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Relatórios de Estágio realizado na Farmácia Queija Ferreira e no SCIAS Hospital de Barcelona

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Academic year: 2021

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Farmácia Queija Ferreira

Gabriela dos Santos Guerra

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Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas

Relatório de Estágio Profissionalizante

Farmácia Queija Ferreira

abril a agosto de 2019

Gabriela dos Santos Guerra

Orientador: Dr. Carlos Queija Ferreira

Tutor FFUP: Prof. Doutor (a) Beatriz Quinaz

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Declaro que o presente relatório é de minha autoria e não foi utilizado previamente

noutro curso ou unidade curricular, desta ou de outra instituição. As referências a

outros autores (afirmações, ideias, pensamentos) respeitam escrupulosamente as

regras da atribuição, e encontram-se devidamente indicadas no texto e nas

referências bibliográficas, de acordo com as normas de referenciação. Tenho

consciência de que a prática de plágio e auto-plágio constitui um ilícito académico.

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, 16 de setembro de 2019

Gabriela dos Santos Guerra

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Agradecimentos

Pretendo deixar aqui os meus sentidos agradecimentos a algumas pessoas que me acompanharam ao longo do meu estágio e que sem as quais não conseguiria atingir os meus objetivos.

Em primeiro lugar, um agradecimento especial à Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, por estes 5 anos, que, sem dúvida, marcaram o meu percurso, e me permitiram alcançar esta fase final – o Estágio em Farmácia Comunitária.

Gostaria, igualmente, de agradecer à Comissão Orientadora de Estágios da Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, incluindo a minha orientadora, a Professora Doutora Beatriz Quinaz, pela disponibilidade demonstrada.

À Farmácia Queija Ferreira, por me terem recebido de braços abertos desde o primeiro dia, integrando-me no seu ambiente, o que tornou tudo muito mais fácil. Em particular, ao Dr. Carlos Queija Ferreira, pela orientação, preocupação demonstrada ao longo do estágio, disponibilidade para resolução de eventuais problemas, por respeitar o meu ritmo de aprendizagem e pelos seus conselhos. À Dra. Catarina, ao Dr. Diogo, à Dra. Eduarda, à Dra. Inês, ao Dr. Jorge, à Dra. Liliana, à Dra. Margarida, ao Dr. Pedro, à Dra. Rita, ao Filipe, à Odete, ao Tiago e à D. Fátima, por toda a ajuda, simpatia, boa-disposição, companheirismo, paciência e conhecimentos transmitidos, tornando a minha passagem pela Farmácia Comunitária uma experiência bastante completa.

Aos meus colegas de estágio, Catarina e Óscar, pelo apoio prestado e espírito de interajuda.

Às minhas amigas, por todo o suporte, incentivo e ombro amigo em todos os momentos.

À minha família, particularmente o meu pai, pela paciência, pela compreensão e pelo apoio, ajudando-me sempre a ultrapassar os obstáculos.

A todos os que referi, o mais sincero obrigada por terem contribuído para a minha formação nesta etapa da minha vida.

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Resumo

Neste relatório estão descritos os conhecimentos adquiridos e as atividades desenvolvidas.ao longo do meu estágio na Farmácia Queija Ferreira, no âmbito do Estágio Curricular do Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas.

Assim sendo, numa primeira parte, é descrito o funcionamento da farmácia, nomeadamente as atividades desempenhadas pelo farmacêutico, ferramentas de gestão, receção de encomendas, dispensa de medicamentos e outros produtos de saúde, entre outros aspetos.

Quanto à segunda parte deste relatório, são enquadrados os projetos por mim empreendidos ao longo do estágio. Assim, a primeira intervenção diz respeito ao Rastreio Cardiovascular realizado na farmácia; o segundo trabalho teve como temática a “Saúde em Férias” e, por fim, o meu terceiro projeto consistiu na realização de uma ação de sensibilização subordinada ao tema “Saúde Oral na Infância”, dirigida a crianças em idade pré-escolar.

Todas as atividades desenvolvidas durante o estágio permitiram o meu crescimento, em termos profissionais, académicos e pessoais, possibilitando a consolidação de conhecimentos apreendidos ao longo destes 5 anos e, sobretudo, a aquisição de novas competências, essenciais no dia-a-dia de um farmacêutico. Por exemplo, a adaptação a novas situações e resolução de rápida de problemas, garantindo, assim, um serviço de elevada qualidade ao utente.

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Índice

Declaração de Integridade ... ii Agradecimentos ... iii Resumo ... iv Índice ...v Abreviaturas ... viii Tabelas ...x Figuras ... xi

Parte 1 - descrição das atividades desenvolvidas no estágio ... 1

1. Introdução ... 1

2. Farmácia Queija Ferreira ... 2

2.1. Espaço físico e equipamentos ... 2

2.2. Horário de funcionamento ... 3

2.3. Recursos Humanos ... 4

2.4. Perfil dos utentes ... 4

2.5. Sistema informático ... 4

2.6. Fontes de informação ... 5

3. Gestão da Farmácia Queija Ferreira ... 5

3.1. Gestão de stocks ... 5

3.2. Gestão de encomendas ... 6

3.3. Armazenamento ... 8

3.4. Controlo dos prazos de validade ... 9

3.5. Devoluções ... 9

4. Dispensa de medicamentos e produtos de saúde ... 9

4.1. Medicamentos sujeitos a receita médica ... 10

4.2. Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica ... 15

4.3. Medicamentos Manipulados ... 15

4.4. Medicamentos de Uso Veterinário ... 16

4.5. Dispositivos Médicos ... 17

4.6. Outros Produtos Farmacêuticos ... 17

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5.1. Determinação da pressão arterial e de parâmetros bioquímicos ... 18

5.2. Administração de medicamentos injetáveis ... 18

5.3. Preparação Individualizada da Medicação ... 18

6. VALORMED e recolha de radiografias ... 19

7. Atividades adicionais ... 19

Parte 2 - apresentação dos temas desenvolvidos: enquadramento, objetivos, métodos, resultados, discussão e conclusão ... 20

Tema 1 – Rastreio Cardiovascular ... 20

1. Enquadramento ... 20

2. Objetivos ... 20

3. Risco Cardiovascular ... 20

3.1. Fatores de risco cardiovascular ... 21

3.2. Minimização do Risco Cardiovascular... 24

4. Métodos ... 25

5. Resultados e discussão ... 25

6. Conclusão ... 27

Tema 2 – Saúde em férias ... 27

1. Enquadramento ... 27

2. Objetivos ... 28

3. Cuidados de saúde em viagem ... 28

3.1. Farmácia de viagem ... 28

3.2. Destinos tropicais ... 29

3.3. Medidas preventivas gerais ... 33

3.4. Papel do farmacêutico ... 35

4. Métodos ... 35

5. Resultados e discussão ... 35

6. Conclusão ... 36

Tema 3 – Saúde Oral na Infância ... 36

1. Enquadramento ... 36

2. Objetivos ... 36

3. Saúde oral na criança ... 37

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3.2. Prevenção da cárie dentária ... 37

3.3. Saúde oral: cuidados gerais. ... 38

3.4. Intervenção do farmacêutico na promoção da saúde oral ... 39

4. Métodos ... 39 5. Resultados e discussão ... 39 6. Conclusão ... 40 Considerações finais ... 40 Bibliografia ... 41 Anexos ... 47

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Abreviaturas

ACSS: Administração Central de Sistema de Saúde ADM: Assistência na Doença aos Militares

AIM: Autorização de Introdução no Mercado ANF: Associação Nacional das Farmácias ARS: Administração Regional de Saúde

ARSN: Administração Regional de Saúde Norte AVC: Acidente Vascular Cerebral

CCF: Centro de Conferência de Faturas CNP: Código Nacional do Produto

CNPEM: Código Nacional para a Prescrição Eletrónica de Medicamentos CPI: Cárie Precoce da Infância

DCI: Denominação Comum Internacional DCV: Doenças Cardiovasculares

DT: Diretor Técnico

EAM: Enfarte Agudo do Miocárdio FIFO: First in, First Out

FQF: Farmácia Queija Ferreira FSA: Faça Segundo Arte

HTA: Hipertensão Arterial IMC: Índice de Massa Corporal

INFARMED: Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde IVA: Imposto de Valor Acrescentado

