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Direitos Humanos, Diversidade Humana e Serviço Social PARA ALÉM DO ARCO- ÍRIS: BREVES CONSIDERAÇÕES SOBRE A HOMOFOBIA

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Direitos Humanos, Diversidade Humana e Serviço Social

PARA ALÉM DO ARCO- ÍRIS: BREVES CONSIDERAÇÕES SOBRE A HOMOFOBIA

Heloyse Ferreira da Silva Melo Aluna de graduação em Serviço Social da UFPB, João Pessoa - PB. e-mail: heloyseferreir@hotmail.com

RESUMO

O presente artigo é fruto das discussões oriundas das disciplinas de Estágio Supervisionado I, no Centro de Referência dos Direitos LGBT e combate à homofobia da Paraíba e da disciplina de Metodologia do Trabalho Social I. Tem o objetivo de analisar o que é homofobia, como ela se traduz na sociedade em geral e termina por afirmar a importância da existência de uma Lei que puna os que praticam. Neste sentido, o referido texto faz uma abordagem de como essa violência se faz presente nas escolas, a põe em uma condição cultural, influenciada pelo machismo e pelo sexismo, revela a influência que sofre por parte das religiões, sendo o Serviço Social uma profissão que se opõe a essa prática. A população LGBT, apesar de protagonizar uma luta fortemente articulada desde a década de 1980, no contexto atual, ainda é vítima da crueldade imposta pela prática da homofobia. Ela está em toda parte, em casa, na rua, nas escolas e até mesmo nos ambientes de trabalho. Um homossexual é morto a cada dois dias em nosso país, a homofobia existe e temos que combatê-la.

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2 Introdução

Ao longo dos três primeiros séculos da nossa história, a prática homossexual era classificada como o abominável pecado de sodomia, considerado crime. Este fato decorria de uma época onde os princípios cristãos norteavam toda a sociedade, a Igreja Católica detinha boa parte da riqueza e poder de alienação diante das pessoas. Mas somente na década de 1820, a sodomia deixou de ser crime, inclusive no nosso Código Penal de 1823. Mesmo assim, no decorrer da história, o amor unissexual ainda continuou sendo vítima de discriminação e rejeição. E segundo MOTT (2010, p. 99), “somente após 150 anos depois da descriminalização da homossexualidade, alguns poucos gays e lésbicas ousaram identificar-se e lutar por seus direitos”.

A luta protagonizada pela população LGBT, tem seus primórdios, no ano de 1969, há um pouco mais de quarenta anos, quando gays, lésbicas, travestis e dragqueens se uniram pela primeira vez para lutar contra a intolerância, pelo reconhecimento da homossexualidade, em um bar gay chamado Stonewall Inn, localizado em Nova York. No Brasil, essa luta começa um pouco mais tarde, em 1973, com o surgimento do jornal Lampião de Esquina, em São Paulo com o grupo Somos, a primeira entidade de defesa dos direitos dos homossexuais e em Salvador, na década de 1980 com o Grupo Gay da Bahia. Após estes, vieram a surgir inúmeros grupos referentes à população LGBT no país.

Nessa mesma época, eclode a epidemia de AIDS, atingindo diretamente a população LGBT, como assegura RIBEIRO (2011, p. 155),

A explosão da epidemia de AIDS, no entanto, no final dos anos de 1980, atingiu em cheio essa comunidade. Muitos grupos se desmobilizaram, enquanto outros passaram a se dedicar exclusivamente ao combate à doença, conhecida então, erroneamente, como “peste gay”.

É nesse contexto que se dá a parceria com o Estado para o enfrentamento da doença, principalmente nas áreas governamentais ligadas a saúde. Já em 1985 o Conselho Regional de Medicina removeu o homossexualismo da classificação de doenças e um ano depois, os grupos Triângulo Rosa do Rio de Janeiro, Libertos de São Paulo e Grupo Gay da Bahia protagonizaram uma campanha pela inclusão da proibição de discriminação por orientação sexual

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diante dos constituintes, demanda esta não contemplada na Constituição Federal de 1988.

Apesar das dificuldades terem sido e se mantido, até os dias atuais, grande impasse na luta pelos direitos da população LGBT, houve inúmeras conquistas, como também, grandes violações destes direitos, mas essas dificuldades, não devem ofuscar o brilho que essa luta tem.

