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Pirenópolis Goiás Brasil

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Pirenópolis – Goiás – Brasil 20 a 22 de outubro de 2015

CARACTERIZAÇÃO DE VOÇOROCAS EM CALDAS NOVAS (GO)

Rodrigo Oliveira Silva 1 Alik Timóteo de Sousa2 1

Graduando em Geografia, PVIC/UEG, Câmpus Morrinhos, rodrigo.oliveira.geo@gmail.com 2

Docente, Universidade Estadual de Goiás, Câmpus Morrinhos, aliktimoteo@gmail.com

1. INTRODUÇÃO

Caldas Novas localizada no Sul de Goiás é conhecida nacionalmente pelo turismo hidrotermal. A atividade turística atraiu imigrantes de vários estados brasileiros, principalmente do nordeste do país, contribuindo para rápido aumento populacional nas últimas duas décadas do século XX. Atualmente possui 79.705 habitantes (IBGE, 2014).

O crescimento populacional refletiu em ocupação urbana inadequada sobre áreas de veredas, cabeceiras e margens de córregos, desencadeando impactos ambientais com o surgimento de erosões hídricas pluviais do tipo sulcos, ravinas e voçorocas.

Nas proximidades das nascentes e planícies de inundação, ocorrem solos relativamente friáveis representados por Latossolos Vermelhos, Argissolos e Gleissolos Háplicos. Essas áreas de fundos de vales são caracterizadas como convergentes de fluxos hídricos superficiais e subsuperficiais, apresentando maior fluxo de água em seu interior (Castro et al., 2004; Sousa e Correchel, 2013), em razão da proximidade do lençol freático o que pode favorecer o surgimento e evolução dos processos erosivos acelerados.

os sulcos resultam da concentração da água da chuva nas irregularidades da superfície do solo favorecendo a concentração do escoamento superficial que libera, transporta e deposita partículas pedológicas ao longo da encosta (LEPSCH, 2002). Com a continuidade dos eventos

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pluviométricos ao longo dos anos, as enxurradas que escoam nos pequenos sulcos podem convergir para as feições maiores, contribuindo para a progressão de suas dimensões que se aprofundam, alargam-se e ficam mais extensos, até atingirem o estágio de ravina.

As ravinas são incisões erosivas de grande porte, que se desenvolvem pelo atrito dos fluxos superficiais (Castro et al., 2004), criando marcas perceptíveis na paisagem e apresentando grandes dimensões. Evoluem exclusivamente durante o período chuvoso, pois, dependem da atuação das enxurradas que desestabilizam os taludes promovendo sua progressão lateral, sentido jusante, remontante e aprofunda o talvegue. Quando não são estabilizadas, podem se transformar em voçorocas ao interceptarem o escoamento subterrâneo.

As voçorocas são as maiores feições erosivas lineares, que geralmente sucedem as ravinas ou podem surgir já neste estágio. Possuem grandes dimensões e diferenciam das ravinas por conjugarem a ação de fluxos d’água superficiais e subsuperficiais (CASTRO, et al., 2004; CAMAPUM DE CARVALHO et al., 2006; SOUSA & CORRECHEL, 2013. Por isso, evoluem durante todo o ano, mesmo em áreas tropicais com regime pluviométrico bem definido, período seco e chuvoso.

2. OBJETIVOS

A pesquisa teve como objetivos cadastrar as maiores erosões caldas-novenses buscando diagnosticar as causas de surgimento, mecanismos erosivos atuais e dinâmica atual, visando propor medidas adequadas de contenção.

3. METODOLOGIA

A pesquisa foi desenvolvida a partir de revisão bibliográfica sobre os processos erosivos, conceitos relacionados e os métodos de estudo. Em seguida foram realizadas observações em imagens do Google Earth visando identificar focos erosivos lineares de grande porte. Após essa etapa foi-se ao campo para identificação das possíveis incisões erosivas. Foram selecionadas e cadastradas três erosões, conforme metodologia proposta pelo IPT (1986), visando à caracterização de suas dimensões, formas e aspectos dinâmicos atuais. Realizou-se também a medição de suas dimensões: largura, profundidade e extensão. Por último propôs sugestões de contenção das

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Pirenópolis – Goiás – Brasil 20 a 22 de outubro de 2015

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

As voçorocas cadastradas estão concentradas no sudeste da cidade de Caldas Novas, nos Bairros Serrinha/Estância Itajá, Estância Itaici II e Bairro Jequitimar/Serrinha, nas proximidades do Lago da Hidroelétrica do rio Corumbá (Figura 1).

Figura 1. Localização das erosões pesquisadas (1, 2 e 3). Fonte: Google Earth, 2015.

A localização, dimensões e características principais das erosões cadastradas estão organizadas no quadro 1.

Quadro 1. Descrição das erosões cadastradas em Caldas Novas (GO).