MNSRM; Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica

MNSRM-EF: Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica de Venda Exclusiva em Farmácia MPS: Medicamentos e Produtos de Saúde

MRSM: Medicamentos Sujeitos a Receita Médica OMS: Organização Mundial de Saúde

PA: Pressão Arterial

PAD: Pressão Arterial Diastólica PAS: Pressão Arterial Sistólica PIC: Preço Impresso na Cartonagem PIM: Preparação Individual da Medicação PS: Problema de Saúde

PV: Prazos de Validade

PVA: Preço de Venda ao Armazenista PVF: Preço de Venda à Farmácia PVP: Preço de Venda ao Público

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SAMS: Serviços de Assistência Médico-Sociais SCORE: Systematic COronary RiskEvaluation

SI: Sistema Informático

SNS: Sistema Nacional de Saúde

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Tabelas

Tabela 1. Atividades desenvolvidas durante o estágio em Farmácia Comunitária ... 1

Tabela 2. Classificação da Hipertensão Arterial. ... 22

Tabela 3. Valores normais de colesterol e triglicerídeos... 23

Tabela 4. Classificação da obesidade. ... 24

Tabela 5. Vacinação do viajante. ... 33

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Figuras

Figura 1. Exterior da Farmácia Queija Ferreira. ... 2

Figura 2. Distribuição dos valores de IMC durante o Rastreio Cardiovascular. ... 25

Figura 3. Distribuição dos valores de PA obtidos durante o Rastreio Cardiovascular. ... 26

Figura 4. Distribuição dos valores de glicémia obtidos durante o Rastreio Cardiovascular. ... 27

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Parte 1 - descrição das atividades desenvolvidas no estágio

1. Introdução

A Farmácia Comunitária é, por vezes, o primeiro local onde as pessoas se dirigem quando apresentam algum Problema de Saúde (PS), ou, para esclarecer dúvidas. O farmacêutico, pela sua proximidade ao público, deve, pois, estar provido das ferramentas necessárias para responder às necessidades da população, o que não se cinge apenas à dispensa e preparação de medicamentos. Nesse sentido, a atuação do farmacêutico na Saúde Pública tem adquirindo cada vez mais relevância nos últimos anos, pelo seu papel na gestão da terapêutica, administração de medicamentos, avaliação de parâmetros, identificação de indivíduos em risco, deteção precoce de determinadas patologias, bem como a educação para a saúde da população. Em suma, o farmacêutico é uma peça-chave na promoção do uso racional do medicamento, contribuindo para um tratamento farmacológico de elevada qualidade, segurança e eficácia [1].

O estágio curricular em Farmácia Comunitária constitui uma fase crucial no percurso académico, pois permite pôr em prática os conhecimentos adquiridos ao longo dos últimos 5 anos, bem como a aprendizagem de novas competências, a nível profissional, científico e humano. Sendo esta a área das Ciências Farmacêuticas que alberga o maior número de profissionais, o estágio permite uma melhor perceção do mercado de trabalho, assim como o contacto direto com os utentes. Ao longo do estágio, fui apreendendo conhecimentos que me permitiram compreender a dinâmica do funcionamento da farmácia, nas suas diversas vertentes. Deste modo, este relatório tem como objetivo principal a descrição das atividades desenvolvidas durante os 3 meses de estágio, sendo que estas se encontram listadas na Tabela 1.

O meu estágio realizou-se no período de 29 de abril a 2 de agosto de 2019 (3 meses), sob a orientação do Dr. Carlos Queija Ferreira, bem como de uma vasta equipa de profissionais. O horário de estágio estabelecido foi das 9h00-13h00 e das 14h30-17h30, num total de 35 horas semanais.

Tabela 1. Atividades desenvolvidas durante o estágio em Farmácia Comunitária

Atividades desenvolvidas Meses

abril maio junho julho agosto

Receção e armazenamento de encomendas ✓ ✓ ✓ ✓ ✓

Preparação de manipulados ✓ ✓ ✓

Determinação de parâmetros bioquímicos e pressão

arterial (PA) ✓ ✓ ✓ ✓ ✓

Atendimento supervisionado ✓ ✓ ✓ ✓

Atendimento de forma autónoma ✓ ✓

Auxílio na Preparação Individual da Medicação (PIM) ✓ ✓ ✓ ✓ ✓

Formação ✓

Projeto 1 – “Rastreio Cardiovascular” ✓

Projeto 2 – “Saúde em férias” ✓

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2. Farmácia Queija Ferreira

A Farmácia Queija Ferreira (FQF) (Figura 1) é uma farmácia portuense que está aberta ao público desde 1980: primeiramente, no Largo de São Pedro, freguesia de Campanhã, mudando-se para a Rua Vasques de Mesquita, próximo das Antas, onde permaneceu durante 27 anos. Em 2010, transferiu-se para as atuais instalações, na Avenida Fernão Magalhães. A FQF está localizada numa área agitada da cidade, dada a proximidade a diversos estabelecimentos comerciais e de restauração, áreas residenciais, bem como escolas, clínicas médicas diversas, lares de idosos e dois hospitais (Hospital de São João e Centro Hospitalar Conde Ferreira), o que se reflete também na movimentação da farmácia.

2.1. Espaço físico e equipamentos

Os espaços físicos interior e exterior da FQF têm em conta as normas do Manual de Boas Práticas Farmacêuticas para a Farmácia Comunitária, aprovadas pelo Conselho Nacional da Qualidade em junho de 2009 [2].

2.1.1. Espaço exterior

Exteriormente, a farmácia está identificada por um letreiro com a inscrição “FARMÁCIA Queija Ferreira”, bem como o logótipo da farmácia (Figura 1). Possui também a “cruz verde” característica, que permanece iluminada nos dias de serviço permanente [3]. São igualmente visíveis as informações respeitantes à direção técnica, horário de funcionamento, serviços disponíveis e farmácias do concelho que se encontram em serviço permanente e sua localização. A entrada é composta por uma porta de vidro automática e por uma rampa, permitindo o acesso de todos os clientes (particularmente idosos e cidadãos com mobilidade reduzida). Para além disso, está munida de um postigo destinado aos atendimentos noturnos, quando a farmácia realiza serviço permanente. Na zona lateral da entrada podem encontrar-se ainda montras publicitando alguns produtos em destaque, geralmente de venda livre.

Figura 1. Exterior da Farmácia Queija Ferreira.

2.1.2. Espaço interior

Com 500 m2, a FQF é caracterizada pela sua amplidão e luminosidade, constituindo uma atmosfera aprazível para o utente e um ambiente agradável para a equipa de trabalho. De facto, toda a farmácia

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é decorada com tons subtis, que conferem um toque moderno e a tornam um espaço ideal para a promoção da saúde (Anexo 4).

No que respeita à área de atendimento, esta dispôs de 6 postos de atendimento, o que se reflete no reduzido tempo de espera, permitindo também o atendimento simultâneo de um número considerável de utentes, de forma independente e privada. Cada posto está equipado com um computador, uma impressora de receitas/recibos, uma caixa, um leitor de códigos de barras e um leitor de cartões de cidadão. De forma a proporcionar um atendimento mais ágil, os Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica (MNSRM) de dispensa frequente encontram-se expostos numa área sem acesso direto aos utentes ou armazenados em gavetas de fácil acesso, atrás dos balcões de atendimento. Esta zona possui também uma balança, sofás, uma máquina para retirar senhas, um ecrã onde são mostrados os números das senhas e o balcão correspondente, uma televisão, e, finalmente, prateleiras, lineares, expositores e gôndolas, geralmente destinados à exposição de produtos dermocosméticos, de higiene corporal e puericultura, encontrando-se distribuídos por toda a farmácia, e de fácil alcance.

A FQF possui também um backoffice (Anexo 4), onde os medicamentos se encontram armazenados em gavetas dispensatórias, em condições controladas de temperatura, idealmente inferior a 25º C e humidade de aproximadamente 60%. Ainda, é possível encontrar um frigorífico no qual são armazenados os produtos que requerem refrigeração apropriada (2-8 ºC), prateleiras onde se colocam os produtos encomendados e uma prateleira destinada aos produtos com pouca rotatividade de stock na farmácia. De referir ainda o armazém de área apreciável onde são colocados os produtos excedentários, uma área de receção de encomendas, uma zona de conferência de receituário, um laboratório com as condições adequadas à preparação de manipulados, o gabinete do Diretor Técnico (DT), uma sala de Boas Práticas, com WC, onde se realiza a determinação de parâmetros físicos e bioquímicos e a administrações de injetáveis, uma sala para a PIM, um vestiário com cacifos e WC

para uso exclusivo dos funcionários, uma sala de coffee-break reservada aos colaboradores, e gabinetes de podologia e estética, bem como outros anexos utilizados por colaboradores externos (Anexo 4).

