APLICAÇÃO DO SPEECH, SPATIAL AND QUALITIES OF
HEARING SCALE NA AVALIAÇÃO DO BENEFÍCIO EM
USUÁRIOS DE PRÓTESE AUDITIVA
Dissertação apresentada ao Curso de Pós-Graduação da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo para obtenção do Título de Mestra em Saúde da Comunicação Humana
SÃO PAULO 2017
PATRICIA TEIXEIRA MENNITI PENNINI
APLICAÇÃO DO SPEECH, SPATIAL AND QUALITIES OF
HEARING SCALE NA AVALIAÇÃO DO BENEFÍCIO EM
USUÁRIOS DE PRÓTESE AUDITIVA
Dissertação apresentada ao Curso de Pós-Graduação da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo para obtenção do Título de Mestra em Saúde da Comunicação Humana
Área de concentração: Saúde da Comunicação Humana
Orientadora: Profa.Dra.Katia de Almeida
SÃO PAULO 2017
FICHA CATALOGRÁFICA
Preparada pela Biblioteca Central da
Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo
Pennini, Patricia Teixeira Menniti
Aplicação do Speech, Spatial and Qualities of Hearing Scale na avaliação do benefício em usuários de prótese auditiva. / Patricia Teixeira Menniti Pennini. São Paulo, 2017.
Dissertação de Mestrado. Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo – Curso de Pós-Graduação em Saúde da Comunicação
Humana.
Área de Concentração: Saúde da Comunicação Humana Orientadora: Katia de Almeida
1. Auxiliares de audição 2. Questionários 3. Adulto 4. Perda auditiva 5. Pessoas com deficiência
“Não deixe o barulho da opinião dos outros abafar sua voz interior.
E mais importante, tenha a coragem de seguir seu coração e sua intuição.
Eles de alguma forma já sabem o que você realmente quer se tornar.
Tudo o mais é secundário.”
Agradeço a Deus pela família que tenho
Vocês são tudo pra mim!
Dedico este trabalho a vocês que sempre acreditaram em mim
Aos meus queridos e amados filhos Bruno e André, como eu sempre sonhei,
razão do meu viver
Ao grande amor da minha vida e melhor amigo, meu marido, Alexandre
Aos meus pais, Lourdinha e Eduardo, por toda palavra de encorajamento,
incentivo e pelo amor incondicional que sinto por vocês
Aos meus irmãos, Claudia, Adriana, Rodrigo (in memoriam) e Marcelo
eternamente meus companheiros de todos os momentos
Aos meu cunhados, Walter e Carol, parceiros sempre
Aos meus sobrinhos, filhos indiretos e queridos Mariana, Lucas e Eduardo
Aos meus tios, que estão sempre presentes e que nunca poderei esquecer,
Liliana e Toninho
Aos meus avós, Luiz, Gemma, Antonio e Anita (in memoriam), que sinto a
presença eterna em cada passo da minha vida
AGRADECIMENTOS
Agradeço à Faculdade de Ciências da Santa Casa de São Paulo e a Irmandade de
Misericórdia da Santa Casa de São Paulo pela oportunidade e
sеυ corpo docente,
direção е administração pеlа acendrada confiança nо mérito е ética aqui presentes.
À Profa. Dra. Katia de Almeida, mestre е minha orientadora, presença constante, com
seu conhecimento pleno, paciência e muito apoio, acreditou e abraçou este trabalho,
meu eterno carinho e profundo agradecimento.
Agradeço a cortesia em aceitarem integrar a banca de exame desta dissertação:
Ao Prof. Dr. Osmar Mesquita Neto, pela sua valiosa contribuição e participação em
todos os momentos.
Á Profa. Dra. Edilene Marchesin Boèchat, pela amizade e por ser responsável pela
minha iniciação na Audiologia e, especialmente, na área de prótese auditiva desde a
graduação.
Á Profa. Dra. Ana Navas, pelas valiosas sugestões e ensinamentos científicos no
decorrer do curso.
Á Profa. Dra. Elisiane Gonzales, pela disponibilidade e auxílio na fase operacional deste
projeto.
À Sra. Erika, pela assessoria criteriosa, disponibilidade, competência e atenção no
tratamento estatístico.
A todos os professores do Curso de Mestrado Profissional em Saúde da Comunicação
Humana da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo (FCMSCSP),
qυе foram tão importantes na minha vida acadêmica.
À minha querida amiga, Andreia de Oliveira Lot, pelo apoio, compreensão e carinho
que sempre me motivaram na realização deste trabalho.
A Profa. Dra. Vanessa Clarizia que sempre esteve presente, me apoiando e dando
indicações importantes.
As minhas amigas fonoaudiólogas que me acompanharam desde a jornada da
graduação até hoje, que sempre torceram e participaram do meu crescimento
profissional.
A equipe querida da Dra.Katia de Almeida, como a Dra. Karis Dong que contribuiu com
dicas importantes na formatação do texto, a Gessi Pires do Rosário, sua secretária, que
sempre contribui com as marcações de orientação.
A minha querida colaboradora da Biblioteca da FCMSCSP, Tarcila Teles dos Santos
que foi um anjo e agilizou o processo de impressão e encardenação.
Aos amigos que fiz no Mestrado Profissional, porque as pessoas passam por nossas
vidas e nada é por acaso e com certeza serão sempre lembrados. Com especial ajuda,
dos fonoaudiólogos Danilo Fernandes, Lyvia Rodrigues Sato, Anderson Pereira, Kelly
Viana.
A todos meus fiéis e queridos pacientes que participaram e sempre acreditaram no meu
trabalho.
A Iris Maria Xavier, que é minha retaguarda garantindo sempre o bem-estar de meus
filhos e da minha casa, nas minhas ausências e impaciências.
A Vanessa Szember, minha secretária que de forma indireta contribuiu, tendo muita
paciência mesmo nos dias mais complicados.
A todos amigos que são a família que nos permitiram escolher e que de alguma forma
contribuíram para a realização deste estudo.
ABREVIATURAS
ANSI American National Standards Institute
CIF Classificação Internacional de Funcionalidade
dB Decibel
DSLv.5.0 Desired Sensation Level – versão 5.0
Hz
Hertz
ISO
International Organization for Standardization
ISTS International Speech Test Signal
LRF Limiar de reconhecimento de fala
MAE Meato acústico externo
NAL NL1 National Acoustic Laboratories Non-Linear, versão 1
NAL-NL2 National Acoustic Laboratories, Non-Linear, versão 2
NPS Nível De Pressão Sonora
OMS Organização Mundial da Saúde
SII Speech Intelligibility Index.
SSQ Speech, Spatial and Qualities Hearing Scale
SSQ – B Speech, Spatial and Qualities Hearing Scale- Benefício
SSQ – C Speech, Spatial and Qualities Hearing Scale– Comparativo
dBNA Decibel nível de audição
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Distribuição dos indivíduos que participaram do estudo, de acordo com a
idade, tempo de privação auditiva, tempo de uso diário do AASI (N=30) ...37
Tabela 2 - Distribuição dos indivíduos que participaram do estudo, de acordo com sexo
e escolaridade (N=30)...38
Tabela 3 - Valores das respostas ao questionário SSQ - Base por domínio e total...39
Tabela 4 - Respostas do questionário SSQ Base no domínio da audição para fala...41
Tabela 5 - Respostas do questionário SSQ Base no domínio Audição espacial...42
Tabela 6 - Respostas do questionário SSQ Base no domínio Qualidade da audição....43
Tabela 7 - Respostas ao questionário SSQ versão B e C por domínio e total ...45
Tabela 8 - Respostas do questionário SSQ B e C no domínio da audição para fala...47
Tabela 9 - Respostas do questionário SSQ B e C no domínio da audição espacial...48
Tabela 10- Respostas do questionário SSQ B e C no domínio da qualidade da
audição...49
Tabela 11 - Medidas de consistência interna das respostas por domínios e total do
questionário SSQ versão Base.