Erosões Localização Dimensões Características principais

1. Voçoroca Serrinha

17º 45’26.18” S e 48º 36’38.52” O Altitude: 706 m

Extensão: 110 m Conectada a um córrego de 1ª ordem afluente do ribeirão Caldas. Atualmente estabilizada. Profundid. 3 m Largura: 20 m Volume: 6.600 m3 2. Voçoroca Chico Batata 17º 46’03.31”S 48º 36’56.24”O Altitude: 723 m

Extensão: 200 m Conectada a um córrego de 1ª ordem afluente do rio Corumbá. Apresenta elevada instabilidade. Profundid. 4 m Largura:25 m Volume: 20.000 m3 3. Voçoroca Jequitimar 17º 45’39.07”S 48º 36’09.81”O Altitude: 674 m

Extensão: 133 m Conectada ao córrego Jequitimar afluente do rio Corumbá. Apresenta elevada instabilidade.

Profundid. 15 m Largura: 3,5 m Volume: 6.982.5m3

A primeira voçoroca está localizada entre os bairros Estância Itajá e Setor Serrinha, no cruzamento da Rua 35 com a Avenida Wolney Pereira dos Santos, junto à cabeceira de um córrego

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de primeira ordem, afluente do ribeirão Caldas. Portanto refere-se a uma erosão de reativação de cabeceira de drenagem, induzida pela ação antrópica.

A referida erosão surgiu a partir da destruição do lançamento de uma galeria de água pluvial, na cabeceira do córrego (Figura 2). Até abril de 2015 apresentava elevada instabilidade, com trincas de tração em suas bordas, taludes solapados e previsão de evolução em direção ao perímetro urbano. O fluxo hídrico da galeria pluvial destruída que atingia a borda da erosão, associada ao escoamento das enxurradas pelas ruas adjacentes e ao transbordamento da rede de esgoto doméstico à montante da erosão, potencializavam a atuação dos processos erosivos em seus taludes, laterais e remontante (Figura 3). Entre maio e junho de 2015 a prefeitura local reconstruiu o lançamento da galeria de água pluvial e fez aterros na cabeceira da erosão (Figuras 4 e 5). Atualmente encontra-se estabilizada. Espera-se que as obras resistam os próximos períodos chuvosos.

Figura 2. Vista parcial da voçoroca Serrinha. Tubulação de galeria pluvial em seu interior (dezembro/2014).

Figura 3. Voçoroca Serrinha. Elevada instabilidade; rua interditada (dezembro/2014).

Figura 4. Voçoroca Serrinha. Após obras de recuperação. Presença de água servida em seu interior (Junho/2015).

Figura 5. Voçoroca Serrinha. Vista parcial de jusante para montante, após recuperação (Junho/2015).

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Pirenópolis – Goiás – Brasil 20 a 22 de outubro de 2015

A segunda erosão está conectada a um curso d’água afluente do rio Corumbá, foi denominada de voçoroca do Chico Batata, porque está às margens da avenida homônima ou rua seis (6), localizada no Bairro Itaici II. Em 2012 a avenida recebeu pavimentação asfáltica e três bocas de lobo para captação da água pluvial que atinge a via, com lançamento a meia encosta, sobre a nascente de um curso d’água, em área de vereda, numa chácara periurbana (Figura 6).

Essas intervenções patrocinaram o processo erosivo acelerado que tem progredido lateral e remontante na direção da Avenida Chico Batata. Surgiu como voçoroca de reativação de cabeceira de drenagem. Apresenta elevada instabilidade com mecanismos típicos de voçoroca com interceptação do lençol freático, pipings disseminados nos sopés dos taludes, movimentos de massa e trincas de tração em superfície.

Os moradores circunvizinhos à voçoroca depositam lixo de natureza variada em suas bordas e em seu interior contribuindo para o agravamento do impacto ambiental (Figura 7). Contudo, existem sinais de estabilização na cabeceira da incisão erosiva, evidenciados pela presença de repovoamento espontâneo com gramíneas e plantas secundárias, como embaúbas, mamonas e pimenta de macaco (Figura 8).

Essa voçoroca necessita de intervenções para evitar sua progressão, riscos a transeuntes e destruição de patrimônio público: meio fio, tubulação da boca de lobo, via pavimentada, postes de energia elétrica, dentre outros, bem como, para reduzir a perda de solos e o consequente assoreamento do Lago da represa de Corumbá. Dentre as medidas de estabilização, destacam-se: a) a construção de uma galeria de água pluvial com dimensões e lançamentos adequados; b) plantio de espécies nativas e exóticas adaptadas a áreas degradadas; c) construção de paliçadas de bambu ou madeira no interior para reduzir a perda de sedimentos visando a sua colmatação; e, aterro adequado em sua cabeceira.

A terceira erosão denominada de voçoroca Jequitimar está localizada na Rua João da Cruz, entre os Bairros Serrinha e Jequitimar, no contato do espaço urbano com chácaras periurbanas. A rua foi aberta no início do ano de 2000, sobre área de nascente perene. Alguns moradores do bairro utilizam a água da mina em suas residências.

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Figura 6. Vista parcial da boca de lobo na rua 6.

Figura 7. Voçoroca Chico Batata; taludes instáveis e movimentos de massa.