2.2. Horário de funcionamento

Desde maio de 2019 que a FQF alargou o seu horário de funcionamento, dada a elevada afluência em determinadas horas. Deste modo, está aberta todos os dias do ano, das 8h30 às 00h00 em dias úteis e das 9h00n às 22h00 aos fins-de-semana, domingos e feriados, respeitando os limites mínimos definidos na Portaria n.º 277/2012, de 12 de setembro [4]. Para além disso, em dia de serviço permanente, a farmácia encontra-se aberta desde a hora de abertura normal até à hora de encerramento do dia seguinte, conforme o estipulado no Decreto-Lei n.º 53/2007, de 8 de março [5]. Tal resulta de um acordo entre a Associação Nacional das Farmácias (ANF) com a Administração Regional de Saúde (ARS) local, neste caso a ARS Norte (ARSN), e os municípios locais, sendo atribuídas as escalas de turnos permanentes, as quais são comunicadas à Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde (INFARMED) e às farmácias em causa [4].

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2.3. Recursos Humanos

A direção técnica da FQF está sob alçada do Dr. Carlos Queija Ferreira, também proprietário da farmácia, contando com uma equipa composta por 10 farmacêuticos, 2 técnicos de farmácia e 1 auxiliar. Na ausência do DT, a Dra. Liliana Pontes, farmacêutica adjunta, assume a direção técnica da farmácia. O quadro farmacêutico é ainda constituído pela Dra. Catarina Pinto, o Dr. Diogo Diniz, a Dra. Eduarda Vilares, a Dra. Inês Oliveira, o Dr. Jorge Conceição, a Dra. Margarida Silva, o Dr. Pedro Oliveira e a Dra. Rita Rodrigues. No quadro não farmacêutico encontram-se Filipe Dias, Odete Ferreira e Tiago Ferreira. Deste modo, o pessoal farmacêutico constitui a maioria da equipa de trabalho e, portanto, estão contemplados os pressupostos do n.º 1 do artigo 23º do “Regime Jurídico das Farmácias de Oficina”, em que está legislada a obrigatoriedade de existência pelo menos 2 farmacêuticos [3]. A FQF conta ainda com uma colaboradora externa responsável pelo serviço de podologia, muito procurado pelos utentes.

A equipa da FQF é caracterizada pela sua competência e iniciativa, bem como um conhecimento profundo da dinâmica interna da farmácia, o que se reflete na sua elevada capacidade de adaptação às mais diversas situações. Nesse sentido, senti-me bem recebida e integrada no seu ambiente, o que foi decisivo para a minha aprendizagem e desempenho enquanto estagiária.

2.4. Perfil dos utentes

A FQF localiza-se numa zona abastada do Porto, próxima de uma vasta área comercial e de locais de destaque como o Estádio do Dragão, encontrando-se num ponto de afluência de meios de transporte (autocarro e metro). Desta feita, a FQF apresenta uma população bastante heterogénea. A maioria dos utentes reside ou trabalha nas imediações da farmácia, pertencendo à classe média-alta. Contudo, é comum o atendimento de utentes economicamente desfavorecidos e que apresentam algumas dificuldades na aquisição de medicamentos. De uma forma geral, nos dias úteis, predominam utentes habituais, pessoas idosas e doentes crónicos, enquanto que ao fim-de-semana é recorrente o atendimento a clientes esporádicos. De referir que, para além da dispensa de medicamentos, a prestação de aconselhamento dermocosmética na FQF é também uma constante.

2.5. Sistema informático

O Sistema Informático (SI) é, indubitavelmente, um instrumento fundamental para a gestão de uma Farmácia Comunitária, constituindo um enorme auxílio na execução das tarefas diárias.

O Sifarma2000®, disponibilizado pela Global Intelligent Technologies (Glintt®), uma empresa associada à ANF, é o software de gestão instituído na FQF, encontrando-se instalado em todos os computadores da farmácia, em 90% das Farmácias em Portugal. Este programa é deveras útil nas diversas áreas da gestão e atendimento ao cliente. Nesse sentido, de entre as múltiplas funcionalidades do SI, destaca-se a gestão de stocks, estabelecendo-se para cada produto o stock mínimo e máximo, bem como a verificação do histórico de compras e vendas, consulta do consumo médio e criação de listagens para controlo de prazos de validade (PV) e existências. Para além disso, é através do

Sifarma2000® que se procede à criação e receção de encomendas, conferência e faturação de receituário e devoluções. No que concerne ao atendimento, este SI é essencial, já que dispõe de

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informação fiável acerca dos medicamentos, incluindo composição qualitativa e quantitativa, indicações terapêuticas, posologia, cuidados a ter, assim como potenciais reações adversas, contra-indicações e interações medicamentosas. Por outro lado, possibilita a criação de uma ficha de utente, em que são compilados os dados pessoais, histórico da medicação dispensada e avisos importantes, o que se demonstra preponderante na tomada de determinadas decisões que influenciam a qualidade dos serviços prestados. Ainda, cada utilizador do programa dispões de um código e número mecanográfico de acesso, contribuindo para uma melhor rastreabilidade e gestão do erro.

Ao longo do meu estágio, fui-me familiarizando com SI e, portanto, pude aperceber-me da sua importância no dia-a-dia do farmacêutico, constituindo um bom exemplo da tecnologia ao serviço da saúde da comunidade.

2.6. Fontes de informação

Segundo o manual de Boas Práticas Farmacêuticas para a Farmácia Comunitária, as farmácias devem dispor de fontes de informação obrigatórias [2]. Nesse sentido, a FQF possui algumas fontes de informação, nomeadamente, o Prontuário Terapêutico, a Farmacopeia Portuguesa, Martindale e o Índice Nacional Terapêutico. Para além disso, destaca-se a necessidade de atualização constante das fontes de informação, devendo estas encontrar-se devidamente ordenadas, de forma a facilitar a sua consulta.

3. Gestão da Farmácia Queija Ferreira

3.1. Gestão de stocks

A crise económica que abalou o país e o mundo nos últimos anos também afetou grandemente o setor das farmácias. Em Portugal, muitas farmácias declararam falência e outras encontraram-se em dificuldades, especialmente nas regiões do interior. Para além disso, a introdução dos medicamentos genéricos e consequente redução das margens de lucro contribuiu também para o panorama atual [6]. Nessa medida, é necessário um controlo eficaz e rigoroso das existências, garantindo que não ocorram situações de excesso e/ou rutura de stock, ambas prejudiciais para a farmácia. Para tal, há que ter em conta alguns critérios, como sejam os perfis e necessidades dos utentes da farmácia, volume de vendas, preço e validade dos produtos, rotatividade, época sazonal, campanhas publicitárias em vigor, entre outros. O Sifarma2000®, revela-se, pois, uma ferramenta extramente útil neste âmbito, já que permite o estabelecimento de um stock mínimo e máximo, contribuindo para uma melhor gestão dos produtos existentes na farmácia. Assim, quando o stock mínimo de um dado produto é atingido, o SI gera uma encomenda automática, a qual é verificada e aprovada antes de ser enviada ao fornecedor. O princípio First in, First Out (FIFO) rege todo o processo de gestão de stocks na farmácia, já que assegura a rotação de stock e o combate ao desperdício, o que significa que são primeiramente dispensados os produtos com prazo de validade mais curto [7], conforme as Boas Práticas em Farmácia Comunitária. Desta feita, é possível responder às necessidades dos utentes e contribuir para a sustentabilidade económica da farmácia.

Ao longo do meu estágio, participei em algumas tarefas relacionadas com a gestão de stocks: comparação do stock indicado no SI e stock físico, reposição de stock, bem como a organização dos

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produtos com pouca rotatividade, dada a necessidade de não comprometer o seu acesso por parte dos utentes e, portanto, é conveniente possuir, pelo menos, uma unidade na farmácia.

