a r a d i n a m i z a r o desenvolvimento do país no longo prazo. A campanha tem cinco (5) objectivos sendo que apenas 1 é de curto prazo e trata da COVID-19 como um problema e, os restantes 4 são de médio e longo prazos e olham a COVID -19 como uma oportunidade.

que, se medidas não forem tomadas por todos, muitos países pobres e comunidades vulneráveis poderão sofrer enorme devastação. E, o presidente da república de Moçambique tem estado a informar que, o retorno a vida no novo normal dependerá da forma como todos nós engajaremos para evitar que essa acção não signifique o alastramento da pandemia.

Moçambique possui cerca de 28 milhões de habitantes sendo que perto da metade (46%) vivem na pobreza extrema (abaixo de 1 USD/por

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dia) . Destes pobres, 9.7 milhões são elegíveis a programas de Protecção Social por fazerem parte dos mais vulneráveis ( muito pobres, doentes crónicos, pessoas com necessidades especiais, crianças órfãs e vulneráveis entre outros). E, destes,

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o governo chega a cerca de 1 milhão o que significa que a vida da maioria dos outros necessitados tem sido dependente da solidariedade nacional e internacional e sobretudo usando redes informais de familiares, amigos, vizinhos ou pessoas e organizações de boa fé. Esse grupo de pessoas, que vivem em zonas rurais ou sub(urbanas) densamente povoadas poderão ser as principais vítimas em caso de eclosão da pandemia. É pensando neste extrato social que foi concebida a c a m p a n h a C O R O N A Z E R O N A M I N H A COMUNIDADE.

Ao contrário de muitas outras crises cuja a sua resposta dependia da mobilização, necessária ou não, de especialistas internacionais, as restrições impostas no âmbito da COVID-19, obrigam a que os países usem da sua criatividade e capacidade nacional e local para dar resposta a pandemia. Em

outros contextos, o país estaria, a essas alturas, ´inundado´ de vários especialistas internacionais para responder ao COVID-19. Esta pandemia permite testar a nossa capacidade criativa e de resposta a crises contando sobretudo com nossas forças internas. Quando passarmos para a nova normalidade o país com certeza terá ganho algo: terá melhorado a sua capacidade local de resposta e com isso a sua autoestima. A campanha de resposta humanitária CORONA ZERO NA MINHA COMUNIDADE surge neste contexto de respostas locais. Ela foi idealizada no seio da UEM/FAEF e tem o apoio da Iniciativa PRIORIZE em Mabote (e outros projectos e acções) e está sendo implementada por moçambicanos. É preciso realçar também que, a história de gestão de calamidades mostra que, são os locais, que de forma organizada, salvam a maior

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parte de potenciais vítimas do desaastre !

4 https://www.who.int/emergencies/diseases/novel-coronavirus-2019 acessado 21 de Março de 2020 5 MEF (2016) Pobreza e Bem estar em Moçambique: 4ª avaliação nacional

6 GoM (2016) Estratégia Nacional de Segurança Social Básica

7 Wisner et al (2003) At risk: natural hazards, people´s vulnerability and disasters. ISBN 9780415252164

O DESAFIO DE UMA ABORDAGEM

DE RESPOSTA LOCAL

UMA RESPOSTA COM OBJECTIVOS

PARA ALÉM DO IMEDIATO

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OBJECTIVO UM (IMEDIATO):

PREVENIR QUE A COVID-19

CHEGUE AOS BAIRROS/

COMUNIDADES.

O alcance deste objectivo passa por engajar todo cidadão nacional ou internacional que vive em Moçambique a ser sujeito activo na prevenção do coronavírus apoiando, em primeiro lugar, a comunidade onde vive, a se prevenir da pandemia e, a ajudar outras pessoas sem capacidade, em outras comunidades, para que também o possam fazer. A premissa é que ´A MINHA SEGURANÇA CONTRA A COVID-19 DEPENDE DA SEGURANÇA DO MEU PRÓXIMO´. A abordagem para o alcance desta objectivo envolve o LEMA 'SALVE' que significa:

(Sensibilização):

S

é importante que todas as

pessoas no bairro estejam sensibilizadas sobre o problema e as medidas que devem ser tomadas. Aqui defendemos que todo o indivíduo na comunidade deve estar informado sobre a pandemia e, deve ser também um informante para aqueles que ainda não tem conhecimento sobre o assunto. Este processo de sensibilização (acesso a informação) é condição número um para equipar as pessoas com o conhecimento requerido para dar resposta a pandemia.

(Acção/Apoio):

A

é necessário que não se pare apenas na sensibilização. Devemos todos engajarmo-nos em fazer uso da informação (partir para acção) praticando aquilo que é recomendado e também ajudando aqueles que, por razões diversas, não estão em condições de praticar as medidas recomendadas porque lhes faltam os meios. As acções aqui propostas devem dinamizar toda uma resposta que pensa no longo prazo. Voltaremos a este especto mais adiante.