Figura 8. Presença de lixo, mamonas e gramíneas na cabeceira da voçoroca.

A erosão Jequitimar surgiu a partir da abertura do sistema viário há 15 anos sobre área de nascente (Figura 9), que deveria ser de preservação permanente, como previsto na Legislação Brasileira, expresso na Política Nacional da Biodiversidade, Decreto nº 4.339, de 22 de agosto de 2002 e Anexo 9. Um dos objetivos dessa Lei é:

Promover recuperação, revitalização e conservação da biodiversidade nas diferentes bacias hidrográficas, sobretudo nas matas ribeirinhas, nas cabeceiras, nos olhos d’água, em outras áreas de preservação permanente e em áreas críticas para a conservação de recursos hídricos (Camapum de Carvalho e Melo, 2006).

O loteamento, a abertura do sistema viário e a construção de moradias tem impactado essa área que deveria ser de preservação permanente como prevê a Política Nacional da Biodiversidade. A especulação imobiliária e a agregação de novas áreas ao espaço urbano de Caldas Novas não consideraram a fragilidade do ambiente para a ocupação urbana, desencadeando os processos erosivos acelerados.

Periodicamente essa erosão recebe depósito de entulhos da construção civil (Figura 10). Porém, a cada evento pluviométrico esse material é transportado pelas enxurradas vertente abaixo, passando pela voçoroca abrasando seu talvegue e taludes, contribuindo para o aumento de suas dimensões (Figura 11) e assoreamento do córrego local. Moradores próximos ao fenômeno depositam lixo e animais mortos em seu interior.

Em sua jusante, próximo ao córrego Jequitimar é mais larga e profunda, sobre Gleissolos Háplicos e vegetação ciliar, pertencente à mata permanente de chácaras afetadas pela referida voçoroca.

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Pirenópolis – Goiás – Brasil 20 a 22 de outubro de 2015

Figura 9. Características da voçoroca Jequitimar - Nascente perene na Rua João da Cruz.

Figura 10. Entulhos em sulcos e ravinas na Rua João da Cruz, Bairro Jequitimar.

11. Instabilidade da cabeceira da voçoroca logo após chuva intensa; exposição de tubulação de água tratada.

Para estabilizar a voçoroca sugere-se a construção de galeria de água pluvial, a implantação de drenos porosos nas nascentes junto à Rua João da Cruz, o plantio de espécies nativas e exóticas adaptadas às condições de ambiente degradado, no trecho inferior da erosão, aterro adequado dos sulcos, ravinas e da cabeceira da voçoroca e o monitoramento ambiental após execução das obras.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

As erosões refletem o uso inadequado do solo sobre áreas que deveriam ser preservadas. As duas primeiras erosões estão em cabeceira de córregos enquanto que a última, está relacionada com a abertura de ruas e construção de moradias sobre surgência d’água na encosta. Portanto, a especulação imobiliária não levou em consideração as condições e fragilidades dos ambientes para a expansão urbana de Caldas Novas.

Na erosão que ocorreu a reconstrução da galeria de águas pluviais e o devido aterro, deve ser continuamente monitorada para evitar possível reativação dos mecanismos erosivos.

As medidas de estabilização ou contenção sugeridas devem ser adotadas para evitar o aumento das incisões, bem como, para minimizar os impactos ambientais e sociais decorrentes. AGRADECIMENTOS

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REFERÊNCIAS

CAMAPUM DE CARVALHO, J.; SALES, M. M.; MORTARI, D.; FÁZIO, J. A.; MOTTA, N. O.; FRANCISCO, R. A. Processos erosivos. In: CAMAPUM DE CARVALHO, J.; SALES, M. M.; SOUZA, N. M. de.; MELO, M. T. da. S. (Org.). Processos Erosivos no Centro-Oeste Brasileiro. Brasília: FINATEC, 2006. Cap. 2, p. 39-91.

CASTRO, S. S. de.; XAVIER, L. de. S.; BARBALHO, M. G. da. S (Org.). Atlas geoambiental das nascentes dos rios Araguaia e Araguainha: condicionantes dos processos erosivos lineares. Goiânia: Secretaria do Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos de Goiás, 2004. 75 p.

INSTITUTO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Estimativas da população residente com data de referência em 1º. De julho de 2014, publicada no Diário Oficial da União em 28/08/2014. Disponível em: http://cidades.ibge.gov.br/xtras/perfil.php?codmun=520450.

INSTITUTO DE PESQUISAS TECNOLÓGICAS DO ESTADO DE SÃO PAULO – IPT. Orientações para o combate à erosão no Estado de São Paulo, Bacia do Peixe/Paranapanema. São Paulo: IPT, 1986. 16p.

LEPSCH. I. F. Formação e conservação do solos. São Paulo: Oficina de textos, 2002.p.178.

SOUSA, A. T. de; CORRECHEL, V. Voçoroca em borda de relevo tabular residual sobre cobertura latossólica, Quirinópolis (GO). Boletim Goiano de Geografia. Goiânia, v. 33, n. 3, p. 509-527, set./dez. 2013.

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