3.2. Gestão de encomendas 3.2.1. Encomendas

Para uma gestão inteligente do stock, é essencial uma gestão consciente das encomendas, pois ambos os pontos se interrelacionam. No caso das farmácias, os Medicamentos e Produtos de Saúde (MPS) podem ser adquiridos através de um distribuidor grossista ou diretamente do laboratório onde são produzidos. Nesse sentido, na escolha do fornecedor, há que ter conta a rapidez de entrega, condições de pagamento, descontos e bonificações, o que influencia bastante o desempenho da farmácia.

Na FQF, recorre-se maioritariamente à Alliance Healthcare®, empresa de distribuição grossista associada à ANF [8], sendo que, em casos de rutura de stock, a COOPROFAR® e a OCP Portugal® podem servir como fornecedores alternativos. É através destes armazenistas que se realizam as encomendas diárias e pontuais, possibilitando uma rápida reposição de stocks.

No que toca à preparação de medicamentos manipulados, as matérias-primas e materiais de embalagem requeridos são obtidos apenas nos armazenistas habituais ou distribuidores específicos, comprovadamente autorizados pelo INFARMED. Estes produtos devem fazer-se acompanhar pela fatura e pelo Boletim de Análise que garante que o produto está conforme todas as especificações da monografia correspondente (Farmacopeia Portuguesa ou Farmacopeia Europeia) [9].

Numa farmácia podem ser realizadas 4 tipos de encomendas:

o Manuais, que, como referido anteriormente, resultam da criação de uma sugestão de encomenda por parte do SI, com os produtos que atingiram um valor inferior ao mínimo estabelecido, a qual é posteriormente verificada e aprovada antes de ser enviada ao fornecedor. Na FQF existem 3 encomendas diárias, que são recebidas de manhã, ao início da tarde e ao final da tarde, permitindo assim satisfazer o aprovisionamento diário da farmácia.

o Instantâneas, as quais são realizadas quando um utente procura um produto com pouca rotatividade. Estas são, por norma, efetuadas durante o atendimento, sendo possível verificar a disponibilidade imediata do fornecedor em causa.

o Encomendas de Via Verde, consequência de um protocolo entre o INFARMED e as associações profissionais do setor do medicamento, consiste numa via excecional de aquisição dos medicamentos, mediante receita médica, podendo ser ativada quando, por exemplo, ocorre uma quebra pontual de stock de um medicamento vital para o utente.

o Encomendas diretas ao laboratório, as quais se realizam, geralmente, quando se pretende repor o

stock a longo prazo, apresentando a vantagem de evitar as margens de lucro dos distribuidores grossistas.

Durante o meu estágio, participei ativamente na realização de encomendas manuais, instantâneas, bem como encomendas diretas ao laboratório, nomeadamente de produtos dermocosméticos. Para além disso, assisti a uma situação em que foi necessário recorrer a uma encomenda de Via Verde.

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3.2.2. Receção e conferência de encomendas

Este processo é essencial para o controlo de existências na farmácia e cumprimento das condições e valores acordados com os armazenistas, garantindo, assim a atualização informática do stock.

Os MPS encomendados dão entrada na FQF em contentores específicos devidamente identificados e acompanhados pela fatura correspondente e duplicado desta, em que constam a identificação do fornecedor, identificação da farmácia, número do documento e identificação de todos os produtos faturados. Os produtos de frio são acondicionados em contentores térmicos e devem ser rececionados e conferidos em primeiro lugar, de forma a serem rapidamente armazenados no frigorífico, dada a sua baixa estabilidade.

Primeiramente, é importante comprovar o adequado estado de conservação dos contentores e, após abertura destes, inicia-se, informaticamente, o processo de receção de encomendas. Deste modo, seleciona-se o menu “Receção de encomendas” no SI e, após marcar o código da encomenda a rececionar (no caso de encomendas por via telefónica é necessária a criação de uma encomenda manual), indica-se o número da identificação da fatura e efetua-se a leitura ótica, produto a produto do Código Nacional do Produto (CNP) e, por fim, realiza-se a conferência da encomenda. Nesta etapa, é imprescindível confrontar quantidades recebidas e faturadas, Preço de Venda ao Público (PVP), Preço de Venda à Farmácia (PVF), PV, Preço Impresso na Cartonagem (PIC), Imposto de Valor Acrescentado (IVA), valor total da fatura, descontos e bonificações, assim como a verificação da integridade das embalagens e a existência de alterações de preços. Por outro lado, nos produtos com PIC, por norma, Medicamentos Sujeitos a Receita Médica (MRSM), não é permitido alterar o PVP definido por acordo do INFARMED com os respetivos titulares da Autorização de Introdução no Mercado (AIM) [10]. Em contrapartida, os produtos sem PIC, geralmente MNSRM, dispositivos médicos ou produtos de dermocosmética podem possuir distintos PVP, dependendo da farmácia, conforme os limites legais de margens de comercialização legalmente estabelecidos, os quais apresentam uma proporcionalidade inversa ao Preço de Venda ao Armazenista (PVA). É, portanto, crucial, aplicar a margem de comercialização da FQF, corrigindo também, se aplicável, o PVF [11]. Nesta fase final da conferência, por vezes, há a necessidade contactar o armazenista, nos casos de este ter faturado determinado produto e de não o ter enviado, se o medicamento enviado for diferente daquele que foi encomendado ou, ainda, quando o PVP da fatura não coincide com o da cartonagem do produto.

No meu percurso na FQF, a realização da receção e conferência de encomendas foi das primeiras tarefas por mim empreendidas. Tal permitiu, numa fase inicial, o contacto com os MPS, uma melhor compreensão da gestão diária da farmácia, assim como a familiarização com o SI, que se revelou muito útil para outras valências, nomeadamente nos atendimentos ao público.

3.2.3. Reservas

Existem situações em que o utente se desloca à farmácia ou contacta a mesma por via telefónica, SMS ou e-mail, de modo a averiguar se um dado medicamento ou produto se encontra em stock. Em caso negativo, é realizada uma reserva, sendo que esta fica registada num documento destinado para o efeito, onde constam o nome do utente, nome do medicamento/produto, data da reserva e número de telefone do utente para que este possa ser contactado após a receção do mesmo. Estas reservas

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são armazenadas em prateleiras destinadas para tal, sendo conferidas semanalmente. Se o utente não se dirigir à farmácia para levantar a reserva efetuada nos 5 dias (através da Alliance Healthcare®) ou 3 dias (armazenistas alternativos) subsequentes à chegada do produto à farmácia, é definido se o produto fará parte do stock da farmácia ou se será devolvido ao fornecedor.

Durante o meu estágio, realizei, por múltiplas vezes, reservas a utentes, quer através do atendimento, quer por chamada telefónica.

3.3. Armazenamento

Esta etapa, que se segue à receção e conferência de encomendas, permite uma conservação adequada dos MPE, conforme as especificações individuais de armazenagem, assim como uma identificação clara de cada um deles, evitando qualquer tipo de equívoco na sua dispensa [7].

Na FQF, os medicamentos são armazenados (em condições de temperatura e humidade adequadamente controladas) em gavetas dispensatórias, mediante a forma farmacêutica, ordem alfabética do seu nome comercial ou denominação comum internacional (DCI), dosagem e número de unidades existentes na embalagem. Estão, deste modo, divididos em formulações sólidas (comprimidos/cápsulas), aerossóis/inaladores, gotas (produtos oftálmicos e gotas auriculares), pomadas, cremes e géis, soluções e pós cutâneos, supositórios e óvulos, injetáveis, saquetas/pós, ampolas bebíveis, produtos de uso externo, xaropes, produtos de uso veterinário e produtos incluídos no Protocolo da Diabetes (lancetas e tiras reativas). Contudo, os anticoncecionais, terapêutica hormonal de substituição (THS) e antibióticos (xaropes e comprimidos) encontram-se dispostos de forma independente, por conveniência. De referir ainda, que o armazenamento espacial dos MPS pode sofrer variações, conforme o stock previsto, mas deve ter sempre presente o princípio FIFO.

Os produtos que necessitem de ser conservados a uma temperatura entre 2-8ºC (colírios, vacinas, insulinas e enzimas utilizadas na determinação dos parâmetros bioquímicos) são armazenados no frigorífico.