O presente texto irá discorrer sobre homofobia, como ela se expressa nas escolas, como a religião interferem nessa luta, mostrando o quão nefasta é essa forma de violência, afirmando a necessidade de haver uma legislação que interfira e a puna.

O que é homofobia?

Entende-se por homofobia a aversão ou o ódio irracional a homossexuais e a todos aqueles que demonstrem orientação sexual ou identidade de gênero diferentes dos padrões heteronormativos, ou seja, é a violência sofrida pela população LGBT ( gays, lésbicas, bissexuais, transexuais e travestis), que vivem sua sexualidade distintamente dos padrões tidos como normais na sociedade, mas é bem verdade, como afirma BORRILO (2010,p.13), que “mesmo que seu componente primordial seja, efetivamente, a rejeição irracional e, até mesmo, o ódio em relação a gays e lésbicas, a homofobia não pode ser reduzida a esse aspecto.”

Sendo assim, a homofobia carrega muitos sentidos e não podemos limitá-la. Ela deve ser analisada a partir da sua interseção com outras formas de violência,

Do mesmo modo que a xenofobia, o racismo ou o antissemitismo, a homofobia é a manifestação arbitrária que consiste em designar o outro como contrário, inferior ou anormal; por sua diferença irredutível, ele é posicionado a distância, fora do universo comum dos humanos (BORRILLO, 2010, p. 13).

É conseqüência da hierarquização das sexualidades, uma forma de inferiorização, de não cumprimento dos padrões que estão postos. Está presente nas piadas, insultos e representações caricaturais, descrevendo os homossexuais como criaturas engraçadas e desmerecedoras de respeito.

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Este tipo de violência se manifesta de diferentes formas, psicológica, física, moral, chegando, muitas vezes, a ser letal. A cada dois dias um homossexual é brutalmente assassinado no Brasil vítima da homofobia, sendo a condição homossexual da vítima, determinante para o comportamento do agressor, que na maioria das vezes, pratica o ato de forma brutal e perversa, impulsionado por altas doses de manifestação de ódio.

Importa salientar que enquanto para os que compõem as ditas “minorias sociais” a família se constitui como o seio de apoio ao enfrentamento a discriminação, quando se fala em homossexuais, é na própria família que a intolerância se faz mais presente. Os gays, lésbicas, bissexuais, travestis e transexuais, começam a “carregar sua cruz”, na maioria das vezes, dentro da própria casa, quando os pais não aceitam, os irmãos e parentes humilham, fazem piadas ou agridem fisicamente, sendo muitos, expulsos de casa por não seguir os padrões heteronormativos que estão postos.

A prática homofóbica é permeada pela homofobia institucional, interiorizada e cultural. A institucional que é aquela praticada pelo Estado, é a forma pelo qual as instituições discriminam pessoas em função de sua orientação sexual ou identidade de gênero, manifestando-se em diversas esferas do poder público, podendo se expressar desde um mau atendimento em delegacias, hospitais, indo até mesmo, a omissão das autoridades em investigar os crimes, aprovar leis e executar ações que promovam a superação dessa forma de violência. A cultural se manifesta nas atitudes sociais negativas, oriundas do machismo, sexismo e outras formas de discriminação, criando um fenômeno social de violência. A interiorizada é aquela que o LGBT tem em relação a si mesmo, que, por muitas vezes, para evitar a violência vivenciada, envolvem-se em uma tentativa de rejeição de sua própria sexualidade, chegando, em alguns casos, a tentativa de suicídio e de rejeição do outro por também ser LGBT.

Avançar no combate a homofobia não corresponde apenas a lutar em favor das “homossexualidades”, mas significa também, batalhar contra o machismo, sexismo e todas as outras formas de opressão que se oriunda do conservadorismo dessa sociedade, é uma violência disseminada culturalmente.

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O termo homofobia vem sendo problematizado no que tange a diversidade de sujeitos que pretende abarcar, levando ao surgimento de outros, sendo eles: lesbofobia ( violência praticada contra lésbicas), transfobia (violência praticada contra travestis e transexuais) e bifobia ( violência praticada contra bissexuais), mas no decorrer do texto, o termo homofobia será utilizado para abarcar a população LGBT como um todo.