...
..51
Tabela 12 - Medidas de consistência interna das respostas por domínios e total do
questionário SSQ versão B e C...51
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Tela descritiva do Mapeamento de Fala Amplificada (Speechmapping) com
valores do SII 65 com e sem a prótese auditiva...31
Figura 2. - Fluxograma de procedimentos para a coleta de dados ...34
Figura 3 - BoxPlot dos limiares auditivos por frequência nas orelhas direitas e esquerdas
(N=60)...38
Figura 4 - Distribuição do grau da perda auditiva das orelhas direita e esquerda
(N=60)...39
Figura 5 - BoxPlot dos valores das respostas ao questionário SSQ - Base por domínio
e total (N=30)...40
Figura 6 - BoxPlot das respostas do questionário SSQ Base nos domínios Audição para
fala (A), Audição espacial (B) e Qualidades da audição (C)...43
Figura 7 – BoxPlot das respostas ao questionário SSQ versão B e C por domínio e total
(N=30)...45
Figura 8 - BoxPlot das respostas ao questionário SSQ B e C nos domínios Audição
para fala (A), Audição espacial (B) e Qualidades da audição (C)...50
Sumário
1. INTRODUÇÃO ... 11
1.1.REVISÃO DE LITERATURA ... 14
1.1.1 Avaliação de resultados na adaptação de próteses auditivas ... 15
1.1.2. Speech Spatial Qualities of Hearing Scale – SSQ e sua aplicação ... 19
2. OBJETIVOS ... 24
3. CASUÍSTICA E MÉTODO... 26
3.1 Casuística ... 27
3.2. Equipamentos ... 28
3.3. Procedimentos ... 28
3.4. Questionário Speech, Spatial and Qualities of Hearing Scale (SSQ) na avaliação do benefício ... 31 3.5. Análise estatística ... 35 4.RESULTADOS ... 36 4.1 – Caracterização da Amostra ... 37 4.2. Resultados da aplicação do SSQ ... 39 5. DISCUSSÃO ... 52 6. CONCLUSÃO ... 59 8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ... 61 7. ANEXOS ... 65
ANEXO I - PROTOCOLO DO PARECER DO CEP ... 66
ANEXO II – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO ... 68
ANEXO III– Protocolo inicial de atendimento. ... 70
ANEXO IV– Questionário Speech, Spatial and Qualities of Hearing Scale (SSQ) – BASE - versão traduzida e validada para o Português Brasileiro (Gonzalez e Almeida, 2015). ... 72
ANEXO V – Questionário Speech, Spatial and Qualities of Hearing Scale (SSQ) – B - versão traduzida e validada para o Português Brasileiro (Gonzalez e Almeida, 2015). ... 87
ANEXO VI – Questionário Speech, Spatial and Qualities of Hearing Scale (SSQ) – C - versão traduzida e validada para o Português Brasileiro (Gonzalez e Almeida, 2015). ... 102
Com o crescente envelhecimento da população, uma das alterações sensoriais mais relevantes em idosos é a perda auditiva. Mais de 5% da população mundial apresenta perda auditiva incapacitante. Aproximadamente, um terço das pessoas com mais de 65 anos de idade são afetadas. Os efeitos e impactos negativos da deficiência auditiva trazem limitações à pessoa, sendo uma das queixas mais prevalentes, a falta de compreensão de fala em vários ambientes acústicos, principalmente, na presença de ruído (OMS, 2017).
A reabilitação é um conjunto de medidas que ajudam pessoas com deficiências a terem e manterem uma funcionalidade ideal na interação com o ambiente. É considerada eficiente quando reduz as dificuldades de comunicação do indivíduo, isto é, as incapacidades auditivas; aumenta o bem-estar psicossocial, reduz as restrições de participação, e quando as melhoras funcionais permanecem ao longo do tempo (OMS, 2001).
A atuação dos profissionais na reabilitação auditiva visa minimizar as dificuldades de comunicação experimentadas por seus pacientes deficientes auditivos. A prótese auditiva, como também o implante coclear, são recursos de extrema importância, muito utilizados e continuamente aperfeiçoados ao longo dos anos, minimizando as dificuldades para se comunicar e manter um convívio social. A adaptação e o uso efetivo das próteses auditivas são fundamentais para que o processo de reabilitação do deficiente auditivo seja estabelecido. É importante avaliar o benefício proporcionado pelo uso da prótese auditiva e seus efeitos positivos na vida diária do indivíduo como medida do resultado do tratamento, ou seja, a adequação da adaptação no processo de seleção das próteses auditivas.
Entende-se por benefício à diferença de desempenho do indivíduo entre duas condições: sem e com o dispositivo eletrônico e pode ser avaliado de forma objetiva ou subjetiva. Métodos objetivos empregam medidas de limiares ou supra liminares em campo livre, de inteligibilidade de fala e de restauração da sensação de intensidade enquanto as avaliações subjetivas utilizam a auto avaliação, isto é, avaliam a opinião do usuário da amplificação não havendo referência externa para comparação (Almeida, 1998).
É de suma importância a realização de medidas subjetivas que envolvem a auto percepção do indivíduo relacionada às suas dificuldades auditivas na vida cotidiana. Muitos questionários foram desenvolvidos para melhor caracterizar o grau e a incapacidade que resulta da deficiência auditiva e informar mais especificamente as situações enfrentadas pelos ouvintes (Noble, 1998; Ventry e Weinstein, 1982; Walden et al., 1984; Cox e Alexander, 1995, 1999, 2001; Gatehouse, 1999; Noble e Gatehouse, 2006). Há questionários que medem a satisfação do usuário com a amplificação, outros que quantificam o benefício proporcionado pelo uso das próteses auditivas e ainda aqueles que avaliam aspectos mais gerais como qualidade de vida. Entretanto, há um número limitado de questionários que abrangem o domínio de situações que
dependem das capacidades auditivas binaurais. A audição binaural, possibilita a localização do som, a eliminação do efeito sombra da cabeça, propiciando melhor compreensão de fala no ruído e em diferentes ambientes, dando a impressão de um som tridimensional.
O Speech, Spatial and Qualities of Hearing Scale – SSQ foi desenvolvido com o objetivo de caracterizar a relação da deficiência e os prejuízos da experiência auditiva em uma variedade de situações complexas de escuta do cotidiano. É um instrumento de auto avaliação do indivíduo em uma variedade de domínios como situações de audição direcional relacionada a diferentes distâncias e ao movimento, segregação de sons e fluxos de vozes simultâneas, facilidade de escuta, naturalidade e clareza dos sons do cotidiano e de diferentes peças musicais e instrumentos (Noble et al., 1995; Gatehouse e Noble, 2004).
O SSQ é um questionário composto por 49 questões, divididas em três dimensões: audição para fala, audição espacial e qualidades da audição. Diferentes versões desse questionário foram desenvolvidas, dentre essas destacamos o SSQ - B e o SSQ - C cujo objetivo é avaliar o benefício do usuário. Ambos contêm as mesmas questões do questionário base, mas com orientações e respostas diferentes para os usuários da amplificação. A versão "benefício" ou SSQ - B é destinada a usuários novatos enquanto a versão “comparativa” ou SSQ – C destinam-se aos usuários experientes após a troca por novas próteses auditivas. Pode ser utilizado para a comparação de duas próteses diferentes, isto é, a prótese auditiva atual versus a prótese auditiva utilizada anteriormente.