Na zona de atendimento da FQF são dispostos produtos de dermocosmética pelas gôndolas, expositores e prateleiras existentes, organizados por marca e gama. Esta zona é alvo de alterações frequentes por questões comerciais, campanhas promocionais existentes, ou devido à sazonalidade de procura de determinados artigos. Para além disso, como referido anteriormente, os MNSRM de dispensa frequente estão dispostos em gavetas próximas dos postos de atendimento para agilizar o acesso aos mesmos por parte dos funcionários.

Os produtos excedentários são dispostos num vasto armazém existente no back-office, consoante se tratem de MSRM, MNSRM, dispositivos médicos ou produtos de dermocosmética.

O armazenamento de produtos foi uma constante no meu estágio, consistindo, quase, numa tarefa diária. Apesar de, por vezes, subvalorizada, esta é uma parte importante da dinâmica interna da farmácia, que, numa fase inicial, me permitiu a adaptação ao modo de organização e ao próprio espaço físico do estabelecimento. A realização desta função constituiu a base para a realização de outras tarefas mais complexas, como o atendimento ao público. Para além disso, também participei na preparação dos expositores e lineares da farmácia, nomeadamente produtos de dermocosmética, higiene corporal, saúde oral e MNSRM, o que me permitiu desenvolver competências neste âmbito.

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3.4. Controlo dos prazos de validade

A conferência dos PV é crucial na gestão de uma farmácia, sendo realizada mensalmente na FQF, de forma a assegurar a qualidade, segurança e eficácia dos medicamentos. Embora a máxima FIFO seja uma constante, nas alturas de maior afluência de encomendas, poderão ser causa de erros no que respeita ao stock. Desta feita, é realizada a verificação física do stock por comparação com o stock

informático, por forma a detetar potenciais erros que comprometam as vendas da farmácia.

Ainda neste âmbito, o SI permite a emissão uma listagem dos medicamentos em stock cujos PV expiram nos 3 meses subsequentes. Após o controlo manual por parte dos colaboradores, os PV são atualizados no SI, de acordo com dados registados nesta lista. Os medicamentos são, assim, isolados dos demais, de forma a tentar escoá-los mais rapidamente ou, então, são devolvidos ao fornecedor. Neste último caso, os produtos são enviados com uma nota de devolução, sendo que poderá originar uma troca de produtos por parte do fornecedor ou à emissão de uma nota de crédito.

Ao longo do meu estágio, tive a oportunidade de assistir à confrontação do stock físico e informático, nomeadamente situações em que ambos não coincidiam. Participei também na disposição de produtos cuja validade expirava num curto período de tempo, numa tentativa de os escoar com a maior celeridade possível.

3.5. Devoluções

Existem várias razões para devolver um produto ao fornecedor, para além do já referido PV, como embalagem danificada, produto encomendado por lapso, produto não pedido e faturado ou quando são emitidas determinadas circulares, como as de suspensão de comercialização por parte do INFARMED, ou as que são geradas pelo próprio detentor da AIM. Mediante estas situações, o fornecedor é imediatamente contactado, de forma a resolver o problema. Por norma, a etapa que se segue à reclamação é a devolução do produto, sendo selecionada a opção “Gestão de Devoluções” no SI, e é então criada uma nota de devolução. Nesse documento, deve referir-se o nome do fornecedor, a identificação dos produtos a devolver e razão da devolução. Este documento é impresso em triplicado, de forma a ser enviado o original e o duplicado à entidade à qual foi efetuada a encomenda, permanecendo o triplicado arquivado na farmácia. O fornecedor poderá, então, aceitar a justificação e emite uma Nota de Crédito, ou rejeitá-la, retornando os produtos à farmácia.

Ao longo destes meses, observei a realização de devoluções, participando também neste processo, nomeadamente na separação de produtos para devolver.

4. Dispensa de medicamentos e produtos de saúde

O farmacêutico comunitário encontra-se no centro de todo o processo de dispensa, sendo esta uma das funções com maior responsabilidade e visibilidade por ele desempenhadas. Tal requere um conhecimento pormenorizado acerca dos medicamentos e do SI, que tantas vezes auxilia o farmacêutico, o que implica uma atualização constante, de forma a corresponder às necessidades do utente, no que respeita ao esclarecimento de dúvidas inerentes à terapêutica e aos PS manifestados. A nível profissional e pessoal, esta foi das funções mais desafiantes que realizei; de facto, o contacto

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com o público implica, para além das competências anteriormente referidas, assertividade e resolução rápida de problemas, capacidades essas que fui desenvolvendo ao longo do meu estágio, de forma a assegurar um atendimento completo, ágil e de confiança.

Segundo o artigo 113º do Estatuto do Medicamento, os medicamentos podem classificar-se quanto à sua dispensa como MSRM e MNSRM [12].

4.1. Medicamentos sujeitos a receita médica

Os MSRM são medicamentos de uso humano que apenas podem ser dispensados na farmácia mediante a apresentação de uma receita médica válida (modelo aprovado pelo Despacho nº 11/254/2013, de 30 de agosto) [13], adequadamente prescrita por um profissional de saúde habilitado para esse fim. Estes medicamentos requerem uma maior fiscalização, já que podem acarretar, direta ou indiretamente, um risco para a saúde da comunidade. Por isso, torna-se imperativo um controlo rigoroso, de modo a definir inequivocamente qual o medicamento e posologia adequada para cada caso [12].

4.1.1. Tipos de receita médica

Atualmente, existem 3 tipos de receitas: receita manual, receita eletrónica desmaterializada (sem papel) e a receita eletrónica materializada (em papel).

As receitas manuais têm vindo a cair em desuso, já que se pretende, acima de tudo, a prescrição por DCI, através de sistemas eletrónicos, eliminando totalmente o suporte de papel da receita [14]. Assim sendo, através do Despacho n.º 2935-B/2016, de 25 de fevereiro de 2016, foi imposta pelo Ministério da Saúde, a obrigatoriedade da prescrição eletrónica com desmaterialização da receita em todo o Sistema Nacional de Saúde (SNS), a partir do dia 1 de abril de 2016 [15], exceto quando se verificam situações de falência do SI, inadaptação comprovada do prescritor, prescrição ao domicílio ou outra qualquer situação, desde que com um limite máximo de 40 receitas por mês. Dada a maior probabilidade de ocorrência de erros na dispensa com este tipo de receitas, existem pontos que exigem a atenção do farmacêutico, como a especificação clara do utente, bem como a entidade responsável pela comparticipação (se aplicável), identificação do médico prescritor através da sua vinheta e da vinheta do local de prescrição (se aplicável), assinatura do prescritor, data de emissão preenchida (validade de 30 dias após a data da emissão) [14, 16]. Ainda, nas linhas de prescrição, deverá estar indicada a DCI da substância ativa, a dosagem, a posologia prescrita, a apresentação e o número de unidades do medicamento. Apenas é possível prescrever 2 unidades da mesma linha de prescrição, até um máximo de 4 unidades de medicamentos. Perante medicamentos de embalagem unitária, poderão prescrever-se até 4 unidades [14, 16] destes. No final do mês, as receitas manuais são enviadas à Administração Central de Sistema de Saúde (ACSS), sendo validadas e, posteriormente, procede-se ao pagamento do valor das comparticipações à farmácia.

No que respeita às receitas eletrónicas desmaterializadas, estas podem ser enviadas para o e-mail ou para o telemóvel do utente, contendo o número da receita, o código de acesso e dispensa, e o código de direito de opção. Além disso, é também possível dispensar os medicamentos através da leitura do cartão de cidadão do utente ou através da apresentação da guia de tratamento, em que

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constam os supracitados códigos, o medicamento prescrito por DCI, dosagem, forma farmacêutica, quantidade, posologia e validade da receita, que pode ser de 30 dias ou de 6 meses [16]. Estas receitas apresentam múltiplos benefícios, relativamente ao modelo anterior, por exemplo, a possibilidade de agrupamento na mesma receita de medicamentos incluídos no protocolo da Diabetes, estupefacientes, psicotrópicos e demais medicamentos; a eventualidade de se poder levantar os medicamentos em alturas e farmácias diferentes, conforme as necessidades, e o facto de serem prescritos um número ilimitado de medicamentos distintos, o que não era possível anteriormente. Contudo, este tipo de receitas não permite dispensa dos medicamentos ao utente, caso ocorram falhas em todo o circuito informático associado, constituindo uma desvantagem.