Violência homofóbica no Brasil

Nos últimos anos, a violência homofóbica vem ganhando espaço nos meios de comunicação, nas produções acadêmicas, nos debates e nas discussões políticas, isso decorre dos números alarmantes que este tipo de violação dos direitos humanos vem resultando.

Dentre todos os segmentos considerados como “minorias sociais” e que lutam pelos direitos humanos, o que ainda possui maiores dificuldades quando a questão é o seu enfrentamento, é o público LGBT. É comum você encontrar pessoas que defendem mulheres, negros, indígenas, pessoas com algum tipo de deficiência, mas que se omitem quando a questão é a homofobia. “A homofobia se tornou, no mundo contemporâneo, um dos últimos preconceitos ainda tolerados”. (DINIS, 2011, p. 02)

Até porque, ser negro, índio, mulher, jamais foi crime, mas a sodomia, por muito tempo, foi. E ser homossexual continua sendo, quando os próprios representantes da segurança pública os tratam como delinquentes, pelo simples fato de serem homossexuais.

No nosso país, a realidade é bastante preocupante, e diante disso, no ano de 2004, foi elaborado pelo Governo Federal, o Programa “Brasil sem Homofobia”, um Programa de Combate à Violência e à Discriminação contra LGBT e de Promoção da Cidadania de Homossexuais, constituído de diversas ações baseadas em princípios que asseveram a reafirmação do combate à homofobia e a promoção dos direitos humanos de homossexuais como um compromisso do Estado e de toda a sociedade brasileira, dispondo sobre a inclusão da perspectiva da não-discriminação por orientação sexual e de promoção dos direitos humanos de LGBT nas políticas públicas e estratégias do

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Governo Federal, como também, sobre a produção de conhecimento referente à essa população que venha a servir para a inclusão deste segmento em pesquisas nacionais. Foi a partir desse programa que Centros de Referência Especializados começaram a se espalhar pelo país.

Em maio de 2008, acorreu à primeira Conferência Nacional de Políticas para LGBT e em 2009 foi lançado o Plano Nacional de Promoção da Cidadania e Direitos Humanos de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais com o intuito de promover os direitos fundamentais, sociais da população LGBT e combater o estigma e a discriminação por orientação sexual e identidade de gênero, fortalecendo o programa “Brasil sem Homofobia”, com diretrizes a serem transformadas em políticas de Estado, que incluem o combate à homofobia institucional, a intolerância religiosa e a inserção da temática LGBT no sistema de educação básica e superior.

Foi também publicado pelo o Governo Federal, por meio da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, no ano de 2012, referente ao ano de 2011 um Relatório de dados sobre violência homofóbica no Brasil e após ele, sua segunda versão, no ano de 2013, referente ao ano de 2012. Ao longo deste relatório, foram analisadas estatísticas produzidas a partir de denúncias ao poder público referente a violações de direitos humanos cometidas contra a população LGBT em todo o território brasileiro, análises estas efetuadas essencialmente a partir dos dados provenientes do Disque Direitos Humanos, Disque 100 (BRASIL,2013).

Importa destacar que os dados apresentados pelo relatório, ainda não conseguem demonstrar a dimensão da violência que ocorre cotidianamente em todo o país, pois há muitos casos que não chegam a ser denunciados, levando a conclusão que a violação perante os gays, lésbicas, bissexuais, travestis e transexuais é ainda mais estarrecedora.

O Serviço Social também faz parte dessa luta, tendo um papel importante na desconstrução da heterossexualidade como única possibilidade de expressão da sexualidade humana. Sendo assim, foi lançado, no 34º Encontro Nacional CFESS-CRESS, uma campanha pela liberdade de orientação e expressão

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sexual, intitulada de “O amor fala todas as línguas”, assistente social na luta pelo preconceito.

A campanha reafirma o projeto ético político da profissão, que se opõe as contradições postas pela ordem burguesa. Desta forma, a categoria profissional é convocada a contribuir na construção de respostas que rompam com as desigualdades sociais e com a naturalização das múltiplas formas de opressão (SILVA, 2009).