Em 2015, o questionário SSQ foi traduzido e adaptado para o Português Brasileiro (Gonzales e Almeida, 2015) e está sendo utilizado como um instrumento de avaliação subjetiva das dificuldades auditivas em variedade de domínios de situações de escuta. Entretanto, ainda não foi aplicado para a avaliação do benefício em indivíduos usuários de prótese auditiva.
Assim sendo, teria o questionário SSQ em suas versões Benefício e Comparativa aplicabilidade para a avaliação do benefício em usuários de próteses auditivas?
No presente capítulo, serão apresentados os estudos relacionados aos assuntos
estudados nesta pesquisa. Para facilitar a compreensão optou-se por dividir o capítulo
em duas partes:
1.1.1 - Avaliação de resultados na adaptação de próteses auditivas
1.1. 2 - Speech Spatial Qualities of Hearing Scale – SSQ
Os trabalhos apresentados foram organizados pela coerência dos assuntos,
mais do que pela cronologia dos estudos, para fornecer um encadeamento das ideias
e do conhecimento a respeito dos assuntos tratados.
1.1.1 Avaliação de resultados na adaptação de próteses auditivas
Stephens e Hétu (1991), em seu estudo argumentaram que as definições da
OMS (1980) de deficiência, incapacidade e handicap teriam um papel útil na
compreensão das dimensões desenvolvidas na reabilitação auditiva. Relacionaram
deficiência com qualquer perda ou anormalidade da estrutura ou função fisiológica ou
anatômica no sistema auditivo; a incapacidade como qualquer restrição de realizar uma
atividade auditiva considerada normal para um ser humano; e o handicap
(desvantagem) uma restrição imposta pela deficiência ou pela incapacidade auditiva
que limita a comunicação e o funcionamento psicossocial do indivíduo, representando
as manifestações sociais e emocionais resultantes, podendo afetar o deficiente
auditivo, sua família e ou a sociedade. As próteses auditivas poderiam compensar a
deficiência auditiva e a incapacidade, mas para avaliar a desvantagem enfrentada em
situações vivenciadas, devem incluir aspectos mais específicos dos efeitos da
deficiência auditiva sobre a vida cotidiana dos indivíduos. O conceito de desvantagem
seria útil para descrever a consequências não auditivas da deficiência e precisaria ser
investigada por meio de questionários de auto avaliação, para melhor estudar os
problemas socioculturais enfrentados pelo deficiente auditivo em ambientes variados.
Em 2001, a Organização Mundial de Saúde publicou a Classificação
Internacional de Funcionalidade e Saúde - CIF (OMS, 2001) introduziu uma nova
dimensão para pensar e trabalhar a deficiência e a incapacidade auditiva, não sendo
apenas uma consequência das condições de saúde (funcional), mas determinada
também pelo contexto do meio ambiente físico e social, pelas diferentes percepções
culturais e atitudes em relação à deficiência (condição de vida). O foco na reabilitação
é reduzir ou eliminar as limitações em atividades e restrições na participação, fazer com
que o uso da amplificação aumente a aceitação da perda auditiva do indivíduo,
otimizando o benefício obtido em determinadas situações do cotidiano e a satisfação
do usuário. Para que obtenha estes objetivos, na prática clínica, se faz necessário
estimar a necessidade de avaliar os resultados das intervenções; identificar que
informação é procurada e relevante para especificar itens de informação relativos ao
funcionamento e a deficiência; e relacioná-los com componentes, domínios e
categorias, que incluem fatores ambientais, da sua vida cotidiana. Considerar todos os
componentes para inclusão, e usar todos os domínios de atividades e participação para
diversas populações.
Almeida (1998) realizou um estudo com o objetivo de avaliar, por meio de
procedimentos objetivos e subjetivos, o benefício do uso de próteses auditivas,
analisando comparativamente os resultados e possíveis correlações existentes entre
as medidas subjetivas e objetivas de benefício. Participaram 34 indivíduos adultos
usuários de próteses auditivas, separados em dois grupos de acordo com a experiência
prévia com o uso da amplificação, tendo sido submetidos a procedimentos objetivos
(ganho funcional, com microfone sonda, limiar de reconhecimento de sentenças no
silêncio e no ruído) e subjetivos (questionário) antes e pós a adaptação das próteses
auditivas. Os resultados revelaram que houve diferenças estatisticamente significantes
entre as condições sem e com prótese auditiva, indicando melhor desempenho em
todos os procedimentos com o uso da amplificação. Não ocorreram diferenças
significantes nos valores de benefício objetivo e subjetivo obtidos para usuários
experientes e novatos, indicando que a experiência prévia não é fonte de variabilidade.
Contudo, foi constatada a ocorrência de algumas correlações fracas, porém
estatisticamente significantes, entre algumas medidas objetivas e subjetivas. Concluiu
recomendando a utilização desses procedimentos para avaliação de benefício, no
processo de seleção e adaptação de próteses auditivas.
Almeida (2003) descreveu os principais procedimentos que poderiam ser
utilizados para
avaliação dos resultados obtidos com o uso da amplificação e quais
fatores podem influenciar no sucesso ou fracasso da reabilitação auditiva, em que o
maior desafio para o profissional é validar o sucesso com o uso da amplificação. As
dimensões foram categorizadas como desempenho, benefício, satisfação e uso da
prótese auditiva. Onde as medidas de desempenho, são obtidas na etapa da verificação
no processo de seleção da amplificação, através de medidas objetivas com
equipamento de microfone sonda, testes de fala e medidas subjetivas através de
questionários de auto avaliação; a avaliação do benefício utiliza-se de todas as medidas
usadas para medir o desempenho, mas considera a medida subjetiva, fundamental
para a validação da adaptação a qual nos permite compreender quão eficiente o usuário
considera a prótese auditiva para auxiliar na sua comunicação; na avaliação da
satisfação, as medidas são todas subjetivas, se relaciona com a aceitação que o
indivíduo tem do seu próprio problema auditivo; e por último a avaliação do uso da
prótese auditiva, para tal são utilizadas medidas objetivas e subjetivas. Existem muitos
instrumentos para avaliação dos efeitos da intervenção porque são vários os fatores
que influenciam o resultado obtido com o uso da amplificação. O principal objetivo
relatado aqui é sempre buscar a adaptação perfeita da prótese auditiva e proporcionar
a melhor audição nas situações de comunicação diária.
Amorim e Almeida (2007) caracterizaram o benefício de curto prazo em adultos
usuários de próteses auditivas, por meio de procedimentos objetivos (ganho funcional)
e subjetivos (questionários de auto- avaliação) e estudaram o fenômeno de
aclimatização, a partir da análise dos índices percentuais de reconhecimento de fala
(IPRF) dessa população antes e após o uso da amplificação. Neste estudo,
participaram 16 indivíduos portadores de perda auditiva, que foram submetidos à
avaliação audiológica, ganho funcional e aplicação dos questionários de auto avaliação,
antes da adaptação das próteses auditivas, após quatro semanas e 16/18 semanas.
Os resultados revelaram diferenças estatisticamente significantes nas medidas
objetivas e subjetivas após o uso das próteses auditivas, indicando benefício de curto
prazo. Contudo, ao longo do tempo de uso da amplificação não ocorreu uma melhora
significante do benefício, sugerindo que este não aumentaria com o tempo. Foi
observada melhora na média dos IPRF e nas medidas subjetivas do benefício auditivo
ao longo do tempo de uso da amplificação, contudo estas diferenças não foram
estatisticamente significantes. Concluíram que correu benefício em curto prazo com o
uso das próteses auditivas, contudo não foi possível verificar a ocorrência do fenômeno
da aclimatização por meio do IPRF.