No que concerne às receitas eletrónicas materializadas, nestas consta a prescrição do medicamento por DCI, a forma farmacêutica, a dosagem, o tamanho da embalagem do medicamento, o número de unidades existentes e o Código Nacional para a Prescrição Eletrónica de Medicamentos (CNPEM) apresentado em dígitos e em código de barras. Este tipo de receitas pode ser classificado em receita não renovável (medicamentos prescritos para tratamentos de curta duração, com uma validade de 30 dias) e receita renovável até 3 vias (medicamentos prescritos para tratamentos de longa duração, com validade de 6 meses).

Por outro lado, existem exceções à DCI, ou seja, no caso de os medicamentos serem prescritos por nome comercial:

o Exceção a): medicamentos com margem ou índice terapêutico estreito;

o Exceção b): intolerância, reação adversa ou alergia prévia a um medicamento que contém a mesma substância ativa;

o Exceção c): Prolongamento do tratamento por um período superior a 28 dias.

Numa situação em que exista uma exceção a) e b) é obrigatório dispensar o medicamento contido na receita, enquanto que numa numa situação em que exista uma exceção c), poder-se-á dispensar um medicamento com o mesmo CNPEM e que apresente um PVP inferior ao igual àquele que foi prescrito [16].

Ao longo do meu estágio, dispensei medicamentos através dos 3 tipos de receita, o que me permitiu apreender melhor todas as características e procedimentos com elas relacionados. Uma das situações em que foi fundamental a intervenção do farmacêutico teve que ver com o novo modelo das receitas manuais, com o logótipo dos 40 anos do SNS [17], já que bastantes médicos não estavam ainda informados deste despacho e, por isso, muitas receitas tornaram-se, assim, inválidas, constituindo, por vezes, grandes encargos para o utente. Por outro lado, também me fui apercebendo de que a maioria dos utentes da FQF, quer idosos, quer pessoas mais jovens, desconheciam o método de funcionamento das receitas eletrónicas desmaterializadas, pelo que foi necessário clarificá-los quanto a este facto. Ainda, outro aspeto que me intrigou foi o desconhecimento por parte dos utentes acerca da prescrição por DCI, e, assim. da existência de vários laboratórios genéricos e marcas para uma mesma substância ativa ou conjunto de fármacos, pensando tratar-se de medicamentos diferentes, em termos de princípio ativo, dosagem e, consequentemente, modo de atuação e efeitos farmacológicos. Deste modo, esta foi uma questão que tentei sempre esclarecer com o utente, informando-o quanto à

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eficácia, qualidade e segurança dos medicamentos genéricos, face à marca, sem nunca, contudo, desrespeitar as ordens médicas.

4.1.2. Medicamentos psicotrópicos e estupefacientes

Este grupo de medicamentos obedece a regras específicas aquando da sua dispensa, já que, quando tomados abusivamente podem causar dependência. Por isso, no momento da dispensa destes medicamentos, o SI pede automaticamente informações como a identificação do utente (nome e morada), a identificação do comprador (nome, idade, morada, número do Cartão de Cidadão/Bilhete de Identidade e data de emissão), e do médico prescritor, sendo obrigatória a apresentação do Cartão de Cidadão/Bilhete de Identidade do adquirente.

No final da dispensa, além da fatura, são impressos 2 comprovantes da venda designados “Documento de Psicotrópico”, os quais são arquivados na farmácia durante 3 anos. Mediante uma receita manual, deve fotocopiar-se a mesma e enviá-la ao INFARMED, juntamente com um dos recibos emitidos.

Durante o estágio, tive a oportunidade de dispensar, embora de forma pouco regular, este tipo de medicamentos, tendo contactado de perto com todas as diligências relacionadas com a dispensa de psicotrópicos e estupefacientes. De facto, deparei-me com utentes que desconheciam a existência destes protocolos, mostrando-se surpreendidos quando lhes questionava acerca das informações pessoais. Nessas situações, explicava ao utente que se tratava de medicação que requer um maior controlo, pelas razões anteriormente mencionadas, e, portanto, teria de proceder daquele modo.

4.1.3. Validação da prescrição e dispensa

A validação da prescrição pelo farmacêutico ocorre anteriormente à dispensa. Assim, no que respeita às receitas desmaterializadas, esta etapa é simplificada, dada a informatização do processo, permitindo a emissão de alertas acerca dos PV dos medicamentos prescritos. Já no caso das receitas eletrónicas materializadas e das receitas manuais, deverá conferir-se alguns aspetos, como sejam, o número da receita e código de barras correspondente, o nome do utente, número de beneficiário, a informação sobre possíveis regimes especiais, a existência de outros planos de saúde, especialidade, número de telefone, número da cédula do médico que prescreveu a receita e respetivo código de barras, a identificação do local de prescrição e respetivo código de barras, dados relativos à prescrição dos medicamentos e finalmente, a data de prescrição, validade da receita e assinatura do prescritor. De referir ainda que, para além dos pontos acima referidos, as receitas manuais requerem uma vinheta do médico prescritor, não devendo estar rasuradas ou apresentar diferentes caligrafias [16].

Se os supracitados requisitos forem cumpridos, realiza-se a dispensa da medicação, devendo o utente ser adequadamente informado sobre os medicamentos em stock com a mesma substância ativa, dosagem e forma farmacêutica. Para além disso, é importante averiguar se o utente irá iniciar a terapêutica ou se já é medicação habitual. Assim, no caso de ser a primeira vez, o farmacêutico deve esclarecer o utente acerca da posologia, indicação terapêutica e potenciais efeitos adversos dos medicamentos dispensados. Contudo, no caso de terapêutica de uso prolongado, é essencial verificar

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se o utente segue corretamente o tratamento prescrito e se a medicação está a ter os efeitos pretendidos.

De facto, esta atividade foi bastante frequente ao longo do meu estágio, sendo que, numa primeira fase, assistia a todo este processo, dada a elevada responsabilidade associada, e posteriormente, realizei esta tarefa de forma autónoma.

4.1.4. Comparticipação de medicamentos

De modo a garantir o acesso ao medicamento pela comunidade, o SNS estabelece regimes de comparticipação de medicamentos a todos os cidadãos portugueses, conforme inscrito no Decreto-Lei n.º 48-A/2010, de 13 de maio [18]. Existem, assim, 2 regimes de comparticipação para os beneficiários do SNS: regime geral e regime especial. No que toca ao regime geral, a comparticipação do PVP dos medicamentos é dividida em 4 escalões, mediante as indicações terapêuticas do medicamento, as entidades que o prescrevem e a maior utilização dessa farmacoterapia por parte de doentes com determinadas patologias [19]:

• Escalão A: 90% de comparticipação; • Escalão B: 69% de comparticipação; • Escalão C: 37% de comparticipação; • Escalão D: 15% de comparticipação.

O regime especial, designado pela letra “R”, tem em conta os rendimentos dos utentes A comparticipação efetuada é, assim, de 5% em todos os medicamentos pertencentes ao escalão A e de 15% nos pertencentes aos escalões B, C e D. Ainda, a comparticipação para os beneficiários deste regime especial é de 95% para o conjunto dos escalões cujos medicamentos possuem um PVP igual ou inferior ao quinto preço mais baixo do grupo homogéneo em que se inserem [20].

Existem também outros regimes de comparticipação que são aplicados, de acordo com determinadas patologias, tais como lúpus, hemofilia, doença de Alzheimer, psoríase, dor oncológica moderada a forte, entre outras. O médico prescritor deve mencionar na receita inequivocamente o diploma correspondente e a indicação da letra “O” [16].

No que respeita aos doentes diabéticos, estes usufruem igualmente de um regime especial na aquisição de produtos utilizados no autocontrolo da patologia, ou seja, uma comparticipação de 85% do PVP na compra de tiras-teste e de 100% em seringas, lancetas e agulhas [21].

Para além dos regimes de comparticipação anteriormente referidos, existem também outros subsistemas de saúde estabelecidos por entidades privadas, que permitem que os seus utentes beneficiem da comparticipação do SNS, à qual acresce a comparticipação dos subsistemas de saúde, como sejam a Assistência na Doença aos Militares (ADM), Serviços de Assistência Médico-Sociais (SAMS), Sindicato Nacional dos Quadros e Técnicos Bancários (SAMS Quadros), Multicare® e

EDP-Savida®, bastante frequentes na FQF, entre outros.