(Lugar):

L

Na abordagem CORONA ZERO NA

MINHA COMUNIDADE todos os moradores são indivíduos preocupados com a segurança contra o Covid-19 em todos os lugares susceptíveis no seu bairro assim como em todos os lugares que frequentam e, fazem de tudo ao seu alcance para que os lugares se mantenham imunes do vírus.

(Vigilância):

V

Todo morador é vigilante

quanto a comportamentos que podem q u e b r a r a i m u n i d a d e d a comunidade/bairro tais como a realização de eventos, barracas e lojas abertas fora de hora, entre outras práticas que signifiquem o não cumprimento das normas emanadas pelo governo. São igualmente vigilantes com relação ao comportamento dos escolhidos para dirigir a campanha na sua comunidade/ bairro.

( E s p e ra n ç a ) :

E

To d o o c i d a d ã o n a comunidade é um indivíduo que transmite esperança e conforto para os outros e não fomenta pânico e fofocas.

Nesta abordagem postulamos que a resposta a COVID-19 e as próximas crises que certamente aparecerão, depende de como a sociedade se prepara, localmente, para responder a crises e isso passa por dinamizar a economia e a rede de solidariedade local. Para isso, incentivamos que:

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Priorize capacitar as comunidades a produzirem as suas próprias máscaras em vez de distribuir fornecendo, por exemplo, máquinas de costura e acessórios para que isso aconteça e, partilhando responsabilidades com os locais (incluindo governos locais) para que o processo continue mesmo sem o seu apoio inicial.

OBJECTIVO DOIS (MÉDIO-LONGO

PRAZO): DINAMIZAR A ECONOMIA

E SOLIDARIEDADE LOCAL

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3

Priorize o mercado local garantindo que todas aquisições de bens no âmbito do COVID-19 sejam feitas, preferencialmente, no mercado local. As máscaras devem ser produzidas ou compradas localmente; o sabão comprado localmente, entre outros. Isto ajuda o mercado local através da dinamização da procura e oferta e, faz o dinheiro circular lã onde a intervenção está a acontecer.

2

Priorize o apoio intracomunitário garantindo que, aquele que pode ajudar o seu próximo o faça sem esperar que venham actores de fora para o fazer. Por exemplo, quem pode comprar mais 1-2 máscaras ou pouco mais de sabão, que o faça e passe para o vizinho próximo que, reconhecidamente, tem limitações para ter este produto. Acoplado a isso, incentivamos que todo o actor externo fortaleça esses mecanismos em vez de promover práticas que criam dependência continua de externos. Em caso de angariação de fundos/bens externos, deverão existir mecanismos aceitáveis de transparência e prestação de contas para tornar o processo fidedigno e que realmente beneficia os que mais precisam. Isto pode passar pelo uso de organizações de boa índole existentes nestas comunidades que reconhecidamente promovem o apoio intracomunitário.

Em Moçambique desenvolveu-se, ao longo de

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termpo, aquilo que Yussuf Adam apelidou de 'mentalidade pedinte' (begger mentality) e Hanlon

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& Smart apelidaram de 'Cargo Thinking' (mentalidade de mercadoria), sobre a qual, a resposta dos problemas que assolam o país virá de fora feito mercadoria. E, no dia-a-dia esta mentalidade vai sendo alimentada por diversas práticas desde a distribuição de máscaras em locais

públicos sem uma análise critica de quem realmente precisa ser oferecido até algo maior. É nossa percepção que esta correria pedinte e de ofertórios em vez de ajudar, ele atrofia, ao longo do tempo, a criatividade e dinâmica necessárias para responder aos problemas locais quando feita sem perceber o contexto e não fortalecer os mecanismos locais. A MINHA SEGURANÇA CONTRA A COVID-19 DEPENDE DA SEGURANÇA DO MEU PRÓXIMO´- visa iniciar/dinamizar processos endógenos de resposta aos problemas do dia-a-dia nas comunidades, encorajar e apoiá-las antes de recorrer ao externo. Esta foi uma prática que foi-se perdendo ao longo do tempo e que é critico para o desenvolvimento do país. Isto não significa que o apoio externo não seja necessário; claro que é! Porém, advogamos que a maneira de o fazer deve garantir que, aos poucos liberta os locais da dependência exterior. É por isso que no objectivo 2 falamos de fortalecer o mercado e as redes sociais locais.