Humes et al. (2001) realizaram um estudo com objetivo de avaliar os resultados
obtidos com uso de próteses auditivas por meio de diferentes medidas em 173 idosos
usuários de próteses auditivas bilaterais após um mês de uso da amplificação. Devido
às regulamentações federais relativas à compra de próteses auditivas com um "período
experimental de 30 dias", o intervalo pós-ajuste de um mês é provavelmente o ponto
de medição mais comum clinicamente. As medidas de resultado incluíram testes de
reconhecimento de fala, bem como questionários de auto avaliação de desempenho
auditivo, benefício, satisfação e uso. A análise fatorial dos componentes principais dos
dados deste estudo indicou que haviam sete dimensões distintas de resultados, a
saber: benefício subjetivo e satisfação; desempenho auditivo (reconhecimento de fala);
tempo de uso; benefício objetivo para fala suave ou conversação; fala no ruído; redução
da deficiência auditiva; e julgamentos de qualidade sonora. Conclui-se que uma vez
estabelecida a relevância e previsibilidade das sete dimensões do resultado da prótese
auditiva, poderia ser possível propor uma bateria de medidas de resultado de aparelhos
auditivos para uso clínico.
Humes (2009) e um grupo de pesquisadores conduziram uma pesquisa com o
objetivo de identificar os fatores associados as diferenças nos resultados de benefício
com o uso das próteses auditivas em idosos. Utilizou diferentes instrumentos e
procedimentos para avaliar o desempenho auditivo com o uso da amplificação como:
testes de reconhecimento da fala, avaliação da qualidade subjetiva do som
amplificadoe questionáriosde auto avaliação para quantificar o benefício do uso das
próteses auditivas. Uma interpretação deste achado é que, uma vez que um grupo de
idosos com deficiência auditiva tenha sido formado com base em audiogramas
semelhantes, as diferenças individuais no desempenho entre este grupo foram
representadas principalmente pelas diferenças individuais na idade e QI verbal. Os
resultados apontaram para a existência de três domínios de avaliação de resultados no
processo de adaptação da prótese auditiva: benefício, uso e reconhecimento de fala e
que embora existam fortes ligações entre os domínios de auto-avaliação do benefício
e uso, o reconhecimento de fala é um aspecto amplamente independente.
Outra ferramenta importante na avaliação de resultados é o registro de dados ou
datalogging das próteses auditivas. Sua incorporação não é recente, mas tornou-se
uma característica popular nos dispositivos eletônicos de amplificação e utilizado pela
maioria dos principais fabricantes. Os sistemas de datalogging mais simples informam
o tempo total e de uso diário médio das próteses auditivas, bem como o acionamento
de diferentes programas. Alguns sistemas podem até mesmo sugerir sobre como
melhorar as configurações do dispositivo. Estudo realizado com 40 indivíduos
adaptados com as novas próteses auditivas avaliados após um período de duas
semanas, momento em que o registro de dados foi analisado, verificou que os usuários
que relatavam consistentemente, maior satisfação com a sua experiência de audição
eram aqueles que utilizavam suas próteses auditivas por maior tempo ao longo do dia
(Gaffney, 2008)
1.1.2. Speech Spatial Qualities of Hearing Scale – SSQ e sua aplicação
Gatehouse e Noble (2004) desenvolveram o questionário intitulado como
Speech, Spatial and Qualities of Hearing Scale - SSQ com o objetivo de avaliar
questões que utilizassem um conjunto de capacidades e habilidades que fossem
identificadas como importantes e, investigar como e em que medida, os déficits
relatados nessas capacidades se relacionavam com a experiência da deficiência. Os
autores identificaram três domínios: especialmente a audição para os sons da fala, a
audição espacial e as qualidades da audição. Parte do estudo provém do questionário
focado na audição dos sons da fala e audição espacial (Noble et al, 1995). Sendo
composto por 49 questões, sendo que 14 relacionadas à audição para sons de fala, 17
que investigam componentes da audição espacial e 18 sobre a qualidade da audição
como segregação de sons, fluxo de vozes simultâneas, facilidade de escuta,
naturalidade e clareza dos sons do cotidiano e de diferentes peças musicais e
instrumentos. As questões são enquadradas em cenários projetados para colocar um
ouvinte em contextos bastante específicos e pontuar suas habilidades auditivas dentro
da classificação em uma escala de 0 (incapaz) a 10 (altamente capaz). O questionário
SSQ resultante foi aplicado com um grupo de 153 novos usuários, antes da adaptação
das próteses auditivas por meio de entrevista, avaliando como esse padrão de resposta
referia-se à auto-avaliação das incapacidades sociais e emocionais. Segundo os
autores, o questionário SSQ mostrou ser um instrumento para avaliar intervenções de
vários tipos, particularmente àqueles que implicam na função auditiva binaural.
Noble e Gatehouse (2004) realizaram um estudo com a aplicação do
questionário SSQ em indivíduos com perda auditiva assimétrica, comparando dois
grupos (simétrico e assimétrico). Realizaram uma série de análises comparativas entre
os grupos, focando na auto avaliação das dificuldades auditivas por meio do
questionário SSQ. Foram analisadas as correlações entre os itens do SSQ para os dois
grupos, para determinar como o questionário se comporta quando aplicado a grupos
em que a audição binaural é assimétrica versus a audição simétrica. Como esperado,
a audição espacial foi severamente mais alterada no grupo com assimetria; este grupo
se mostrou menos capaz do que o grupo simétrico, em todos os domínios do SSQ. As
correlações de uma série de variáveis aleatórias entre si dos itens mostraram que a
audição para fala é uma função relativamente autônoma para o grupo simétrico,
enquanto está relacionada com fatores de segregação, clareza e naturalidade para o
grupo assimétrico. As funções espaciais foram mais independentes das outras no grupo
assimétrico. O SSQ resultou ser um questionário para avaliação dos resultados no caso
de amplificação bilateral, unilateral e ou do implante coclear.
Um dos estudos de Noble e Gatehouse (2006) foi avaliar o efeito da adaptação
bilateral e unilateral nas medidas das habilidades auditivas. Aplicaram o questionário
SSQ em grupos adaptados com prótese auditiva unilateral e bilateral. Para contextos
usuais de audição para a fala (conversa com um ouvinte, em grupos, no silêncio, no
ruído) houve benefício com a adaptação unilateral, e nenhum benefício adicional com
a adaptação bilateral. Em contrapartida, quando da audição em contextos mais
exigentes (atenção dividida ou mudança rápida de foco) houve benefício para os
usuários independende da utilização de um ou dois dispositivos. Entretanto na condição
de adaptação bilateral o benefício foi maior. No domínio espacial, também houve algum
benefício com adaptação unilateral da prótese auditiva mas benefícios adicionais foram
observados no que se refere à percepção de distância e movimento, com uso bilateral
das próteses auditivas. Concluiram que a amplificação bilateral beneficiou os indivíduos
com menor esforço de escuta, trazendo vantagens do uso das próteses auditivas em
contexto exigente e dinâmico, estes sendo considerados contextos significativos para
a competência social e bem-estar emocional do indivíduo.