De referir ainda que, desde 2015, com a criação do Sistema Nacional de Avaliação de Tecnologias de Saúde, através do Decreto-Lei n.º 97/2015, de 1 de junho, a média dos cinco PVP mais baratos do mercado dentro de um mesmo grupo homogéneo é utilizada como o valor de referência para a atribuição da percentagem de comparticipação [22].

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Durante estes 3 meses, foram recorrentes as situações em que os utentes beneficiavam dos regimes de comparticipação acima mencionados, o que me permitiu contactar de perto com esta realidade.

4.1.5. Conferência de receituário e faturação

Ao dispensar medicamentos comparticipados, as farmácias cobram aos beneficiários somente o valor remanescente não comparticipado. Para a receção do restante valor, é essencial o envio de toda a informação relativa às receitas dispensadas ao Centro de Conferência de Faturas (CCF), entidade encarregue da verificação da conformidade das receitas, para, posteriormente se realizar a comparticipação dos medicamentos à farmácia. Deste modo, a conferência diz respeito à verificação das receitas médicas e posterior organização por entidades de comparticipação em lotes de 30 receitas.

Na FQF, a conferência de receituário realiza-se, numa primeira instância, após a dispensa dos medicamentos, devendo o responsável pela venda certificar-se se o documento de faturação impresso no verso da receita (manual ou eletrónica materializada) coincide com a medicação prescrita pelo médico. Nesse documento de faturação encontram-se informações relativas ao preço total de cada medicamento, a comparticipação do Estado, o valor pago pelo utente, a declaração de que o utente levou os medicamentos e a respetiva assinatura. No caso de todos estes aspetos se encontrarem em conformidade, o farmacêutico escreve na receita a data da dispensa, assina-a e coloca o carimbo da farmácia. Face a receitas eletrónicas materializadas cuja comparticipação seja efetuada a entidades diferentes do SNS, é gerado um talão com a informação relativa à dispensa dos medicamentos, o qual é assinado pelo utente.

Posteriormente, as receitas são organizadas por entidade de comparticipação. A segunda verificação é, então, feita quando o lote se encontra completo, devendo o responsável pela verificação averiguar se o número da receita coincide com o número inscrito no verso, se a medicação prescrita corresponde à medicação dispensada, a validade da receita, a assinatura do médico, data da dispensa, carimbo da farmácia e assinatura do responsável que dispensou e conferiu a receita em causa. Esta dupla verificação é, pois, essencial, para que tudo esteja de acordo com os requisitos legais, possibilitando a comparticipação dos medicamentos à farmácia.

O lote completo e corretamente verificado é anexado ao “Verbete de Identificação do Lote”, o qual é assinado e carimbado, efetuando-se o envio à entidade responsável pela comparticipação. No final de cada mês, é emitida a Relação de Resumos de Lote e a Fatura Final para cada uma das entidades comparticipantes. Desta feita, no último dia de cada mês, o receituário comparticipado somente pelo SNS é enviado ao CCF, ao passo que o receituário comparticipado por outras entidades de comparticipação é enviado para ANF. Contudo, quando as receitas apresentam algum erro, são devolvidas à farmácia com um código identificativo da razão da devolução. Existem casos em que as irregularidades são retificadas e as receitas são convenientemente refaturadas. Em contrapartida, há situações em que tal não é possível e a farmácia não obtém a comparticipação.

Ao longo do estágio, colaborei por diversas vezes nesta tarefa. Assim sendo, procedi à organização das receitas por entidades de comparticipação e ordenação por lote e número. Também tive a oportunidade de verificar algumas receitas, com supervisão de um farmacêutico. Tal foi importante para

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a familiarização com os planos de comparticipação e suas particularidades, o que se revelou útil na minha prestação durante o atendimento.

4.2. Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica

De acordo com o Despacho n.º 17690/2007, de 23 de julho, os MNSRM destinam-se ao alívio e tratamento de PS temporários e sem gravidade, podendo ser vendidos nas farmácias ou outros locais autorizados pelo INFARMED [23, 34]. Contextualizando, foi no ano de 2005 que a venda deste tipo de medicamentos passou a ser autorizada fora das farmácias, com o objetivo de melhorar o acesso destes produtos à população, o que estimulou a concorrência. Posteriormente, em 2013, após recomendação do Sistema Europeu de Avaliação de Medicamentos, o governo aprovou a adoção de uma subcategoria de MNSRM, que, devido ao seu perfil de segurança ou às suas indicações, somente devem ser dispensados em farmácias, os MNSRM de Venda Exclusiva em Farmácia (MNSRM-EF) [26].

Dada a facilidade com que são adquiridos, aliada ao facto de os utentes não possuírem um conhecimento adequado acerca dos possíveis efeitos adversos e das contraindicações destes medicamentos, aquando da sua dispensa, o farmacêutico deve obter, junto do utente, informação indispensável como, por exemplo, quais os sintomas, duração e intensidade dos mesmos, patologias existentes e farmacoterapia habitual, de modo a prestar um aconselhamento correto e completo. É igualmente importante esclarecer o utente acerca da posologia, precauções, interações e possíveis efeitos adversos, contribuindo, assim, para o uso racional do medicamento. Também deve ser referida a necessidade de consultar um médico no caso de persistência ou agravamento dos sintomas.

A dispensa MNSRM foi uma experiência desafiante, o que motivou uma constante aprendizagem. Devido à minha falta de conhecimento sobre as alternativas disponíveis na FQF, tive que recorrer aos colaboradores da farmácia para tentar encontrar a melhor solução para um determinado utente. A maior parte dos aconselhamentos envolvendo MNSRM destinaram-se à resolução de problemas menores como alergias, perturbações oculares, queimaduras solares, dores menores, tosse, hemorroidas, entre outros. Havia situações em que o utente sabia de antemão o MNSRM que pretendia; noutros casos, o utente procurava apenas uma solução a curto prazo para um dado transtorno menor.

4.3. Medicamentos Manipulados

Segundo o Decreto-Lei n.º 95/2004, de 22 de abril, um medicamento manipulado é todo aquele que é preparado segundo uma fórmula magistral, prescrita pelo médico, ou mediante uma fórmula oficinal, presente numa Farmacopeia ou num Formulário e, posteriormente, dispensado pelo farmacêutico [27]. Ainda que não seja uma prática muito comum, como em tempos idos, a preparação de manipulados reveste-se de importância por diversos motivos: possibilidade de preparar o manipulado tendo em conta as características fisiopatológicas específicas do utente, permitindo ultrapassar a intolerância a determinados excipientes de um medicamento comercializado, e a preparação da quantidade de manipulado adequada à duração do tratamento, eliminando-se os desperdícios. A sua elaboração é também vantajosa face a medicamentos, no caso de medicamentos que não são colocados no mercado por não existir rentabilidade (doenças que afetam um número pouco considerável de utentes) ou em situações em que determinadas associações de substâncias ativas não estão disponíveis no mercado.

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A preparação de medicamentos manipulados tem em conta Boas Práticas de Preparação de Medicamentos Manipulados, descritas na Portaria n.º594/2004, garantindo a sua conformidade com as monografias do Formulário Galénico Português ou receita médica prescrita, o que contribui para a qualidade destes medicamentos. Em caso de dúvida, recorre-se à consulta da bibliografia disponível, mais propriamente às Farmacopeias ou Formulários [9].

Na preparação de um manipulado, é essencial o preenchimento da ficha de preparação do mesmo, a qual é rubricada, carimbada e armazenada num local adequado, junto com uma cópia da receita médica e do rótulo do manipulado. No rótulo colocado no recipiente contendo o manipulado deve constar informação indispensável, como a identificação da farmácia e do DT, o nome do utente, a fórmula do manipulado, a posologia, a via de administração, o número do lote atribuído, o PV, informações importantes como “agite antes de usar” ou “uso externo” e as condições de conservação. De acordo com o Decreto-Lei n.º 106-A/2010 de 1 de outubro, os medicamentos manipulados são comparticipados em 30% pelo Estado e pressupõem uma receita médica válida, somente com a prescrição do manipulado em questão e em que deve estar referido o vocábulo “manipulado” ou a designação “faça segundo a arte”(FSA) na mesma [20].