Homofobia e religião

Por traz do comportamento violento direcionado a população LGBT, também pode se fazer presente a intolerância religiosa. É da crença de que a homossexualidade é um pecado condenado por Deus, em acreditar que homens e mulheres nasceram um para o outro, que o fundamentalismo religioso gera frutos, tornando-se um grande impasse para o reconhecimento dos gays, lésbicas, bissexuais, travestis e transexuais enquanto sujeito de direitos. Segundo MOTT (2002, p. 152 ):

Na tradição ocidental, cabe ao Judaísmo a culpa principal pela legitimação da intolerância anti-homossexual, posto ter sido a Bíblia que forneceu as mesmas premissas homofóbicas para o cristianismo e islamismo. Foi Javé quem primeiro mandou apedrejar "o homem que dormir com outro homem como se fosse mulher", cabendo ao apóstolo Paulo a argumentação teológica para excluir os sodomitas do Reino dos Céus.

Nos dias atuais ainda se faz presente a pena de morte para os que se relacionam com pessoas do mesmo sexo nos países fundamentalistas islâmicos. No Brasil, apesar de não haver esse mesmo tipo de punição, os homossexuais sofrem na pele os resultados desse discurso. Hoje, enquanto as igrejas acolhem alguns segmentos também discriminados como mulheres, negros, índios, de maneira acolhedora, acabam por receber os homossexuais em seus templos com o intuito de curá-los, reforçando a afirmação de que estão pecando contra Deus. Até mesmo as religiões de matrizes africanas que admitem o amor unissexual, muitas vezes, não atuam em defesa da visibilidade, não se fazem presentes na luta pelo reconhecimento de direitos de LGBT.

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O Brasil deve afirmar a pluralidade religiosa ou a opção por não ter uma religião, pois essa é uma garantia constitucional. É uma conquista, e como afirma LIMA (2011), é um dos avanços da sociedade humana, conquistados na sociedade moderna. Essa construção dá-se a partir de um processo progressivo de rompimento com a explicação teleológica do mundo, predominante na Idade Média. É dada a liberdade de o indivíduo cultuar o que lhes aprouver, independente da religião que os governantes professem.

Ocorre que no Brasil, a presença de representantes religiosos no Congresso Nacional, acaba por se tornar um empecilho quando o assunto é o enfrentamento da violência sofrida por LGBT. Os representantes do povo se utilizam de suas próprias crenças para decidir sobre questões de interesse público, afetando o Estado Democrático de Direito.

Homofobia e educação

As relações humanas são marcadas por conflitos, sendo a escola, também, um espaço suscetível a essa realidade. É um lugar de construção de saberes, mas que é atravessado por crenças, valores e preconceitos, o que leva a manifestação de muitas formas de violência, incluindo a homofobia.

Com efeito, classismo, racismo, sexismo e homofobia (ou heterossexismo se preferirmos), entre outros fenômenos discriminatórios, fazem parte da cotidianidade escolar não como elementos intrusos que adentram sorrateiramente os muros da escola. Ou seja, além de terem sua entrada geralmente franqueada, eles são cotidianamente ensinados na escola, produzindo efeitos sobre todos/as (estudantes ou não) (JUNQUEIRA, 2009, p. 211).

Os padrões disseminados, os papéis sociais definidos por uma sociedade em que o normal é ser heterossexual, acabam por invadir os espaços educacionais, pois, os próprios alunos e professores, se constroem através desses padrões presentes na família e no meio social como um todo, levando-os para espaços escolares e universitários, gerando a intolerância perante a diversidade também nesses meios.

É difícil se manter em ambientes educacionais quando não se adere aos padrões sexuais tidos como normais nesta sociedade. A hostilidade vivenciada pelo público LGBT nesses ambientes, faz com que cheguem a acreditar que não

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9 nasceram para frequentá-los, fazendo com que muitos desistam e se mantenham

em condições vulneráveis. São retaliações na sala, corredores e banheiros.

Poucos (as) conseguem suportar todas as dificuldades e vencer.

Conclui-se então, que a realidade nas escolas e nas universidades precisa ser modificada, o nome social deve ser respeitado, os banheiros devem se adequar a realidade da população LGBT, eles precisam superar as subjugações que a sociedade os atribui, a homofobia deve ser dialogada e enfrentada. Os alunos necessitam ter em lugares como esse, a construção para superação da homofobia, havendo a promoção de uma formação em diversidade sexual e de gênero por parte das instituições. O âmbito educacional deve

simbolizar espaço de acolhimento, educação, aprendizagem e respeito, mas

nunca, opressão e rejeição.