Singh e Picchora-Fuller (2010) examinaram as propriedades do teste-reteste
do Speech, Spatial and Qualities of Hearing Scale (SSQ) e determinaram se o método
de administração do teste afetaria essas propriedades. Para tal, foi aplicado o SSQ em
quatro grupos de 40 idosos, utilizando métodos de entrevista e auto preenchimento.
Embora o método de administração do teste não tenha afetado sistematicamente a
pontuação do SSQ, encontraram maior correlação teste-reteste (r=0,83)usando o
método de entrevista. Concluíram que são recomendadosambos os métodos de
aplicação: entrevista ou auto-preenchimento, mas a melhor escolhadependerá dos
objetivos do examinador.
Bahn et al. (2012) investigaram as respostas no questionário SSQ, em 96
adultos divididos de acordo com a idade em dois grupos - adultos jovens e idosos que
passaram na triagem audiométrica e que possuíam limiares normais (≤ 25 dBNA) nas
frequencias de 250, 500,1000, 2000 e 3000 Hz. As alterações no processamento
auditivo e cognitivo relacionadas à idade podem contribuir para as dificuldades de
compreender fala em situações de ruído frequentemente relatadas por idosos, e tais
dificuldades são observadas mesmo por aqueles que apresentam audiogramas
considerados "normais para sua idade”. O questionário Speech, Spatial, Qualities and
Hearing Scale
– SSQ pode fornecer insights sobre as possíveis contribuições de fatores
auditivos e cognitivos sobre as dificuldades auditivas apresentadas por idosos
deficientes auditivos. As diferenças entre os grupos foram analisadas; correlações
foram utilizadas para comparar o padrão de resultados para os dois grupos etários;
avaliaram a relação entre as pontuações do SSQ e medidas objetivas de audição; e
realizaram comparações com resultados de estudos publicados para idosos com perda
auditiva. O padrão de dificuldade relatada entre os itens do SSQ foi semelhante para
ambos os grupos etários, mas os jovens tiveram índices significativamente maiores do
que os idosos em 42 dos 46 itens. Em média, os mais jovens obtiveram pontuação de
8,8 (máximo de 10) e os idosos obtiveram pontuação de 7,7. Por comparação, foram
relatados índices de 5,5 para idosos com perda auditiva moderada (Gatehouse e Noble,
2004). Concluíram que ao estabelecer as pontuações que poderiam ser esperadas nos
jovens e idosos com limiares de audição considerados como normais, esses resultados
forneceriam aos profissionais informações que ajudariam a estabelecer alvos mais
realistas para intervenções em adultos de diferentes faixas etárias.
Akeyrod et al (2014) realizaram um estudo com o objetivo de investigar as
propriedades estatísticas (análise fatorial) e determinar a estrutura do Speech, Spatial,
Qualities and Hearing Scale - SSQ. No desenho do estudo foi realizada uma análise
estatística das questões do questionário, utilizando uma análiseparalela para
determinar o número de fatores a serem mantidos, rotação oblíqua de fatores e estimar
os intervalos de confiança. Na amostra 1220 adultos deficientes auditivos, divididos em
três grupos: sem o uso prótese auditiva, com adaptação unilateral e outro com
adaptação bilateral das próteses auditivas. Foi aplicado o questionário SSQ de forma
entrevista, cada questão foi lida para o participante, e então eles foram orientados a dar
uma resposta, variando de 0 a 10. Nos resultados encontraram três fatores claros,
essencialmente correspondentes aos três domínios principais do SSQ. Eles são
chamados de "compreensão da fala", "percepção espacial" e "clareza, separação e
identificação". Havia evidência parcial de um quarto fator, "esforço e concentração",
representando mais duas perguntas. A conclusão do estudo foi que os resultados
auxiliam na interpretação e aplicação do SSQ e indicam possíveis métodos para gerar
pontuações médias.
Zahorik e Rothpletz (2014) realizaram um estudo em 223 jovens com audição
normal com objetivo de fornecer dados normativos para o questionário Speech, Spatial
and Qualities of Hearing Scale - SSQ. Os resultados forneceram dados normativos
sobre cada uma das questões do questionário e foi possível descrever as propriedades
psicométricas do SSQ para uma população de jovens com audição normal. Verificaram
ainda que mesmo jovens com audição normal não avaliaram suas habilidades de
escuta com pontuações mais elevadas, em todas as situações de audição questionadas
pelo SSQ.
Gonzales e Almeida (2015) realizaram um estudo com objetivo de traduzir e
adaptar, culturalmente, o questionário Speech, Spatial and Qualities of Hearing Scale
(SSQ) em sua versão 5.6 para o Português Brasileiro. Foi aplicado o SSQ em modo
entrevista, em 40 brasileiros adultos, normo-ouvintes e alfabetizados em português.
Identificou-se dificuldade de compreensão na questão 14 da Parte 2 e na questão 5 da
Parte 3. As demais questões foram compreendidas por mais de 85% dos participantes.
Foram feitas algumas modificações, sem alterar o contexto e na aplicação da versão
final do SSQ foi obtida uma boa equivalência cultural para o Português Brasileiro, em
que91,6% dos participantes relataram fácil entendimento de todas as questões.
Estatisticamente, foi revelado um alto coeficiente Alpha de Cronbach (>0,8), mostrando
boa consistência interna entre os diversos itens do questionário.
Moulin e Richard (2016) realizaram um estudo para identificar e quantificar
fontes de variabilidade nos índices do questionário Speech, Spatial, Qualities and
Hearing Scale - SSQ em 100 indivíduos com audição normal e 230 com perda auditiva,
utilizando a versão em língua francesa. As análises de multi-regressão das pontuações
SSQ foram realizadas por idade, sexo, anos de escolaridade, perda auditiva e
assimetria de perda auditiva como preditores. Análises semelhantes foram realizadas
para cada domínio (audição para fala, audição espacial, e qualidades da audição), para
várias formas reduzidas do questionário SSQ e para diferenças nos índices dos
domínios. Como resultado verificou-se que a perda auditiva na melhor orelha e perda
auditiva assimétrica foram os dois principais preditores de pontuação no SSQ geral,
nos três principais domínios e na forma encurtada do questionário SSQ. A maior
diferença entre os jovens com audição normal e adultos com deficiência auditiva foi
observada para o domínio da Audição para fala, e além disso, a pontuação do grupo
dos jovens esteve, substancialmente, abaixo do máximo de 10, precisava ser levada
em conta ao interpretar os índices dos deficientes auditivos. Um efeito de idade foi
observado principalmente em uma questão do domínio audição para fala, e o número
de anos de escolaridade teve uma influência significativa em várias questões dos
domínios da audição espacial e qualidades da audição. Em particular, o domínio da
audição para fala mostrou diferenças muito maiores entre os jovens e adultos do que
os dois outros domínios (audição espacial e qualidades da audição). As muitas
semelhanças entre várias versões linguísticas e os resultados obtidos neste estudo,
favorecem fortemente o uso do questionário SSQ como padrão internacional. No
entanto, as semelhanças (e dissimilaridades, para algumas questões) entre as línguas
e os indesejados preditores encontrados para alguns itens do SSQ poderiam ser
usados para refinar o SSQ e construir formulários mais curtos.
2. OBJETIVOS
O objetivo do estudo foi verificar a aplicabilidade do Speech, Spatial and Qualities
of Hearing Scale (SSQ), traduzido para o Português Brasileiro, na avaliação do
benefício em usuários de próteses auditivas.