Na FQF, o cálculo do PVP dos medicamentos manipulados é efetuado segundo a Portaria n.º769/2004, de 1 de julho, em que se tem em conta o valor das matérias-primas necessárias, o valor dos honorários de manipulação, de acordo com a forma farmacêutica, quantidade preparada e um fator que depende do crescimento do índice de preços ao consumidor, bem como o valor do material de embalagem. O PVP é, assim, obtido pela soma destes 3 valores, sendo que este valor é multiplicado por 1,3 e pelo valor do IVA.

Na FQF, as especialidades médicas em que são frequentes as prescrições de manipulados são: a pediatria, a geriatria e a dermatologia. Nessa medida, durante o meu estágio, tive a oportunidade de participar na preparação de alguns manipulados (Anexo 5), como a solução de Minoxidil a 5%, destinada ao tratamento da alopecia androgenética, e cápsulas de L-arginina, indicadas nos casos em que haja carência deste aminoácido, bem como as respetivas fichas de preparação e rotulagem.

4.4. Medicamentos de Uso Veterinário

De acordo com o Decreto-Lei n.º 314/2009, de 28 de outubro, um medicamento veterinário é toda a substância ou mistura de substâncias que possuem a capacidade de tratar ou prevenir determinadas doenças ou sintomas em animais. Ainda assim, este tipo de medicamentos não é vendido exclusivamente em farmácias, podendo também ser comercializado noutras entidades devidamente autorizadas [28]. Tal como acontece nos medicamentos de uso humano, estes também se dividem em MSRM e MNSRM.

Durante o meu estágio, tive a oportunidade de dispensar medicamentos para uso veterinário, na sua maioria mediante prescrição médica. De facto, dado não possuir a devida formação neste âmbito, foi difícil realizar um aconselhamento adequado, constituindo uma falha no percurso académico do estudante de Ciências Farmacêuticas. Para além disso, este tipo de medicamentos não apresenta uma grande expressão em termos de stock, sendo mais comuns, em termos de vendas, os antiparasitários de uso externo e interno destinados a animais domésticos.

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4.5. Dispositivos Médicos

Os dispositivos médicos são produtos utilizados na prevenção, no diagnóstico ou no tratamento de uma doença humana. Todavia, atuam de um modo diferente dos medicamentos propriamente ditos, já que não despoletam mecanismos farmacológicos, metabólicos ou imunológicos, atuando por meios físicos [29].

Ao longo do meu estágio, tive a oportunidade de dispensar vários dispositivos médicos, especialmente compressas, material de penso, testes de gravidez, seringas, lancetas, frascos coletores de urina e meias de descanso ou compressão. Havia casos em que o próprio utente indicava claramente o dispositivo médico que desejava, enquanto que noutros casos, era o farmacêutico que sugeria um dado dispositivo médico para a resolução de um determinado transtorno menor.

4.6. Outros Produtos Farmacêuticos

Ainda que os medicamentos representem a maioria das vendas nas farmácias portuguesas, a dispensa de outros produtos farmacêuticos tem crescido bastante, dada a possibilidade de margem de lucro para a farmácia.

A FQF trabalha com diversas marcas, com especial relevo para a Uriage®, Avéne®, Caudalie®,

Lierac®, Jowae® e Isdin®, no que concerne a dermocosmética e higiene corporal; Elgydium®, Bexident®,

Paradontax® e Bucotherm® na higiene oral, Centrum®, Neuralex® e Acutil® na suplementação nutricional, e, as marcas Chicco® e Mustella® na obstetrícia e puericultura. O farmacêutico é, assim, um profissional com competências técnico-científicas adequadas ao aconselhamento de produtos deste tipo. São igualmente realizadas campanhas comerciais e colaborações com conselheiros das marcas, assim como formações com a equipa de trabalho para a atualização sobre os seus novos produtos.

O aconselhamento deste tipo de produtos constituiu uma barreira durante o meu estágio, dada a enorme oferta e multiplicidade de gamas existentes. Nestes casos, era comum pedir auxílio a um colaborador da equipa da farmácia. No entanto, de modo a alcançar um conhecimento aprofundado sobre todos estes produtos e, em alguns casos, a sua imediata associação com determinada necessidade do utente, é requerida alguma experiência neste tipo de atendimentos, contribuindo para a formação contínua do farmacêutico.

5. Serviços e cuidados de saúde prestados

De facto, a intervenção do farmacêutico no que respeita à promoção da saúde e à educação do utente tem-se demonstrado cada vez mais necessária, dada a acessibilidade deste profissional de saúde. Tal reflete-se na prestação de serviços farmacêuticos, os quais se encontram legislados na Portaria nº1429/2007 [30].

A FQF dispõe do serviço de medição da PA, medição de parâmetros bioquímicos (glicemia, colesterol total, triglicerídeos e ácido úrico), administração de injetáveis, testes de gravidez, determinação do peso e Índice de Massa Corporal (IMC), entregas ao domicílio e, mais recentemente, um serviço de PIM. São também prestados serviços de podologia, tal como referido anteriormente.

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5.1. Determinação da pressão arterial e de parâmetros bioquímicos

A medição da PA e de parâmetros bioquímicos é efetuada na sala de Boas Práticas, assegurando a privacidade do utente. Deste modo, a FQF está equipada com um esfigmomanómetro digital de braço, recentemente introduzido na farmácia, que permite três medições consecutivas e a sua média, incluindo um período de descanso, o que demora, aproximadamente, 8 minutos. Durante este tempo, o utente permanece sozinho na sala, eliminando-se, assim, o efeito da bata branca, o que contribui para resultados com maior precisão e exatidão. De facto, eram comuns os casos em que os próprios médicos dos utentes indicavam a FQF para medição da PA, dada a elevada fiabilidade dos resultados. Esta foi uma atividade bastante frequente durante o meu estágio, primeiro com a supervisão de um farmacêutico e, posteriormente, autonomamente. Após realizar a medição deste parâmetro, comentava o resultado, isto é, se estava ou não dentro dos valores considerados normais, tendo em conta as patologias apresentadas pelo utente, bem como outras características relevantes. Para além disso, realizava um aconselhamento personalizado, em que destacava a importância da adoção de um estilo de vida equilibrado. Perante situações em que os valores de PA se encontravam alterados, salientava a importância de uma monitorização regular deste parâmetro, tendo ocorrido casos em que encaminhei o utente para o médico, dado aperceber-me, em conversa, da obtenção consistente de valores anormais de PA.

Também tive a oportunidade de realizar a determinação da glicémia, a qual é realizada recorrendo a equipamentos para o efeito, bem como a análise do colesterol total, através de um método enzimático com leitura espetrofotométrica. Nestas situações, para além de reforçar a relevância de hábitos saudáveis, destaquei a importância de realizar estas análises em jejum, de forma a obter resultados fiáveis, e, uma vez mais, a necessidade de um controlo adequado destes parâmetros, especialmente em doentes crónicos. Foram, igualmente, comuns os casos em que aconselhei o utente a consultar um médico, de forma averiguar a existência de alguma patologia, ou avaliar a eficácia da farmacoterapia.

5.2. Administração de medicamentos injetáveis

Desde 2007, é possível a administrar injetáveis (exceto antibióticos e vacinas incluídas no Plano Nacional de Vacinação), nas farmácias do país, o que requer pessoal qualificado com um diploma do respetivo curso de formação [31].

Na FQF, todas as administrações são realizadas na sala de Boas Práticas, devidamente equipada para este efeito. Durante o meu estágio não realizei esta atividade por não possuir a formação necessária, mas pude a assistir a algumas administrações. De facto, este é um serviço frequentemente prestado na FQF, devido à sua acessibilidade.

5.3. Preparação Individualizada da Medicação

A implementação da PIM nas farmácias do país encontra-se legislada na Portaria n.º97/2018, de 9 de abril. Assim, dada a existência de protocolos entre a FQF e residências sénior, este serviço é maioritariamente dirigido a estas instituições, visando a adesão à terapêutica, prevenção dos erros de medicação e diminuição dos encargos das enfermarias, no que toca à administração dos medicamentos. Para tal, é requerido um equipamento específico (Anexo 4), que permite a separação

Referências

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