Porque criminalizar a homofobia?

Nos últimos anos, observa-se que o poder judiciário brasileiro vem avançando quando o assunto é a defesa dos direitos sexuais. Direitos previdenciários, direito à adoção, direito ao reconhecimento do nome social com a mudança de prenome no registro civil, direito a união estável e casamento de uniões de mesmo sexo, decisões jurisprudenciais em favor de LGBT, são algumas destas conquistas. Elas são resultado de uma busca árdua e incessante por parte do movimento LGBT em todo o país e resultado da interpretação de princípios jurídicos fundamentais presentes na Constituição Federal de 1988.

Ante as conquistas obtidas nos últimos anos e diante também da crescente organização e visibilidade que as organizações LGBT vêm apresentando, conseguimos enxergar com maior clareza a grave violação dos direitos destinados a essa população. Sendo assim, faz-se necessário uma lei que crie mecanismos para coibir esse tipo de violência, com o intuito de preveni-la, puni-la e erradicá-la.

Foi apresentado em 2006 na Câmara dos Deputados, o Projeto de Lei de nº 122, que propunha a criminalização da Homofobia no Brasil. Ocorre que o nosso Congresso Nacional é composto por uma bancada fundamentalista que acaba por se opor a criação dessa legislação, utilizando-se de argumentos

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religosos. Sendo assim, assistimos o arquivamento do PLC 122, e em decorrência, vemos projetos como o da “Cura Gay”, que pretendia por meio da psicologia promover tratamento para a cura da homossexualidade e como o do dia do Orgulho Hétero, ressurgirem, como também, proposta sobre a criação de uma comissão especial no Congresso Nacional para acelerar a análise do Projeto de Estatuto da Família, o qual define família como o núcleo formado apenas da união entre homem e mulher.

Diante da realidade gritante e da omissão por parte do Estado e da sociedade civil em enfrentar essa questão, alguns estados regulamentaram leis que punem a homofobia em instâncias administrativas, como também foi feito por alguns municípios brasileiros. Contudo, a persistência que acompanha a luta LGBT no Brasil deve continuar, e com ainda mais força, para que o legislativo venha a se comprometer com esta causa.

Conclusão

O combate a homofobia deve ser visto para além dos símbolos e da beleza que apresenta a sua luta, é uma forma silenciosa de violência, que se expressa até mesmo através de um olhar discriminatório, atravessado, chegando ao não acesso ao trabalho, aos serviços de saúde, educação, violando o que preza a nossa Constituição Federal.

É uma violência em que os olhos alheios fingem não ver, mas que o coração de quem sofre, sente. E como sente! É uma luta pela vida, pela igualdade, pelo sentimento de ser visto e reconhecido perante a sociedade como um ser de direito. Ter o seu direito a família, a felicidade, a uma vida digna, reconhecidos. Poder circular e demonstrar amor por quem quer que seja, onde quer que seja.

A sua criminalização, não é apenas para que esse crime se encontre expresso no nosso ordenamento jurídico, mas para que aqueles que a pratiquem, venham realmente a serem punidos, responsabilizando-se pelo que foi praticado.

Torna-se necessário a educação sexual em todos os graus escolares, o diálogo com as diferentes denominações religiosas, leis que punam, campanhas

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de conscientização e de promoção ao respeito para que haja respeito por parte de toda a sociedade e até mesmo para que os gays, lésbicas, bissexuais, travestis e transexuais se aceitem. Eles querem ser vistos, chega dessa violência maquiada, a homofobia existe sim.

E como MOTT (2005, p.100) pontuou:

Escorado nessas conquistas tão importantes, descortino um futuro esperançoso e brilhante para mais de 10% dos brasileiros e brasileiras praticantes do amor unissexual. É um futuro em que a alegria, as purpurinas e os paetês, tão ao gosto da estética gay, e o amor e a liberdade de amar hão de se tornar patrimônio universal de toda a humanidade. Afinal, “gente nasceu para brilhar, e não para morrer de fome.

A violência não faz parte do Estado Democrático de Direito, o Brasil é um país onde se deve prevalecer a paz, harmonia e o respeito, devemos encarar esse desafio de frente e unidos, lutar por um país sem a presença de nenhuma forma de discriminação.

Referências

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Referências

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