1. Caracterizar o benefício subjetivo por meio da aplicação do questionário Speech,
Todas as etapas do estudo foram realizadas na Clínica de Fonoaudiologia da
Santa Casa de São Paulo e na Clínica Espaço Ouvir. Estes foram selecionados de
acordo com a demanda pelo programa de adaptação de próteses auditivas, locais onde
foram realizadas as avaliações audiológicas, as adaptações das próteses auditivas,
bem como a aplicação dos questionários SSQ Base, B e C.
Os procedimentos foram iniciados após aprovação pelo Comitê de Ética e
Pesquisa sob o protocolo de número CEP 1.613.072 (Anexo I). De acordo com os
preceitos éticos para a realização de pesquisas com seres humanos, todos os
participantes foram esclarecidos sobre o estudo, quanto aos procedimentos que seriam
realizados e, em concordância, assinaram um termo de consentimento livre e
esclarecido, autorizando a sua participação voluntária no estudo (Anexo II).
3.1 Casuística
Neste estudo participaram 30 indivíduos adultos com deficiência auditiva, sendo
que 22 eram usuários experientes de próteses auditivas e oito novatos ao uso, com
idades entre 44 e 94 anos, de ambos os sexos (13 mulheres e 17 homens) e
escolaridade predominantemente, de nível superior.
A seleção dos indivíduos do estudo foi baseada com os seguintes critérios de
elegibilidade:
- Indivíduos adultos;
- Com perda auditiva de qualquer tipo ou grau de severidade;
- Ser candidato ao uso ou usuários em fase de troca de suas próteses auditivas.
E os critérios de exclusão foram:
- Indivíduos que tivessem problemas de saúde que os impedissem da participação
em todas as avaliações e procedimentos propostos para a pesquisa;
- Apresentassem alterações cognitivas perceptíveis, ou outras alterações
neurológicas;
- E caso não conseguissem fazer o uso adequado das próteses auditivas no
período proposto, por intercorrências diversas.
3.2. Equipamentos
Foram utilizados os seguintes equipamentos para o desenvolvimento do estudo:
- Audiômetro clínico marca Otometrics modelo Itera II, providos de fones
calibrados segundo padrões internacionais ISO 1987;
- Equipamentos de medidas com microfone sonda da Audioscan, modelo AXIOM,
calibrado segundo padrões internacionais ISO 1987;
- Computador e software NOAH para banco de dados audiológicos e para ajuste
das características de próteses auditivas.
3.3. Procedimentos
Foram selecionados, aleatoriamente, pacientes atendidos regularmente na
Clínica de Fonoaudiologia da Santa Casa de São Paulo e na Clínica Espaço Ouvir que
compareciam para o processo de adaptação inicial ou que estavam trocando suas
próteses auditivas.
I. Avaliação Audiológica
A avaliação audiológica foi realizada na Clínica de Fonoaudiologia da Santa
Casa de São Paulo pelos fonoaudiólogos do setor e na Clínica Espaço Ouvir pelo
pesquisador e composta pelos mesmos procedimentos:
1) Inspeção do meato acústico externo (MAE), com a finalidade de verificar excesso de
produção de cerume e análise de curvas do meato acústico externo para a retenção de
moldes e cápsulas para o uso das próteses auditivas.
2) Na audiometria tonal liminar foram determinados os limiares de audibilidade, por via
aérea, para a faixa de frequências de 250 a 8000 Hz, e por via óssea, de 500 a 4000
Hz.
3) Na Logoaudiometria foi determinado o índice de reconhecimento de fala (lista de
palavras foneticamente balanceadas) em intensidade de maior conforto para o
indivíduo, limiar de reconhecimento de fala (LRF) e limiar de detecção de fala (caso o
LRF não pudesse ser obtido).
II. Adaptação das próteses auditivas
Inicialmente, foram obtidas informações gerais e relevantes da história prévia do
indivíduo, com relação à queixa auditiva, a etiologia provável, o tempo da perda, sobre
saúde geral que pudessem interferir no processo, questões estéticas e financeiras
(Anexo III). Quando necessário, foram confeccionados moldes ou cápsulas para
adaptação física das próteses auditivas intra-aurais.
Foi feita a seleção de dois pares de próteses auditivas, de marcas diferentes,
com tecnologia digital com categoria tecnológica Básica, Avançada ou Premium, para
teste, de acordo com as necessidades audiológicas e preferências individuais. Algumas
próteses auditivas apresentavam microfone direcional e algoritmos de cancelamento
de retroalimentação e/ou redução de ruído (Quadro 1).
A prescrição do ganho foi realizada de acordo com os métodos prescritivos
validados como NAL NL1 - National Acoustic Laboratories Non-Linear (Dillon et al.,
1999) e DSL-v5 - Desired Sensation Level (Seewald et al, 2005) para usuários
experientes; e NAL-NL2 - National Acoustic Laboratories Non-Linear (Dillon et al, 2011)
para todos os novatos ao uso da prótese auditiva (Quadro 1). A programação e ajuste
fino das próteses auditivas foi feita por meio de softwares das empresas fabricantes na
plataforma NOAH.
Quadro 1. Distribuição das próteses auditivas quanto ao tipo e método prescritivo utilizados
no estudo (N= 60).
Tipo
Retro Intracanal Microcanal Total
N % N % N % N % T ec n o log ia Básica 10 19,2 0 0 2 33,3 12 20 Avançada 20 38,5 2 100 2 33,3 24 40 Premium 22 42,3 0 0 2 33,3 24 40 Total 52 86,7 2 3,3 6 10 60 100 G anh o NAL- NL1 24 46,2 2 100 2 33,3 28 46,7 NAL- NL2 16 30,8 0 0 0 0 16 26,7 DSLO v5 12 23,1 0 0 4 66,7 16 26,7 Total 52 86,7 2 0 6 10 60 100
A verificação do desempenho das próteses auditivas foi realizada por meio de
equipamentos com microfone sonda, em sala acusticamente tratada, com o paciente
sentado a um metro de distância do alto-falante posicionado em 0
˚ azimute, usando a
ferramenta Mapeamento de fala amplificada (Speechmapping) com os algoritmos
acionados. Essa ferramenta permite a avaliação do funcionamento eletroacústico das
próteses auditivas selecionadas e verificar se os valores de ganho e saída gerados
estavam de acordo com os prescritos. Utilizou-se um sinal de fala ISTS (Holube et al,
2010) em diferentes intensidades de entrada 55, 65, 75 dB NPS.
Nesse momento foram também anotados os valores Speech Inteligibility Índex
–
SII para a intensidade de 65 dB NPS, denominado SII 65. A prótese auditiva que
propiciasse maior SII era usada em um período de experiência domiciliar, sempre
orientando o uso binaural quando da perda bilateral (Figura 1).
Figura 1. Tela descritiva do Mapeamento de Fala Amplificada (Speechmapping) com
valores do SII 65 com e sem a prótese auditiva.
Tanto para o usuário novo como o experiente foi permitido teste domiciliar por
quatro semanas, com retornos para ajustes, para retomar os orientações e
aconselhamentos. Foram registrados através do Datalogging das próteses auditivas os
números de horas de uso diário.