A mentalidade de mercadoria atrofiou, ao longo do tempo, o estabelecimento de estruturas locais viradas ao desenvolvimento local. O que existe, um pouco por todo o país e todas comunidades/ bairros, são estruturas de administração política que esperam receber ordens superiores e, assim as comunidades ficam a espera do que virá de cima. A c a m p a n h a ' C O R O N A Z E R O N A M I N H A COMUNIDADE' visa criar/dinamizar as sementes para o surgimento de, em cada comunidade, dum grupo que dinamiza a resposta, mas acima disso, dinamiza o desenvolvimento futuro da comunidade. O país deverá sair de 'campanhas' para estruturas de desenvolvimento e de

OBJECTIVO 3 (MÉDIO-LONGO

PRAZO): PROMOVER

A MUDANÇA DE MENTALIDADE

OBJECTIVO 4 (MÉDIO-LONGO

PRAZO): DINAMIZAR O

DESENVOLVIMENTO DA

COMUNIDADE A PARTIR

DA COMUNIDADE

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Adam, Y.(1990) Foreign Aid to Mozambique: Needs and Effects. Centro de Estudos Africanos. Maputo

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Nestes distritos a campanha trabalhou com lideranças e comunidades locais nos seguintes pontos:

Fabrico local de máscaras: foram entregues, nestes distritos, máquinas de costura e acessórios para que as comunidades locais fizessem a

produção local de máscaras que deverão ser depois distribuídas aos mais necessitados. Onde possível como em Mabote, as máquinas e parte de acessórios foram adquiridos no mercado local.

Equipamento de higiene e de produção agrícola: foram entregues, nestes distritos, material de higiene tais como sabão, desinfetantes, pulverizadores, pesticidas entre outros produtos para serem usados tanto na componente de saúde assim como na componente de produção agrícola de hortícolas visando sobretudo garantir que a produção agrícola possa ajudar a aumentar a imunidade dos mais vulneráveis. A semelhança das máscaras, o procurement para estes produtos foi iniciado ao nível local e somente adquirido fora o que não existia ao nível local.

Fornecimento de rádios com painel solar acoplados com entrada USB para divulgação de

mensagens de prevenção da COVID-19: foram

adquiridos e distribuídos rádios que carregam por painel solar os quais tem entrada USB. E, foram adquiridos e distribuídos USB quem tem gravados mensagens e músicas sobre prevenção da COVID-19. As mensagens foram produzidas por uma equipa da Universidade Eduardo Mondlane e gravadas nos estúdios da Rádio Moçambique. E, as músicas, maioritariamente em língua local, foram cuidadosamente seleccionadas pelos profissionais da rádio Moçambique. No total, cada USB tem cerca de 9 mensagens separadas por 2-3 músicas cada perfazendo pouco mais de 120 minutos de informação sobre COVID-19.

Estabelecimento de painéis locais de pesquisa:

em cada distrito foram seleccionadas entre 10-20 pessoas de diferentes extratos sociais e comunidades para fazerem parte duma pesquisa liderada pela Universidade Eduardo Mondlane sobre impactos e respostas locais ao covid-19 nas comunidades rurais. Porque a pandemia implica menos contactos, cada participante recebeu um telefone e, uma vez por semana, atende chamadas de pesquisadores da UEM que, fazem remotamente perguntas sobre o assunto. O carregamento local dos celulares é feito através dos rádios acima referidos os quais também trazem um mecanismo para carregar telefones.

intervenção que estão presentes e cristalizadas em cada bairro/comunidade, que são pontos de entrada e saída quando se fala do local.

Respostas efectivas a crises como a COVID-19 dependem, sobretudo, da qualidade de informação que os decisores têm a sua disposição. Neste sentido e, com vista também a tirar lições sobre impactos e respostas a diferentes níveis, é crucial que a pesquisa acompanhe todo o processo de resposta a crises. Assim, advogamos que a medida que a sociedade (incluindo os doadores) responde a crises, seja criado, em paralelo, um fundo dedicado a pesquisa (acção).

OBJECTIVO 5 (MÉDIO-LONGO

PRAZO): DINAMIZAR A LIGAÇÃO

RESPOSTA A CRISES COM

PESQUISA PARA PRODUZIR

CONHECIMENTO QUE

INFORMA DECISÕES

MECANISMO PRÁTICO DE

FUNCIONAMENTO DE RESPOSTA

HUMANITÁRIO: EXEMPLO DOS

DISTRITOS DE MABALANE,

MAPAI E MABOTE

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@PRIORIZE

GERALPRIORIZE@PRIORIZE.CO.MZ

w

WWW.PRIORIZE.CO.MZ

A Embaixada da Irlanda em Moçambique nancia a Iniciativa PRIORIZE. No entanto, as opiniões expressas neste documento são de responsabilidade dos autores e não re etem necessariamente a política ou posição o cial do doador ou de qualquer outro parceiro da Iniciativa.

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