3.4. Questionário Speech, Spatial and Qualities of Hearing Scale (SSQ) na
avaliação do benefício
O questionário
Speech, Spatial and Qualities of Hearing Scale (SSQ) – versão
5.6 (Gatehouse e Noble, 2004) - Base (Anexo IV) – traduzido e validado para o
Português Brasileiro (Gonzalez e Almeida, 2015) tem como finalidade a auto avaliação,
em uma variedade de domínios como: situações de audição direcional relacionada a
diferentes distâncias e ao movimento, segregação de sons e fluxos de vozes
simultâneas, facilidade de escuta, naturalidade e clareza dos sons do cotidiano e de
diferentes peças musicais e instrumentos. O questionário SSQ – Base, foi aplicado
inicialmente em todos os indivíduos do estudo, apresentando oralmente cada questão
em forma de entrevista, com uma média de tempo de 30 minutos para aplicabilidade e
os participantes, baseados em sua vivência sem próteses auditivas ou de acordo com
Alvo da regra de ganho LTASS Perda auditiva/ Mostrando a ajuda com AASI M ISTS- tipo de
estímulo de fala Nível do estímulo
SII sem AASI
SII com AASI
sua experiência com as próteses auditivas antigas, pontuaram de 0 a 10 o seu
desempenho comunicativo. Sendo que eles foram informados de que, na escala de
respostas, o 10 significa que são perfeitamente capazes de executar o que está descrito
na questão e o 0 (zero), que são incapazes de realizar a situação investigativa. Além
disto, existe a opção denominada “não aplicável”, nos casos em que a pergunta não se
referia a sua situação cotidiana.
De modo algum Perfeitamente
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Após o término do período de quatro semanas de uso das próteses auditivas,
foram aplicados novamente os questionários de auto avaliação, mas para os novatos,
foi aplicado o questionário SSQ– B (Benefício) e para os experientes, o questionário
SSQ – C (Comparativo). O que diferencia as versões Base, B e C são as instruções
dadas e os formulários de respostas.
O questionário
SSQ – B (Anexo V) que foi aplicado para novos usuários de
próteses auditivas, tem como objetivo a avaliação do benefício a partir da comparação
das respostas sem e com próteses auditivas. O pesquisador apresentou oralmente
cada questão e os participantes foram pontuando em uma escala de pontuação de -5,
0 e +5 o seu desempenho comunicativo. Sendo que os participantes foram informados
de que, na escala de respostas, o +5 significa que são perfeitamente capazes de
executar o que está descrito na questão, o 0 (zero) não apresentou mudança com o
uso das próteses e o -5 que são incapazes de realizar a situação investigada. Além
disto, existe a opção denominada “não aplicável”, nos casos em que a pergunta não se
referia a sua situação cotidiana.
Comparando seu desempenho agora com seu desempenho antes de usar as próteses auditivas
Muito pior sem alteração Muito melhor
-5 -4 -3 -2 -1 0 +1 +2 +3 +4 +5
O questionário SSQ – C (Anexo VI), para antigos usuários de próteses auditivas
em fase de troca, contém as mesmas questões do questionário SSQ – Base, mas com
possibilidades de resposta similares ao SSQ – B. Os indivíduos foram solicitados a
responder o questionário Base a partir de suas experiências com as próteses auditivas
antigas. Já para responder ao questionário C, deveria considerar as novas próteses
auditivas. Cada questão foi apresentada oralmente e os participantes tiveram que
pontuar em uma escala de pontuação de -5,0 e +5 o seu desempenho comunicativo
com suas novas próteses auditivas. Sendo que foram informados de que, na escala de
respostas, o +5 significa que são perfeitamente capazes de executar o que está descrito
na questão, o 0 (zero) não apresentou mudança com o uso das próteses e o - 5 que
seriam incapazes de realizar a situação investigada. Além disto, existe a opção
denominada “não aplicável”, nos casos em que a pergunta se referia a uma situação
cotidiana ainda não experienciada.
Comparando seu desempenho agora com seu desempenho com o uso prévio das próteses auditivas
Muito pior sem alteração Muito melhor
-5 -4 -3 -2 -1 0 +1 +2 +3 +4 +5
Não Aplicável Não Aplicável
O benefício foi indicado pela diferença entre as dificuldades observadas pré e
pós a intervenção, indicando o grau de melhoria com o uso da prótese auditiva.
O fluxograma apresentado na Figura 2 ilustra os procedimentos realizados para
a coleta de dados:
AP
ÓS 4 SEMANAS DE USO DAS PRÓTESES AUDITIVAS
Figura 2. Fluxograma de procedimentos para a coleta de dados.
AVALIAÇÃO
AUDIOLÓGICA
ADAPTAÇÃO
DAS PRÓTESES
AUDITIVAS
APLICAÇÃO
DO SSQ BASE
APLICAÇÃO DO
SSQ B
(NOVATOS)
APLICAÇÃO DO
SSQ C
(EXPERIENTES)
ANAMNESE
3.5. Análise estatística
Inicialmente, foi realizada uma análise descritiva para variáveis qualitativa com
frequências, valor absoluto (N) e valor relativo (%), que são: sexo, escolaridade, grau
da perda. Para as variáveis quantitativas foram calculadas as medidas de resumo
(média, mediana, desvio-padrão, mínimo e máximo): idade, questionários SSQ Base,
B e C.
Para avaliar a confiabilidade dos questionários B e C foi estimada utilizando-se
a análise de consistência interna (Alfa de Cronbach). O coeficiente Alfa (α) mede a
correlação entre respostas em um questionário, por meio da análise do perfil das
respostas dadas pelos respondentes. A análise estatística dos resultados foi feita por
meio do programa SPSS (13.0).
4.RESULTADOS
Neste capítulo, apresentaremos os resultados obtidos na aplicação do
questionário Speech, Spatial and Qualities of Hearing Scale - SSQ Base, B e C
traduzido para o Português Brasileiro na avaliação subjetiva do benefício com o uso de
próteses auditivas.
4.1 – Caracterização da Amostra
Realizamos o estudo com 30 adultos deficientes auditivos, sendo que 22 eram
usuários experientes de próteses auditivas e oito novatos ao uso, com idades entre 44
e 94 anos, de ambos os sexos (13 mulheres e 17 homens), com escolaridade,
predominantemente, de nível superior. A média do tempo de privação auditiva dos
indivíduos da amostra foi de 9 anos. Após período de teste de quatro semanas, foi
registrado e analisado o número de horas de uso diário, por meio do Datalogging das
próteses auditivas, que variou de 4 a 18 horas por dia (Tabela 1 e 2).
Tabela 1. Distribuição dos indivíduos que participaram do estudo, de acordo com a
idade, tempo de privação auditiva, tempo de uso diário do AASI (N=30).
Média Mediana DP Mínimo Máximo
Idade 71,1 72 11,8 44 94
Tempo de privação
(sem AASI) 9,1 5 11,3 1 54
Tempo de uso diário
Tabela 2. Distribuição dos indivíduos que participaram do estudo, de acordo com sexo
e escolaridade (N=30).
N % Sexo F 13 43,3 M 17 56,7 Total 30 100 N % Escolaridade Primária 2 6,7 Fundamental 1 3,3 Médio 5 16,7 Superior 22 73,3 Total 30 100Foi realizado o levantamento dos limiares auditivos por frequência nas orelhas
direita e esquerda (Figura 3) e elaborado gráfico demonstrativos do grau da perda
auditiva de ambas as orelhas (Figura 4). Os limiares auditivos desta amostra
mostraram-se homogêneos e sem diferenças estatisticamente significantes entre
orelhas direitas (média de 59,9 dB) e esquerdas (média de 58 dB).
Figura 3. BoxPlot dos limiares auditivos por frequência nas orelhas direitas e esquerdas
Figura 4. Distribuição do grau da perda auditiva das orelhas direita e esquerda (N=60).
4.2. Resultados da aplicação do SSQ
Inicialmente, aplicamos o questionário Speech, Spatial and Qualities of Hearing
Scale
– SSQ Base nos 30 participantes antes do uso das novas próteses auditivas. Os
resultados obtidos estão demonstrados pelas médias, desvios padrão, pontuações
mínimas e máximas dos itens em português por domínio e total na tabela 3 e Figura 5.
Os índices médios dos domínios demonstraram que na audição para fala apresentou a
menor pontuação e na audição nas qualidades da audição, a maior pontuação. Os
índices médios variaram de 5,1 a 6,4 pontos, o desvio padrão variou de 1,3 a 1,9.
Tabela 3. Valores das respostas ao questionário SSQ - Base por domínio e total.
SSQ Base Média Mediana DP Mínimo Máximo
Audição para fala 5,1 5,1 1,4 3,2 9,1
Audição espacial 5,4 5,8 1,9 2,1 10,0 Qualidades da audição 6,4 6,4 1,3 3,9 9,9 Geral 5,7 5,7 1,3 3,7 9,7 0 5 10 15 20
Leve Moderada Severa Profunda Perda Total
N o d e p e ssoas ( q te )
Grau da Perda
OD OEFigura 5. BoxPlot dos valores das respostas ao questionário SSQ - Base por domínio
e total (N=30).
Na sequência apresentamos as respostas para cada questão por domínio do
questionário Speech, Spatial and Qualities of Hearing Scale
– SSQ – Base
representadas pelas médias, desvio padrão, pontuações mínimas e máximas dos itens
em português.
No domínio da Audição para fala o índice médio de menor pontuação foi na
questão 6 e de maior pontuação foi a questão 2
.Os índices médios variaram de 3,3 a
8,6 pontos e o desvio padrão variou de 1,4 a 2,5 (Tabela 4 e Figura 6).
No domínio da Audição espacial o índice médio de menor pontuação foi na
questão 8 e de maior pontuação foi a questão 3. Os índices médios variaram de 4,2 a
7,4 pontos e o desvio padrão variou de 1,9 a 3,3 (Tabela 5).
No domínio Qualidades da audição o índice médio de menor pontuação foi na
questão 15 e de maior pontuação foi a questão 4. Os índices médios variaram de 4,9 a
7,5 pontos e o desvio padrão variou de 1,7 a 3 (Tabela 6).
Tabela 4. Respostas do questionário SSQ Base no domínio da audição para fala.
SSQ –
Base Questão Média
Desvio
padrão Mínimo Máximo
AUDIÇÃ O P ARA FA L A
1.Conversando com alguém com a TV
ligada 5,8 1,7 3 10
2.Conversando com alguém em uma sala
silenciosa e com carpete 8,6 1,4 5 10
3.Conversando com 5 pessoas no silêncio
com visão 5,9 2,2 2 10
4.Conversando com 5 pessoas no ruído
com visão 3,9 2 0 8
5.Conversando com alguém com ruído
contínuo 6,4 1,5 4 10
6.Conversando com 5 pessoas no ruído
sem visão 3,3 1,6 0 7
7.Conversando em um ambiente com eco 4,6 2,4 0 10
8.Ignorar a voz interferente de mesmo tom 5,3 2,2 2 10 9.Ignorar a voz interferente de diferente
tom 5,5 2 2 10
10.Conversar com alguém e seguir a TV 3,5 2,2 0 8 11.Conversar com alguém em uma sala
com outras pessoas conversando 5 2 1 10
12.Seguir a mudança de conversação em
um grupo 3,9 1,9 0 7
13.Ter uma conversação no telefone 6,3 2,5 0 10 14.Acompanhar uma pessoa falando e o
telefone 3,7 2,3 0 10
Tabela 5. Respostas do questionário SSQ Base no domínio Audição espacial.
SSQ – Base Questão Média Desvio
padrão Mínimo Máximo
AUDIÇÃ O E S P ACI AL
1.Localizar o cortador de grama 4,5 2,9 0 10
2.Localizar alguém falando em volta de uma
mesa 4,8 2,7 0 10
3.Localizar o falante da direita ou da
esquerda 7,4 2,2 2 10
4.Localizar uma porta bater em uma casa
desconhecida 5,4 3,3 0 10
5.Localizar o som acima ou embaixo em uma
escada 5,3 2,3 0 9
6.Localizar o latido de um cachorro 5,4 2,7 0 10
7.Localizar a direção de um veículo 5,5 2,8 0 10 8.Julgar a distância de alguém pelos passos
ou vozes 4,2 2,2 0 8
9.Julgar a distância do veículo 4,8 2,2 0 10
10.Identificar a lateralidade do movimento do
veículo 4,8 2,9 0 10
11.Identificar a lateralidade do movimento de
alguém pelos passos ou vozes 4,8 2,6 0 10
12.Identificar a proximidade ou afastamento
de uma pessoa 5,4 2,3 0 10
13.Identificar a proximidade ou afastamento
de um veículo 5,9 2,5 0 10
14.Sons não externalizados (dentro da
cabeça mais do que lá fora) 6,7 2 2 10
15.Sons mais perto do que o esperado 5,7 1,9 2 10
16.Sons mais longe do que o esperado 4,9 2,3 0 10
Tabela 6. Respostas do questionário SSQ Base no domínio Qualidade da audição.
SSQ – Base Questão Média Desvio
padrão Mínimo Máximo
Q UAL IDADE DA AU DIÇÃ O
1.Separação de dois sons 6,8 2,6 0 10
2.Sons parecem misturados 6,8 1,9 3 10
3.Ouvir a voz e música como sons
separados 5,6 2,4 0 10
4.Identificar pessoas conhecidas pela voz 7,5 1,9 4 10
5.Distinguir música conhecida 7,2 2,4 0 10
6.Distinguir sons diferentes 7,0 2,3 2 10
7.Identificar os instrumentos musicais em
uma música 5,7 2,5 0 10
8.Naturalidade da música 6,5 3 0 10
9.Claridade dos sons do dia dia 7 1,8 3 10
10.Naturalidade das vozes 6,3 1,7 2 10
11.Naturalidade dos sons do dia dia 6,5 2,1 2 10
12.Naturalidade da própria voz 7,2 2 2 10
13.Avaliando o humor da voz 7,2 2,2 0 10
14.Precisa se concentrar quando escuta 5,2 2,6 0 10
15.Esforço na conversação 4,9 2,4 0 10
16.Dirigindo consegue ouvir bem o
passageiro 5,4 2,6 0 10
17.Como passageiro consegue ouvir o
motorista 6 2,2 2 10
18.Capacidade de ignorar sons
(A) (B)
(C)
Figura 6. BoxPlot das respostas do questionário SSQ Base nos domínios Audição para
fala (A), Audição espacial (B) e Qualidades da audição (C).
A seguir apresentamos as respostas (benefício subjetivo) dos participantes
depois do uso das novas próteses auditivas, por meio do questionário Speech, Spatial
and Qualities of Hearing Scale
– SSQ - B e C, representadas pelas médias, desvio
padrão, pontuações mínimas e máximas dos itens em português por domínio e total.
Os índices médios dos domínios demonstraram que no domínio Audição para fala
ocorreu a menor pontuação e nos domínios Audição espacial e Qualidades da audição,
as maiores pontuações. Os índices médios dos domínios variaram de 2,2 a 2,3 pontos.
O desvio padrão variou de 1a 1,4 (Tabela 7 e Figura 9).
Tabela 7. Respostas ao questionário SSQ versão B e C por domínio e total
SSQ B e C Média Mediana DP Mínimo Máximo
Audição para fala 2,2 2 1 2 4,4
Audição espacial 2,2 2,4 1,3 2 4,8
Qualidades da audição 2,3 2,5 1,4 0 4,8
Geral 2,3 2,3 1,2 1 4,5